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Coronavírus: Brasil corre riscoser atingido por surto originado na China?:
"A transmissão parece estar limitada a familiares e profissionais que cuidaram dos pacientes. Não há evidênciastransmissão entre pessoas fora da China, mas isso não significa que não vá acontecer", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS,
"Não se enganem. Isso é uma situaçãoemergência na China. Ainda não se tornou uma emergência globalsaúde. Mas pode vir a se tornar."
Os coronavírus são uma ampla famíliavírus, mas sabe-se que apenas sete deles infectam humanos. Eles podem causar desde um resfriado comum até a morte. O novo vírus aparentemente estáalgum lugar no meio do caminho entre esses dois extremos.
No momento, nenhum caso do 2019-nCoV foi confirmado no Brasil — e, segundo o governo federal e epidemiologistas ouvidos pela BBC News Brasil, mesmo que isso ocorra, o risco é baixoque haja um surto por aqui.
Transmissões entre pessoas só foram detectadas na China
O Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira que as cinco possíveis suspeitas notificadas desde 18janeiro por quatro Estados (Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) e pelo Distrito Federal foram descartadas.
De acordo com a pasta, estes casos não atenderam aos critérios clínicos (febre e mais algum sintoma respiratório) e epidemiológicos (ter viajado para Wuhan ou ter entradocontato com um paciente suspeito ou confirmado) estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a identificaçãosuspeitas.
Até o momento, disse o secretário-substitutoVigilânciaSaúde, Júlio Croda, foram detectadas transmissões entre pessoas apenasWuhan, por isso, ter passado pela cidade é considerado um aspecto crítico para identificar uma suspeita.
Na quarta-feira, autoridades chinesas pediram que cidadãos deixementrar e sairWuhan e que a população local evite aglomerações. Tanto essa cidade quanto a vizinha Huanggang estão sofrendo uma espéciequarentena, com a suspensão do transporte público.
Croda disse que surtos como este "geram muita confusão na população", mas ressaltou ser importante seguir rigidamente estes critérios ao avaliar cada caso.
"Essas definições são bem restritas, mas podem mudar no futuro, porque são dinâmicas e dependem do contexto epidemiológico. Se surgirem evidênciasmais locais onde houve uma transmissão entre pessoas, a definição vai mudar. Faremos atualizações diárias sobre isso", afirmou Croda.
Governo não fará triagem nos aeroportos e portos
O ministério também anunciou ter instalado um CentroOperaçõesEmergência para tratar do surto do novo coronavírus, que operará no primeiro dos três níveisgravidade possíveis.
Esse grupo fará reuniões diárias para monitorar o 2019-nCoV e trabalhar junto aos serviçosemergência do país para que eles estejam preparados se a situação se agravar.
A pasta disse ainda que, por enquanto, não será feita triagempassageiros para identificar pessoas que possam ter sintomas do vírus, como passaram a fazer países como Estados Unidos, Reino Unido e Indonésia.
"A própria Opas (Organização PanamericanaSaúde) disseum comunicado que não há evidências científicasque fazer esse tipotriagem seja uma medidacontrole efetiva, porque o paciente pode chegar sem sintomas", afirmou Croda.
O 2019-nCoV tem um períodoincubação — o tempo entre a exposição ao vírus e o surgimento dos primeiros sintomas — estimado14 dias. Ele causa febre, tosse, faltaar e dificuldaderespirar.
Em casos mais graves, pode evoluir para pneumonia e síndrome respiratória aguda grave ou causar insuficiência renal.
Novo vírus é similar ao Sars e Mers
O Ministério da Saúde explicou que o novo coronavírus é similar a outros dois identificados nas últimas décadas.
Um deles foi responsável por causar a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na siglainglês), e matou 774 das 8.098 infectadasuma epidemia que começou na China2002.
Outro esteve por trás da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na siglainglês), que matou 858 dos 2.494 pacientes identificados com a infecção desde 2012 nesta região do mundo.
Até o momento, entre os quase 3.000 casos notificados do 2019-nCoV, houve 81 mortes — todas na China.
"Se o comportamento do novo coronavírus for igual ao do Sars e do Mers e mantiver uma transmissão limitada localmente e entre familiares e profissionaissaúde, ele deve ficar restrito a algumas poucas cidades", disse Corda.
"Não podemos gerar um pânico desnecessário na população. Se houver um riscotransmissão por contato eventual entre pessoas, aí sim existirá o riscouma epidemia global. Mas não existe neste momento nenhum risco disso."
'Risco baixo'haver surto no Brasil
O infectologista Benedito Antonio Lopes da Fonseca, professor da FaculdadeMedicinaRibeirão Preto da UniversidadeSão Paulo, avalia que não há motivos para a população brasileira ter receios no momento sobre o surto do 2019-nCoV ao Brasil.
"Com o Sars, houve uma grande epidemia na China e pequenos surtosoutros países, mas acabou ali. Uma grande vantagem da globalização é que as medidascontençãoepidemias são colocadasprática muito mais rápido do que no passado", afirma Fonseca.
"É preciso avaliar a movimentaçãopessoas entre esta região da China e o Brasil. Se for baixo, acredito que o risco é mínimo, quase inexistente,o vírus chegar ao país."
O infectologista Marcos Boulos, professor da FaculdadeMedicina da UniversidadeSão Paulo, explica que o novo coronavírus é preocupante por ser desconhecido, mas quedisseminação, na China e internacionalmente, é aparentemente mais "suave" do que as do Sars e do Mers.
"Pelo tempo desde que a doença começou até agora, o númerocasos notificados,casos graves emortes ainda é baixo, especialmente levandoconta o tamanho da população chinesa", afirma Boulos.
O médico afirma que a possibilidade do novo coronavírus chegar ao Brasil existe, mas é "baixa, pouco provável". "Isso não descarta a necessidadeficarmos alerta. Mas o Brasil tem outras doenças mais alarmantes com que devemos nos preocupar."
Ambos os infectologistas concordam que, diante desta situação, não é necessário fazer a triagempassageirosportos e aeroportos do país.
Mas recomendam que sejam tomadas algumas medidas nestes locais para orientar os passageiros, por meiocartazes nos terminais e avisos sonoros nos aviões, para que busquem um postosaúde caso tenham sintomas como febre e problemas respiratórios.
"Se virar uma emergência global, vai ser necessário ter um controle muito mais rígido das fronteiras", alerta Fonseca.
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