Pegadasbf slotseres míticos ou gravuras? O mistériobf slotmarcas na paredebf slotgruta brasileira:bf slot

Em todo o mundo, há diversos registrosbf slotpegadas humanas deixadas há milharesbf slotanos, mas os da Gruta dos Pezinhos – localizada 400 metros acima do nível do mar,bf slotum dos pontos mais altos do parque estadual – são considerados únicos por causa dos diferentes númerosbf slotdedos. Nos outros lugares, costumam apresentar cinco dígitos.

Já foram apresentadas diferentes explicações para os registrosbf slotpés com três a seis dedos da gruta mato-grossense. Contudo, nenhuma é conclusiva, já que as gravuras nunca foram estudadasbf slotprofundidade. Até hoje, foram realizadas somente análises superficiais. .

Para especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, as marcasbf slotpés são figuras rupestres: desenhos e inscrições geralmente feitos no interiorbf slotcavernas ou outras superfícies rochosas.

"No passado, aquela parede da gruta era mole, como um barro. Então, os seres iam marcando cada nascimento por meio dessas gravuras, com desenhosbf slotpés, mãos ou órgãos sexuais", justifica a professora Nina Tereza Dolzan, mestrebf slotpatrimônio histórico cultural. Por anos, ela fez estudos por conta própria sobre a gruta.

Alguns dos estudiosos que avaliaram o local acreditam que as marcas petrificadas foram feitas por povos indígenas que viveram por ali milharesbf slotanos atrás.

O entorno da regiãobf slotBarra do Garças é repletobf slotpovos indígenas, entre eles Bororos e Xavantes. Com basebf slotlendas dos povos da região, uma versão mística surgiu para justificar a origem dos registros na parede da gruta.

"Os indígenas da região, principalmente os mais velhos, contam sobre semideuses, que seriam criaturasbf slot1,20 metros, com cabeça desproporcional ao corpo, diferentes númerosbf slotdedos nos pés e que teriam vindo do céu", afirma o psicólogo Ataíde Ferreira, presidente da Associação Mato-grossensebf slotPesquisas Ufológicas e Psíquicas (Ampup).

"Essas pegadas da gruta têm muito a ver com esses seres, por isso muitos acreditam que aquelas marcas foram feitas por semideuses", completa Ataíde.

As gravuras

O Iphan descreve a gruta como "um sítiobf slotarte rupestre com gravurasbf slotbaixo relevo", inserido dentrobf slotum contexto da ocupação pré-colonialbf slotBarra do Garças. No município, há, ao menos, outros 12 sítios arqueológicos: muitos também com pinturas rupestres, mas apenas a Gruta dos Pezinhos possui as marcas peculiaresbf slotpés com diferentes númerosbf slotdedos.

Para Nina Dolzan, os povos que viviam na região iam para a gruta a cada novo nascimento. "Pelas minhas pesquisas, com basebf slotestudiosos que analisaram inscriçõesbf slotgrutas pelo mundo, os registros na Gruta dos Pezinhos eram feitos toda vez que havia o nascimentobf slotum bebê. Quando a criança vinha ao mundo, os pais, que habitavam a região, iam para a gruta para registrar os pés na parede e fazer outros sinais para marcar a criança", diz.

"Se fosse homem, faziam uma representaçãobf slotum pênis na parede. Se fosse mulher, reproduziam uma vagina", acrescenta.

Segundo a estudiosa, os pais e o filho recém-nascido passavam dias ali, após o nascimento da criança. "Mas logo iam embora, porque é uma área no alto da Serra e é um espaço pequeno, não era para moradia", afirma.

A arqueóloga e historiadora Bruna Cataneo Zamparetti fez uma breve avaliação da Gruta dos Pezinhos,bf slot2015. Ela ressalta que por causa da faltabf slotestudos sobre a origem do local, não é possível descobrir que povo viveu ali.

"É visível que se tratabf slotum local privilegiado, abrigado e com alta visibilidade do entorno. É um bom local a ser utilizado por grupos indígenas no passado para acampamento e para a produção das gravuras. É um espaçobf slotmanifestação rupestre", conta.

"O que podemos dizer é que são manifestações gráficasbf slotpopulações indígenas que habitaram a regiãobf slottempos pretéritos." Ela explica que para descobrir com precisão que povo fez as inscrições na gruta deveria ser feita uma análise mais aprofundada. "Teriam que escavar a gruta,bf slotbuscabf slotalgum material orgânico, como carvão ou restosbf slotalimentos, ou algum vestígiobf slottinta nas gravuras", afirma.

Misticismo

A Gruta dos Pezinhos está localizada na região da Serra do Roncador, que começabf slotBarra do Garças e vai até o Sul do Pará, e é berçobf slotvárias histórias misteriosas. No lugar, há diversos relatos que causam estranheza, comobf slotpessoas que afirmam ter avistado discos voadores – o que motivou a criação do Discoporto na cidade, um "aeroporto para discos voadores".

A história mais conhecida da região do Roncador é o desaparecimento do coronel inglês Percy Fawcett,bf slot1925. Ele buscava uma suposta cidade perdida, que chamavabf slotZ, quando adentrou a serra. Foi a última vezbf slotque foi visto. O caso inspirou filmes e desenhosbf slottodo o mundo.

Em virtudebf slota região ser considerada misteriosa, muitos interpretam as marcas petrificadas como exemplo do misticismo local.

A jornalista e escritora italiana Margheritabf slotTomas visita Barra do Garças há maisbf slot20 anos. Ela estuda o desaparecimentobf slotFawcett. Durante uma das buscas por pistas para o sumiço do britânico, conheceu a Gruta dos Pezinhos.

"A pergunta que fica é: será que devemos considerar esses desenhos na gruta como partebf slotum ritual? É importante dizer também que existe a possibilidadebf slotque esses pés com diferentes númerosbf slotdedos sejam casosbf slotpolidactilia (característica na qual a pessoa nasce com maisbf slotcinco dedos) ou mutilações", disse Tomas à BBC News Brasil.

Ela gostaria que fossem feitos estudos aprofundados para entender a origem dos registros na gruta. "Mas,bf slottodo modo, penso que esse sítio tem uma 'aura' enigmática e sagrada. Colocado no meio da natureza, isso aumenta o seu valor sagrado", diz.

'Não vamos fazer como os doidos daqui'

Para o historiador e geógrafo Wilson Ferreira, que há anos analisa a regiãobf slotBarra do Garças, as marcasbf slotpés com três ou seis dedos são facilmente explicadas. "Não vamos fazer como os doidos daqui e achar que isso é coisabf slotextraterrestre. Acontece que não era fácil fazer os desenhos ali. Então, cada um colocava quantos dedos queria. Por isso, há pegadas com três, quatro, cinco ou seis dedos. Variava conforme a concepção do artista", justifica.

Ataíde Ferreira rebate as críticasbf slotquem descarta a possibilidadebf slotque as marcasbf slotpés tenham sido feitas por seres místicos. "Os indígenas da região, principalmente os mais velhos, sempre falarambf slotsemideuses vindos do céu. Eles dizem que esses seres ensinaram muito aos antepassados", diz.

"Esses relatosbf slotseres com três, quatro, cinco ou seis dedos existem antes mesmo da descoberta dos registros da gruta. Então, essas pegadas petrificadas reforçam a existência desses semideuses", acrescenta.

Com base nas lendas indígenas da região, Ataíde explica como teriam surgido as pegadas na parede. "Certa vez, um pesquisador disse que aquela parede, há milharesbf slotanos, estava na horizontal. Era um chão com muita lama, que foi endurecendo com o passar do tempo. Assim, as pegadas dos seres místicos ficaram petrificadas ali", declara.

"Um pedaço daquela região caiu. Isso fez com que a estrutura da gruta tenha sido alterada ao longo do tempo. Aquilo que era chão, acabou ficando na vertical e se tornou uma parede, onde as pegadas permaneceram", afirma.

Há estudiosos que optam por não descartar nenhuma possibilidade para as marcas da gruta e, por isso, não ignoram as crenças sobre o misticismo da região. O arqueólogo Francisco Forte Stuchi, que é servidor do Iphan e recentemente foi à gruta para fazer uma visita técnica, aponta que não há uma motivação clara para os diferentes númerosbf slotdedos nas marcasbf slotpés.

"Essas interpretações sobre a gruta vão desde pés humanos, a mutações genéticas ou alguma associação com animais. Não excluo possibilidades, então também pode extrapolar tudo isso e ser algo extraterreste", afirma o arqueólogo.

Preservação

Os mistérios que rondam a gruta podem nunca ser solucionados. Isso porque o local tem se deteriorado com o tempo. Sem cuidados necessáriosbf slotconservação, cada vez mais as marcas vão se perdendo ou sendo alteradas, alémbf slota estrutura da gruta ser constantemente afetada pelo intemperismo.

Entre aqueles que já analisaram a gruta, há apenas uma unanimidade: o local precisabf slotconservação adequada ebf slotestudos aprofundados, para que existam mais informações sobre abf slotorigem.

Em uma nota técnica do Iphan sobre a gruta, assinadabf slot24bf slotjulho, é mencionada a necessidadebf slotpesquisas no local, que nunca foi estudado por arqueólogos. Também no documento do instituto, é apontada a necessidadebf slotconservação do lugar, por se tratarbf slotum sítio arqueológico extremamente frágil aos impactos naturais e aqueles causados pela ação do homem.

Hoje, para conservar o espaço, a visitação no lugar é feita somente após autorização da diretoria do Parque Serra Azul. Por ora, somente pesquisadores têm conseguido permissão para ir à gruta, para evitar que ela seja visitada por curiosos que possam danificá-la.

Anos atrás, algumas marcas da Gruta dos Pezinhos chegaram a ser pintadas ilegalmente por pessoas que visitaram o local - a destruiçãobf slotsítios arqueológicos no Brasil é considerada crime, conforme a Constituição Federal.

Gerente do parque estadual, a analistabf slotMeio Ambiente Christiane Schnepfleitner conta que aguarda a elaboraçãobf slotum projetobf slotadequações na trilhabf slotacesso à gruta, além das medidasbf slotconservação do lugar. "Esperamos que a Gruta dos Pezinhos receba as melhorias necessárias no próximo ano", declara.

Ao menos por enquanto, não há previsão para que o lugar receba os cuidados necessários para abf slotpreservação.

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