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Locais com mais queimadas também tiveram mais desmatamento, diz estudo:betnacional furia
Os municípios listados pelos pesquisadores, por ordem dos focosbetnacional furiaincêndio, são: Apuí (AM), Altamira (PA), Porto Velho (RO), Caracaraí (RR), São Félix do Xingu (PA), Novo Progresso (PA), Lábrea (AM), Colniza (MT), Novo Aripuanã (AM) e Itaituba (PA).
O Ipam é uma organização não governamental (ONG), baseadabetnacional furiaBrasília. Os autores do estudo são os pesquisadores Divino Silvério, Ane Alencar e Paulo Moutinho (Ipam) e Sonaira Silva (Universidade Federal do Acre).
Os pesquisadores se basearambetnacional furiatrês fontesbetnacional furiadados independentes.
As informações sobre desmatamento são do Sistemabetnacional furiaAlertasbetnacional furiaDesmatamento (SAD), do instituto Imazon; os dados sobre queimadas (ou "focosbetnacional furiacalor", no jargão técnico) são do satélite AQUA (um equipamento da Angência Espacial Norte-Americana, a Nasa, que é considerado o satélitebetnacional furiareferência pelo Instituto Nacionalbetnacional furiaPesquisas Espaciais, o Inpe); e o númerobetnacional furiadias consecutivos sem chuva é da basebetnacional furiadados CHIRPS, desenvolvida por cientistas do Serviço Geológico dos EUA (USGS) e da Universidade da Califórniabetnacional furiaSanta Barbara.
O levantamento considerou os dadosbetnacional furiadesmatamento entre janeiro e julhobetnacional furia2019 e os focosbetnacional furiaincêndio registrados desde o começo do ano até o dia 14betnacional furiaagosto. Em alguns municípios do Pará que estão na lista, como Novo Progresso, agricultores teriam realizado no dia 10 deste mês,betnacional furiaacordo com a imprensa local, um "dia do fogo", como formabetnacional furiaprotesto e para limpar áreasbetnacional furiapastagem.
"A Amazônia está queimando maisbetnacional furia2019, e o período seco, por si só, não explica este aumento. O númerobetnacional furiafocosbetnacional furiaincêndios, para a maioria dos Estados da região, já é o maior dos últimos quatro anos. É um índice impressionante, pois a estiagem deste ano está mais branda do que aquelas observada nos anos anteriores. Até 14betnacional furiaagosto, eram 32.728 focos registrados, número cercabetnacional furia60% superior à média dos três anos anteriores para o mesmo período", diz o estudo.
Embetnacional furiatradicional transmissão ao vivo no Facebook, no começo da noite desta quinta-feira (22), Bolsonaro reconheceu que o desmatamento na Amazônia está aumentando e disse que está trabalhando para conter "este crime que estão cometendo com a nossa Amazônia, as queimadas". O presidente, no entanto, insistiu que incêndios florestais são comuns no mundo.
"Pega-se fogo. É comum. Na Califórnia. Acontece, e daí. Aqui (no Brasil) tem o viés criminoso? Tem. Sei que tem. Quem é que pratica isso? Não sei. Os próprios fazendeiros, ONGs, seja lá o que for, índios. Então existe esse interesse (de outros países)betnacional furiadizer que nós não somos responsáveis, e quem sabe, mais cedo ou mais tarde alguém decrete uma intervenção na região amazônica", disse.
Ontem, pelo Twitter, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atribuiu o aumento dos incêndios ao clima. "Tempo seco, vento e calor fizeram com que os incêndios aumentassem muitobetnacional furiatodo o país", disse.
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Finalbetnacional furiaTwitter post
Segundo o pesquisador Luís Fernando Guedes Pinto, do instituto Imaflora, as informações já existentes sobre as queimadas mostram que elas fazem partebetnacional furiaum processobetnacional furiadisputa das terras da região amazônica.
"Esse fogo é partebetnacional furiauma questãobetnacional furiadisputabetnacional furiaterras. É um movimento para limpar e ocupar as áreas, e não para aumentar a produção. O objetivo é ocupar, na expectativabetnacional furiaque as terras serão regularizadas depois", diz ele.
Luís Fernando diz que declarações anterioresbetnacional furiagovernantes - como o próprio Jair Bolsonaro e o governador do Acre, Gladson Cameli (PP) - podem ter sinalizado para agricultores e grileiros uma diminuição nas punições para quem destrói. Para ele, as duas coisas estão relacionadas.
"Esses incêndios foram construídos num ambiente no qual o governo federal e governantes estaduais disseram que não haveria fiscalização e nem punição", diz.
Correlação era esperada, diz climatologista
Segundo o climatologista Carlos Nobre, a correlação entre desmatamento e queimadas já era esperada: geralmente, quem quer "limpar" um trechobetnacional furiafloresta costuma primeiro derrubar a mata e, após alguns meses, atear fogo ao local.
"A dinâmica é a seguinte: derrubar a floresta, esperar alguns meses para ela secar, e aí atear fogo. Se você tentar botar fogo no dia seguinte, não vai queimar, pois a vegetação estará molhada", diz. "Espera-se uns dois meses, e aí põe fogo. E sempre,betnacional furiatodos os anos, agosto e setembro são os meses com o maior númerobetnacional furiaqueimadas", diz ele à BBC News Brasil.
"Como nesse ano todos os indicadores, do SAD (do Imazon), do Deter (de alertasbetnacional furiadesmatamento) do Inpe, forambetnacional furiaaumento do desmatamento, erabetnacional furiase esperar o aumento da queimada", afirma ele, que concluiu o doutorado no Institutobetnacional furiaTecnologiabetnacional furiaMassachussets (MIT, na siglabetnacional furiainglês).
Nobre ressalta que o dado final sobre desmatamento é o obtido por meio do sistema Prodes, do Inpe, que só deve ser divulgadobetnacional furiaoutubro. Mas as basesbetnacional furiadados usadas pela nota técnica do Ipam "estão entre os melhores do mundo" no que se propõe a medir - queimadas e alertasbetnacional furiadesmatamento -, diz o climatologista.
Nobre diz ainda que colunasbetnacional furiafumaça do tamanho das observadas nos últimos dias não podem ser resultado do fogobetnacional furiapastos, por exemplo - a quantidade maiorbetnacional furiabiomassa num trechobetnacional furiafloresta derrubada é o que explica o fenômeno.
"As plumasbetnacional furiafumaça que tá todo mundo vendo, na verdade são as matas (que foram derrubadas meses atrás) queimando. A matéria orgânica queima, e isso gera as imensas nuvensbetnacional furiafumaça", diz.
"O pasto, por exemplo, tem 6 toneladasbetnacional furiamatéria vegetal seca por hectare. A floresta derrubada na amazônia tem entre 200 e 250 toneladasbetnacional furiamatéria vegetal seca por hectare. É uma quantidade muito maior. E aí você imagina a quantidadebetnacional furiafumaça", diz ele.
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