Governo Bolsonaro: Viagem a Israel será testetelegram luva betforça para alas olavista e evangélica:telegram luva bet

A posição é compartilhada por Elaini Silva, professoratelegram luva betRelações Internacionais da PUCtelegram luva betSão Paulo, para quem Israel não pode ser considerado um parceiro economicamente relevante.

"A viagem parece se justificar mais ideologicamente,telegram luva betuma mudança da política externa do governo Bolsonarotelegram luva betrelação a governos anteriores", diz.

Mas, embora seja um parceiro comercial modesto do Brasil - as exportações e importações com Israel representam apenas 1%telegram luva betnosso comércio internacional, com déficit para o lado brasileiro -, o país do Oriente Médio é considerado, segundo Casarões, peça central para dois dos polos que disputam poder e a atenção do presidente neste iníciotelegram luva betmandato: os discípulos do escritor Olavotelegram luva betCarvalho - entre eles o chanceler Ernesto Araújo e o assessor internacional Filipe Martins - e o eleitorado evangélico.

Na visãotelegram luva betanalistas, os resultados da viagem presidencial que se inicia neste domingo (31) dirão muito sobre a força desses dois grupos emtelegram luva betdisputa com militares e outras alas do governo.

Polarização política

"Israel e a Palestina hoje representam causas simbólicas muito ligadas a um dos lados do espectro político. Da mesma forma que quase não se vê grandes manifestaçõestelegram luva betesquerda no Brasil sem pelo menos ter uma bandeira da Palestina tremulando, Israel foi apropriado pela direita como um símbolo importante", diz Casarões, da FGV, que é especialista nas relações entre o Brasil e o Oriente Médio.

Se ao longotelegram luva betdécadas - incluindo o período sob o regime militar - o Brasil buscou adotar uma postura equilibrada e baseada nas resoluções das Nações Unidastelegram luva betrelação às disputas territoriais e políticas entre israelenses e palestinos, agora há uma demanda por partetelegram luva betevangélicos e olavistas para que o Brasil desenvolva uma relação mais próxima com Israel.

Casarões explica que, para os evangélicos - eleitorado fundamental para a vitóriatelegram luva betBolsonaro e que conta com uma poderosa bancada no Congresso -, a defesatelegram luva betIsrael está calcadatelegram luva betquestões teológicas, especialmente ligadas ao chamado "dispensacionalismo", doutrina que liga o estabelecimento dos judeus na Palestina à voltatelegram luva betJesus Cristo.

"Já para os olavistas, Israel representa o que o assessor internacionaltelegram luva betBolsonaro Filipe Martins chamatelegram luva bet'benchmark na luta contra o globalismo', por manter intactas suas lealdades religiosas e nacionais. E por discordar da ONU", diz o professor da FGV.

De fato,telegram luva betum posttelegram luva bet2017telegram luva betseu site Senso Incomum, Martins afirma que Israel foi a "primeira nação a ter se conscientizado dos riscos do globalismo", termo comumente utilizado também pelo chanceler Ernesto Araújo para se referir à globalização econômica influenciada pelo chamado marxismo cultural.

Mas, se as origens da admiração por Israel são distintas, os dois grupos concordamtelegram luva betum ponto principal: a aproximação com o país deve ser coroada com a mudança da embaixada brasileira no paístelegram luva betTel Aviv para Jerusalém, medida aindatelegram luva betaberto que é vista com ressalvas por militares e por alas do governo ligadas aos ruralistas.

Embaixadatelegram luva betJerusalém

Durante a campanha eleitoraltelegram luva bet2018, a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém foi uma das principais propostastelegram luva betBolsonarotelegram luva bettermostelegram luva betpolítica externa,telegram luva betuma medida que aproximaria o Brasiltelegram luva betEstados Unidos e Guatemala, países que anunciaram a mudançatelegram luva betsuas representações diplomáticas para Jerusalém no ano passado e que, até agora, foram os únicos a fazê-lo - embora outros países, como a Romênia, já tenham anunciado a intenção.

Em janeiro, durante visita ao Brasil, o primeiro-ministrotelegram luva betIsrael, Benjamin Netanyahu, chegou a afirmar que Bolsonaro havia garantido a ele que a mudança da embaixada para Jerusalém "não era uma questãotelegram luva betser, mas uma questãotelegram luva betquando".

Na quinta-feira, Bolsonaro, no entanto, pareceu ensaiar um recuo, afirmando que o Brasil "talvez" abrisse um escritóriotelegram luva betnegóciostelegram luva betJerusalém, sem entrartelegram luva betdetalhes sobre o seu status diplomático.

Jerusalém é alvotelegram luva betuma disputa que se estende por décadas entre israelenses e palestinos, sendo considerada a capitaltelegram luva betIsrael por partetelegram luva betseu governo e tendotelegram luva betparte oriental sendo vista como sedetelegram luva betum futuro Estado palestino pelos árabes.

Com Jerusalém Oriental ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias,telegram luva bet1967, a maior parte da comunidade internacional mantém suas embaixadastelegram luva betIsrael na cidadetelegram luva betTel Aviv, seguindo o entendimentotelegram luva betque Jerusalém Ocidental só poderá ser considerada capitaltelegram luva betIsrael quando Jerusalém Oriental puder se tornar a capital palestina.

Diantetelegram luva bettal imbróglio diplomático, o simples anúncio da intençãotelegram luva betBolsonarotelegram luva betmudar a embaixada brasileira para Jerusalém causou ondastelegram luva betreação dentro e fora do Brasil.

Em dezembro, os países da Liga Árabe enviaram uma carta ao então presidente eleito afirmando que a medida poderia "prejudicar" as relações do Brasil com os países árabes.

A reação colocoutelegram luva betalerta setores do agronegócio brasileiro, que disseram temer que a medida pudesse trazer implicações comerciais negativas, já que os países árabes e o Irã respondem por cercatelegram luva bet10%telegram luva bettodas as exportações do setor agropecuário brasileiro.

A ala militar do governo também se mostrou reticentetelegram luva betrelação à proposta. Em janeiro, o vice-presidente Hamilton Mourão disse ao embaixador da Palestina no Brasil que "por ora" o país não trabalhava com a hipótesetelegram luva betmudar a embaixada. No mesmo mês,telegram luva betentrevista à BBC News Brasil, o ministro da Secretariatelegram luva betGoverno, general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, disse que possíveis consequências práticas dessa decisão poderiam impedir a transferência.

Mas se a mudança da embaixada ficoutelegram luva betuma espécietelegram luva betbanho-maria nos primeiros meses do governo Bolsonaro, ela voltou à tona com a visita do presidente a Israel.

Na última segunda-feira, questionado sobre a mudança da embaixada no programa Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que a administração ainda estava avaliando "se será possível fazer um movimentotelegram luva betrelação a Jerusalém".

"Estamos aguardando para ser anunciado lá (em Israel) exatamente o que será possível fazertelegram luva betmovimento, dentro do que nós queremos que seja uma nova relação entre Brasil e Israel", disse o chanceler, sem entrartelegram luva betdetalhes se estava se referindo a uma embaixada ou outra representação diplomática.

Nas últimas semanas, o Brasil já vem dando outras sinalizaçõestelegram luva betque busca uma relação mais próxima com Israel.

No último dia 22telegram luva betmarço,telegram luva betuma mudança histórica emtelegram luva betdiplomacia, o país votou a favortelegram luva betIsraeltelegram luva betdistintas resoluçõestelegram luva betpauta no Conselhotelegram luva betDireitos Humanos da ONU,telegram luva betGenebra, posicionando-se inclusive contra a adoçãotelegram luva betum relatório que apura denúnciastelegram luva betviolações aos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados.

Diantetelegram luva bettais sinalizações, analistas e observadores veem a viagem presidencial a Israel como o palco onde será testada a influências das alas olavista e evangélica no governo.

Quedatelegram luva betbraço

"É um governo muito rachado internamente, e cada grupo - liberais, militares, além dos olavistas - ocupa um espaço. Enquanto esses espaços não se chocam, enquanto eles não colidem, cada um desses grupos vai tocando a agenda", diz Guilherme Casarões, da FGV.

Para o professor, no entanto, quando se falatelegram luva betpolítica externa, aos poucos a ala olavista vem ganhando mais preponderância nas decisões.

"Essa quedatelegram luva betbraço tem favorecido o olavismotelegram luva betpolítica externa. Em outras áreas, não. Acho que essa agenda a ser feitatelegram luva betIsrael vai ser bancada pelos olavistas, naturalmente, com alguma ajuda dos evangélicos. E para esses grupos, a questãotelegram luva betJerusalém é crucial", diz.

Casarões também lembra que a questão da mudançatelegram luva betembaixadas para Jerusalém é prioritária para o governotelegram luva betBenjamin Netanyahu, que enfrenta acusaçõestelegram luva betcorrupção a poucos diastelegram luva betuma eleição apertada, no próximo dia 9, o que pode aumentar a pressão sobre Bolsonaro.

"Se Netanyahu conseguirtelegram luva betBolsonaro, a uma semana da eleição, o compromissotelegram luva betque o Brasil vai transferir a embaixada para Jerusalém, isso vai ser uma vitória estrondosatelegram luva bettermostelegram luva betpolítica externa e pode ajudá-lo no pleito."

Dawisson Belém Lopes, professor da UFMG, portelegram luva betvez, avalia que, pelo prestígio entre a população e níveltelegram luva betcoesão ideológica e organizacional, seriatelegram luva betse esperar que militares pudessem exercer uma maior influência na política externatelegram luva betBolsonaro que os grupos mais ideológicos. Mas ele avalia que isso pode não estar acontecendo.

"Se fossemos seguir a teoria, Bolsonaro fecharia com os militares. Mas eu acho que é bastante possível que ele tome essa rotatelegram luva betse aferrar a esse nicho (ideológico) do eleitorado", diz.

Já Elaini Silva, professora da PUCtelegram luva betSão Paulo, afirma que pode haver uma distância entre eventuais declarações por parte do presidente ou seus diplomatas durante a visita a Israel e o que vai ser efetivamente implantado na política externa brasileira. Para ela, ao final, as posições das alas militares podem prevalecer.

"É mais provável que a gente tenha mais discurso, que eventualmente seja contido pela ação dos militares, que são a espinha dorsal do governo. Parece que este grupo é o que efetivamente tem o podertelegram luva betdecisão, ficando o Bolsonaro com o discurso que mobiliza o apoio da população, mas que na prática seja contido", diz.

"O que temos visto é que essa ala (ideológica) anuncia uma decisão, faz uma declaração e o Mourão, especialmente, na sequência desfaz, refaz ou tranquilizatelegram luva betuma posição diferente", diz Silva, citando como exemplos a questãotelegram luva betuma eventual intervenção na Venezuela, que após sinalizações dúbias do presidente etelegram luva betatores próximos a ele, foi novamente rechaçada pelos militares.

Sinais, fortes sinais

Mas se a mudança da embaixada é considerada como uma espécietelegram luva betSanto Graal para alguns setores mais ideológicos, um diplomata ouvido pela BBC News Brasil sob a condiçãotelegram luva betanonimato afirma que o governo Bolsonaro pode optar por sinais mais sutis - mas politicamente bastante relevantes para a comunidade internacional - para selartelegram luva betaproximação com Israel.

Segundo este diplomata, a transferência da embaixada seria apenas o mais alto grautelegram luva betreconhecimentotelegram luva betque Jerusalém é a capitaltelegram luva betIsrael. Uma das opções seria que o Brasil seguisse o exemplo do governo da Hungria, que neste mês anunciou a aberturatelegram luva betum escritório comercial com status diplomático na cidade.

O movimento húngaro foi saudado por Netanyahu "por ser a primeira missão diplomática europeia a ser aberta na cidadetelegram luva betdécadas". "A medida liderada pela Hungria é importante para mudar a atitude da Europatelegram luva betrelação a Jerusalém", disse o premiê.

Alguns países europeus possuem consuladostelegram luva betJerusalém, mas que servem majoritariamente a palestinos. O Brasil não possui consuladotelegram luva betJerusalém, mas somente a embaixadatelegram luva betTel Aviv e uma representação diplomáticatelegram luva betRamalha, território palestino na Cisjordânia.

Uma solução do tipo foi sinalizada por Bolsonaro, que afirmou na quinta-feira que "talvez agora abramos um escritóriotelegram luva betnegóciostelegram luva betJerusalém".

Outra opção seria uma parecida com a tomada pela República Tcheca, quetelegram luva betnovembro abriu um centro cultural - sem status diplomático -telegram luva betJerusalém, no que foi classificado pelo jornal israelensetelegram luva betlíngua inglesa Times of Israel como "um primeiro passo" no sentidotelegram luva betmudar a embaixada para a cidade.

Movimentos ainda mais sutis podem também trazer importantes sinalizações políticas.

A agendatelegram luva betBolsonaro ainda não foi divulgada pelo Itamaraty e oficialmente não há previsãotelegram luva betque o presidente visite territórios palestinos ocupados. Mas uma eventual ida a Jerusalém Oriental, incluindo a cidade velha, onde fica o Muro das Lamentações, poderia trazer algumas indicações.

Jerusalém Oriental é considerada territóriotelegram luva betdisputa pela comunidade internacional, e visitastelegram luva betautoridades brasileiras e internacionais ao Muro, localtelegram luva betperegrinação do judaísmo, normalmente são feitastelegram luva betcaráter privado, sem a presençatelegram luva betmembros do governo israelense.

No último dia 21, no entanto, o secretáriotelegram luva betEstado americano, Mike Pompeo, foi a primeira autoridade americanatelegram luva betprimeiro escalão a visitar o Muro acompanhadotelegram luva betum primeiro-ministrotelegram luva betIsrael. O ato irritou os palestinos, que reivindicam a área desde a ocupação israelense.

Uma eventual visita desse tipo por partetelegram luva betBolsonaro poderia ser vista pela comunidade internacional como um reconhecimento tácito da autoridade israelense sobre Jerusalém Oriental, o que poderia representar uma mudança significativa na diplomacia brasileira.

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