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Massacreaposta mundial de clubesescolaaposta mundial de clubesSuzano: Padrãoaposta mundial de clubesatiradores envolve criseaposta mundial de clubesmasculinidade e fetiche por armas, dizem especialistas:aposta mundial de clubes
Outra característica importante: eles costumam ter acesso a armas e/ou fetiche por elas.
Armados, esses homens frequentemente fazem alguma postagem ou retrato público que antecipa os ataques - um dos assassinosaposta mundial de clubesSuzano postou fotosaposta mundial de clubessi mesmo no Facebook com máscaras e armas que parecem ter sido usadas no ataque à escola.
Depois, ocorre o atoaposta mundial de clubesviolênciaaposta mundial de clubessi, geralmente praticadoaposta mundial de clubeslugares com alta concentraçãoaposta mundial de clubespessoas e aparentemente aleatórios - mas que muitas vezes são também simbólicosaposta mundial de clubessua frustração social.
Os atiradoresaposta mundial de clubesSuzano, por exemplo, eram ex-alunos da escola Professor Raul Brasil, onde realizaram o atentado, segundo informou a Secretariaaposta mundial de clubesSegurançaaposta mundial de clubesSão Paulo. Um deles foi expulso da escola no ano passado, deu a entender o secretário da pasta, João Camilo Piresaposta mundial de clubesCampos.
No caso dos atentados na Nova Zelândia, um dos atiradores - o que filmou o atentado na mesquita com uma câmera presa à cabeça - tinha uma forte retórica anti-imigrantes e anti-islâmica.
Por fim, o "roteiro"aposta mundial de clubesatiradoresaposta mundial de clubesmassa muitas vezes termina com o suicídio dos perpetradores. É o que parece ter ocorridoaposta mundial de clubesSuzano: as investigações apontam que um dos atiradores matou o outro eaposta mundial de clubesseguida se suicidou.
Reconhecimento midiático
As razões por trás do ataque na escola paulista ainda estão sendo investigadas pela polícia, que busca pistas para entender o que levou os dois ex-estudantes a entrarem atirando na escola, atingindo vítimas aparentemente aleatórias.
Mas, segundo o delegado-geral encarregado do caso, Ruy Ferraz Fontes, a motivação parece ser uma busca por reconhecimentoaposta mundial de clubesparte da comunidade. "Eles queriam demonstrar que podiam agir como (no massacreaposta mundial de clubes1999)aposta mundial de clubesColumbine, com crueldade", disse ele à imprensa.
Em geral, "existe,aposta mundial de clubesfato, um roteiro seguidoaposta mundial de clubesataques desse tipo", diz à BBC News Brasil Gabriel Zacarias, que é professoraposta mundial de clubesHistória na Unicamp e estudiosoaposta mundial de clubescasos recentesaposta mundial de clubesextremismo islâmico na França (abordados no livro No Espelho do Terror: Jihad e Espetáculo; ed. Elefante, 2018). "A escola muitas vezes é identificada como um lugaraposta mundial de clubesopressão e ressentimento, e atiradores costumam ter alguma relação traumática não elaborada com aquele lugar. Existe, muitas vezes, uma dificuldade (dos perpetradores)aposta mundial de clubesse inserir no normalmente aceitável."
Zacarias é autoraposta mundial de clubeslivros e artigos que analisam esses massacres sob a ótica da espetacularização, ou seja, da busca dos perpetradores por atenção e reconhecimento midiáticos.
No caso da Nova Zelândia, essa espetacularização é ainda mais evidente por conta da transmissão dos atos via Facebook por um dos atiradores, "algo que remete a uma cenaaposta mundial de clubesum filmeaposta mundial de clubesação ou a um videogame e, inclusive, é uma técnica que foi usada também pelo (grupo autodenominado) Estado Islâmico. Isso só mostra que a divisãoaposta mundial de clubeslados, nesse fenômeno, é algo ilusório: o modus operandi (dos atiradores) é o mesmo, por se trataraposta mundial de clubesum fenômeno global, com raízes parecidas."
Armas e poder
Em paralelo à representação midiática, existe também uma busca por armas como um anseioaposta mundial de clubesempoderamento.
"O momentoaposta mundial de clubesque os atiradores se armam é uma espécieaposta mundial de clubesfantasia, quando acreditam que vão ter uma sensaçãoaposta mundial de clubespotência. Antesaposta mundial de clubesrealizar os ataques, eles, então, posam como guerreiros (em fotos nas redes sociais), como se estivessem assumindo uma identidade heróica, embora não haja nada mais covarde do que atos desse tipo", prossegue o pesquisador.
O suicídio, nessa narrativa, é aparentemente visto pelos atiradores como o momentoaposta mundial de clubes"glória e reconhecimento" que eles não tinham conseguidoaposta mundial de clubesvida. Como esses atiradores sabem que seus atos receberão grande atenção da mídia e da sociedade, "eles tentam criar uma autoimagem 'gloriosa'", explica Zacarias.
Para o professor e pesquisador, "ataques desse tipo já ocorriam muito antesaposta mundial de clubesas redes sociais existirem, mas com as redes isso fica muito mais palpável: ele (atirador) produz a própria imagem e sabe como ela vai ser divulgada".
"Quem comete um atentado sabe que vai ser apresentadoaposta mundial de clubesuma determinada maneira na imprensa, nos telejornais, nas redes sociais jihadistas. Vai ter um 'momentoaposta mundial de clubes'triunfo'."
Alguns desses elementos estão presentes também nos atentados extremistas realizados contra alvos popularesaposta mundial de clubescidades europeias. No caso da França, o mais estudado por Zacarias, os perpetradores "geralmente sãoaposta mundial de clubesum estrato social mais baixo eaposta mundial de clubesfamíliaaposta mundial de clubesorigem imigrante, (sob) preconceito e dificuldadeaposta mundial de clubesascensão social. (...) Parecem ter encontrado no terrorismo uma formaaposta mundial de clubesdar um sentido mais nobre a uma vida que já estava fora da norma".
'Raiva masculina'
Essa é uma teoriaaposta mundial de clubesmeio a diversos estudos sobre perfisaposta mundial de clubesatiradores e sobre as questõesaposta mundial de clubesfundo que os levam a fazer o que fazem, algo bastante estudado nos EUA, onde o problema se tornou quase epidêmico nas últimas duas décadas. Sóaposta mundial de clubes2018, atiradoresaposta mundial de clubesescolas deixaram 113 pessoas mortas ou feridas. O país registrou,aposta mundial de clubesmédia, um massacre a cada oito dias do calendário escolar.
Alguns estudos sugerem haver por trásaposta mundial de clubesmuitos dos casos uma possível "criseaposta mundial de clubesmasculinidade",aposta mundial de clubesque jovens homens,aposta mundial de clubesgeral brancos, que se sentem desconectados da sociedade acabam encontrando na violência e na culturaaposta mundial de clubesexaltaçãoaposta mundial de clubesarmasaposta mundial de clubesfogo uma formaaposta mundial de clubesse autoafirmarem.
"Investigadores dizem que massacres escolares se tornaram o equivalente americano a atentados suicidas com bombas - não apenas uma tática, mas uma ideologia", diz reportagemaposta mundial de clubes2018 do jornal americano The New York Times sobre o tema. "Jovens homens, muitos deprimidos, alienados ou perturbados mentalmente, são atraídos pela subculturaaposta mundial de clubesColumbine (palco do marcante massacre escolaraposta mundial de clubes1999, que deixou 15 mortos, incluindo os perpetradores, e deu início a uma ondaaposta mundial de clubesataques semelhantesaposta mundial de clubesoutras escolas) porque a veem como uma formaaposta mundial de clubesdescontar (sua raiva) contra o mundo e obter a atençãoaposta mundial de clubesuma sociedade que eles acreditam que os trata com bullying, os ignora ou não os entende."
A reportagem do New York Times citava como exemplo um vídeo feito pelo atirador do massacreaposta mundial de clubesParkland, na Flórida, que deixou 17 mortos. "Vai ser um grande evento. Quando você me vir no noticiário, saberá quem eu sou", dizia ele no vídeo.
Faltaaposta mundial de clubesredeaposta mundial de clubesapoio
Em palestraaposta mundial de clubes2014, o professoraposta mundial de clubesJustiça Criminal Eric Madfis, estudiosoaposta mundial de clubesataquesaposta mundial de clubesescolas pela Universidadeaposta mundial de clubesWashington Tacoma, levantou questões semelhantes. Disse que massacres nos EUA costumam não ser causados por algo isolado, mas sim um conjuntoaposta mundial de clubesfatores: a maioria dos perpetradores são homens que sofreram algum tipoaposta mundial de clubesbullying ou isolamento social; muitos buscam um reforçoaposta mundial de clubessua masculinidade nas armasaposta mundial de clubesfogo; alguns tinham históricoaposta mundial de clubesproblemas mentais, embora isso fosse na minoria dos casos que ele analisou.
"Eles sofriam frustraçõesaposta mundial de clubeslongo prazo, algo que acontece com muita gente, mas a diferença é que a maioria das pessoas tem alguémaposta mundial de clubesquem se apoiar positivamente quando isso ocorre. (Porém), muitos perpetradores tinham como amigo apenas alguém que os estimulasse a praticar violência", afirmou o pesquisador americano.
Em geral, disse ele, os atiradores também passavam por um momentoaposta mundial de clubesruptura - ser demitido ou expulso da escola, por exemplo.
E costumavam planejar extensa e minuciosamente seu atoaposta mundial de clubesviolência.
"Eles às vezes passam dias, semanas planejando o ataque. Os atiradoresaposta mundial de clubesColumbine planejaram por maisaposta mundial de clubesum ano. Eles costumam fantasiar a respeito do dia (do ataque) e nesse processo se sentem fortes e masculinos."
"Tantoaposta mundial de clubesmassacresaposta mundial de clubesescolas quantoaposta mundial de clubesatosaposta mundial de clubesterrorismo doméstico, os perpetradores usam armas e/ou cometem violência para se constituírem como 'durões', 'homensaposta mundial de clubesverdade'. Também usam a imprensa para criar espetáculosaposta mundial de clubesterror e firmar-se como celebridades", escreveuaposta mundial de clubesartigo o pesquisador Douglas Kellner, da Universidade da Califórniaaposta mundial de clubesLos Angeles, também autoraposta mundial de clubesobras sobre massacres desse tipo.
"Temosaposta mundial de clubesnos tornar mais crítico dos roteiros midiáticosaposta mundial de clubeshiperviolência e hipermasculinidade que são projetados como modelosaposta mundial de clubescomportamento para homens ou que ajudem a legitimar a violência como modoaposta mundial de clubesresolver crises pessoais e problemas", sugere ele.
Gabriel Zacarias, da Unicamp, levanta outros dois pontos. O mundo passa atualmente por uma crise estrutural econômica que,aposta mundial de clubescomunidades conservadoras, afeta autoimagem dos homens como "provedores do lar" e muitos homens não são encorajados a lidar com suas emoções e frustraçõesaposta mundial de clubesoutras formas que não pela violência e brutalidade.
"Para muitos, a violência é aceita como positiva e como sinalaposta mundial de clubesvirilidade, e impor-se por meio dela costuma ser visto como algo heróico", avalia.
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