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PCC pode ter guerra interna e nova liderança após transferênciabet bonuschefes, diz promotor ameaçado pela facção:bet bonus
"Não podemos descartar nada. Houve uma grande preparação para esta remoção. Mas não acredito que possa haver algo como o que aconteceubet bonus2006", disse.
No Ministério Público desde 1991, Gakiya começou a investigar o PCCbet bonus2005. No ano seguinte, passou a andar escoltado por policiaisbet bonusvirtude das ameaçasbet bonusmorte. Em dezembro do ano passado, a polícia interceptou cartas com parentesbet bonusdetentos que continham um planobet bonusexecução do promotor ebet bonusoutras autoridades. Ele deveria ser morto caso Marcola fosse transferido para um presídio federal, segundo as mensagens. Em janeiro, outras cartas reafirmaram o pedido da cúpula da facção para que membros nas ruas assassinassem o promotor.
"A vida social minha e da minha família hoje é bastante limitada, mas a gente precisa continuar trabalhando", disse à BBC News Brasil.
Leia abaixo a entrevista.
bet bonus BBC News Brasil - Quem são os 22 transferidos, além do Marcola, e qual a consequência dessas transferências para o PCC?
bet bonus Gakiya - Foram transferidos Marcola e outros membros da cúpula da organização. São pessoas da sintonia final geral (primeiro escalão do PPC) e do segundo escalão.
Para nós, que combatemos essa facção, essa remoção representa um avanço, porque nunca havíamos conseguido transferir várias lideranças ao mesmo tempo,bet bonusregimebet bonusRDD (Regime Disciplinar Diferenciado, quando o preso fica separado dos demais, dos meiosbet bonuscomunicação e só tem direito a duas horas diáriasbet bonusbanhobet bonussol).
Eles ainda são os líderes, mas estão isolados. O objetivo é tentar cortar ligações desses líderes com seus comandados, que estãobet bonusoutras prisões ebet bonusliberdade. A intenção é provocar um abalo na estrutura do PCC.
bet bonus BBC News Brasil - Sabemos que, quando acontece uma prisão, as facções se adaptam muito rapidamente, criminosos se substituem. Como está a situação do PCC após as remoções? A organização está sem comando?
bet bonus Gakiya - Já havia comandos na rua, criminososbet bonusliberdade, egressos. Isso permanece. Mas a sintonia final geral, que é como se fosse o conselho deliberativo da organização, ficava na Penitenciária 2bet bonusPresidente Venceslau. Eles foram removidos todosbet bonusuma só vez. Isso causou momentaneamente uma ausência (da cúpula da organização). Eles continuam sendo integrantes da cúpula, mas estão isolados.
Em paralelo, houve uma sériebet bonusremoçõesbet bonuspresos para outras prisões do Estado para dificultar a reacomodação, essa substituiçãobet bonuspeças. O setorbet bonusinteligência já havia investigado e detectado quem seriam as pessoas que ficariam no lugar da sintonia caso ela fosse removida, e eles foram todos removidos juntos,bet bonusuma vez só.
Não é que estejam sem liderança, mas a liderança que ficou no sistema possivelmente aguarda ordens que podem vir desses líderes no sistema federal.
bet bonus BBC News Brasil - Há rumoresbet bonusque o Marcola já encontra certa resistência dentro do PCC, principalmente depois da morte do Gegê do Mangue e do Paca (membros do PCC assassinadosbet bonusfevereirobet bonus2018). Essas transferências podem contribuir na contestação da liderança do Marcola?
bet bonus Gakiya - Essas situações agora serão melhor avaliadas. O que ocorreu no ano passado foi o assassinatobet bonusdois líderes supostamente a mandobet bonusum criminoso ligado ao Marcola.
Chegou até nós a informaçãobet bonusque criminososbet bonusliberdade não aceitaram bem esses assassinatos.
No entanto, não tiveram força para confrontar o Marcola. Agora, com esse isolamento não só dele, masbet bonustodos os parceiros delebet bonusconfiança, que estão ao lado dele desde 2003 na liderança do PCC, é bem provável que surja alguma disputa interna pelo poder.
Ou que haja indivíduos que não concordem com os posicionamentos que o Marcola tomou.
bet bonus BBC News Brasil - Em 2006, houve ataques depoisbet bonustransferênciasbet bonuslíderes. Dessa vez, por ora, não houve retaliação. O sr. acha que é possível que aconteça?
bet bonus Gakiya - Não podemos descartar nada. Houve uma grande preparação para esta remoção. O governo está preparado e o serviçobet bonusinteligência também. Temos atuadobet bonusforma muito eficiente. Primeiro, atuamos para prevenir o resgate (havia a suspeitabet bonusum plano para resgatar Marcola da prisão).
Descobrimos planosbet bonusassassinatobet bonusagentes do Estado - o meu, inclusive -, justamente para tentar forçar o Estado a recuar e não transferir presos para o sistema federal.
Mas não acredito que possa haver algo como o que aconteceubet bonus2006. Ali, houve um descompasso entre a transferência dos presos e as medidas que poderiam ser tomadas para evitar qualquer retaliaçãobet bonusbandidos que ficaram no sistema e dos que estavambet bonusliberdade.
O Estado não contou com a reação deles, foi pegobet bonussurpresa. Agora a situação é diferente, há uma preparação, a polícia está presente nas ruas, o sistema penitenciário está bem cuidado - inclusive já houve visitas este finalbet bonussemana. Não acredito que possam ocorrer episódios como osbet bonus2006, mas a polícia permanecebet bonussobreaviso.
bet bonus BBC News Brasil - Fala-se muito sobre a existênciabet bonusum suposto pactobet bonusnão-agressão do PCC com o governobet bonusSão Paulo. O senhor acredita nisso?
bet bonus Gakiya - Ouço falar muito disso. Desconheço qualquer tipobet bonusacordo e sou absolutamente contrário a isso. Quando o governobet bonusSão Paulo demorou para fazer a transferência dos criminosos para o sistema federal no ano passado, eu mesmo pedi. Penso que o Estado não pode retroceder por medobet bonusretaliação do crime. 2006 foi um episódio negro da história do Estado, mas não pode impedir o Estadobet bonustomar atitudes.
O que acontece é que eles (os presos) ameaçam. Fazem isso justamente para ver se o Estado recua. Já houve casosbet bonusque o Estado (que não São Paulo) teve que recuar quando tentou instalar bloqueadoresbet bonussinalbet bonuscelular, por exemplo. Nesses casos, não é um acordo formal, mas tácito. No casobet bonusSão Paulo, isso não aconteceu.
bet bonus BBC News Brasil - Hoje, o PCC é uma facção presentebet bonusvários Estados, e também fora do país. Se nada for feito, até onde o senhor acha ela pode chegar?
bet bonus Gakiya - Se não houver um combate eficiente, não só por parte dos Estados, mas do governo federal, e um combate integrado, o PCC pode se tornar uma organização mafiosa.
Hoje, ela está num estágiobet bonuspré-máfia. Se se tornar uma organização com lavagembet bonusdinheiro eficiente, com usobet bonusdoleiros ebet bonusoutros negócios para desviar o foco da droga, vai se transformar um problema muito maior.
Senão vamos viver uma situação parecida com a da Colômbia, na época do Pablo Escobar, ou com a que está vivendo o México, com o El Chapo. Essa reação só vai ser eficiente se for integrada. Temos que ter medidas para fazer integração nacional e com outros países.
bet bonus BBC News Brasil - O que falta para o PCC ser uma máfia?
bet bonus Gakiya - Falta expertise na lavagembet bonusdinheiro. Há indíciosbet bonusque o PCC manda dinheiro para fora do país, cometendo evasãobet bonusdivisas, mas ainda precisamos seguir esse dinheiro para entender se está virando bensbet bonusoutros países, caracterizando lavagembet bonusdinheiro.
Aqui no Brasil há lavagembet bonusdinheiro por parte dos líderes. Provavelmente, haverá um trabalhobet bonuscima disso. Eles lavam dinheiro com empresasbet bonusônibus, garagens, postosbet bonusgasolina, negócios que facilitam esse tipobet bonuslavagem. Mas o PCC, como organização, ainda não tem (um esquema desses). O dinheiro está sendo mandado para fora do Brasil e às vezes até mesmo enterrado aqui mesmo.
bet bonus BBC News Brasil - Qual a perspectiva desse combate integrado?
bet bonus Gakiya - Mudar o foco. Já houve uma fasebet bonusconhecimento da organização. Eles têm uma facilidadebet bonussubstituiçãobet bonuspeças, mas a engrenagem é a mesma, e a gente já sabe como funciona. Mas precisamos mudar a formabet bonusatuar. Não basta essa atuaçãobet bonusenxugar gelo no Estadobet bonusSão Paulo.
A gente não consegue atacar a base financeira, porque esse dinheiro não circula no mercado formal - não estábet bonusnomebet bonuslaranjas, não estábet bonusempresas. O dinheiro é enviado para o Paraguai, para a Bolívia? Vamos precisar atuarbet bonusconjunto para seguir o caminho do dinheiro até onde ele vai se transformar na comprabet bonusum material -bet bonusgeral, cocaína e maconha.
bet bonus BBC News Brasil - O senhor acha que está enxugando gelo?
bet bonus Gakiya - O trabalho que fazemos é importante. Quando o PCC preenche os quadros, nós precisamos investigar e tirar esses integrantesbet bonuscirculação. Talvez essa nova remoção seja o iníciobet bonusuma nova era. Não vai se cortarbet bonus100% a comunicação dessas lideranças porque isso ainda é impossível no Brasil.
O Estado precisa aproveitar esse momento para iniciar uma nova fasebet bonuscombate, atacar as bases financeiras, juntamente com o governo federal e outros Estados.
bet bonus BBC News Brasil - Muitos especialistasbet bonussegurança pública dizem que o aumento da população carcerária ajuda o PCC, oferecendo mãobet bonusobra para a facção. O senhor concorda?
bet bonus Gakiya - Sempre digo que a primeira coisa que explica o crescimento da facção é a ausência do Estado. Onde o Estado está ausente, sejabet bonussuperlotaçãobet bonuspresídio, seja nessas comunidades mais pobres, a facção encontra terreno fértil.
Na questão carcerária, é preciso atacarbet bonusvárias frentes. Precisamos pensar na criaçãobet bonusvagas ou na diminuição da massa carcerária. Acho que principalmente é preciso fazer com que ser partebet bonusorganização criminosa não seja vantajoso para o preso. Principalmente líderes. Por exemplo, no caso desses 22 transferidos, eles vão perder contato com suas bases, com suas famílias, e serão mandados para outras regiões.
Nosso plano aqui no Estado é propor a construçãobet bonusuma nova penitenciáriabet bonussegurança máxima só para abrigar integrantesbet bonusorganização criminosa que tenham alguma função. Aí a gente retira esse pessoal que faz essa cooptaçãobet bonusjovens ebet bonuspessoas que ingressam no sistema pela primeira vez e os mandamos para uma penitenciária com mais rigor.
bet bonus BBC News Brasil - Em que pé está a guerra do PCC com o Comando Vermelho?
bet bonus Gakiya - A guerra continua nos Estados. Ela deu uma arrefecida, talvez atébet bonusfunção desses rumoresbet bonustransferências das lideranças. Mas guerra foi ruim para todas as facções, elas perderam integrantes, morreu muita gente nas prisões. Isso é algo que ainda não foi resolvido.
bet bonus BBC News Brasil - O senhor sabe se existe negociação do PCC com outras facções criminosas do Rio, rivais do Comando Vermelho, como Amigos dos Amigos ou Terceiro Comando Puro?
bet bonus Gakiya - Há tempos, o PCC era aliado do Comando Vermelho. Fizeram negócios, como comprabet bonusdrogas e armas. Depois, houve o rompimento, a guerra.
O PCC teria se aproximado do Nem da Rocinha por meiobet bonuslideranças que estavam no sistema federal. O Nem era da ADA (Amigos dos Amigos), no Rio. O PCC teria fornecido armamento para o Nem confrontar um rival.
Agora, o Nem da Rocinha passou para o Terceiro Comando Puro (TCP). Então, o PCC agora é aliado do TCP. Essas coisas são muito dinâmicas, quem trabalha nessa área precisa ficar atento a essas mudanças. Pois elas podem causar mortes dentro do sistema penitenciário se você não separar os presos. E também guerra nas ruas.
bet bonus BBC News Brasil - Que tipobet bonuspresença o PCC tem no Rio?
bet bonus Gakiya - O PCC está presente no Rio, mas aindabet bonusforma tímida. Tem vários integrantes do PCC que negociam drogas, armamento para o TCP. O que eles estão proibidosbet bonusfazer são negócios com integrantes do Comando Vermelho. Os negócios do PCC basicamente estão na favela da Rocinha, que é comandada pelo TCP.
bet bonus BBC News Brasil - O senhor entrou para o MPbet bonus1991 e investiga o PCC desde 2005. Como começou esse trabalho?
bet bonus Gakiya - Sou bastante curioso. Quando comecei a investigar o PCC, já tinha problemasbet bonusameaças. No começo, queria saber quem poderia autorizar um atentado contra um promotor. Acabei subindo na investigação até a cúpula da organização.
O que nos diferencia, nessa investigação que eu coordeno, é que a gente não para. Trabalhamos todos os dias desde 2005. Já estamosbet bonus2019, e é como se fosse uma novela. Um seriado do Narcos da Netflix com vários capítulos e temporadas.
bet bonus BBC News Brasil - Como reagiu a ter que andar com escolta?
bet bonus Gakiya - Quando a nossa família percebe isso, é uma reaçãobet bonustristeza sobre a que ponto chegou nosso país. A gente fica com a liberdade restrita por simplesmente fazer o que a gente deve fazer, o trabalho do dia a dia.
Nossa vida social hoje é bastante limitadabet bonusvirtude dessa situação, mas a gente tembet bonuscontinuar trabalhando. Como eu falei, foi só a primeira fase. A gente pretende levarbet bonusfrente a investigação.
bet bonus BBC News Brasil - Quando o senhor se aposentar do MP, que ponto o senhor gostariabet bonuster atingido nessa investigação?
bet bonus Gakiya - É difícil dizer. Já existe uma basebet bonusinformações sobre o funcionamento da organização. Apostamos que essas transferências vão ter um resultado favorável, pode ter uma disputa interna e talvez surja até uma nova liderança.
O que quero deixar é um caminho pavimentado para promotores mais jovens, que tenham o perfil adequado e que saibam o que vão enfrentar nessa investigação, que possam fazer um trabalho talvez mais qualificado e competente que o meu.
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