Eleições 2018: o que o TSE está fazendo para combater mensagens falsas?:jogo de blaze

Também afirmou que "há vinte e dois anos, as urnas eletrônicas têm sido utilizadas nas eleições brasileiras sem nenhuma comprovação efetivajogo de blazefraude. O resultado das Eleições Geraisjogo de blaze2014 foi auditadojogo de blazemodo independente por iniciativajogo de blazepartido político, sem que qualquer irregularidade fosse identificada". A BBC News Brasil tentou contato com os donos do canal Brasil Paralelo e com o procurador, mas não obteve respostas.

No dia do pleito, no entanto, apesarjogo de blazediversas acusaçõesjogo de blazefraude nas urnas, as ações do TSE foram mais tímidas. O tribunal apenas retuitou verificaçõesjogo de blazeagênciasjogo de blazechecagemjogo de blazenotícias e do Tribunal Regional Eleitoraljogo de blazeMinas, que produziu um vídeo desmentindo uma acusaçãojogo de blazefraude.

Questionada, a assessoriajogo de blazeimprensa do tribunal disse que as explicações sobre providências tomadas contra notícias falsas nas eleições foram expressadas pela presidente do tribunal, ministra Rosa Weber,jogo de blazecoletivajogo de blazeimprensa no dia das eleições. O TREjogo de blazeMinas disse que também não falaria sobre o temajogo de blazenotícias falsasjogo de blazegeral.

Disseminação e resposta

Os boatosjogo de blazefraude nas urnas no dia das eleições começaram a circular naquele diajogo de blazemanhã.

Nos atuais 350 grupos públicosjogo de blazeWhatsApp que o professorjogo de blazeCiência da Computação Fabrício Benevenuto, da UFMG (Universidade Federaljogo de blazeMinas Gerais), monitora por meiojogo de blazeseu sistema, um vídeo que mostrava uma urna que supostamente se "autocompletava" com o rosto do candidato presidencial Fernando Haddad (PT) quando o eleitor digitava o número "1" foi enviado por usuáriojogo de blazeum grupo primeiro às 11:25.

Até as 16:12, três versões do mesmo vídeo haviam se espalhado por 29 grupos diferentes. Foi um dos conteúdos mais difundidos no WhatsApp naquele dia, se tomarmos como base o monitor da rede do grupo da UFMG (não se sabe o quão representativo é porque o número totaljogo de blazegrupos públicosjogo de blazeWhatsApp no Brasil é desconhecido).

A acusação tomou maiores proporções quando o vídeo foi publicadojogo de blazemanhã no Twitter por Flavio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável Bolsonaro e naquele dia eleito senador do Rio.

Segundo levantamento da FGV-DAPP (Diretoriajogo de blazeAnálisejogo de blazePolíticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas), seu tuíte teve maisjogo de blaze17.050 compartilhamentos e foi "com folga" o mais "retuitado e influente do debate", segundo análise da FGV. Para essa análise, o grupo levoujogo de blazeconta 3,5 milhõesjogo de blazetuítes e quase 3 milhõesjogo de blazeretuítes sobre os candidatos à Presidência entre as 0h e 20h do domingo.

O tuítejogo de blazeFlavio Bolsonaro foi apagado. "Mesmo que a explicação sobre a veracidade do vídeo não tenha sido clara, meu objetivojogo de blazealertar ao TSE foi atingido, logo, retirei a postagem do vídeo", afirmou o agora senador eleito. O tuíte com o desmentido do TSE, às 13h36 daquele dia, teve só 1.554 retuítes.

O vídeo feito pela Coordenadoriajogo de blazeComunicação Social do TREjogo de blazeMinas no YouTube, também desbancando o boato, teve cercajogo de blaze800 mil visualizações. Agênciasjogo de blazechecagemjogo de blazenotícias e veículosjogo de blazeimprensa trabalharam tentando esclarecer as dúvidas.

Outros vídeosjogo de blazesupostas fraudes também circularam nas redes - e a narrativa tomou conta do diajogo de blazevotação, respaldada pelos filhosjogo de blazeBolsonaro e, mais tarde, pelo próprio candidato. De acordo com a FGV, foram 471,1 mil tuítes sobre fraude eleitoral entre 22hjogo de blazedomingo e 15hjogo de blazeterça, 9.

Para investigar casos específicos, os TREs têm que ser provocados pelos Ministérios Públicos ou partidos políticos. Questionado, o TSE informou à BBC News Brasil que não tem "conhecimentojogo de blazenenhuma denúncia formaljogo de blazefraude nas urnas" protocolada no tribunal.

'Entendendo o fenômeno'

Na coletiva depois das eleições, a ministra Rosa Weber, presidente do TSE, disse que o tribunal está primeiro "entendendo o fenômeno" das notícias falsas, que não são "de fácil compreensão,jogo de blazefácil prevenção".

"E não é problema brasileiro. Mas o TSE está atento."

Emjogo de blazefala, a ministra citou as ações conduzidas pelo tribunal contra notícias falsas:

- A criaçãojogo de blazeum conselho consultivo sobre internet e eleições, com atribuições para desenvolver pesquisas e estudos sobre as regras eleitorais e a influência da internet nas eleições

- Um acordojogo de blazecolaboração feito com partidos, para evitar um ambiente eleitoral com disseminaçãojogo de blazenotícias falsas

- Um acordo com especialistasjogo de blazemarketing político para que colaborem com a corte para manter o ambiente imune da disseminaçãojogo de blazenotícias falsas

- Um seminário internacional sobre o tema

Além disso, disse que ministros do TSE examinam as representações que chegam ao tribunal que reclamamjogo de blazepropaganda eleitoral irregular e notícias falsas - antes das eleições, por exemplo, foi determinada a retiradajogo de blaze35 conteúdos falsos ou ofensivos contra a candidaturajogo de blazeHaddad (33 publicações no Facebook e dois vídeos do YouTube).

O conselho citado pela ministra foi criado no ano passado. No entanto, reuniu-se apenas seis vezes desde então, segundo Thiago Tavares, representante da sociedade civil no conselho e presidente da ONG SaferNet. A última reunião foijogo de blazejunho, há quatro meses. Além disso, diz ele, "muito da memória dos debates se perdeu" durante a transição entre gestões do TSE.

Tavares ressalta, contudo, que o TSE foi bemjogo de blazeseu "trabalhojogo de blazearticulação" e convencimentojogo de blazepartidos políticos que assinaram o termojogo de blazecompromisso para a não difusãojogo de blazenotícias falsas.

Para ele, as instituições devem se esforçar para "detectar e coibir ações das fábricasjogo de blazeconteúdo falso". "Existe, claramente, fábricasjogo de blaze'fake news', atuaçãojogo de blazefazendasjogo de blazerobôs e 'clusters'jogo de blazechipsjogo de blazecelular. E tem alguém pagando por isso", diz.

Polícia Federal e Exército também estão no conselho.

Questionado pela BBC News Brasil, a Polícia Federal disse ter ministrado "cursos voltados à investigaçãojogo de blazecrimes eleitorais aos policiais federais que estão atuando durante o pleito".

Mas há um impedimento para investigações por parte da PF: a produçãojogo de blazenotícias falsas, por si só, não é crime. A PF só pode atuar quando houver algum crime na notícia falsa divulgada, como calúnia, difamação, injúria, falsidade ideológica, divulgaçãojogo de blazefatos inverídicos na propaganda eleitoral, pesquisa eleitoral fraudulenta.

"O normal é que as supostas notícias falsas sejam encaminhadas para a Justiça Eleitoral, que realizará uma análise prévia e, entendendo haver elementos indicativosjogo de blazecrime, requisitará a instauraçãojogo de blazeinquérito à PF."

Problemas e soluções

Para a pesquisadora britânica Claire Wardle, que estuda o tema, instituições e governo não devem agirjogo de blazetodos os casos. Mas ela defende a criaçãojogo de blazeuma "salajogo de blazeguerra" para os casosjogo de blazedesinformação ligada à integridade das eleições - como o caso das acusaçõesjogo de blazefraude nas urnas.

"Nessas situações, o governo deveria desempenhar um papel ativo. E as plataformas também", diz ela, sugerindo uma ação conjunta para desbancar as notícias falsas durante o dia do pleito. Para ela, esse tipojogo de blazedesinformação é mais impactante porque ameaça diretamente a democracia.

Wardle é diretorajogo de blazepesquisa do First Draft, laboratório ligado à Universidade Harvard, e uma das idealizadoras do Comprova, a coalizãojogo de blaze24 veículosjogo de blazeimprensa criada para checar notícias falsas durante as eleições. Em dois meses, o grupo fez 106 verificações - 98 foramjogo de blazenotícias falsas.

Na avaliaçãojogo de blazeTai Nalon, diretora da agênciajogo de blazechecagem Aos Fatos, o TSE foi omisso no dia do pleito. "Muita coisa a gente não pode fazer por faltajogo de blazeinformações. Tínhamos dificuldadejogo de blazechecar com TSE e TREs se as queixasjogo de blazefraude foram formalizadas, ou seja, se virariam denúncia efetivamente."

Ela sugere que o TSE deixasse plantonistas dedicados a desmentir ou orientar procedimentos sobre boatos, organizasse uma basejogo de blazedados com o que foi formalmente denunciado e, terceiro, "efetivamente responda aos questionamentosjogo de blazequem está combatendo notícias falsas".

Uma análise detalhada e individualizada pelo TSE seria difíciljogo de blazeser feitajogo de blazelarga escala num dia como aquele, observa Cristina Tardáguila, diretora da Agência Lupa,jogo de blazechecagemjogo de blazenotícias. Mas ela sugere que o TSE estimule os TREs a "terem formasjogo de blazeresponder os checadores com presteza" ou até tenham times - "uma pessoa bastaria" - "para atuarjogo de blazecasos locais e verificar sobre um vídeo, urna, denúncia específica".

"O TRE-MG foi rápido e eficiente ao colaborar com a Lupa para classificar como falso vídeo que mostrava uma urna que falsamente 'autocompletava' o 13. A pro-atividade do TRE-MG deveria servirjogo de blazeexemplo para os demais tribunais."

Além disso, diz, é essencial que o site do TSE funcione - no dia do pleito, a página ficou fora do ar durante bastante tempo.

"Entendemos que é um dia muito tenso, e que a Justiça Eleitoral não está aí para trabalhar para os checadores. Mas erajogo de blazese esperar que haveria muitas notícias falsas e que a suspeitajogo de blazefraude viria à tona", afirma Tardáguila.

Mas ressalta: "Ainda há três semanas para ajustarmos as coisas. Dá tempo suficiente para fazermos muitas coisas contra desinformação".

*Colaborou Fernanda Odilla,jogo de blazeLondres

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