As relíquias que D. Pedro 2º encontrou no Egito e foram queimadas no incêndio do Museu Nacional:cadastrou ganhou bet

"D. Pedro 2º era profundo conhecedorcadastrou ganhou bethistória universal, tendo aprendido línguas como o árabe e o hebraico para poder ter acesso a documentos originais", conta a historiadora e professora da PUC do Rio Grande do Sul, Margaret Marchiori Bakos, lembrando que o fatocadastrou ganhou betD. Pedro 2º ter ficado órfão muito cedo fez com que o imperador fosse educado e criado por tutores,cadastrou ganhou betquem recebeu uma educação formal e culta. "A ideia era criar uma memória da monarquia brasileira sóbria, erudita, vinculada a cultura, ciência e educação."

Das expedições ao Egito, D. Pedro 2º trouxe artefatos históricos, mapas, livros e fotoscadastrou ganhou betviagens. Sua coleçãocadastrou ganhou betfotografiascadastrou ganhou betviagens - não só ao Egito, mas tambémcadastrou ganhou betexcursões feitas pela Europa, África e Oriente Médio - foi a maior do século 19 pertencente a um governante. Já acadastrou ganhou betcoleçãocadastrou ganhou betartefatos históricos da civilização egípcia ajudou a formar o maior acervo egípcio da América Latina.

Em 2010, os documentoscadastrou ganhou betviagenscadastrou ganhou betD. Pedro 2º foram reconhecidos pela Unesco como patrimônio da Memória do Mundo e fazem parte do acervo do Museu Imperialcadastrou ganhou betPetrópolis, no Riocadastrou ganhou betJaneiro, onde os diários podem ser visitados pelo público. Já as relíquias egípcias trazidas pelo imperador ao Brasil e compradas por seu pai, dentre elas peças raras como múmias humanas inteiras e sarcófagos, faziam parte do Museu Nacional desde 1889, mas foram queimados na noite do dia 2cadastrou ganhou betsetembro durante o incêndio que destruiu o histórico Paláciocadastrou ganhou betSão Cristóvão, onde funcionava o Museu.

As expedições egípcias

"Foi sempre um grande desejocadastrou ganhou betD. Pedro 2º conhecer a Europa e o Egito, mas a oportunidade se apresentou somente quandocadastrou ganhou betfilha Leopoldina faleceu na Áustria", conta Bakos.

Nessa primeira viagem ao Egito, feita entre maiocadastrou ganhou bet1871 a marçocadastrou ganhou bet1872, D. Pedro 2º viajou como homem comum, pagou a expedição com suas economias pessoais e evitou ser chamadocadastrou ganhou betimperador.

Dos lugares que visitou, quis conhecer todos os citados na Bíblia, alémcadastrou ganhou betAlexandria, Canalcadastrou ganhou betSuez e da capital Cairo, onde passou oito dias. "Conta-se que D. Pedro 2º escalou a pirâmidecadastrou ganhou betQuéops, a maiorcadastrou ganhou bettodas,cadastrou ganhou betapenas 25 minutos", conta a historiadora.

"Ao ver o Templocadastrou ganhou betKarnak pela primeira vez, D. Pedro 2º parafraseou o famoso egiptólogo Mariette ao dizer: 'Nunca se vê Karnak o suficiente'. No templo, o imperador almoçou no altocadastrou ganhou betum dos tetos contemplando a vista. Passou dois diascadastrou ganhou betKarnak", conta a professora da Universidade Federal do Maranhão, Liliane Correa.

A segunda viagem ocorreu entre 1876 a 1877 e também foi extensãocadastrou ganhou betuma passagem à Europa, dessa vez para tratar da saúde da mulher, Theresa Cristina. Na realidade, a viagem começou nos Estados Unidos, onde o monarca conheceu intelectuaiscadastrou ganhou betseu tempo, como Thomas Edison, seguiu para o Canadá, foi até a Europa e, por fim, para o Egito. Nessa expedição, D. Pedro 2º visitou todas as 18 pirâmides do Baixo Egito.

"Em 1876, Pedro 2º fez uma viagem maior ao Egito: saiucadastrou ganhou betbarco do Cairo, subindo o rio até Aswan. Lá, a imperatriz ficou alguns dias, enquanto Pedrocadastrou ganhou betAlcântara seguia rio acima,cadastrou ganhou betum barco menor até Wadi Halfa, hoje o Sudão. De lá, seguiu mais ao sul, voltou para Aswan e desceu o rio Nilo até o Cairo. Em todo o percurso, visitou todos os monumentos que estavam acessíveis", descreve Correa, que, no começocadastrou ganhou bet2018, viajou ao Egito para percorrer parte do roteiro que o imperador fez nessa viagem.

"Nessa viagem, descobri que o Egito é lindo, o povo egípcio muito simpático e acolhedor, a comida é maravilhosa e que nós, brasileiros, somos muito parecidos com os egípcios. Compartilho com D. Pedro 2º o fascínio pelo Egito."

A múmia do imperador

Na segunda viagem ao Egito, D. Pedro 2º teceu críticas ao quediva (soberano) Ismael, acusando o governantecadastrou ganhou betabandonar os patrimônios históricos.

"Impressionado com o mau estado dos monumentos históricos egípcios, que mostravam 'incrível vandalismo', o imperador lamentou o fato do quediva ser luxuoso com os seus palácios, mas desleixado na conservação dos monumentos, 'tão interessantes para o estudo do Alto Egito!', conforme escreveucadastrou ganhou betseu diáriocadastrou ganhou betviagem", resgata Bakos.

O escritor Khatlhab conta que o alerta do imperador contribuiu para que fossem tomadas as medidas necessárias para conservação dos monumentos artísticos dos Faraós. "Além disso, constrangido com as observaçõescadastrou ganhou betD. Pedro 2º, o quediva Ismail fez uma doação ao imperador, no mínimo surpreendente,cadastrou ganhou betum sarcófago contendo a múmiacadastrou ganhou betum corpo feminino."

O sarcófago, feitocadastrou ganhou betmadeira estucada e colorida, era uma peça rara pelo fatocadastrou ganhou betnunca ter sido aberto. "Dentro do caixão, havia a múmiacadastrou ganhou betuma cantora-sacerdotisa e cuja função era entoar cânticos sagrados no templo dedicado ao deus Amon,cadastrou ganhou betKarnak, nos arredorescadastrou ganhou betTebas", conta Bakos.

"Sha-amun-em-su", nome da cantora mumificada dada a D. Pedro 2º, teria morrido com 50 anos e vivido no Egito 750 a.C.. "Os desenhos e hieróglifos do sarcófago foram transliterados e se descobriu que a cantora pertencia a um seleto grupo especialcadastrou ganhou betdamas que ficavam virgens por toda a vida e auxiliavam a Esposa Divinacadastrou ganhou betAmon", explica a historiadora.

D. Pedro 2º teria gostado tanto do presente do quediva que manteve sarcófago e múmiacadastrou ganhou betseu gabinetecadastrou ganhou bet1877 a 1889, anocadastrou ganhou betque a peça foi incluída no catálogo do Museu Nacional e permaneceu até o incêndio do dia 2cadastrou ganhou betsetembro.

O Egito no Brasil

O acervo da civilização egípcia que pertencia ao Museu Nacional contava com 700 peças, entre múmias humanas inteiras, partescadastrou ganhou betmúmias, animais, artefatos, amuletos e sarcófagos, a maioria pertencente ao Período Intermediário e da Baixa época egípcio (cercacadastrou ganhou bet1069- 556 a.C). O sarcófago e a múmiacadastrou ganhou betSha-amun-em-su era uma das peças mais raras da coleção.

Existem outras coleções egípcias e orientais interessantes expostas no Brasil, como as da Fundação Eva Klabin Rapaport, no Riocadastrou ganhou betJaneiro; Museucadastrou ganhou betArqueologia e Etnologia da Universidadecadastrou ganhou betSão Paulo e Museucadastrou ganhou betArtecadastrou ganhou betSão Paulo, SP; Museu Mariano Procópio,cadastrou ganhou betJuizcadastrou ganhou betFora; Museu Egípcio e Rosa Cruz,cadastrou ganhou betCuritiba. Mas as coleções formadas por D. Pedro 1º e D. Pedro 2º durante o Brasil Império que estavam no Museu Nacional, infelizmente, não existem mais.

"Durante as pesquisas para escrever meu livro, frequentei o Museu Nacional para estudar o acervo. Tínhamos um grande acervocadastrou ganhou betegiptologia e poderíamos fazer uma viagem pelo Egito dentro do próprio Brasil", afirma Khatlhab. "Estou indignadocadastrou ganhou betsaber que este grande acervo que desapareceu, que simplesmente não existe mais."