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Por cirurgias plásticas mais baratas, brasileiros organizam no WhatsApp viagens até Bolívia e Venezuela:virtual soccer bet365
Siqueira conta que decidiu fazer as plásticas no país vizinho após ouvir relatos bem-sucedidosvirtual soccer bet365amigas. Ela pagou R$ 13,5 mil pelos procedimentos. "A qualidade do serviço deles é excelente. Eu consegui o resultado que almejava", conta. A viagemvirtual soccer bet365carro fazia partevirtual soccer bet365um pacote no valorvirtual soccer bet365R$ 2 mil pago a uma brasileira para receber os cuidados após a cirurgia.
Alguns procedimentos chegam a custar menos da metade do valor cobrado no Brasil – os mais procurados são lipoaspiração, lipoescultura, rinoplastia, abdominoplastia e implantevirtual soccer bet365silicone nos seios.
Mas existem riscos. Além da possibilidadevirtual soccer bet365ser operado por um profissional que não é cirurgião plástico, há também o perigovirtual soccer bet365o procedimento ser feitovirtual soccer bet365uma clínica clandestina ou não haver cuidados adequados no pós-operatório, problemas também registrados no Brasil.
No ano passado, ao menos duas brasileiras morreram nos países vizinhos por causavirtual soccer bet365complicações. O mesmo ocorreu no caso da bancária Lilian Calixto,virtual soccer bet36546 anos, que morreu no Rio após uma intervenção nos glúteos realizada por Denis Furtado, médico conhecido como "Doutor Bumbum", que, segundo o Conselho Regionalvirtual soccer bet365Medicina do Riovirtual soccer bet365Janeiro (Cremerj), não tinha autorização para exercer medicina no Estado.
Como ocorre a negociação
Médicos na Bolívia e na Venezuela mantêm uma equipe dedicada a conquistar clientes no Brasil. Por meiovirtual soccer bet365divulgações nas redes sociais e até pessoalmente, nas áreasvirtual soccer bet365fronteira, intermediários brasileiros anunciam o trabalho do profissional, propagando fotosvirtual soccer bet365supostos resultadosvirtual soccer bet365procedimentos.
Esses intermediários geralmente ganham um percentual por cliente conquistado, e costumam fechar um pacote incluindo transporte, alimentação, estadia, cirurgia e cuidados durante o pós-operatório. Há outras opções para quem deseja viajar por conta própria.
Além deles, ajudam na divulgação os "cuidadores", na maioria também brasileiros, que viavirtual soccer bet365regra não trabalham para um médico específico. Ele auxiliam na busca pelo profissional e cobram até R$ 3 mil para oferecer suporte no período pós-operatório, que pode levar 15 dias. O valor inclui alimentação, acompanhamento, estadia e ajuda durante a recuperação.
"É preciso tomar cuidado, porque existe o riscovirtual soccer bet365(os pacientes) serem captados por gente que trabalha por comissões e porcentagens para arrumar pacientes para cirurgiões falsos", alertouvirtual soccer bet365conversa com a BBC News Brasil o presidente da Sociedade Bolivianavirtual soccer bet365Cirurgia Plástica, Javier Ruiz Barea.
Os pagamentos das cirurgias plásticas são feitosvirtual soccer bet365uma única prestação,virtual soccer bet365dólar ou real. No caso da Bolívia, podem ser realizados antesvirtual soccer bet365o paciente ir ao país ou na chegada. Na Venezuela, precisam ser pagos antes, por meiovirtual soccer bet365depósito bancário ou entregues a um representante do médico.
As conversas sobre as plásticas, os valores e a formavirtual soccer bet365pagamento acontecem no WhatsApp. Também são criados nos aplicativos grupos que reúnem as pessoas que irão nas mesmas datas, nos quais também são publicadas informações sobre as viagens e as cirurgias.
Segundo a Sociedade Brasileiravirtual soccer bet365Cirurgia Plástica (SBCP), a práticavirtual soccer bet365levar gruposvirtual soccer bet365brasileiros para fazer cirurgias plásticasvirtual soccer bet365outros países é ilegal. "Eles aliciam as pessoas. Trata-se quasevirtual soccer bet365um tráficovirtual soccer bet365pacientes. É um interesse exclusivamente mercantil. Fazem do paciente objetovirtual soccer bet365mercancia", afirmou Denis Calazans, secretário-geral da entidade.
Uma pessoa que recebe pacientes na Venezuela, que pediu para não ser identificada, nega que a prática seja criminosa.
"Os médicos brasileiros tentam nos denegrir. Eles costumam dizer que somos aliciadores, mas eu não obrigo ninguém a vir. As pessoas chegam aqui por vontade própria. São elas que me procuram", diz.
Indústria do bisturi
Os grupos, que costumam ter entre cinco e dez pessoas, geralmente viajam por meiovirtual soccer bet365vans, ônibus ou carros particulares.
Em boa parte das vezes, vivem nos Estados próximos à fronteira – os pacientes que chegam à Bolívia vêm, emvirtual soccer bet365maioria,virtual soccer bet365Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre e Rondônia, enquanto no caso da Venezuela,virtual soccer bet365Roraima ou do Amazonas.
Durante o pós-operatório, há a opçãovirtual soccer bet365ficarvirtual soccer bet365espaços pertencentes aos cuidadores. A atividade se tornou tão rentável que, para alguns, se tornou a única fontevirtual soccer bet365renda – há quem tenha contratado enfermeiros, cozinheiros e motoristas para atender aos pacientes.
Na Venezuela, os brasileiros costumam fazer as intervençõesvirtual soccer bet365Puerto Ordaz, a cidade grande mais próxima à fronteira. No país, o grande númerovirtual soccer bet365estrangeiros que procuram os serviços locais fez os médicos criarem "promoções" para os locais, relata uma cuidadora ouvida pela BBC News Brasil.
"Os médicos passaram a cobrar metade do preço,virtual soccer bet365comparação àquilo que é cobrado dos estrangeiros, para que eles (venezuelanos) façam as cirurgias", relata.
Em meio à profunda crise vivida na Venezuela, os cirurgiões plásticos intensificaram a divulgaçãovirtual soccer bet365seus trabalhos no exterior.
Segundo o cirurgião Enzo Troisi, a vindavirtual soccer bet365estrangeiros cresceu nos últimos anos. "Hoje, além dos brasileiros, também recebemos pacientes colombianos, dominicanos, americanos e europeus", diz.
Formado há 20 anos, Troisi afirma costumar operarvirtual soccer bet3658 a 12 brasileiros todos os meses. Não há levantamentos sobre a quantidadevirtual soccer bet365brasileiros que vão à Venezuela com esse fim.
Uma cabeleireira brasileira, que pediu para não ser identificada, diz que economizou R$ 6,5 mil ao fazer plásticas no país vizinhovirtual soccer bet365fevereiro passado. "Eu fiz lipoaspiração e coloquei prótese nos seios. No Brasil, os procedimentos não sairiam por menosvirtual soccer bet365R$ 17 mil. Paguei R$ 10,5 mil na Venezuela."
Ela elogia os médicos. "Eles foram muito cuidadosos e exigiram uma bateriavirtual soccer bet365exames. Deu tudo certo comigo e com as outras meninas do meu grupo", conta. "Não me arrependo. Meus parentes diziam que eu estava maluca, por causa das notícias ruins do país, mas a minha experiência foi muito tranquila", diz a mulher.
A Sociedade Brasileiravirtual soccer bet365Cirurgia plástica alerta que os riscos estão presentes não só nos procedimentosvirtual soccer bet365si, mas também no período pós-cirúrgico. Isso porque, afirma, há casosvirtual soccer bet365brasileiros que sofrem complicações por não aguardar o tempo necessáriovirtual soccer bet365repouso.
"Uma das características que percebemos, principalmente nas cirurgias feitas na Venezuela, é que os brasileiros que têm complicações fazem a recuperaçãovirtual soccer bet365hospitais públicos no Brasil. Então, eles pagam particularvirtual soccer bet365outro país e se recuperam aqui, às custas do Estado brasileiro. Apesar disso, é importante destacar que a saúde brasileira é universal e não se pode negar assistência", afirma Calazans.
Ajuda do câmbio
Na Bolívia, o mercadovirtual soccer bet365cirurgias plásticas teve uma grande expansão nos últimos anos. Lá, a cidade mais procurada por brasileiros é Santa Cruzvirtual soccer bet365La Sierra, também próxima com a fronteira.
"A taxavirtual soccer bet365câmbio faz com que os procedimentos fiquem mais baratos para os brasileiros", conta o presidente da Sociedade Bolivianavirtual soccer bet365Cirurgia Plástica.
Há dois anos, a vendedora Josiane Roque,virtual soccer bet36531 anos, foi à Bolívia para fazer uma lipoescultura e colocar prótesesvirtual soccer bet365silicone nos seios.
Ela relata que pesquisou sobre os médicos locais antesvirtual soccer bet365fazer as intervenções, que custaram R$ 7,5 mil. "Vi os resultados das cirurgias que eram feitas lá e gostei. Depois olhei os valores e vi que pagaria metade do que gastaria aqui no Brasil.".
A vendedora também contratou uma cuidadora para auxiliá-la no pós-operatório. "Eu fiquei sete dias na Bolívia, após a cirurgia, e só retornei quando estava bem. Gostei muito dos resultados, e indiquei para todas as minhas amigas."
O empresário e jornalista Peterson Prestes,virtual soccer bet36536 anos, afirma ter feito 22 procedimentos na Bolívia desde 2011, entre plásticas e intervenções estéticas. "Fiz rinoplastia, apliquei botox várias vezes, coloquei próteses nos glúteos, entre outras intervenções estéticas. Foi tudo muito tranquilo e nunca tive nenhuma complicação", diz.
Ele acredita que os mesmos procedimentos, caso feitos no Brasil, não custariam menosvirtual soccer bet365R$ 100 mil – na Bolívia, conta, saíram por pouco menosvirtual soccer bet365R$ 80 mil.
"No total, paguei pouco menosvirtual soccer bet365R$ 50 mil ao longo desses anos. Eu consigo muitos descontos porque também trabalho como drag queen e gravo vídeos divulgando algumas clínicas."
Javier Barea alerta que os brasileiros devem tomar cuidado para não contratar falsos profissionais.
"Há pessoas que não são médicas e se passam por cirurgiões plásticos. Existem também médicos que não possuem tal especialidade e se oferecem para esse tipovirtual soccer bet365intervenções. Por isso, orientamos que somente entremvirtual soccer bet365contato com cirurgiões que pertençam à Sociedade Bolivianavirtual soccer bet365Cirurgia Plástica."
Casos trágicos
Embora as mulheres que conversaram com a reportagem relatem experiências positivas, nem sempre o sonho da cirurgia plástica termina bem.
O casovirtual soccer bet365morte mais recente foi o da manauara Orquídea Catão Ponds,virtual soccer bet36545 anos, que morreu horas depoisvirtual soccer bet365passar por uma lipoaspiração na Venezuela,virtual soccer bet365dezembro.
Segundo o laudo pericial, ela teve tromboembolia pulmonar – um coágulo se forma nas veias, entupindo a artéria do pulmão.
A família contesta o resultado da perícia. "Tenho certezavirtual soccer bet365que não foi uma tromboembolia pulmonar. Eu a acompanhei, estive lá no momento da cirurgia e vi tudovirtual soccer bet365errado que aconteceu no dia", relata uma parente dela, que pediu para não ser identificada.
Um ano antes, outra brasileira havia morrido após ser operada pelo mesmo médico, o oncologista Oscar Hurtado. Dioneide Leite,virtual soccer bet36536 anos, se submeteu a uma abdominoplastia com ele. O nomevirtual soccer bet365Hurtado não consta na listavirtual soccer bet365profissionais inscritos na Sociedade Venezuelanavirtual soccer bet365Cirurgia Plástica (SVCP).
A reportagem procurou a entidade para comentar o caso, mas ela afirmou que não poderia responder nesta semana.
Em setembro do ano passado, a mato-grossense Janeane Rodrigues da Silva Fidélis,virtual soccer bet36542 anos, morreuvirtual soccer bet365decorrênciavirtual soccer bet365cirurgias plásticas feitas na Bolívia. Ela sofreu uma parada cardíaca dois dias depoisvirtual soccer bet365se submeter a lipoaspiração e abdominoplastia.
O médico responsável pela cirurgia, o cirurgião plástico Hernán Justiniano Grillo, não respondeu aos pedidosvirtual soccer bet365entrevista. Na época, argumentou que a paciente não relatou, no pré-operatório, que tomava diferentes tiposvirtual soccer bet365medicamentos, dentre eles um para problemas cardíacos.
De acordo com a Sociedade Bolivianavirtual soccer bet365Cirurgia Plástica, o médico está inscrito na entidade. A entidade afirma que todosvirtual soccer bet365morte os casos são investigados pelo Ministério Público da Bolívia, mas são conduzidosvirtual soccer bet365sigilo.
Faltavirtual soccer bet365dados
A Sociedade Brasileiravirtual soccer bet365Cirurgia Plástica fez uma representação na Procuradoria-Geral da República sobre o "turismo médico", na qual relatou as mortes das brasileiras. Segundo a PGR, não foram encontrados indíciosvirtual soccer bet365ilegalidades, e procedimentovirtual soccer bet365investigação acabou arquivado.
Nos últimos cinco anos, foram registradas ao menos oito mortesvirtual soccer bet365brasileiras na Venezuelavirtual soccer bet365decorrênciavirtual soccer bet365cirurgias plásticas. Na Bolívia foram ao menos setevirtual soccer bet36520 anos, segundo a Sociedade Bolivianavirtual soccer bet365Cirurgia Plástica.
Não há dados sobre as mortes e complicações ocorridas após cirurgias feitas no Brasil, como a da bancária operada pelo "Doutor Bumbum". Apesar dos vários casos relatados na imprensa ao longo dos anos, o Ministério da Saúde, o Conselho Federalvirtual soccer bet365Medicina e a Sociedade Brasileiravirtual soccer bet365Cirurgia Plástica afirmam que não possuem estatísticas sobre óbitos ou sequelas graves.
No Sistemavirtual soccer bet365Informaçãovirtual soccer bet365Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, não há apontamentosvirtual soccer bet365mortesvirtual soccer bet365razãovirtual soccer bet365cirurgias plásticas. Os casos normalmente são notificadosvirtual soccer bet365formas distintas, como infecção ou parada cardiorrespiratória, pois não há uma especificidade para as intervenções estéticas.
O dermatologista Érico Pampado Di Santis defendeu uma tesevirtual soccer bet365doutorado que tinha como tema as mortesvirtual soccer bet365procedimentosvirtual soccer bet365lipoaspiração no Brasil. Ele relata que teve dificuldades para encontrar dados sobre os óbitos relacionados às intervenções.
"Obtive pela imprensa (os dados)virtual soccer bet365uma busca hercúleavirtual soccer bet36510 anos. É mais difícil ainda conseguir as certidõesvirtual soccer bet365óbito", comenta.
Com base nas pesquisas para a tese, Santis apurou que foram registradas, no Brasil, 102 mortes,virtual soccer bet3651987 a 2015,virtual soccer bet365decorrênciavirtual soccer bet365lipoaspiração,virtual soccer bet365alguns casos associadas a outros procedimentos.
Segundo o dermatologista, não há como afirmar que as intervenções nos países vizinhos são mais arriscadas que as feitas no Brasil. "Não se pode dizer que os riscos são distintos, pelo motivovirtual soccer bet365não termos no Brasil, e também no mundo, dados consistentes sobre esses casos."
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