Famílias brasileiras apostamjogo de casanikesporte desde cedo para emplacar filhosjogo de casanikuniversidades dos EUA:jogo de casanik

Crédito, Adriana Stock/BBC Brasil

Legenda da foto, A menina Rani,jogo de casanikdez anos, sonha que a natação a leve não só à Olimpíada, mas a estudarjogo de casanikuma universidade americana

Escolinhasjogo de casanikfutebol, tênis ou natação que antes recebiam apenas meninos e meninas interessadosjogo de casanikaprender os fundamentos da modalidade e se divertir, agora são procuradas por famílias que planejam investir no esporte como uma formajogo de casanikseus filhos estudarem no exterior no futuro.

Esses pequenos atletas querem, acimajogo de casaniktudo, ter a chancejogo de casanikcontinuar praticando esporte, mas sem descuidar da educação.

"Eu queria estudar numa universidade boa, mas também queria continuar nadando. O único lugar para fazer isso era nos Estados Unidos. Infelizmente aqui no Brasil não tem como: ou você nada ou você estuda. É impossível fazer os dois bem feitos ao mesmo tempo", diz a paulista Sofia Sigrist, nadadora do Pinheiros,jogo de casanikSão Paulo, que neste ano ingressa na Universidadejogo de casanikNova York.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Depoisjogo de casanikPedro e Vicente,jogo de casanik12 e 11 anos, começarem a competir no tênis, pais ficaram mais atentos à possibilidadejogo de casanikeles estudarem no exterior

Portfólio atlético

Humberto Badolato, empresário e professor da escolinhajogo de casanikfutebol da academia Bodytech, no Riojogo de casanikJaneiro, conta que muitos pais o procuram para saber qual o melhor caminho para estudar lá fora por meio do futebol.

"Alguns me pedem treino personalizado com o objetivojogo de casanikjá ir aperfeiçoando a técnica das crianças. Eles sabem que meu próprio filho está se preparando para entrarjogo de casanikuma universidade americana. Só que ele quer a Ivy League (grupo formado por oito das universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos e que não concede bolsas para atletas)", conta.

Para Rita Moriconi, coordenadora do Education USA no Cone Sul, os pais estão certosjogo de casanikdespertar esse interesse na infância.

"O esporte sempre ajuda no processojogo de casanikadmissão. Tanto para o aluno atleta, que vai aplicar para uma bolsa atlética, como também para aquele aluno que não compete, mas que se sentiria bem indo para uma universidadejogo de casanikque ele tenha possibilidadejogo de casanikjogar ou nadar, por exemplo", afirma a educadora.

Filiado ao Departamentojogo de casanikEstado dos EUA, o Education USA tem 35 escritórios no Brasil e auxilia gratuitamente os candidatos na escolha entre as 4,7 mil universidades americanas, alémjogo de casanikprestar assistência no processojogo de casanikseleção (que inclui a apresentaçãojogo de casanikuma espéciejogo de casanikdossiê com documentação, histórico escolar, notasjogo de casanikexames SAT/TOEFL e redações).

Uma das dicasjogo de casanikMoriconi é começar a fazer um portfólio atlético desde o início com fotos e vídeos. "Eles também devem procurar o Education USA quando chegar ao nono ano do ensino fundamental, uns três ou quatro anos antesjogo de casanikfazer o application (se inscrever)", recomenda.

Também é preciso ficar atento às notas da escola desde o ensino fundamental. "Se você tiver um histórico escolar ruim, vai pesar muito na decisãojogo de casanikadmissão. Eles querem ver uma consistência nas notas e,jogo de casanikpreferência,jogo de casaniktodas as matérias", ressalta Mateus Rabello Benarrós, da empresajogo de casanikassessoria Apply, com sedejogo de casanikManaus.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Campeonatos universitários são tradição e revelam muitos talentos nos EUA, potência do esporte

Na última década, o númerojogo de casanikbrasileiros inscritosjogo de casanikuniversidades dos Estados Unidos aumentou 79,3%, segundo dados do Institutojogo de casanikEducação Internacional (IIE, na siglajogo de casanikinglês). O Brasil escalou seis posições e ocupa o décimo lugar no ranking dos países com o maior númerojogo de casanikalunos estrangeiros cursando ensino superior no país.

Em 2017, eram 6.310 alunos brasileirosjogo de casanikgraduação concentrados nos Estados da Califórnia, Florida, Nova York, Massachusetts e Texas. Desse total, 584, ou 8,35%, tinham bolsa-atleta nas Divisões 1 e 2 da National Collegiate Athletic Association (NCAA, na siglajogo de casanikinglês), a associação da liga universitária americana. Anualmente, são concedidos US$ 3 bilhõesjogo de casanikbolsas-atléticas. As bolsas por mérito acadêmico somam US$ 11 bilhões.

A ajuda geralmente inclui a mensalidade da faculdade, moradia, alimentação, material e seguro saúde. O valor a ser recebido varia e depende da performance do atleta, do quanto necessitamjogo de casanikposição na equipe e da modalidade.

Modalidades

Entre os brasileiros, as modalidades com maior númerojogo de casanikatletas com bolsas são futebol, natação e tênis.

Os paisjogo de casanikRaquel,jogo de casanik9 anos, e Luiza,jogo de casanik7, investem no tênis, um esporte já praticado pelo casal. Desde os cinco anosjogo de casanikidade as meninas fazem aulas particulares e, atualmente, frequentam uma academia especializada três vezes por semana para aperfeiçoar a técnica nas quadras. O custo mensal da aula éjogo de casanikR$ 550 por criança.

"Os planos sãojogo de casanikque elas ingressem numa universidade dos Estados Unidos com bolsajogo de casanikestudos para quem tem bom desempenho no esporte. Os custosjogo de casanikuma universidade americana são altos e nós temos duas filhas, o que faz com que o valor dobre anualmente. Eles oferecem bolsas com descontos gradativos, conforme o desempenho", conta a carioca Débora Ferreira Baptista, mãe das meninas.

No Rio Grande do Sul, Vicente,jogo de casanik11 anos, e Pedro,jogo de casanik12, competem pelo Clube Leopoldina Juvenil e colecionam medalhasjogo de casaniktorneios estaduais.

"Durante umas férias, fomos assistir ao Rio Open e lá os meninos realmente se apaixonaram pelo esporte. Pediram para treinar mais e para competir", conta a mãe Rosane Menezes Freda. "Nós não temos planos concretos para eles. Mas, após participar do meio competitivo, ficamos mais atentos a esta possibilidadejogo de casanikestudar fora. Eles falam que querem", diz.

Crédito, Twitter/@RollinsSwim

Legenda da foto, Rollings College, da Flórida, celebrou no Twitter chegada da brasileira Beatriz Olivieri, que é nadadora

No futebol, ocorrejogo de casanikmuitas crianças e adolescentes terem o talento para entrarjogo de casanikuma instituiçãojogo de casanikensino nos Estados Unidos, mas barram na dificuldade financeira. As famílias não conseguem arcar com todos os custos preparatórios, como cursojogo de casanikinglês e assessoria para o processo seletivo – muito menos apresentar um saldo bancário na hora do visto para provar que podem sustentar o filho ou a filha no país, necessário mesmo que eles tenham bolsajogo de casanikestudo.

"Eles não conseguem pagar nem a passagem. Normalmente, são os melhores jogadores. Uma vez por ano convido uns treinadoresjogo de casanikuniversidades dos Estados Unidos para fazer um camping e convido uns atletasjogo de casanikbaixa renda. Os treinadores se apaixonam tecnicamente por eles, oferecem bolsa integral mas e a passagem, o vistojogo de casanikestudante e o extrato bancário?", questiona Amaury Nunes, ex-jogador profissional que,jogo de casanik2008, montou a A10, empresajogo de casanikintercâmbio esportivo.

"Se tivéssemos uma empresa financiando isso, patrocinando um atleta, certamente conseguiríamos mandar alunosjogo de casanikum perfil mais humilde", diz Nunes, que atualmente procura uma parceria pública ou privada para levar pelo menos dez alunosjogo de casanikbaixa renda entre os 100 que manda anualmente para o exterior.

São, portanto, famíliasjogo de casanikclasse média e classe média alta que procuram a A10 para encaminhar os filhos para fora do país. Os treinos e o cursojogo de casanikinglês saem por R$ 500 mensais. A assessoria para o processojogo de casanikseleção e o encaixejogo de casanikuma universidade custam R$ 10 mil, com a garantiajogo de casanikconseguir uma vaga para o aluno.

Nunes se formou nos Estados Unidos com bolsa-atleta e atuou profissionalmente no país. Enquanto jogava na liga universitária, os técnicos seguidamente lhe pediam indicaçõesjogo de casanikatletas e assim começou a buscar candidatos no Brasil.

"Existe muita demandajogo de casanikambos os lados. Aqui fazemos seletivas nas dez unidades que temos no Brasil", diz ele. "Começamos a crescer muito principalmente quando veio a crise no Brasil. Os pais queriam dar uma oportunidade para os filhosjogo de casanikestudar. Aqui as universidades estavamjogo de casanikgreve o tempo inteiro e as particulares eram muito caras. Hojejogo de casanikdia, o aluno com bolsa nos Estados Unidos paga o mesmo que aqui ou até menos e ainda joga e estuda."

Crédito, Adriana Stock/BBC Brasil

Legenda da foto, De segunda a sábado, Rani acorda antes do amanhecer para treinar

Desempenho

A performance é outro fator importante para conseguir uma bolsa-atleta. Isso não significa, no entanto, que apenas aqueles com índices olímpicos podem ser contemplados.

É o que diz a nadadora carioca Beatriz Olivieri,jogo de casanik18 anos, que ingressa neste ano no Rollins College, na Florida, com todos os custos cobertos por duas bolsas, uma atlética e outra acadêmica.

"Às vezes a gente tem a ideiajogo de casanikque é uma coisa muito difícil. Que para conseguir você precisa um índice muito forte, tem que ser um recordista brasileiro, mas na verdade não. Lá existem várias faculdades e eles procuram perfis diferentes. Você vai achar uma universidade que seja compatível como seu perfil", diz a nadadora da equipe do Flamengo, federada desde os dez anosjogo de casanikidade.

Alguns atletas que se destacam, no entanto, atraem o interesse dos técnicos americanos. Há casosjogo de casanikque a universidade chega até o aluno.

Foi o que aconteceu com Diego Uchôa, ex-nadador da seleção brasileira e atual treinador da equipe categoria Petiz do Flamengo.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Universidades da Ivy League, como Harvard, não concedem bolsasjogo de casanikestudos a atletas

"Em 2010, eu estava me formando na Unisanta (na cidade paulistajogo de casanikSantos) e uma universidade dos Estados Unidos me ofereceu uma bolsa integral. O treinador precisavajogo de casanikum nadadorjogo de casanikpeito, que era a minha especialidade. Mas, naquele momento, meus planos eram outros e fui treinar no Minas", diz Uchôa.

Victoria Chamorro, praticantejogo de casanikesporte desde os seis anosjogo de casanikidade, atraiu a atençãojogo de casanikum olheiro enquanto participavajogo de casanikum campeonato nos Estados Unidos pela seleção brasileirajogo de casanikpolo aquático, na qual entrou com apenas 16 anos na posiçãojogo de casanikgoleira.

Em 2014, recebeu o telefonema do técnico da Universidade do Sul da Califórnia,jogo de casanikLos Angeles. Ele precisavajogo de casanikuma goleira na equipe. Ela aceitou o convite e,jogo de casanik2018, se formajogo de casanikeconomia – ao mesmo tempojogo de casanikque foi campeã nacional da liga universitária americana e participou das Olimpíadas do Rio.

"O esporte foi o que basicamente me trouxe aqui, me deu um diploma universitário numa das melhores universidades do mundojogo de casaniktermos acadêmicos", diz a atleta.

"Pretendo ficar mais um ano nos Estados Unidos trabalhando, com o vistojogo de casanikOPT (que permite estudantes internacionais a ganhar experiênciajogo de casaniktrabalho) ou ir jogar profissionalmente na Europa ou Austrália até os Jogos Olímpicosjogo de casanikTóquio. Em 2020 estarei completando 24 anos, então ainda estou bem jovem, o que me dá mais tempo como atleta. Tenho um tempo para decidir, e, graças a Deus, tenho opções proporcionadas pelo meu diploma."