Grupos pró-intervenção militar tentam influenciar rumoperabet 520 comgreve dos caminhoneiros:perabet 520 com

Crédito, Reproducao

Legenda da foto, Imagens circulandoperabet 520 comgruposperabet 520 commotoristas associam intervenção militar à greve dos caminhoneiros

A BBC Brasil entrouperabet 520 comcinco grupos fechados criadosperabet 520 comredes sociais por caminhoneiros para difundir informações sobre a greve. Em todos eles, frasesperabet 520 comapoio a militares começaram a ganhar força nos últimos dias.

"As reações à greve dos caminhoneiros, amplamente apoiada pela população, demonstram que o brasileiro está sem paciência alguma com as 'autoridades'. As condições são ideais para uma verdadeira revolução que refunde o Brasil. Mas onde está a liderança desse processo? Escrevam no para-brisa dos caminhões e carros. Intervenção militar!", diz uma das mais replicadas.

Em tradicionais grupos militaristas do Facebook, como um chamado "Eu apoio o general Mourão", uma transmissão ao vivo feitaperabet 520 comMinas Gerais, na última quarta-feira, mostra um caminhão coberto por uma faixa verde amarela com a frase "Intervenção Já". "Nós vamos derrubar este governo do crime", diz um dos narradores.

Outro, gravado no Rio Grande do Sul, mostra uma faixaperabet 520 com60 metros abertaperabet 520 comfrente a uma sequênciaperabet 520 comcaminhões estacionados. Eles também pediam o fim do atual sistema democrático no Brasil.

'Liberdadeperabet 520 comexpressão'

Crédito, FERNANDO FRAZÃO / AGÊNCIA BRASIL

Legenda da foto, Pauta inicial reivindicava redução no preço do diesel, mas escalada da greve atraiu outros grupos

Junto às manifestações políticas radicais e militaristas, grupos ligados aos grevistas também expõem uma escaladaperabet 520 comviolência nos acampamentosperabet 520 combeirasperabet 520 comestrada.

Em um dos vídeos que circulam nos aplicativosperabet 520 commensagem, visto pela reportagem no grupo "Família Estradeira", um homem que se apresenta comoperabet 520 comLeopoldina (MG) mostra uma pessoa sendo linchada com chutes na cabeça e na barriga após supostamente tentar roubar carga dos caminhões aglomeradosperabet 520 comum postoperabet 520 comgasolina.

Um dos motoristas tenta intervir: "Cem homens batendoperabet 520 comum só. Isso é judiar", mas é interrompido. "Ele caiu no chão só, não bagunce o nosso coreto", responde outro.

A BBC Brasil conversou com porta-vozes da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) sobre os discursos pró-intervenção militarperabet 520 comgrupos e acampamentos ligados à greve.

"Acredito que a intervenção militar seja uma bandeira levantada por alguns caminhoneiros porque essa pode ser a alternativa que eles veem para sanar esses constantes casosperabet 520 comcorrupção no país. Mas não posso dizer que a Abcam apoia a intervenção", avalia Carolina Rangel, porta-voz da associação.

"Se o caminhoneiro X, Y ou Z acredita que a intervenção é o melhor caminho, a gente aceita. A gente não tolhe o direitoperabet 520 commanifestação políticaperabet 520 comninguém, é liberdadeperabet 520 comexpressão."

Rangel afirma que é "consenso entre as lideranças da Abcam uma insatisfaçãoperabet 520 comrelação ao governo, não só este como o anterior".

"Não temos ligação com nenhum partido político, nem com o MST, nem os pró-Lula, nem os Fora Temer. Não temos nenhuma ligação ou envolvimento político dessa natureza. A nossa insatisfação reflete a da população como um todo. Apesarperabet 520 comgrande parte dos brasileiros não abastecerem seus carros com diesel, que é o nosso pleito específico, todo mundo está sendo onerado com o aumento dos combustíveis e com a inflaçãoperabet 520 comgeral", diz a porta-voz à BBC Brasil.

Alta no Google

Na manhã desta quinta-feira, "intervenção militar" era a segunda pesquisa mais feita por brasileiros no Google.

Publicações sobre o tema feitas por páginas militaristas chegavam a maisperabet 520 com20 mil compartilhamentos no Facebook.

Uma delas mostrava um sindicalista ligado a Central Única dos Trabalhadores (CUT) sendo expulsoperabet 520 comum acampamentoperabet 520 comcaminhoneirosperabet 520 comBrasília, enquanto era chamadoperabet 520 comoportunista.

"É até bom saber que os caminhoneiros que estão na ponta estão levando a politica da Abcamperabet 520 comnão ter vínculo com partido politico, ou com a CUT, ou o Movimento dos Sem-Terra. Não levantamos nenhuma bandeira, a não ser a do transportador autônomo, que é reduzir impostos e preço do combustível", disse a porta-voz da associação.

Em um dos grupos no Facebook - o "Caminhões Top (Só Elite)" -, um motorista publicou um brasão do Exército e convocou os colegas.

"Temos uma grande chanceperabet 520 comnossas mãosperabet 520 comaproveitar esta greve para pedir intervenção militar, nova constituinte, e novas eleições sem os comunistas, e junto com esta intervenção a caçada a todos estes ladrões que estão no governo (...) O Exército entrariaperabet 520 comaçãoperabet 520 comuma semana, vejam, podemos estar a uma semana do fim desta roubalheira toda, estáperabet 520 comnossas mãos, quem apoia compartilha e curte."

A reaçãoperabet 520 comapoio impressiona: " A situação que o Brasil está hoje era para o Exército já ter tomadoperabet 520 comconta dos poderes", dizia um. "A nossa bandeira jamais será vermelha."

De outro lado, alguns dos usuários tentavam demover os militaristas: "Militar no poder nunca mais", "Eles são só come e dorme, não vão resolver nada, não se iludam", reagiram alguns - logo classificados como comunistas e com palavrões pelos demais.

Na página "Adeptos da INTERVENÇÃO CONSTITUCIONAL DAS FFAA", criada há pelo menos dois anos para apoiar militares, a greve dos caminhoneiros se transformou no principal assunto desde o início da semana.

"Os caminhoneiros podem mudar o rumo do país. Eles são a nossa voz, a voz dos intervencionistas", diz um dos membros.

Crédito, JOSÉ CRUZ / AGÊNCIA BRASIL

Legenda da foto, Ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Carlos Marun (Secretariaperabet 520 comGoverno) reuniram-se com representantes dos caminhoneiros nesta quarta

Governoperabet 520 comalerta

A força da mobilização dos caminhoneirosperabet 520 comquase todo o país pareceu surpreender ao próprio governo federal.

Após declararem que os efeitos da greve não seriam tão profundos, ministros como Eliseu Padilha (Casa Civil), Carlos Marun (Secretariaperabet 520 comGoverno) e Valter Casimiro (Transportes) receberam organizações ligadas à categoria.

Antes do encontro, o próprio presidente Michel Temer discutiu o assunto com Padilha e com o ministro da Fazenda, Eduardo La Guardia, além do secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e os instruiu a pedir uma tréguaperabet 520 comtrês dias aos caminhoneiros para que pudesse ser encontrada uma solução.

Os comentáriosperabet 520 comTemer repercutiram mal nos gruposperabet 520 comcaminhoneiros. "Não tem trégua. Ladrão!".

Não há uma organização que possa ser apontada como líder da paralisação. A propostaperabet 520 comgreve começou a circularperabet 520 comforma espontâneaperabet 520 comredes sociais e gruposperabet 520 comFacebook e WhatsAppperabet 520 comcaminhoneiros, como os acessados pela reportagem.

Além da Associação Brasileiraperabet 520 comCaminhoneiros (Abcam), uma das principais entidades envolvidas é a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que congrega a maioria dos sindicatosperabet 520 commotoristas autônomos, e a União Nacional dos Caminhoneiros do Brasil (Unicam).

O movimento acabou engrossado pelos caminhoneirosperabet 520 comfrota também - isto é, por aqueles que são contratados, com carteira assinada, por transportadoras.

"Começou com os autônomos. Mas como a situação está ruim para todos, as empresas (e os motoristas contratados por elas) também aderiram. E aí surgem várias associações, várias pessoas querendo representar. Tem também alguns que são pré-candidatos (às eleiçõesperabet 520 com2018)", diz o caminhoneiro Ivar Schmidt, um dos principais líderes dos protestosperabet 520 comcaminhoneirosperabet 520 com2015, que afirma não estar à frente das movimentações atuais.