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Médica que anunciou 'morte assistida' no Facebook busca sentido para vida na pesquisacassino que da bônussíndrome:cassino que da bônus
A decisãocassino que da bônuscolocar fim à vida, segundo a oftalmologista, foi extremamente difícil e envolveu questões religiosas. No momento, Franco afirma ter suspendido o plano - a possibilidadecassino que da bônuspoder ter seu caso estudado e ajudar outras pessoas que tenham a mesma doença a levou a mudarcassino que da bônusideia.
Há oito anos, Letícia foi primeiramente diagnosticada como portadoracassino que da bônusuma doença autoimune chamada dermatopolimiosite. Doenças autoimunes são aquelascassino que da bônusque o organismo passa a atacar células saudáveis do próprio corpo. No caso da dermatopoliomiosite, o principal efeito é sobre os músculos e a pele. Mas pela complexidadecassino que da bônusseu quadro, recebeu, mais tarde, outro diagnóstico:cassino que da bônuster uma rara síndrome ligada ao usocassino que da bônusprótesescassino que da bônussilicone.
Emcassino que da bônusprimeira internação, quando seus membros ficaram paralisados e ela mal conseguia abrir os olhos, conta ter passado três meses no hospital. "Nunca tinha ouvido falar nessa doença, não lembrocassino que da bônuster estudado isso na faculdade. Ali eu soube que meus músculos estavam morrendo. Eu corria, participavacassino que da bônuscompetições, malhava muito. Tenho 1,73 m e cheguei no hospital pesando 78 kg, a maior partecassino que da bônusmúsculo. Quando eu tive alta estava pesando 43 kg."
O primeiro diagnóstico veio quando ela estavacassino que da bônuscasamento marcado. A perspectivacassino que da bônuster crises ainda piores, fez com que seu então noivo terminasse o relacionamento, segundo ela. "Eu estava horrorosa, ele não quis mais saber. Como ele era médico também, sabia que ia ser difícil e falou pra eu ficar sendo cuidada pelos meus pais."
Franco passou a ter crises da doença a cada quatro meses - e manifestou sintomascassino que da bônusoutras enfermidades, como lúpus e esclerodermia. Em decorrência da alta cargacassino que da bônuscortisona tomada, relata ter desenvolvido osteoporose e passado a sofrer fraturas a cada vez que caía ou batiacassino que da bônusalgum lugar - quebrou braço, perna e até o queixo.
Hoje, Franco se locomovecassino que da bônuscadeiracassino que da bônusrodas e afirma que a dor que sente é tanta que precisa tomar morfinacassino que da bônusquatrocassino que da bônusquatro horas - algumas vezescassino que da bônusque a BBC Brasil tentou contato com a médica, ouviucassino que da bônussua enfermeira que ela estava dormindo após ter ingerido essa medicação.
Síndrome Asia
Há três anos, o quadrocassino que da bônusFranco piorou. Além das dores nas articulações e músculos, e as constantes paralisias, começou a ter paradas respiratórias e outros sintomas inesperados para a doença que supunha ter.
Foi então que um médico do Hospital das Clínicascassino que da bônusSão Paulo a diagnosticou como portadoracassino que da bônusuma nova síndrome, chamada Asia (siglacassino que da bônusinglês para síndrome autoimune/autoinflamatória induzida por adjuvantes), que ainda está sendo estudada e sequer foi definitivamente reconhecida no mundo científico.
Os adjuvantes, que detonam a reação, são elementos externos que basicamente estimulam os anticorposcassino que da bônusquem é geneticamente propenso a ter doenças autoimunes a atacar o próprio organismo. Até agora, entre as substâncias estranhas ao corpo humano identificadas como tendo efeito adjuvante estão implantescassino que da bônussilicone e alguns tiposcassino que da bônusvacina.
Franco relatou que ela e o reumatologista que a atendeu no Hospital das Clínicas,cassino que da bônusSão Paulo, acreditam que a prótesecassino que da bônussilicone colocada pela primeira vez aos 18 anos, e que se rompeu anos depois, teria sido a responsável para que ela desenvolvesse a doença. Contatado pela reportagem, o médico não quis dar entrevista.
Os sintomas da síndrome, segundo os estudos, se assemelham muito aoscassino que da bônusalgumas doenças autoimunes, como a dermatopolimiosite, com a qual Franco foi inicialmente diagnosticada. Os mais comuns relatados são dores e inflamações dos músculos e nas articulações, fadiga crônica, comprometimento cognitivo, perdacassino que da bônusmemória e manifestações neurológicas associadas à desmielinização (quando há algum tipocassino que da bônusperda ou danificação da bainhacassino que da bônusmielina dos nervos, como na esclerose múltipla).
"O médico então me disse que essa doença também não tinha cura [como a dermatopolimiosite], que eu ia continuar tendo crises e podia tentar tratamentos paliativos", lembra Franco. "Aí eu falei: doutor, e agora? O que vai sercassino que da bônusmim? Eu sabia que ia piorar mais...E eu não queria isso."
Quero partir
Foi no ano passado, quando foi internada e fez a traqueostomia para poder respirar, que começou a pensar no suicídio assistido. Como médica, ela sempre defendeu que pacientescassino que da bônusdoenças incuráveis ou com morte cerebral pudessem ter essa opção.
"Eu não quero morrer cheiacassino que da bônustubos, ter uma morte sofrida, horrível como eu sei que é. Se fosse só eu que sofresse, tudo bem. Mas é a família inteira que sofre. A coisa mais difícil é olhar para o olho da mãe e do pai e ver a tristeza enorme que eles têm por você estar com dor, ver eles sem esperançacassino que da bônusque você vá melhorar, esperando por um milagre", diz ela, cujos pais também são médicos.
"Quantas vezes minha mãe pegou na mão e disse 'Descansa, que vai ficar tudo bem.' E eu via aquele olhar cheiocassino que da bônuslágrimas. Isso pra mim dói mais que a doença, eu tô matando meus pais com tudo isso. Por isso pensei: se eu não posso voltar atrás e não ter essa doença, o que posso tentar é um final melhor, com dignidade."
Católica praticante, a oftalmologista conta que a decisão pela eutanásia a fez perder algumas noitescassino que da bônussono. "Tinha medocassino que da bônusDeus não me perdoar. Dizem que quem comete suicídio vai para o inferno", fala.
Ao receber um e-mail com instruções da clínicacassino que da bônusmorte assistida Dignitas, na Suíça, Franco comunicou a decisão aos pais. Em um primeiro momento, eles aceitaram levá-la até o local. Mas depois desistiram da ideia. "Minha mãe me disse 'Como eu posso te levar pra morrer? Eu pedi tanto para ter uma filha, como vou fazer isso?'."
Se fosse a situação oposta, ela assegura que levaria os pais doentescassino que da bônusdireção ao fim escolhido.
Desesperada com a negativa da família, a médica conta que tentou tirar a própria vida com um bisturi dias após o postcassino que da bônus"despedida" no Facebook. Foi salva pelos pais e ficou internada mais alguns dias.
Nesse período no hospital, Franco consultou três padres. "Falei pra eles do sofrimento meu e da minha família e perguntei se Deus ia me perdoar, se estava vendo a cruz que eu carrego", diz. "Um me perguntou o que eu faria se fosse o contrário, se eu levaria minha mãe [para morrer]. E eu disse que sim, eu levaria. E todos me falaram que não iriam interferir na minha decisão, que só Deus conhecia meu coração."
Cobaia
Logo depois, recebeu um e-mail que a fez suspender o plano do suicídio assistido. Ela havia escrito para o médico israelense Yehuda Shoenfeld, um dos principais pesquisadores da síndrome Asia no mundo, relatando seu caso e oferecendo-se para servircassino que da bônuscobaia para suas pesquisas sobre a doença.
Na mensagem, à qual a BBC teve acesso, o cientista, que é professor da Universidadecassino que da bônusTel Aviv, sugere que Franco tentasse se submeter a um dos tratamentos recomendados por ele para tentar evitar crises, mas não se compromete a recebê-la para estudar seu caso.
Mesmo assim, Franco diz que pretende ir a Israel conhecer Shoenfeld. "Eu sou médica, minha vida toda foi doação, então pensei que é um final justo eu poder ajudar os outros."
Ajudar os outros
Em entrevista à BBC Brasil, Shoenfeld afirma que a síndrome Asia não é terminal. "Tem gente que vive 94 anos e tem gente que pode viver quatro meses, assim como acontece com quem tem outras doenças autoimunes. Não significa que alguém vá morrer", diz.
O especialista diz ter identificado cercacassino que da bônus300 casos no mundo e alega que a síndrome só não é mais conhecida no meio científico "por pressão da indústriacassino que da bônusvacinas ecassino que da bônusprótesescassino que da bônussilicone".
A Sociedade Brasileiracassino que da bônusReumatologia, por meio da médica Gecilmara Pileggi, membro da comissãocassino que da bônusdoenças endêmicas e infecciosas da entidade, afirma que a síndrome Asia não foi reconhecida como doença e que é preciso muita cautela antescassino que da bônusdizer que ela é causada por alguma vacina.
A mesma posição tem a Sociedade Brasileiracassino que da bônusCirurgia Plástica. "O silicone pode causar reaçõescassino que da bônuscasos raríssimos quando a prótese se rompe e algumas moléculas entramcassino que da bônuscontato com a corrente sanguínea. Mas essa síndrome é raríssima e ainda necessita ser estudada", diz o cirurgião Paulo Godoy, responsável pela áreacassino que da bônusbiomateriais e próteses da entidade.
Franco está convencida que é portadora da síndrome. Diz ter ciênciacassino que da bônusque não deve viver muito, o que a fez alterarcassino que da bônusperspectiva sobre as coisas. "Nesse tempo todo eu aprendi a dar valor e a gostar das pequenas coisas, a ver a vidacassino que da bônusoutro jeito. Hoje me dá alegria ficar com a família, ver uma série na TV ou cuidarcassino que da bônusalgum gatinho da rua."
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