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Mariana, 2 anos: o trágico dilema da família que precisa escolher qual dos filhos doentes tratar:casino fairspin
O aumentocasino fairspintranstornos psicológicos também é relatado pela população, especialmente entre os mais velhos.
Os problemascasino fairspinsaúde que chegaram depois da lama são "evidentes", diz Roberto Waack, presidente da Fundação Renova, que hoje responde pelas açõescasino fairspinreparação da mineradora ecasino fairspinsuas controladoras, Vale e BHP Billiton.
Para lidar com a situação aguda inicial - os problemas respiratórios, as alergias e as doençascasino fairspinfundo nervoso -, ele diz, a fundação contratou 22 profissionaiscasino fairspinsaúde para proverem atendimento ambulatorialcasino fairspinBarra Longa e outros 80casino fairspinMariana.
Também serão realizados estudos para entender os "efeitoscasino fairspinlongo prazo" sobre a saúde das populações atingidas, acrescenta Waack, para tentar estabelecer relaçõescasino fairspincausa e efeito para as doenças e verificar possíveis contaminações por metais pesados.
Escolha
Sem especialistas na cidade e diante da dificuldadecasino fairspinmarcar uma consultacasino fairspinPonte Nova pelo Sistema Únicocasino fairspinSaúde, a mãecasino fairspinSofya, Simone Silva, passou a levá-la a um médico particular na cidade vizinha, que lhe cobrava R$ 250 pela consulta.
Foi o imunologista que,casino fairspinsetembro do ano passado, assinou o laudo que afirmava que a menina tinha alergias na pele e dificuldade para respirar por causa da exposição à poeiracasino fairspinrejeitocasino fairspinminério.
A Renova havia solicitado o documento para que liberasse o pagamentocasino fairspinparte do tratamentocasino fairspinSofya, o que vem acontecendo desde junho deste ano.
Ainda assim, a família tem dificuldadecasino fairspinarcar com as despesas da casa, que aumentaram nos últimos dois anos. Por causa das complicações da pequena, os gastos no supermercado cresceram e a contacasino fairspinágua mais que dobrou. A pelecasino fairspinSofya descama, arde e, por isso, ela toma vários banhos por dia.
Simone, que até o ano passado era auxiliarcasino fairspinserviços gerais, o marido, que trabalhacasino fairspinuma fábricacasino fairspinrações, e o filhocasino fairspin15 anos também vêm apresentando problemascasino fairspinsaúde, mas só a menina frequenta a rede particular. "A gente precisa escolher quem vai se tratar, e a prioridade é a Sofya."
Desde que mexeu na lama nos dias seguintes ao desastre, o marido tem uma ferida na mão. Mesmo com o usocasino fairspinmedicamentos receitados pelos médicos da UPA, ela não cicatriza.
Simone faz acompanhamento psicológico na rede pública. Em uma noite do ano passado, conta, enquanto estudava para as provas da faculdadecasino fairspinartes visuais - o caminho que encontrou para buscar um salário melhor -, ela teve um surto.
"O barulhocasino fairspinconstrução não parava. Eles estavam trabalhandocasino fairspintrês turnos. A cidade inteira parecia um canteirocasino fairspinobras. Eu tava cansada, tinha a Sofya... simplesmente levantei e atirei o computador no chão", conta.
Ela começou a trabalhar neste ano como professoracasino fairspinartescasino fairspinuma escola municipalcasino fairspinAcaiaca, cidade vizinha.
Um ano com lama no quintal
Risperidona, nortriptilina, clonazepam. O paicasino fairspinOdete Cassiano toma diariamente um coquetelcasino fairspinmedicamentos para evitar os surtos episódicoscasino fairspinque saía na rua gritando que queria ir emboracasino fairspinBarra Longa.
Sua casa, na beira do rio Carmo, afluente do Doce, está entre aquelas que foram diretamente afetadas pela lama que invadiu a cidadecasino fairspin2015. Ela entrou pelo quintal e subiu um metro e 73 centímetros do porão.
Carregadacasino fairspinentulho ecasino fairspintudo o que conseguiu arrastar desde a barragem Fundão, a dezenascasino fairspinquilômetros, a lama tinha, ela lembra, um cheiro forte e desagradável. "Nos primeiros dias a gente teve irritação na pele, calombo, quedacasino fairspincabelo, dificuldade para respirar", conta a aposentada.
A lama passou um ano e um mês nos fundos da casa, antescasino fairspinser removida. Hoje limpo, o quintalcasino fairspinCassiano - que viveu 34 anos na roça e se aposentou como produtora rural - era carregadocasino fairspinárvores frutíferas: uma mangueira, um abacateiro, péscasino fairspinmexerica,casino fairspinlichia. "O quintal era a diversão minha e do meu pai."
Ela também cuida da mãe, que, alémcasino fairspinfibrose pulmonar, passou a ter momentoscasino fairspinagressividade, chegando a mordê-la, e hoje toma fluoxetina, um antidepressivo. Umacasino fairspinsuas netas, que moracasino fairspinBelo Horizonte e que a visitava quase todos os finscasino fairspinsemana, teve pneumonia quatro vezes no último ano. Ela não vai mais a Barra Longa.
"Se eu tivesse condiçõescasino fairspinsair daqui, sairia", diz.
Em reforma
Além dos problemascasino fairspinsaúde, a aposentada se queixa da qualidade dos reparos feitos pela empresa emcasino fairspincasa, que ganhou rachaduras na sala por causa do impacto da lama sobre a estrutura.
Ela conta que, depoiscasino fairspinfeito o conserto, que deixou uma grande mancha branca no meiocasino fairspinsua parede lilás, a equipe comunicou que faria o acabamento apenas na área recuperada. "Eu botei todo mundo pra fora na mesma hora. Onde já se viu? Eles vão ter que pintar a parede inteira".
"Tudo é fontecasino fairspinsofrimento, é a questão da saúde, é o combinado não realizado, a cor do piso que não tinha sido combinada", pondera a psicóloga Diana Jaqueira Fernandes.
Ela se mudoucasino fairspinagosto do ano passadocasino fairspinSão Paulo para Barra Longa, onde permaneceu até dezembro, para fazer a pesquisacasino fairspincampocasino fairspinsua tesecasino fairspindoutorado. O estudo falará sobre o trauma psicossocial decorrente do desastre.
A pesquisadora destaca que a desigualdade social tem um papel importantecasino fairspintragédias como a que aconteceu no entornocasino fairspinMariana.
Os mais pobres, ela afirma, são os que têm menos recursos para gastar com a saúde física e mental e para lidar com questõescasino fairspinordem prática que, muitas vezes, precisariam da orientaçãocasino fairspinum advogado. "Essas famílias sofrem muitas violências".
O prefeito Elísio Pereira Barreto (PMDB) estima que 70 imóveis restaurados pela Renova precisamcasino fairspinnovos reparos. Em seu primeiro cargo público, que assumiucasino fairspinjaneiro deste ano, ele afirma que o trânsito intensocasino fairspinveículos pesados no último ano danificou trechos do pavimento, que precisaria ser recapeado, e diz que o ritmocasino fairspinreconstrução da cidade desacelerou nos últimos meses.
Barra Longa chegou a ter entre 800 e mil trabalhadores mobilizados para a operação - número que, segundo ele, caiu para próximocasino fairspin100.
Um dos locais que seguecasino fairspinobras é o campocasino fairspinfutebol e o parquecasino fairspinexposições, ambos na saída da cidade. O parquecasino fairspinexposições chegou a ser usado como depósito temporário da lama que vinha sendo retirada da cidade.
Em agosto do ano passado, a Samarco foi multadacasino fairspinR$ 1 milhão pelo Ibama por omitir essa informaçãocasino fairspindocumento oficial. Após a aprovação do planocasino fairspinremoçãocasino fairspinrejeitos apresentado por ela, foi decidido que o material seria aterrado e coberto por uma camadacasino fairspinareia.
A lama também foi usada para recobrir parte das ruas e da praça principal. Em duas fábricas nas proximidadescasino fairspinBarra Longa, diz Waack, ela foi transformada nos bloquetes que foram usados nas obras. "É positivo encontrar alternativas, deixar o rejeito onde ele está quando é possível. Ele é inerte."
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