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Caravanasarena betLula earena betGetúlio Vargas: semelhanças e diferenças 67 anos depois:arena bet
A aliados, o petista chegou a mencionar o exemploarena betGetúlio. Lula afirmou ver semelhanças entre as suas condições e as do populista que, depoisarena betuma temporada na presidência, tentava voltar à cadeira.
Assim como Lula, Getúlio fezarena betprópria caravana Brasil afora para tentar conquistar a simpatia dos eleitores. Essa empreitada era desacreditada por parcela da sociedade, especialmente por uma parte da elite econômica e da mídia, que não viam com bons olhosarena betcampanha - mais uma semelhança que Lula vê entre ambos. "Diferente do Getúlio, porém, Lula diz que não tem chancearena betse matar depoisarena betganhar", diz, entre risos, umarena betseus correligionários.
Em agostoarena bet1950, cinco anos depois do fim do período conhecido como Estado Novo, Getúlio enfrentava resistência da maior parte da imprensa e dos grandes empresários do país. Ele entrou na Presidênciaarena bet1930. Sete anos depois, instaurou o Estado Novo - ditadura que cassou partidos políticos, fechou o Congresso, perseguiu e torturou opositores.
Por outro lado, o ex-ditador era bastante popular, pois implantou medidas que melhoraram a vida dos trabalhadores, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),arena bet1943.
"Getúlio era um ditador popular, principalmente por políticas que valorizavam as condições dos trabalhadores, e pela instalaçãoarena betum Estado nacional, com uma indústria brasileira", explica o historiador Sérgio Lamarão, ex-pesquisador do Centroarena betPesquisa e Documentaçãoarena betHistória Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Nos primeiros mesesarena bet1950, não se tinha certeza se Getúlio sairia candidato a presidente. Apesararena betser senador, ele passava a maior parte do tempoarena betSão Borja (RS),arena betcidade natal. Ele foi convencido a concorrer por membros do PTB, partido trabalhista do qual ele era presidentearena bethonra. De modo parecido, há quatro meses Lula tampouco sabia se seria candidato. Foi alvoarena betintensa pressãoarena betcolegas do PT para que se convencesse a se lançar.
Segundo Lamarão, a grande imprensa era "antigetulista" e apoiava Eduardo Gomes, candidato da UDN (União Democrática Nacional). "A UDN era uma espéciearena betPSDB daquela época, um partido das classes médias urbanas", explica o historiador.
Sem apoio da mídia e do empresariado, Getúlio citouarena betrelação com a classe trabalhadoraarena betdiscursoarena betSão Luís no dia 22arena betagostoarena bet1950: "Encontrei, é certo, o apoio do proletariado, não porque pretendesse fomentar a lutaarena betclasses, mas porque minhas ideias se filiavam ao movimento universalarena bethumanização do trabalho earena betconsagração da igualdadearena betdireitos earena betoportunidade para todos na luta pela vida".
Semelhanças e diferenças
Lamarão vê semelhanças entre o período da segunda eleiçãoarena betGetúlio e a situação atualarena betLula. "Eles são lideranças populares, com apelo inegável, ambos com oposição da grande mídia, ambos polêmicos, ambos com telhadoarena betvidro. Os dois cometeram pecados políticos, com indefinições, erros. Os dois fizeram muita coisa para garantir a tal governabilidade", diz.
Já o sociólogo Luiz Werneck Viana vê diferenças entre as duas figuras. "Lula tenta mimetizar Getúlio, porque essa é uma narrativa que tem eficácia, mas ela não se comprova pelos fatos. Getúlio queria organizar a sociedade por cima, pelo corporativismo, pela criaçãoarena betum estado nacional forte, industrializado", explica. "Lula é justamente o contrário, quer organizar por baixo. Ele encarnou a questão social, dos excluídos, o que não era um discursoarena betGetúlio".
Embora o corporativismo e o discurso inclusivo sejam diferentes, Vargas e Lula tomaram decisões parecidas para viabilizar suas gestões e garantir governbilidade. Para Thiago Mourelle, doutorarena bethistória social pela Universidade Federal Fluminense e supervisorarena betpesquisa do Arquivo Nacional, os dois estão próximos pois buscavam governosarena betcoalizão, com os mais diversos apoiadores. "Vargas chegou a oferecer ministérios para a UDN, adversária histórica, e compôs diversas vezes com adversáriosarena betnome da governabilidade", diz.
José Álvaro Moisés, professorarena betciências políticas da USP, vê outra semelhança entre os líderes. Essa, no entanto, é negativa para o petista. "O ex-presidente Lula, quando faz essa comparação, está admitindo inconscientemente que, como Getúlio, ele é um autoritário. Getúlio foi um ditador. A questão autoritáriaarena betLula é a corrupção. Corrupção tem uma faceta autoritária, pois ela retira recurso da comunidade indevidamente,arena betforma obscura. Lula usou da corrupção para que o partido se mantivesse no poder", diz.
"No nomearena betVargas não havia manchas, estava viva a ideiaarena bet'pai dos pobres' e criador da CLT e a maior acusação que ele sofria era a pechaarena betditador", explica Mourelle. "Lula, estrategicamente, sempre posiciona seu nome na mesma prateleira da que está Vargas, afinal, Vargas foi muito popular, talvez tenha sido o presidente mais marcante do Brasil, e ficou marcado pelas leis trabalhistas. Portanto, é um espelho desejado".
Mourelle cita similaridades na trajetória política do petista e do populista: "Ambos são figuras políticas que ficam acima dos partidos, são trabalhistas identificados com o reformismo e com a cooperação entre as classes. Ambos são criticados tanto pela esquerda radical - por causaarena betseus projetos reformistas - quanto pela direita radical - que os acusaarena bet'comunistas'".
As caravanas
Para vencer as eleições, Getúlio percorreu todos os 20 Estados que existiam no Brasil na época. Ele pronunciou 80 discursos durante a caravana, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas.
"A estratégiaarena betVargas foi abordararena betcada cidade o tema que falava maisarena betperto à plateia local. Assim, se na Amazônia os pontos enfatizados foram nacionalismo e borracha, no Paraná, dedicou-se sobretudo ao café e no Mato Grosso, à pecuária. O nacionalismo foi novamente a palavra-chave na Bahia, ao ladoarena betpetróleo, cacau e aproveitamento do rio São Francisco", diz o texto.
Já Lula concentrou seu roteiroarena betEstados do Nordeste: a caravana começou no dia 17 e termina nesta terça-feira, no Maranhão. Ele visitou Pernambuco, onde nasceu, e foi recebido pelo senador Renan Calheiros (PMDB)arena betAlagoas.
Em seus discursos, o petista criticou a operação Lava-Jato e o governo do presidente Michel Temer (PMDB). E deu ênfase aos feitosarena betsua gestão: como o programa redistributivo Bolsa Família e as medidasarena betimpulsionamento da economia nordestina.
"Quando criei o Bolsa Família, sabia que não era pra resolver todos problemas, mas sabia que era suficiente para uma mãe levar pão pra casa. Os mais pobres precisavamarena bettrabalho, crédito, respeito. E começaram a comprar peitoarena betfrango no lugar do pescoço, a andararena betavião", disse Lula.
Eventos como esse fazem parte da históriaarena betLula. Nos anos 1990, ele visitou maisarena bet300 cidades do país nas chamadas "Caravanas da Cidadania". Para Cláudio Gonçalves Couto, professorarena betciência política da FGV, é "difícil dizer" se a caravanaarena betLula fará tanto efeito quanto as anteriores.
"Ela não tem o mesmo impacto direto das caravanas anteriores. O impacto direto é o corpo a corpo, as pessoas que ele atinge pessoalmente", diz. "Outro impacto é indireto, ou seja, a capacidade que esses eventos têmarena betrepercutir,arena betvirar notícia,arena betchegar às redes sociais. Isso me parece que Lula está conseguindo atingir, ele tem mostrado certa força na região, principalmente nesse momentoarena betdesgaste do governo atual (de Michel Temer)", diz Couto.
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