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'Não somos racistas': a comunidadebetboo 146descendentesbetboo 146confederados americanos no Brasil:betboo 146
"Não somos racistas. A Ku Klux Klan adotou a bandeira confederada para provocar outros grupos. Para nós, a bandeira confederada tem um significado totalmente diferente: família e história", diz ele.
Padovese, no entanto, relativiza a questão da escravidão. "Aquele período da história: como você vai julgar que o cara estava fazendo algo errado? A Constituição permitia e a Igreja permitia (ter escravos). Hoje, a gente sabe que está errado, mas, há 150 anos, eles sabiam que estavam fazendo uma coisa errada? É difícil dizer. Sou católico. Eu vou deixarbetboo 146ser por causa dos crimes que a Igreja Católica cometeu?", questiona.
No interiorbetboo 146São Paulo, o mesmo Robert E. Lee, cuja remoção da estátuabetboo 146um parquebetboo 146Charlottesville foi o estopim das tensões, nomeia uma avenida dentrobetboo 146um condomínio fechadobetboo 146Santa Bárbara.
Os confederados brasileiros defendem as homenagens e contestam a historiografia dominante que descreve o militar como um extremista, defensor da superioridade dos brancos e da escravidão dos negros.
"Ressaltamos que o general Robert E. Lee é considerado um dos melhores generais da história dos EUA, que ele não possuía escravos e entendia que a escravidão era um grande mal. Ele liderou as tropas confederadas nabetboo 146luta pela independência. Desta forma, o general Robert E. Lee não representa os grupos extremistasbetboo 146direita estadunidense", informoubetboo 146nota a associação brasileira Fraternidade e Descendência Americana após os confrontos no último fimbetboo 146semana.
Símbolobetboo 146ódio
Todos os anos, cercabetboo 1462,5 mil pessoas se reúnem para comemorar a chegada dos americanos no Brasil. A festa confederada ocorre no Cemitério do Campo, onde estão enterrados os fundadores da cidade. Este é o único eventobetboo 146Santa Bárbara D'Oeste no calendário oficial do Estadobetboo 146São Paulo.
Durante a festa, há apresentaçõesbetboo 146danças e músicas típicas do Sul americano. Eles ainda cantam o hino confederado e fazem comidas típicas, como churrasco, hambúrguer e frango frito.
A ligação da região com os imigrantes americanos é tão presente que, até 1998, o brasão da cidadebetboo 146Americana tinha alusões à bandeira confederada. Em defesa do estandarte e das estátuas, confederados americanos e brasileiros lançam mão do argumentobetboo 146que grupos extremistas estão, indevidamente, "se apropriandobetboo 146um símbolo que não é deles" para promover o ódio.
Mas o uso desses símbolos e as honrarias aos líderes na guerra separatista, como Robert Lee, são severamente criticados por historiadores ao redor do mundo. Segundo Bill Ferris, diretor do Centrobetboo 146Estudos da Cultura Sulista da Universidade do Mississipi, nos Estados Unidos, a bandeira é hoje comparável à suástica, símbolo do nazismo. Ela também foi adotada por grupos extremistas, como a Ku Klux Klan, que defendiam a segregação racial.
O estandarte vermelho com um "X"betboo 146azul e estrelas brancas foi o principal símbolo usado pelos Estados Confederados durante a guerra civil, quando tentaram impedir a abolição da escravatura e buscavam independênciabetboo 146relação às 13 colônias do Norte, conhecidas como Nova Inglaterra. Depois da derrota do Sul no conflito, a bandeira não saiubetboo 146cena. Ela tem sido ostentada com orgulhobetboo 146muitos Estados americanos, provocando reações cada vez mais extremas quanto ao que representa.
Há dois anos, o símbolo causou uma confusão entre motociclistas num estacionamentobetboo 146um bar no Texas. O confronto iniciado por causabetboo 146um adesivo coladobetboo 146uma das motos terminou com ao menos nove mortos e 18 feridos.
Os descendentesbetboo 146americanos no Brasil, no entanto, tendem a ignorar a tensão relacionada a esses símbolos. Para eles, vestidos e decorações nas cores do estandarte são úteis apenas para celebrar e rememorar a chegadabetboo 146seus antepassados ao Brasil e da descendência americana.
Padovese, no entanto, disse que,betboo 1462011, grupos extremistas foram à festa e causaram problemas. "Conversei com eles normalmente. Não podemos impedir a presençabetboo 146ninguém. Mas começaram a agir com um estilobetboo 146conversa que a gente não concorda e precisamos tirá-losbetboo 146lá. Foi a única vez e ocorreu do ladobetboo 146fora do cemitério", contou evitando dar mais detalhes sobre o caso.
Ele acha improvável que os símbolos - tão caros aos confederados - sejam proibidos no Brasil, como já ocorre hoje com a suástica nazista, criminalizada por uma lei federal.
"No Brasil, ela tem um significado diferente porque ela é um símbolobetboo 146rebeldia,betboo 146lutar por aquilo que você acredita. Para nós, é um símbolobetboo 146família,betboo 146amor,betboo 146confraternização", disse.
Ele defende que falta conhecimento às pessoas que criticam a cultura confederada. "É muito mais simples assistir a um filme que fala mal do confederado e tirar suas conclusões do que ler um livro e entender realmente o que foi a guerra civil. A guerra foi política. O Sul não concordava com algumas coisas e fez um referendo separatista. O (então presidente Abraham) Lincoln não aceitou, e o Sul pegoubetboo 146armas. O Sul apenas se defendeu", afirmou.
A Fraternidade faz visitas guiadas diariamente para apresentar o cemitério particular onde estão enterrados cercabetboo 146650 descendentes americanos e primeiros imigrantes a chegarbetboo 146Santa Bárbara, alémbetboo 146contar a história da imigração americana na região. Cada pessoa paga R$ 5 pelo passeio. Há ainda uma parceria com a Prefeitura para que alunos da rede pública também conheçam o espaço.
Orgulho e falhas
Os confederados brasileiros sentem orgulhobetboo 146seus antepassados e dos feitos que os levaram à região - ainda que essa história inclua a escravidãobetboo 146muitas pessoas durante décadas, como eles mesmos reconhecem.
Em terras brasileiras, alémbetboo 146fundar as cidadesbetboo 146Santa Bárbara D'Oeste e Americana, os descendentes lembram do legado deixado pelos confederados nas áreasbetboo 146saúde, como o Hospital Pérola Byington, e educação, criando a Universidade Metodistabetboo 146Piracicaba (Unimep) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Padovese conta que também há orgulho e irmandade dos confederados que ainda vivem no sul dos Estados Unidos. Ele relata que os americanos já visitaram a festa no interior paulista e apoiam a iniciativa, mas reconhece que seus antepassados também cometeram erros.
"Nós temos uma cultura e sabemos que há uma certa controvérsia, mas qual não tem? Eu não posso apontar para todo mundo pelo erro do seu passado. Senão, cada cultura tem uma coisa pesada para ser apontada. Se for assim, ninguém vai ter orgulho dabetboo 146própria cultura", afirmou.
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