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'Toma lá, dá cá'realsbet afiliadoBrasília é 'quase sexo explícito', diz Celso Amorim:realsbet afiliado
Mesmo diante do acirramento da crise na Venezuela, o ex-ministro não faz mea-culparealsbet afiliadorelação à proximidade gestada entre o governo Lula erealsbet afiliadoHugo Chávez, o líder venezuelano à época.
Nem vê problemas na estratégiarealsbet afiliadoaproximação com países africanos que abriu as portas para negócios brasileiros - entre eles, lucrativos contratos com a construtora Odebrecht, que, como se descobriria mais tarde, pagou maisrealsbet afiliadoR$ 1 bilhãorealsbet afiliadobenefícios ilegaisrealsbet afiliadoMoçambique e Angola.
"O que as empresas brasileiras fizeram, eu não sei. E não sabia. Agora, também posso dizer que não é diferente do que fizeram empresas francesas, espanholas, americanas", afirma ele, dizendo que casosrealsbet afiliadocorrupção internacionais estão longerealsbet afiliadoser exclusividade brasileira e o que o Brasil estaria cometendo que chamarealsbet afiliado"automortificação" no escrutínio global a suas empresas.
Apesar dos cinco processos enfrentados pelo ex-presidente Lula, Amorim considera que "não pode haver um cenário presidencial" sem o petistarealsbet afiliado2018. Para o chanceler, ele próprio filiado ao PT, Lula seria a única pessoa com capacidade para derrotar "as ameaçasrealsbet afiliadodireita erealsbet afiliadoextrema-direita". Ele considera as acusações contra o ex-presidente "ridículas" e "descabidas".
"Tenho certeza que nenhuma dessas acusações se sustentará. Acho que as pessoas percebem que as acusações são infundadas", considera. "Acho que o povo não vai cair nessa, e que o Lula tem muita chancerealsbet afiliadoser eleito."
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
realsbet afiliado BBC Brasil - Primeiro queria saber como o senhor vê a política externa do Brasil no momento. A gente viu muitas guinadas no país ao longo do último ano e agora o governo acabarealsbet afiliadoassumir a presidência do Mercosul...
realsbet afiliado Celso Amorim - (interrompendo) Mal se percebe, não?
realsbet afiliado BBC Brasil - Como o senhor vê o papel que o Brasil está desempenhando?
realsbet afiliado Amorim - A política externa obviamente teve uma queda brutal. Você não percebe mais a presença do Brasil. Eu me recordo que, quando presidia reuniões do Mercosul, eram entrevistas sem parar, jornais, canaisrealsbet afiliadoTV, sempre tinha uma coisa nova, algo palpitante, ainda que fosse para criticar. Agora, não tem nada. Dá impressão que você está cumprindo tabela.
O Brasil estava presenterealsbet afiliadoquase tudo que aconteceurealsbet afiliadoimportante no mundo, da Rodadarealsbet afiliadoDoha às questões da reforma da ONU, passando pelo Oriente Médio, Teerã, integração da América do Sul... Hoje, o que eu vejo é uma coisa passiva. Nos melhores momentos é passiva. Nos piores, é desastrada.
realsbet afiliado BBC Brasil - O Brasil assume o Mercosulrealsbet afiliadoum momentorealsbet afiliadocrise acirrada na Venezuela. A situação está crítica, com a eleição da Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro marcada para domingo. Como o senhor vê as ações do Brasilrealsbet afiliadorelação à Venezuela?
realsbet afiliado Amorim - O governo brasileiro adotou uma posiçãorealsbet afiliadocrítica tão frontal ao governo venezuelano que deixourealsbet afiliadoser um interlocutor. Na situação atual, o Brasil sumiu. Porque se colocourealsbet afiliadouma posiçãorealsbet afiliadoque não há diálogo.
Erealsbet afiliadovezrealsbet afiliadoter presente que o mais importante é a paz na Venezuela, a paz social e política, resolveu tomar um lado, e o lado contrário ao do governo. Eu não vou entrar nem no mérito das posições do governo Maduro, mas se você quer agir como um país que tem influência, você não pode tomar partido.
realsbet afiliado BBC Brasil - Mas havia muitas críticas à proximidade dos governo do PTrealsbet afiliadorelação ao ex-presidente Hugo Chávez erealsbet afiliadoMaduro, à faltarealsbet afiliadoposicionamentorealsbet afiliadorelação a violaçõesrealsbet afiliadodireitos humanos erealsbet afiliadoliberdades democráticas.
realsbet afiliado Amorim - Isso é totalmente injusto. Claro que Lula, nós todos, tínhamos simpatia pelo desejo do Chávezrealsbet afiliadoafirmar uma independênciarealsbet afiliadorelação aos EUA, erealsbet afiliadofazer um governo mais voltado para a população pobre.
Agora, veja bem. Quando havia um problema sério entre Colômbia e Venezuela, o Uribe (o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe) vinha correndo falar com o Lula. Nós tínhamos diálogos com todos. Essa ideiarealsbet afiliadoque a gente passava a mão na cabeça dos bolivarianos,realsbet afiliadoque o Brasil era leniente, é totalmente errada.
Havia uma proximidade. Havia muito esforçorealsbet afiliadopersuasão. O Brasil criou o Gruporealsbet afiliadoPaíses Amigos da Venezuela, teve uma liderança indiscutível. Foi o Brasil que convenceu, persuadiu, com jeito, sem agressividade, o presidente Chávez a fazer o referendo revogatório e a aceitar que a OEA (Organização dos Estados Americanos) fosse observadora. Algo impensável hoje, devido ao climarealsbet afiliadohostilidade.
É fundamental o diálogo na Venezuela. É dificílimo, mas tem que haver. Não adianta você apoiar a solução do governo ou da oposição. Você tem que trabalhar pelo diálogo.
realsbet afiliado BBC Brasil - O senhor não faz nenhuma autocrítica pelo fatorealsbet afiliadoo governo Lula nunca ter questionado tendências antidemocráticas na Venezuela, ainda mais agora que a situação se agravou tanto?
realsbet afiliado Amorim - Não, não faço, porque não somos nós que temos que decidir para onde vai o povo venezuelano. A gente pode atuar numa crise para facilitar o diálogo. Coisa que o presidente Lula sempre tentou fazer. Mas há um limite do que você pode fazer.
realsbet afiliado BBC Brasil - Dentro do próprio PT há um racharealsbet afiliadorelação à questão da Constituinte, com a presidente atual do partido, Gleisi Hoffmann, declarando apoio à convocação feita por Maduro, e outros quadros do partido desconfortáveis com esse apoio público. Como o senhor vê essa questão?
realsbet afiliado Amorim - Eu não sei se tem um racha. O PT não tem força para fazer isso (influir na questão). Você tem que perguntar ao governo. O governo é que tem força para agirrealsbet afiliadouma maneira ourealsbet afiliadooutra. Você tem trabalhar pelo diálogo, e o governo não está tentando fazer nada parecido com isso.
O PT está fazendo uma manifestaçãorealsbet afiliadosimpatia. Embora eu ache que a Constituinte não vá resolver problema nenhum, eu até entendo (esse movimento). Tem que haver um poucorealsbet afiliadoentendimento, e no momento não há nenhum. O importante é você tentar promover um diálogo, que é difícil. Mas diplomacia é para isso, para as coisas difíceis.
realsbet afiliado BBC Brasil - O senhor é filiado ao PT. Se não concorda com a Constituinte, lhe causa desconforto a defesa pública do partido?
realsbet afiliado Amorim - Sou filiado, mas não sou do diretório, não participo das decisões. Não vou dizer que causa desconforto. Eu acho que a Constituinte não vai solucionar o problema e é passívelrealsbet afiliadocríticas. Mas não estou no governo, não tenho como influir. Se tivesse, eu me manifestaria.
O (ex-presidente da Espanha José Luiz Rodríguez) Zapatero, o (presidente colombiano Juan Manuel) Santos, essas pessoas estão tentando mediar. Tem que se fazer as coisasrealsbet afiliadooutra maneira. Teria talvez que chamar Cuba para participar. Mas qual é o diálogo que o governo brasileiro tem com Cuba, se Cuba nem sequer dá agrément (consentimento à nomeaçãorealsbet afiliadodiplomata estrangeiro para atuar no territóriorealsbet afiliadoum país) para o embaixador brasileiro?
Isso tem a ver com a faltarealsbet afiliadolegitimidade do governo atual. Você não dá um golpe impunemente. Você pode conseguir o poder, mas paga um preço.
realsbet afiliado BBC Brasil - Após o impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff visitou diversos países para falar sobre seu afastamento e transmitir a perspectiva do PTrealsbet afiliadoque ela foi vítimarealsbet afiliadoum golpe. O senhor acha que a comunidade estrangeira se convenceurealsbet afiliadoque teria havido um golpe?
realsbet afiliado Amorim - Olha, eu acho que essas coisas semânticas... Eu, pessoalmente, acho que foi um golpe. As formalidades foram seguidas, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso estão funcionando, então não é um golpe militar, claro. Mas se você teve uma eleição que elegeu uma chapa com um determinado projetorealsbet afiliadopaís - pode até ter errado na execução, isso é outro problema - mas um projeto que pressupõe maior inclusão social, autonomia na política internacional, não incluía privatizações como as que estão sendo feitas agora, nada disso. E você substitui, através do impeachment, por um projeto oposto - isso é um golpe, a meu ver. Ainda que os meios não tenham sido ilegais do pontorealsbet afiliadovista formal.
A sensação que eu vejo fora do Brasil érealsbet afiliadoperplexidade. As pessoas nem entendem o que está acontecendo no Brasil. As condenações do Lula são percebidas como uma coisa política, direcionada. Como você pode comparar o Lula, um homem que a maioria ainda responde que foi o melhor presidente do país, com o Eduardo Cunha, gente? O sujeito tinha contas na Suíça, é um manipulador. São entidades totalmente diferentes. Isso já mostra que a cabeça dessa pessoa que julgou não é uma cabeça... sei lá. Não vou falar mais nada.
realsbet afiliado BBC Brasil - Mas o Lula foi condenadorealsbet afiliadoprimeira instância pelo juiz Sérgio Moro e enfrenta quatro outros processos. Como o senhor vê a sucessão presidencial para 2018?
realsbet afiliado Amorim - Primeiramente, eu presumo que não pode haver um cenário presidencial sem o Lula. Nessa coisa não tem que ter plano B.
As eleiçõesrealsbet afiliado2018 serão muito importantes, e temos riscos até da (ascensãorealsbet afiliadoum candidato de) extrema-direita, graças à campanha feita no Brasil. O objetivo foi desmoralizar o PT, mas desmoralizou a política. Os candidatos que se apresentam como não-políticos, da extrema-direita ou da direita mesmo, podem se beneficiar disso.
O Lula é a única pessoa que tem capacidaderealsbet afiliadomobilizar o povo para derrotar essas ameaçasrealsbet afiliadodireita erealsbet afiliadoextrema-direita. Não é nem para ganhar do PSDB tradicional, não, é para ganharrealsbet afiliadopessoas que são antipolíticas e antidemocráticas.
realsbet afiliado BBC Brasil - Mas para além das dúvidas que pairam sobre o futuro político do Lula, ele enfrenta uma sérierealsbet afiliadoacusaçõesrealsbet afiliadocorrupção. Como isso se concilia com a ética demandada por um candidato a presidente?
realsbet afiliado Amorim - Mas você tem que se perguntar por que esses processos foram abertos. Não existe materialidade do crime. "Por que tinha intenção?" Como é que você faz uma relaçãorealsbet afiliadocausa e efeito para aferir um eventual benefício para uma empresa? São coisas totalmente descabidas.
Criminalizaram o fatorealsbet afiliadoo Lula receber determinada quantia pelas palestras que fez. Gente, isso é o que faz o Clinton, o Bush... já que a gente gostarealsbet afiliadover exemplos fora. Quase todos esses líderes têm uma fundação. Você acha que eles tiraram dinheiro do bolso deles para botar na fundação? O Instituto Lula é auditado com uma lupa que eu nunca vi aplicada a outros institutos. Eu não tenho nada contra o Instituto Fernando Henrique Cardoso, acho bom que haja. Mas são critérios diferentes, nunca ninguém nunca pensou (em fiscalizar).
realsbet afiliado BBC Brasil - Mas há acusações muito sériasrealsbet afiliadocorrupção envolvendo o PT - outros partidos também, claro - e o períodorealsbet afiliadogoverno do Lula, como as centenasrealsbet afiliadomilhõesrealsbet afiliadoreais desviados da Petrobras.
realsbet afiliado Amorim - Eu sei, houve acusações, não tenho como fazer aferições, mas posso falar das impressões que existem. Muitas dessas coisas na Petrobras, que não são defensáveis, já aconteciam antes, e não foram investigadas com o mesmo rigor. Agora o João Vaccari Neto, que era o tesoureiro do PT, acabourealsbet afiliadoser absolvido. Claro que depoisrealsbet afiliadovocê criar uma imagem dessas...
As acusações contra o Lula são absolutamente ridículas. Um dos processos tem a ver com a aquisição dos aviões (36 caças suecos comprados durante o governo Dilma). Eu posso dizer para você, e poderia dizer a um juiz, se ele por acaso me chamar: A influência do Lula na compra dos aviões suecos foi zero. Zero. Até porque a preferênciarealsbet afiliadoseu governo eram os aviões franceses, porque estávamos com uma aliança estratégica com a França. Mas a escolha das Forças Armadas era pelos caças suecos. A escolha da Aeronáutica era essa.
Tudo se amontoa. Em um dos processos, um sujeito se propõe a fazer determinada coisa para ter influência, e aí porque ele propôs, você incrimina a pessoa sobre a qual ele faria o lobby. Tenha dó. A questão é que tem que descobrir alguma coisa sobre o Lula. Tem que inventar.
Os outros estão acusadosrealsbet afiliadoter contas na Suíça, tem mala sendo carregada, até filmada. Não tem cabimento. Tenho certeza que nenhuma dessas acusações se sustentará. E acho que as pessoas percebem que as acusações são infundadas. Acho que o povo não vai cair nessa, e que o Lula tem muita chancerealsbet afiliadoser eleito.
realsbet afiliado BBC Brasil - Em uma palestra recenterealsbet afiliadoCabo Verde, o senhor defendeu a necessidaderealsbet afiliadoum entendimento entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. De que maneira?
realsbet afiliado Amorim - Isso, um entendimento para fazer a reforma política. Eu acho que tem que fazer parte da plataforma política do próximo presidente convocar uma Constituinte para promover uma reforma política e mudar o sistema eleitoral.
Todos os problemas que ocorreram - Mensalão, Petrolão - estão ligados a financiamentorealsbet afiliadocampanha. E isso está ligado ao alto custo da eleição. Se a eleição for cara, você pode fazer as proibições que fizer que o dinheiro vai continuar aparecendo, seja por caixa 2, caixa 3, caixa 4.
Eu respeito o Fernando Henrique, ele não é como a maioriarealsbet afiliadopolíticos da centro-direita brasileira. Ele tem influência e pode ajudar a fazer uma reforma política que dê legitimidade ao poder no Brasil.
Senão, fica impossível. Com o Congresso sendo eleito da maneira como é eleito hoje, qualquer governante vai ser obrigado a entrarrealsbet afiliadonegociação.
Não estou falandorealsbet afiliadonegociar politicamente. Isso é normal. Em qualquer país do mundo, você faz concessões para fazer uma coalizão. Não é isso. O problema é você ter que negociar favores, verba. Como você está vendo agora. Nunca vi uma coisa assim tão escancarada. É quase sexo explícito.
realsbet afiliado BBC Brasil - O que o senhor diz que é quase sexo explícito? As negociações entre o governo e o Congresso? O toma lá dá cá?
realsbet afiliado Amorim - Isso. É impressionante. Na frenterealsbet afiliadotodo mundo. Eu nunca vi isso. Falaram tão mal da Dilma, mas a Dilma não mudou a composiçãorealsbet afiliadoComissão nenhuma (referência à substituiçãorealsbet afiliadoúltima horarealsbet afiliadomembros da Comissãorealsbet afiliadoConstituição e Justiça da Câmara dos Deputadosrealsbet afiliadojulho para rejeitar denúncia contra Temer). E issorealsbet afiliadopessoas do mesmo partido, como o deputado que soube pelo jornal que tinha sido substituído por outro.
realsbet afiliado BBC Brasil - Recentemente especulou-se na imprensa que o PT poderia indicar o seu nome para se candidatar ao governo do Estado do Riorealsbet afiliado2018. O senhor foi sondado? Está cogitando voltar para a política?
realsbet afiliado Amorim - Eu nunca saí da vida política, sempre mantive boas relações, mas nunca cheguei a me posicionar como candidato a nada. Fico envaidecido, mas, honestamente, tentando verrealsbet afiliadofora e me desvincular emocionalmente, não acho que eu seja um bom nome. Acho que tem que ser uma pessoa mais jovem, que possa enfrentar os problemas atuais.
Se eu puder ajudar para que um governo voltado para justiça social e para a autonomia no Brasil ganhe a eleição, farei o que for possível. Mas não sei se uma eventual candidatura ao governo do Rio ajudaria com isso. Eu acho que não.
realsbet afiliado BBC Brasil - A operação Lava Jato descortinou esquemasrealsbet afiliadocorrupçãorealsbet afiliadoempreiteiras, sobretudo da Odebrecht, muito além das fronteiras brasileiras, incluindo nos países africanos dos quais o Brasil se aproximou durante o governo Lula, como parte da políticarealsbet afiliadoaproximação Sul-Sul. Diante da corrupção revelada, como o senhor olha para essa estratégiarealsbet afiliadoretrospecto?
realsbet afiliado Amorim - Olha, o que as empresas brasileiras fizeram, eu não sei. E não sabia. Agora, também posso dizer que não é diferente do que fizeram empresas francesas, espanholas, americanas, porque era como essas empresas agiam.
Empresas americanas, alemãs, também foram acusadas disso ou daquilo. A Volkswagen, por exemplo, com aquele software (que mascarava as emissõesrealsbet afiliadocarbono). Claro que ninguém vai justificar essas coisas erradas, mas não é por isso que você vai fechar a possibilidaderealsbet afiliadoestar presenterealsbet afiliadooutros países.
Se propinas foram pagas, isso é lamentável e tem que ser punido. Mas eu nunca vi uma campanha acirrada, nem da justiça americana, nem da justiça alemã, para destruir todas as suas empresas. Você teria que ir corrigindo as coisas, mandar embora as pessoas ligadas àquelas práticas, e ir consertando.
Aqui, o nívelrealsbet afiliadocolaboração com a justiça estrangeira, com países mais poderosos que o Brasil, é uma coisa que nunca vi acontecer. São assuntos nossos, para serem resolvidos aqui.
realsbet afiliado BBC Brasil - O senhor está falando das colaborações para investigar a corrupção no exterior, como da Petrobras e da Odebrecht?
realsbet afiliado Amorim - Sim, porque houve um compartilhamentorealsbet afiliadodados com a Justiça Americana que teve efeitos graves. Acho que tínhamos que resolver os problemas aqui, e quem quisesse, que viesse pedir para saber mais.
Você não vê outros países fazerem isso. Da maneira que foi feito, dá a impressão que só as empresas brasileiras fizeram isso (pagaram propina para obter contratos).
Eu não vou nem mencionar os países, mas nós já perdemos concorrênciasrealsbet afiliadomaneiras muito suspeitas, onde sabíamos que tínhamos condições melhores para determinado contrato. Na hora H ganhava uma outra companhia,realsbet afiliadoum país europeu ourealsbet afiliadouma ex-potência colonial.
Um erro não justifica o outro, mas nós fizemos uma automortificação, não é? Você vai sanear as empresas, mas você vai levar muito tempo para recuperar a credibilidade.
realsbet afiliado BBC Brasil - O senhor acha que a Lava Jato virou uma automortificação?
realsbet afiliado Amorim - Em boa parte. É muito delicado falar desse assunto, porque eu não quero defenderrealsbet afiliadomodo algum as ações erradas que foram praticadas. Agora, eu acho que sim, houve uma automortificação. Na maneira como foi levado, a maneira como a imprensa tratava...
Você ter uma ação políticarealsbet afiliadofavorrealsbet afiliadouma empresa é parte da ação comercialrealsbet afiliadoum país no exterior. Por exemplo, a Boeing queria vender o seu avião no Brasil. A Hillary Clinton me escreveu uma carta. A Condoleezza Rice já tinha levantado o assunto comigo.
Agora, acho que tudo ficou criminalizado indistintamente. Fez-se uma generalização errada e vai levar muito tempo para que isso seja corrigido. Se convenções internacionais anticorrupção já existem há algum tempo, é porque corrupção havia, né? Acho que isso tinha que ser vistorealsbet afiliadoforma menos ingênua,realsbet afiliadomodo a não achar que eram só as brasileiras. Ainda que com a punição adequada aqui dentro.
realsbet afiliado BBC Brasil - O governo do presidente norte-americano Donald Trump acabarealsbet afiliadocompletar seis meses, e lá também o dia a dia tem sidorealsbet afiliadosucessivas crises. Como o senhor vê o impactorealsbet afiliadoseu governo até agora?
realsbet afiliado Amorim - Eu não tenho nenhuma simpatia pessoal pelo Trump. Em muitas coisas ele representa um risco, porque a linguagem dele,realsbet afiliadovezrealsbet afiliadoapaziguar, atiça conflitos. Mesmo vendo todos os defeitos do Trump, acho que ele fez uma coisa positiva, que foi acabar com a TPP (a Parceria Transpacífico, ou Transpacific Partnership). Se há uma árearealsbet afiliadoque o Obama, na minha opinião, falhou, foi na área do comércio, porque ele não fez nenhum esforço para reviver a Rodadarealsbet afiliadoDoha numa épocarealsbet afiliadoque isso ainda era possível.
O TPP tinha o objetivo geopolíticorealsbet afiliadolimitar a ação da China. Houve uma fragmentação do comércio internacional na época do Obama. Tudo bem que o Trump não vai defender a OMC (Organização Mundial do Comércio), mas terminar com o TPP eu acho positivo, pelo menos esse realismo nos poupa da conversa fiadarealsbet afiliadoque a mídia entrava, falando que o Brasil está isolado, e é o Brasil é o único país que não tem acordo... mentira. Nenhum dos Brics é parterealsbet afiliadonenhum desses acordos.
Mas não é bom falar que o Trump está certo porque ele é uma pessoa machista, contra imigrantes, racista. O que está fazendo com o México é uma barbaridade. Eu acho, aliás que a América Latina tem que se posicionar. Por que o Mercosul não dá uma declaração criticando o que o Trump está fazendo com o México?
realsbet afiliado BBC Brasil - Condenando o muro que ele quer construir?
realsbet afiliado Amorim - O muro, que evidentemente viola os direitos humanos, e também o que eles estão fazendo no Nafta, obrigando o México a fazer mais concessões para manter o acordo. O México já fez vários sacrifícios para entrar para o Nafta. Sobretudo a agricultura mexicana sofreu muito. Cadê a coragem dos que falam mal da Venezuela e do Maduro nesse momento? Não vejo.
realsbet afiliado BBC Brasil - O mais recente ranking que mede os países com maior soft power no mundo recentemente mostrou que a França ultrapassou os Estados Unidos. Por outro lado, o Brasil caiu e está quase saindo da lista...
realsbet afiliado Amorim - Quando o Brasil estava fortíssimo! O soft power existe como potencial. Se não há uma diplomacia ativa, ele se perde. Foi o que o governo do presidente Lula procurou fazer. Eu sempre disse que a política externa brasileira era ativa e altiva. O Brasil pode, sim, fazer as coisas. Aquela história do "yes, we can" (o sloganrealsbet afiliadoBarack Obama). Sim, nós podemos. Sim, o Brasil pode trabalhar pela unidade sul-americana. Sim, o Brasil pode trabalhar pela paz na Venezuela. Sim, o Brasil pode fazer um acordo com os Brics. Sim, o Brasil pode ter uma política africana. Pode ter havido erros aqui e ali, mas era isso que nós tentamos fazer.
Nem tudo se perde. Alguma coisa fica. E quando a gente tiver um governo mais legítimo, vamos poder novamente usar as coisas que criamos, os Brics, o Ibas (Fórumrealsbet afiliadoDiálogo Índia, Brasil e África do Sul), o diálogo com os árabes, a boa relação com a África. A gente vai poder voltar.
Espero que seja um governo voltado para a justiça social, porque isso é essencial. O Brasil não é uma empresa. Não basta ter o balanço adequado e estar tendo lucro. O Brasil é um povo.
realsbet afiliado BBC Brasil - E como está esse Brasil hoje? Qual é arealsbet afiliadosensação como brasileiro?
realsbet afiliado Amorim - Olha, eu seria tentado a fazer uma fraserealsbet afiliadoefeito e dizer: "O Brasil não está". Tirando o período negro da ditadura militar, é o pior momentorealsbet afiliadoque eu já vi o Brasil. Inclusiverealsbet afiliadomatériarealsbet afiliadocredibilidade internacional.
Mas o Brasil é um país grande, a diplomacia tem tradição, as Forças Armadas vão exigir que projetos importantes continuem, temos instituiçõesrealsbet afiliadoprimeiríssima qualidade, como a Fiocruz, que luta pela saúde brasileira.
O Brasil tem que voltar a ter o peso e a credibilidade que perdeu. Agora, o Brasil está cumprindo tabela. Na realidade, não pode fazer muito mais do que isso. Mas eu acho que vai se recuperar. Agora como, e quando, eu não sei.
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