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'O samba já sofreu impacto do politicamente correto antes':casa de apostas vasco
Segundo Lira, "o samba é um elemento interessante para a interpretação do Brasil, com todas as interferências que ele sofreu,casa de apostas vascoalgo que foi cooptado pelo mercado, apropriado politicamente, ecasa de apostas vascocomo ele conseguiu, no meiocasa de apostas vascotudo isso, encontrar mecanismoscasa de apostas vascocontinuar existindo, pujante, ecasa de apostas vasconos emocionar".
Leia, abaixo, trechos da entrevista:
casa de apostas vasco BBC Brasil - O seu livro casa de apostas vasco Uma História do Samba: As Origens casa de apostas vasco começa com a tentativacasa de apostas vascoretomada dos cordões carnavalescos por Villa-Lobos, mascasa de apostas vascouma forma mais comportada. Hoje se discute muito o politicamente correto das marchinhas como casa de apostas vasco Olha a Cabeleira do Zezé, Maria Sapatão casa de apostas vasco - essa discussão é inédita na história do samba?
casa de apostas vasco Lira Neto - Não é a primeira vez. O samba já passou por esse processo, já teve o impacto disso antes. Estava lendo uma matéria da Revista da Semana daquela época, na qual o cronista escreve que "o samba é algo muito interessante, mas precisa deixarcasa de apostas vascoser bárbaro, precisa ser mais civilizado para que a gente possa transformá-locasa de apostas vascoalgo mais palatável".
Ora, esse discurso do "politicamente correto" é muito antigo,casa de apostas vascotentar higienizar, limpar o samba. Se você pega a produção do Sinhô, um dos pioneiros do samba, ou do Ismael Silva - era uma produção machista e misógina até, pois falava da mulher que apanhava, do malandro que não trocava nada pela orgia, ou seja, tudo isso tinha um contingente muito machista.
Eu estava dando uma aulacasa de apostas vascoVermont, nos Estados Unidos, no meio do ano passado, sobre história da música brasileira, e mostrei as letras aos alunos. Eles ficaram escandalizados, acharam muito machistas. E eu tive que mostrar a eles que aquilo era frutocasa de apostas vascodeterminadas contradições daquele tempo e que precisamos ouvir as músicas no seu devido contexto.
Você acha que Mário Lago era machista por causa da Amélia (de Ai Que Saudades da Amélia), que Ataulfo Alves era machista? A música era profundamente machista para os nossos valorescasa de apostas vascohoje. Se você levar a questão das marchinhas ao extremo, o que vai acontecer? Você vai deixarcasa de apostas vascoouvir Ismael Silva, Sinhô, Mário Lago,casa de apostas vascoler Monteiro Lobato? Daqui a pouco você cerceou e policioucasa de apostas vascoforma absurda.
Meu amigo Luis Antonio Silva falou o seguinte numa entrevista recente: "Não se pode proibir ninguémcasa de apostas vascocantar nada. Cada um canta o que quiser, e cada um não canta o que não quiser". Quer cantar essas marchinhas no bloco, cante. Não quer, não cante. É importante compreender que elas foram marchinhas feitas num determinado momento histórico e numa determinada situação.
Essa discussão é eterna, mas agora ela se dá com uma estridência maior porque é compartilhada e reforçada nas redes sociais, não somente nas mesascasa de apostas vascoboteco, ou entre a família.
casa de apostas vasco BBC Brasil - Você abre o livro com um sambacasa de apostas vascoCaetano Veloso que diz que "o samba é pai do prazer, o samba é filho da dor". Ali parecem estar a dualidade e a tensão do recorte da história do samba que você optou por contar...O livro é sobre essa trajetória,casa de apostas vascoconflitos do samba?
casa de apostas vasco Neto - Exatamente. Tentar entender o samba - e a própria cultura - dentro dessa complexidade. Ou seja, sem tentar fazer uma análise chapada, binária...ou tentando, por um lado, mostrar o samba como um grande símbolocasa de apostas vascoautenticidade,casa de apostas vascoresistência, ou, por outro, o samba como um gênero cooptado pelas contingências políticas e pelas circunstâncias do mercado - mostrar que é uma coisa e a outra; mostrar que ele é festa, mas também é fresta. Algo que foi se reelaborando a partir dessas influências que incidiram sobre ele.
A frase do Caetano fala disso: "filho da dor, pai do prazer" - dá essa conotação dialética, para evitar a armadilhacasa de apostas vascotomar uma posição muito marcada e esquecer que tudo na vida é complexo, e não é simples na análise. Esse é um tema que foi tratado muitas vezes, mas sempre pendendo para um destes lados.
Em tudo o que eu tento trabalhar, exijo essa dosecasa de apostas vascocomplexidade, foi assim com Getúlio. Eu procuro ver as coisas nacasa de apostas vascofascinante ambiguidade e contradição.
casa de apostas vasco BBC Brasil - Mas o samba sofreu algum "trauma" com essas apropriações - culturais, políticas, mercadológicas - ao longo da história?
casa de apostas vasco Neto - A palavra trauma pode ter muitos significados - ele foi impactado e também impactou. Eu evito utilizar esse conceitocasa de apostas vascopureza,casa de apostas vascoautenticidade,casa de apostas vascouma coisa genuína, porque a própria gênese do samba é mesclada, permeada pela mistura, por vários vetores e por várias camadascasa de apostas vascoinfluência.
Quando você falacasa de apostas vascosamba autêntico, você trabalha com uma abstração, porque isso não existe. Eu coloco no prólogo uma cena do Heitor Villa-Lobos tentando recriar os velhos cordões do fim do século 19 e começo do 20 como uma espéciecasa de apostas vascochave,casa de apostas vascomote do que eu vou tratar.
Quando o Villa-Lobos tenta recuperar o autêntico, ele faz uma releitura. E quando ele limpa e higieniza o suposto autêntico para que ele possa ser adequado para aquele momento do Estado Novo, ele está recorrendo à folclorização do que ele pretendia autêntico.
O que é o folclórico? O folclore é a morte da cultura popular, ou pelo menos da potência dessa cultura.
casa de apostas vasco BBC Brasil - Quase uma uniformização?
casa de apostas vasco Neto - Uma estilização - você despe, tira da cultura popular o que ela temcasa de apostas vascopotencial criativo, você estandardiza, cria um estereótipo. Outra coisa que acho fascinante é perceber que, ao longo da história do samba, você vai ter uma sériecasa de apostas vascoreleituras desse processo.
Por exemplo: quando surgem os primeiros desfilescasa de apostas vascoescolascasa de apostas vascosamba, lá no começo dos anos 30 - que é o final do livro - essa primeira geração do Hilário, do Donga, do João da Baiana, vai dizer: "Essas escolas, isso não é samba, samba é o que a gente fazia lá nos terreiros da pequena África da Praça 11".
Bom, aí surge um novo paradigma, instituído pela turma do Estácio e que vai ser adotado pelas escolascasa de apostas vascosamba nacasa de apostas vascogênese dos anos 30. Aí, nos anos 50, o Ismael Silva, que foi um dos indutores desse processo nos anos 30, vai dizer: "Não. O que está se fazendo aqui nos anos 50 não é mais samba - samba é o que a gente fazia nos anos 30".
E aí você vai ter isso como uma constante. Depois, nos anos 70 e 80 você vai ter gente que vai dizer que samba era da décadacasa de apostas vasco50.
Eu fujo desse conceitocasa de apostas vascoautenticidade para mostrar que o samba sofreu esse duplo impacto -casa de apostas vascoum lado,casa de apostas vascouma apropriação política que vai se dar na era Vargas, no Estado Novo, o samba vai ser apropriado politicamente como um dos símbolos do nacionalismo. E do outro lado, o outro impacto da então nascente indústria do entretenimento, o samba vai se despir das suas características iniciais para atender às circunstâncias do mercado fonográfico, do rádio, do cinema, o samba passa por um outro processocasa de apostas vascoreapropriações.
O samba ganhou ou perdeu com isso? As duas coisas. Ele se transformou, precisou se reinventar. Eu não caio na armadilhacasa de apostas vascofalar "o samba não é mais o samba". É! Só que com outros processos, com novas circunstâncias e com um novo contexto.
casa de apostas vasco BBC Brasil - O tema apropriação cultural voltou a ser discutido com o caso da menina branca que foi criticada por usar turbante. O samba sofreu algo parecido, pelo que você está dizendo. O que a história dele tem a nos ensinar ou que luz pode jogar sobre essa discussão?
casa de apostas vasco Neto - Eu acho que - como toda a discussão que temos hoje no Brasil - ela peca pela polarização. Essa discussão sobre a apropriação cultural acaba resvalando num outro tipocasa de apostas vascorotulação: para você dizer se é progressista ou reacionário, racista ou um "branco legal", e coisa desse tipo.
A discussão está enviesada. A apropriação cultural sempre se deu no Brasil, é típica do que Oswaldcasa de apostas vascoAndrade chamavacasa de apostas vascoantropofagia, mas tem questões que temos que ter cautela no debate. Nessa questão do turbantecasa de apostas vascosi, vejo o seguinte: se eu adoto - seja ele qual for - um símbolo, e minha utilização desse símbolo te ofende, eu preciso pensar sobre isso, por que isso o incomoda. Até que ponto isso não está embutido no meu preconceito.
A questão é muito complexa, não dá para assumir um dos pontos dessa disputa e não parecer mais uma vez que estamos trabalhando com a discussão entre "torcidas organizadas" - tudo ficou muito binário, polarizado - seja na política ou na cultura - passamos a ser seres binários - branco ou preto, tucano ou petralha, tudo muito polarizado, e estamos esquecendo da grande capacidade do diálogo, estamos muito estridentes. E aí quando você adota uma atitudecasa de apostas vascomoderação já tem até rótulo: o "isentão", e apanha dos dois lados.
casa de apostas vasco BBC Brasil - Esse é seu primeiro trabalho depois da trilogia da biografia do Getúlio Vargas. Qual foi o papel do Getúlio na "apropriação" do samba pelo Estado proposto pelo governo no Estado Novo?
casa de apostas vasco Neto - O fatocasa de apostas vascoesse livro vir logo depois da biografia do Getúlio não é uma coincidência. Algumas pessoas já me questionaram sobre o que tem a ver escrever sobre samba depoiscasa de apostas vascoGetúlio. Tem tudo a ver, estamos falando das mesmas coisas.
A era Vargas, a primeira metade do século 20 no Brasil, quando ele deixoucasa de apostas vascomarca, é justamente a eracasa de apostas vascoque o samba está saindocasa de apostas vascoum estado inicialcasa de apostas vascomarginalidade e passa a ser um gênero musical hegemônico. Isso está ligado à apropriação que o Estado Novo fezcasa de apostas vascoforma consciente, higienizando o samba.
O que vai resultar num samba quase sinfônico, que é o samba do Ary Barroso, da Aquarela do Brasil. Aquele ufanismo, típico do Estado Novo, passa a entrar também no repertório do samba.
casa de apostas vasco BBC Brasil - casa de apostas vasco O Bonde São Januário casa de apostas vasco , que exalta a vida do trabalhador - "o bonde leva mais um operário, sou eu quem vou trabalhar" -, também é exemplo dessa transição?
casa de apostas vasco Neto - Exatamente. Olha como as duas histórias se ligam. Quando o Getúlio chega, pré-Estado Novo, logo depois da Revoluçãocasa de apostas vasco30, ele estabelece o culto ao trabalho, ao trabalhador, o início das leis trabalhistas. Era o momentocasa de apostas vascoque ele adotava o discurso que até então era dos sindicatos - que é o discurso da conquistacasa de apostas vascodireitos.
Ele se apropria desse discurso, neutralizacasa de apostas vascomaneira hábil aquele caldeirão social que estava prestes a explodir, com greves, com movimento sindical dominado pelos anarcossindicalistas, ele começa a introduzir os direitos trabalhistas e tira a pressão disso e passa ele mesmo a ser o arauto dessas bandeiras dos direitos dos trabalhadores.
O trabalho estava acimacasa de apostas vascotudo, ao contrário da figura do malandro do samba. E aí essa figura não é mais bem vista, passa a ser persona non grata por esse novo momentocasa de apostas vascoque o Estado está buscando a exaltação ao trabalho.
E Getúlio vai além: passa a financiar as escolascasa de apostas vascosamba para que fizessem enredos nacionalistas, com referências aos heróis da pátria. E os sambistas começam a entrar nessa onda - até a famosa polêmica entre Noel Rosa e Wilson Batista, que vai ser explorada melhor no segundo volume da trilogia, que é a disputa do que viria a ser a figura do sambista: é o malandro ou o do bonde São Januário que vai trabalhar?
É aí que se deu o processocasa de apostas vascoapropriação política e cultural do samba, com todas as nuances. O samba é exemplo dessas apropriações. Isso deu possibilidade ao sambacasa de apostas vascosair dos guetos e conquistar o país. Ele se tornacasa de apostas vascofato hegemônico, e isso tem a ver com esse processocasa de apostas vascodomesticação.
casa de apostas vasco BBC Brasil - Essa domesticaçãocasa de apostas vascomanifestações culturais espontâneas pelo Estado, você vê alguma relação com a situação atual?
casa de apostas vasco Neto - É muito interessante quando você ouve no discurso das autoridades que o carnaval tem que ter "um certo controle". A palavra "controle" pressupõe, até certo ponto, um aparato repressivo, o que é algo incompatível com a festa, que não tem controle. Você pode dar suporte para essa festa, preparar a cidade, ter um grupocasa de apostas vascovarredores, tentar minimizar os efeitos colaterais da festa, mas ela é sem regras.
casa de apostas vasco BBC Brasil - Mas tem gente que se incomoda, que não gosta desse tipocasa de apostas vascofesta...
casa de apostas vasco Neto - Esse pensamento segregacionista é o que temos no começo do século e do qual o samba foi vítima. E você nota, quando você vê as regras do carnaval ditadas pelo Pereira Passos, que dizia "você não pode pegar a serpentina que caiu no chão para jogarcasa de apostas vasconovo na pessoa" - é sempre no sentido da higiene, do perfumado, mas completamente artificial. tem gente que sabe fazer festa e gente que não sabe - gente que mantém o respeito à privacidade, o ouvido e à rua do outro - e gente que não sabe.
Aí a resposta mais fácil das autoridades: controla, proíbe, reprime. Como a Virada Cultural, que agora "não deve ser espalhada", mas cercada, num lugar específico, num desconhecimento absoluto do que é a gênese do evento, que tem o sentidocasa de apostas vascotrabalhar e espalhar a cultura pela cidade. Então você segrega.
E uma analogia: quando você tem o corredor da Avenida 23casa de apostas vascoMaio sendo pintadocasa de apostas vascocinza: "normatiza, transforma numa cor única, isso não é bem vindo para a paisagem urbana". Ou seja: é um sensocasa de apostas vascourbanismo tão arcaico, antigo e autoritário - e o mais inacreditável é que ele é anunciado como sendo algo moderno. Quando Getúlio Vargas chega ao poder, diz: "A política está morta, agora é a hora da eficiência técnica sobre a politica. Eu não sou um político, sou um gestor, um administrador".
Veja, esse é um discurso antigo, do início do século 20, e estamos vendo,casa de apostas vascopleno 2017, pessoas repetindo esse discurso anacrônico. Porque há agora, como havia lá atrás, a sensaçãocasa de apostas vascoque tudo que vem da política é sujo, a satanização da política.
casa de apostas vasco BBC Brasil - E a figura do malandro, ela é romantizada? Ele tem vez no samba como é hojecasa de apostas vascodia?
casa de apostas vasco Neto - A figura do malandro é mais um desses estereótipos criados pelo entretenimento. Quando a gente pensacasa de apostas vascomalandro hojecasa de apostas vascodia o que vem: a figuracasa de apostas vascoterno branco, alinhado, sorriso no rosto, um sujeito que se dava bem com as mulheres. E a vida do malandro não era assim, pelo contrário: era cheiacasa de apostas vascosobressaltos, todos eles morriam muito cedo, oucasa de apostas vascotuberculose, sífilis, facada ou tiro. Não havia nenhum glamour.
Muitos deles exploravam a mulher, muitos viviam como cafetões, trocavam navalhadas uns com os outros. Não são heróis, não tem heróis aí, o malando não é herói. O malandro romântico é uma criação do cinema, do audiovisual.
A vida do malandro era muito dura. Eu procuro sempre mostrar no livro que essas idealizações precisam ser relativizadas. Eu leio autores desse período que escrevem "São Ismael", ou "São Pixinguinha" - mas não tem santo nessa história, como também não tem só bandido como via a polícia. Eram santos e bandidos ao mesmo tempo, porque eram seres humanos, demasiadamente humanos, eram homens e suas circunstâncias. O livro olha para esse cenário além dos estereótipos, das idealizações - e além dos preconceitos.
casa de apostas vasco BBC Brasil - E como casa de apostas vasco Uma História do Samba casa de apostas vasco pode nos ajudar a entender um pouco mais sobre nós mesmos, brasileiros, sobre nossa origem e formação?
casa de apostas vasco Neto - É importante para entender o que é o Brasil, e o que nos tornamos, quem somos. Só conseguimos entender quem somos se olharmos para quem fomos e para como fomos sendo construídos, como se deu a construção do nosso povo. Acho que o samba é um instrumento riquíssimo para entender esse processo, essas transformações, essas influências, como a mestiçagem que condenava o Brasil ao eterno subdesenvolvimento, passa a ser exaltada como grande símbolo nacional.
O samba explica como se deu tudo isso. O mitocasa de apostas vascopaís cordial, pacífico - tudo isso o samba conta. O samba é um elemento interessante para a interpretação do Brasil, uma das possibilidadescasa de apostas vascointerpretação do Brasil, com todas as interferências que ele sofreu, com tudo o que ele representacasa de apostas vascoreelaboração e transformação permanente,casa de apostas vascoalgo que foi cooptado pelo mercado, apropriado politicamente, ecasa de apostas vascocomo ele conseguiu, no meiocasa de apostas vascotudo isso, encontrar mecanismoscasa de apostas vascocontinuar existindo,casa de apostas vascocontinuar pujante - e emocionando a gente até hoje.
casa de apostas vasco BBC Brasil - Você escreveu biografiascasa de apostas vascopessoas que tinham uma relação forte com o poder -casa de apostas vascoPadre Cícero a Getúlio Vargas, passando por Maysa e Josécasa de apostas vascoAlencar. Tem alguma históriacasa de apostas vascopoder na história do samba?
casa de apostas vasco Neto - Totalmente. Ecasa de apostas vascovárias instâncias do poder - o poder da indústria do espetáculo, bastante presente nessa história, como ele agiu sobre o samba provocando modificações. O poder do mercado fonográfico. E tem o poder político,casa de apostas vascoum projeto políticocasa de apostas vasconação constituídocasa de apostas vascoforma consciente pelo Getúlio, ecasa de apostas vascocomo ele usou o samba e os sambistas, e essa proximidade - e o capítulo fundamental que vem por aí no segundo volume, sobre o papel da Rádio Nacional nesse processo, da imprensa, do DIP - Departamentocasa de apostas vascoImprensa e Propaganda.
Então é esse o processo, ou seja: era apropriar-se do que era considerado primitivo, autêntico nacional e tornar esse autêntico "limpinho e cheiroso".
Nessa história do samba, o poder - nas suas mais variadas dimensões e camadas - é o personagem central.
casa de apostas vasco BBC Brasil - E qual seria hoje o poder mais atuante sobre o samba?
casa de apostas vasco Neto - O grande poder do consumo, do mercado - desse poder que transforma tudocasa de apostas vascomercadoria, inclusive as privacidades, que transforma a rebeldiacasa de apostas vascomercadoria, a alegriacasa de apostas vascomercadoria - "você tem a obrigaçãocasa de apostas vascoestar feliz" - e transforma o prazercasa de apostas vascomercadoria.
E isso sempre produz a neutralização do potencial criativo e insubmisso dessas coisas, dessas instâncias. Quando você transformacasa de apostas vascomercadoria, você neutraliza a capacidadecasa de apostas vascoenunciação insubmissa. O grande poder que estamos lidando hoje é esse poder absurdamente exponencial,casa de apostas vascoque as pessoascasa de apostas vascoaparente livre e espontânea vontade estão entregando aquilo que elas temcasa de apostas vascomais precioso para virar mercadoria, suas privacidades.
Esse é um momento perigoso,casa de apostas vascoque todo mundo virou produto.
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