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Mais concorrido que a USP: por que tantas mulheres querem entrar no Exército?:aposta dos jogos
Mas por que tantas mulheres querem se tornar oficiais do Exército?
"Meu pai fez serviço militar. No último ano do colégio, os meus amigos começaram a se alistar e passei a vê-los correndo todos os diasaposta dos jogosmanhã fazendo exercício. Eu moro na frente do quartel e eles passam correndo na rua fazendo Educação Física", responde a candidata Andressa Muniz,aposta dos jogos19 anos.
"É uma profissão que eu idolatro bastante. Fui conversar com um sargento do quartel e ele me explicou sobre a estabilidade da carreira. Mas o meu interesse não é só nisso, mas tem também a questão da patente, a questão do respeito dos homens."
Andressa diz ter esperançaaposta dos jogosque, como oficial do Exército, seja mais respeitadaaposta dos jogosuma sociedade na qual ainda há muita discriminação contra as mulheres.
"Não digo que estou lutando contra o machismo. Mas entrando no Exército eu calaria a bocaaposta dos jogosmuitas pessoas que dizem que mulher não serve para ser militar, para ser infante", afirma.
"Os homens começam a ver a genteaposta dos jogosforma diferente. Na rua, uma mulheraposta dos jogosfarda é muito mais imponente. Eles vão olhar e pensar: 'ela deve se esforçar da mesma forma que os homens'."
Ação
A dedicação é tanta que Andressa frequenta um cursinho dedicado aos concorridos processos seletivos das escolas militares. E ela não é a única mulher ali.
A BBC Brasil conversou com um grupoaposta dos jogosjovens que estuda no curso preparatório General Telles Pires, no centroaposta dos jogosSão Paulo. Todas apontam a possibilidadeaposta dos jogoster um futuro emocionante - longe dos escritórios, por exemplo - como um atrativo da carreira militar.
"Fiquei empolgada com a possibilidade da ação", diz Daniela Petrosino,aposta dos jogos15 anos. Uma vontade que, segundo a mãe, vemaposta dos jogoslonge.
"Eu não me envolvi, foi decisão dela. Ela fala disso desde pequena, então agora não tenho medo e dou muito apoio", conta Patrícia Petrosino.
As jovens já têm, inclusive, planos sobre quais carreiras querem seguir caso consigam ser aprovadas.
"Queria a Artilharia porque tenho mais interesse na ação do que nas atividades da Intendência (logística e administração)", diz Letícia Martins,aposta dos jogos16 anos - uma vontade compartilhada pela colega Daniela.
Andressa, poraposta dos jogosvez, sonha com a Infantaria, e Isabela Cristina Carleto Caldas,aposta dos jogos19 anos, com a Cavalaria.
Limitações
Mas ainda há um obstáculo: nenhuma das carreiras desejadas pelas jovens está aberta às mulheres, ao menos por enquanto.
Neste primeiro concurso, as oficiais poderão chegar apenas à Intendência e ao Quadroaposta dos jogosMaterial Bélico - função relacionada à logística ligada a armamentos, veículos e aeronaves.
As candidatas a sargento, poraposta dos jogosvez, poderão atuar na área técnico-logística (manutençãoaposta dos jogosarmamentos, equipamentosaposta dos jogoscomunicação, veículos e aeronaves e funçõesaposta dos jogosIntendência e topografia).
O Exército garante que isso não significa que elas assumirão papéis apenas secundários. Mas ansiosa pela ação, Isabela diz ter um plano:
"No ano que vem vou fazer prova para Quadroaposta dos jogosMaterial Bélico. Quando eu já estiver lá dentro vou tentar fazer cursos mais ligados ao combate. Eu quero a especializaçãoaposta dos jogos'Defesa Química, Biológica e Nuclear'", conta, citando a área que lida com a possibilidadeaposta dos jogosameaças dessa natureza.
"Em geral, biologicamente o corpo do homem é mais forte que a mulher, mas isso não quer dizer que não haja mulheres melhor preparadas fisicamente que muitos homens", acrescenta.
"Não é só o físico que importa, há todo o lado psicológico. Não é o corpo que manda, e sim a cabeça. Se a pessoa leva um tiro na pernaaposta dos jogosuma batalha e é emocionalmente forte, não vai se dar por vencida."
O Exército afirma que, ao decidir incorporar mulheres nessas novas vagas, fez adaptações nas normas e nas instalações - como criar uniformes, alojamentos e banheiros específicos, alémaposta dos jogospadrões para o penteado e para o tamanho do cabelo e regulamentações sobre usoaposta dos jogospulseiras, anéis, brincos, maquiagem, correntes e bolsas.
"O Exército acompanhaaposta dos jogosforma permanente a evolução da sociedade brasileira, buscando adequar-se às novas necessidades e anseios da mesma", disse a instituiçãoaposta dos jogosnota à BBC Brasil.
As jovens que passarem no concurso deste ano poderão se tornar aspirantes a oficialaposta dos jogos2021. A primeira general, porém, pode surgir apenasaposta dos jogos2051.
Crise e carreira
Clodoaldoaposta dos jogosSouza, professoraposta dos jogosmatemática e coordenador do cursinho, conta que as mulheres representam entre 10% e 15% dos alunos. Mas ele diz acreditar que essa porcentagem vai aumentar agora, com a abertura das carreiras.
"Elas costumam ser mais aplicadas e concentradas que os rapazes", elogia.
"A maioria começa a estudar com 15 ou 16 anos, porque podem prestar concurso logo que acabam o ensino médio. Elas geralmente chegam um pouco mais maduras que eles, sabendo o que querem."
Na avaliaçãoaposta dos jogosSouza, a estabilidadeaposta dos jogosum emprego público é um dos maiores atrativos.
Nelson Marconi, professoraposta dos jogoseconomia da FGV e PUC-SP, afirma que,aposta dos jogosmeio à atual crise econômica, boa parte das carreiras públicas se tornou uma opção ainda mais atraente para jovens profissionais.
Isso porque, explica, oferecem salários iniciais mais altos e estabilidade, algo difícilaposta dos jogosse conseguir como iniciante no setor privado.
"Há uma ofertaaposta dos jogosemprego menor no setor privado, e os salários estão se deteriorando", diz o professor. Ele acrescenta que essa queda nos níveis salariais é menor no serviço público.
Muitos candidatosaposta dos jogosconcursos, porém, já se preocupam com uma possível mudança nesse cenário: a PEC (Propostaaposta dos jogosEmenda Constitucional) 241, que pretende amenizar o rombo nas contas públicas ao estabelecer um teto para o crescimento das despesas federais por 20 anos.
Marconi, porém, minimiza esse risco.
"A maior parte das carreiras públicas têm remuneração melhor que a do setor privado. (A políticaaposta dos jogosausteridade) pode diminuir um pouco o poderaposta dos jogoscompra, mas ele não será depreciado a ponto da carreira não ser atrativa."
O que pode ocorrer, na opinião do especialista, é uma eventual diminuição no númeroaposta dos jogosvagas nos concursos.
Resistência familiar
O Exército começou a aceitar mulheresaposta dos jogos1992, na chamada "linha não bélica". Elas se formavam no ensino convencionalaposta dos jogosáreas como administração, comunicação e saúde e depois eram integradas à instituição - mas não podiam chegar aos postos mais altos.
"Sonho desde pequenaaposta dos jogosser militar, era louca para seguir a carreira, mas mulheres não podiam entrar no Exército. Eu entrei na faculdadeaposta dos jogosenfermagem pensandoaposta dos jogosentrar no Exército depois", conta Isabela.
"Eu estava com a minha vida pronta: trabalhava e fazia faculdade. Mas quando soube dessas vagas larguei tudo e vim para o cursinho."
Filhaaposta dos jogosum engenheiro químico eaposta dos jogosuma protética, ela conta que precisou vencer a resistência deles.
"Não tenho militares na família, e no começo meus pais não gostaram. Acho que é porque meu pai é muito protetor, não queria que eu ficasse longe e pensou que eu poderia sofrer", diz.
"O meu namorado é da Aman. Nos primeiros três meses ele foi contra, mas depois começou a me incentivar. Ele queria me proteger porque sabia das dificuldades, como ficar longeaposta dos jogoscasa e da família."
Esta reportagem faz parte da série especial 100 Mulheres, da BBC.
O que é o 100 mulheres?
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