Atletas militares são 'estratégiabolao pixbetmarketing', diz pesquisador:bolao pixbet

O ginasta e sargento Arthur Zanetti bate continência após receber medalha

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Legenda da foto, Medalhistas olímpicos brasileiros que integram as Forças Armadas não têm funções militares regulares

Mas o professor Scalercio diz que os atletas incorporados no programa não exercem as funções militares.

"Achar que esses atletas são militares é como achar que um atleta patrocinado pelo Banco do Brasil é bancário", diz Scalercio, autorbolao pixbetvários estudos sobre história militar, relações internacionais e o Exército brasileiro.

Segundo o professor, esses atletas "não acordam no quartel, não têm serviçobolao pixbetguarda, e a grande maioria não tem obrigação militar alguma".

Dos 465 esportistas que integram a delegação olímpica brasileira, 145 participambolao pixbetum programa para atletasbolao pixbetalto nível criado pelo Ministério da Defesabolao pixbetparceria com o Ministério do Esporte antes dos Jogos Mundiais Militaresbolao pixbet2011, no Rio.

A iniciativa deixou o Brasil no primeiro lugar da competição e foi ampliada para turbinar o desempenho do país nesta edição olímpica. Das 15 medalhas obtidas por brasileiros até esta quinta-feira, 12 vierambolao pixbetatletas do programa.

Patriotismo ou aceno ao patrocinador?

A maioria dos medalhistas prestou continência durante a premiação (segundo as Forças Armadas, o gesto é facultativo).

Para Scalercio, a continência deve ser lida mais como um aceno a um patrocinador do que como uma demonstração patriótica. "Como no uniforme olímpico não é possível estampar os brasões das forças, uma maneirabolao pixbetconseguir projeção é quando o atleta bate continência ao ganhar a medalha."

O professor afirma que a exaltação aos atletas militares entre os brasileiros demonstra o prestígio das corporações, "embora boa parte da população não cogite nem por um minuto servir no Exército".

"No Brasil, exceto pelos oficiais, quem serve nas Forças Armadas são as classes subalternas. A classe média não quer nem saberbolao pixbetpassar na porta do quartel", diz.

Ele afirma ainda que a popularidade das Forças Armadas indica que a associação entre as corporações e a ditadura militar (1964-1985) vem enfraquecendo. "A ditadura não é mais uma coisa recente, e já existe uma quantidade imensabolao pixbetbrasileiros nascidos depois desse período."

Investimentosbolao pixbetrelações públicas

O sargento Rafael Silva compete na Olimpíada

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Legenda da foto, Atletas civis tornam-se militares temporários, com patentebolao pixbetsargento e saláriobolao pixbetR$ 3,2 mil mensais

Antes das Olimpíadas, as Forças Armadas enviaram a várias redaçõesbolao pixbetjornais, revistas e portais brasileiros um kit com informações sobre cada atleta militar. Cada vitória é celebrada nas redes sociais das instituições.

Segundo Scalercio, os militares brasileiros - como osbolao pixbetvários outros países - hoje dão grande peso a estratégiasbolao pixbetrelações públicas.

Ele afirma que o campo ganhou importância a partir da Guerra do Golfo, nos anos 1990, quando os militares americanos "montaram um baita timebolao pixbetmarketing para o controle das informações".

Os militares brasileiros seguiram os passos dos americanos, diz o professor, e hoje têm "um pessoal bastante qualificado" dedicado ao tema. Muitos assessoresbolao pixbetimprensa do Exército serviram no Haiti, onde ajudavam a coordenar visitasbolao pixbetjornalistas para reportagens sobre a força da ONU chefiada pelo Brasil. Vários falam duas ou mais línguas.

Scalercio não vê problemas na ênfase ao setor. "Eles estão defendendo suas instituições, faz parte do que se esperabolao pixbetcorporações."

Militares temporários

Para participar do programa do Ministério da Defesa, os atletas devem passar por uma seleção e ter seu currículo e físico avaliados. São descartados os candidatos com "tatuagem aplicadabolao pixbetárea extensa do corpo, que possa vir a prejudicar os padrõesbolao pixbetapresentação pessoal e do usobolao pixbetuniformes exigidos nas instituições militares".

Aprovados, tornam-se militares temporários, com patentebolao pixbetterceiro sargento e saláriobolao pixbetR$ 3,2 mil mensais, alémbolao pixbetbenefícios da carreira e a possibilidadebolao pixbettreinarbolao pixbetinstalações militares.

Segundo as Forças Armadas, os atletas passam por um treinamento militar básico, o mesmo dado aos demais sargentos. A participação no programa pode durar oito anos.

Alguns atletas foram incorporados pouco tempo antes da Olimpíada - caso do ginasta Arthur Zanetti, prata na disputabolao pixbetargolas no Rio e que se tornou membro da Aeronáutica no mês passado. Na segunda, o técnicobolao pixbetZanetti, Marcos Goto, afirmou que os militares pegavam atletas "prontos" e defendeu que investissem tambémbolao pixbetcategoriasbolao pixbetbase.

Problemas estruturais

Mayra Aguiar segura medalhabolao pixbetbronze

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Legenda da foto, Especialista diz que patrocínio a atletas é uma das várias atividades das Forças Armadas que não se relacionam com a defesa nacional

Segundo Scalercio, o patrocínio a atletas profissionais é uma das várias atividades das Forças Armadas que não se relacionam com a defesa nacional, privilégiobolao pixbetum país que vivebolao pixbetpaz com os vizinhos e não enfrenta ameaças militares relevantes.

Ele afirma, no entanto, que as corporações têm "um problema estrutural" e são pouco coordenadas entre si - o que exemplifica ao citar que militares da Aeronáutica, Marinha e Exército usam fuzis diferentes.

O professor elogia o trabalho social das forças na Amazônia, onde, entre outras funções, participam do atendimento médico a comunidades ribeirinhas, e defende a ampliação desse papel.

"Deveria haver um debate sobre o tipobolao pixbetForças Armadasbolao pixbetque precisamos", defende.

'Fortalecer o esporte'

Após a publicação desta reportagem, o Ministério da Defesa enviou uma nota à BBC Brasil.

Segundo a pasta, "o Programa Atletasbolao pixbetAlto Rendimento da Pasta foi criado com o intuitobolao pixbetfortalecer o esporte nacional,bolao pixbetplanejamento com o Ministério do Esporte".

Foram pesquisados os exemplos das Forças Armadasbolao pixbetdiversos países, "principalmente China, Alemanha, Rússia, França e Itália, que possuem programa semelhante e são potências olímpicas", acrescenta o texto.

"Os atletas integram o Programabolao pixbetforma voluntária. Eles são militares e a profissão deles é ser atleta, assim como a Marinha, o Exército e a Aeronáutica têm médicos, advogados e dentistas. Em paralelo, podem continuar treinando e competindo conforme conveniênciabolao pixbetsuas modalidades e são chamados, periodicamente, a critériobolao pixbetcada Força, para uma reciclagembolao pixbetinstrução militar."

Segundo o ministério, há outros "objetivos diretos" no programa, "como o investimentobolao pixbetinstalações e equipamentos desportivos, com a contribuição do Ministério do Esporte, que ficam à disposição das Forças Armadas para o emprego da melhoria da capacitação físicabolao pixbetseus combatentes".