A teoria conspiratória que atribui às antenas HAARP inundações no Rio Grande do Sul:bonus estrela bet

Ela aponta que o Haarp, um projeto científico norte-americano que visa estudar os fenômenos físicos que ocorrem nas camadas superiores da atmosfera terrestre, seria o causador das chuvas incomuns no Estado gaúcho.

A teoria conspiratória afirma que o episódio teria sido causado por "gruposbonus estrela betgrande poder" com o objetivobonus estrela betcausar medo, confusão e indignação, e a partir da vulnerabilidade causada, instituir seus próprios interesses.

O Haarp também foi alvobonus estrela betteorias da conspiração no passado, que afirmavam que catástrofes como o terremoto no Haitibonus estrela bet2010 e o terremoto na Síria e na Turquiabonus estrela bet2023 teriam sido provocadas pelas antenas do projeto.

Os conspiracionistas alegam que até uma tempestadebonus estrela betneve no Estado americanobonus estrela betIowabonus estrela betjaneirobonus estrela bet2024 teria sido causada para influenciar nas eleições do país.

Tais alegações carecembonus estrela betevidências científicas.

Segundo cientistas consultados pela BBC News Brasil, o impacto e alcance das antenas usadas no projeto é limitado, atuabonus estrela betuma área específica da camada terrestre e não tem poderbonus estrela betcausar nenhuma grande mudança, sejabonus estrela bettemperatura, nívelbonus estrela betradiação ou incitar catástrofes ambientais.

O que é o Haarp e por que ele não pode causar desastres ambientais

O projeto Haarp tem um enfoque específico na ionosfera, a camada da atmosfera terrestre localizada entre 80 e 640 km acima da superfície da Terra.

Essa região serve como uma fronteira entre a atmosfera inferior, onde vivemos, e o espaço exterior.

"Não existe a chancebonus estrela betqualquer evento climático ser desencadeadobonus estrela betuma camada atmosférica tão elevada, já que nuvens e correntesbonus estrela betar são formadas na troposfera, ou no máximo na estratosfera, que são as camadas mais baixas, até cercabonus estrela bet20 kmbonus estrela betaltitude", explica Thiago Rangel, professorbonus estrela betFísica da Atmosfera do programabonus estrela betPós-Graduaçãobonus estrela betTecnologias Ambientais da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).

"As antenas Haarp não têm qualquer influência nos fenômenos meteorológicos, sejabonus estrela betmicro ou macro escala", acrescenta o especialista.

Antes gerenciado pela Força Aérea e a Marinha dos Estados Unidos, o Haarp passou a ser coordenado pela Universidade do Alascabonus estrela bet2014.

De acordo com o site oficial do programa, o projeto visa entender como as transmissõesbonus estrela betondasbonus estrela betrádio interagem com elétrons e íons livres na ionosfera, um conhecimento usado para aprimorar sistemasbonus estrela betcomunicação, como wi-fi, internet móvel para celulares e aplicativos baseadosbonus estrela betlocalização.

"Por ser um projeto que emite ondas na ionosfera, as pessoas tentam criar essa ligação, muito remota,bonus estrela betque seria possível influenciar o climabonus estrela betgrande escala", avalia Enio Pereirabonus estrela betSouza, professor da Unidade Acadêmicabonus estrela betCiências Atmosféricas da UFCG (Universidade Federalbonus estrela betCampina Grande).

"E é justamente assim que as teorias da conspiração são construídas: juntando elementos difusos e tentando dar sentido a eles", completa.

Localizada no Alasca, a base da pesquisa, consistebonus estrela betantenas transmissorasbonus estrela betalta potência e alta frequência chamadasbonus estrela betIRI (siglabonus estrela betinglês para Ionospheric Research Instrument, ou instrumentobonus estrela betpesquisa ionosférica).

Os transmissores são usados para enviar sinais para a ionosfera, temporariamente excitando uma área específica para observar o comportamento dessa camada da atmosfera ebonus estrela betinteração com ondasbonus estrela betrádio.

A direção do Haarp afirma que os estudos são essenciais para melhorar sistemasbonus estrela betcomunicação e vigilância para fins civis ebonus estrela betdefesa.

Além do transmissor, o Haarp também possui uma variedadebonus estrela betinstrumentos científicos sofisticados que podem observar e analisar os processos físicos que ocorrem na ionosfera quando excitada pelas IRI.

Por conta desses instrumentos, teorias da conspiração defendem que o Haarp seria capazbonus estrela betcontrolar placas tectônicas, temperatura atmosférica e até mesmo o nívelbonus estrela betradiação que passa pela camadabonus estrela betozônio.

Com tamanho controle, o projeto seria capaz, segundo essas teorias,bonus estrela betcausar desastres naturais, ser armabonus estrela betdestruiçãobonus estrela betmassa e até ser usado para controle mental pela capacidadebonus estrela betemitir ondasbonus estrela betalta frequência.

De acordo com Rangel, nada disso é possível por meio das antenas do Haarp, que têm uma ação limitada, apenas emitindo ondas na camada da ionosfera e não interferindo nas áreas citadas pelos conspiracionistas.

As informações oficiais do projeto explicam que o Haarp é basicamente um grande transmissorbonus estrela betrádio.

"As ondasbonus estrela betrádio interagem com cargas e correntes elétricas, e não interagem significativamente com a troposfera. As ondasbonus estrela betrádio nas faixasbonus estrela betfrequência que o Haarp transmite não são absorvidas nem na troposfera nem na estratosfera – os dois níveis da atmosfera que produzem o clima da Terra. Como não há interação, não há como controlar o clima", diz o site do projeto.

"Além disso, se as tempestades ionosféricas causadas pelo próprio Sol não afetam o clima da superfície, não há hipótesebonus estrela betque o Haarp também o possa fazer."

Nas redes sociais, perfis chamam a tragédia climática no Rio Grande do Sulbonus estrela bet"calamidade planejada" e apontam, entre outras supostas evidências, um padrão anormal das nuvens.

Souza caracteriza as imagens vistas no céu como estratocúmulos, que são nuvens que combinam características das nuvens estrato (nuvens baixas, horizontais e uniformes) e cúmulo (nuvens brancas, fofas e comumente associadas a tempo ameno).

Essas nuvens são comuns e podem indicar diferentes condições meteorológicas, desde tempo cinzento até tempestades, dependendo da altitude e da temperatura.

"Inclusive hoje,bonus estrela betCampina Grande, o céu estava parecido", comenta o professor da UFCG.

A razão das inundações no Rio Grande do Sul

Meteorologistas ouvidos pela reportagem da BBC News Brasil explicam que as chuvas intensas registradas no Rio Grande do Sul nos últimos dias são consequênciabonus estrela betuma combinaçãobonus estrela bettrês fatores principais:

"Essa massabonus estrela betar quente sobre a área central do país bloqueou a frente fria que está na região Sul, impedindo-abonus estrela betavançar e se espalhar para outras localidades. A junção desses fatores faz com que essa instabilidade fique sobre o Estado, causando chuvas intensas e continuas", explica Dayse Moraes, meteorologista do Inmet.

Aliado a isso, o período entre o finalbonus estrela betabril e o iníciobonus estrela betmaiobonus estrela bet2024 ainda tem influência do fenômeno El Niño, que é responsável por aquecer as águas do oceano Pacífico, contribuindo para que áreasbonus estrela betinstabilidade fiquem sobre o Estado.

"Esse aquecimento do oceano gera uma regiãobonus estrela betalta pressão sobre o centro do Brasil (Sudeste e Centro-oeste), o que inibe a formaçãobonus estrela betnuvens e chuvas e,bonus estrela betcasos mais intensos, resultabonus estrela betepisódiosbonus estrela betcalor extremo", explica o professor Thiago Rangel.

Nas regiões citadas por ele, as temperaturas estão cercabonus estrela bet5°C acima da média neste outono.

"Ao mesmo tempo, uma correntebonus estrela betar quente e úmido, proveniente da Amazônia, conhecida como ‘Zonabonus estrela betConvergência do Atlântico Sul (ZCAS’) e popularmente chamadabonus estrela bet‘rios voadoresbonus estrela betumidade’, se encontra com frentes frias vindas do sul do continente. Isso provoca a rápida ascensão do ar quente e úmido para as camadas mais altas da atmosfera, desencadeando precipitações intensas."

"Devido ao bloqueio atmosférico sobre o centro do país, a frente fria não consegue avançar e fica estacionada na região Sul do Brasil, formando o que é conhecido como frente oclusa. Essa combinação é propícia para chuvasbonus estrela betalta intensidade, com duração prolongadabonus estrela betmaisbonus estrela betdois dias", complementa.

Essa combinaçãobonus estrela betdiversos fatoresbonus estrela betuma única vez é considerada rara pelos especialistas.

"O que faz um evento ser muito intenso é o que nós chamamosbonus estrela bettempestade perfeita. Separadamente, esses eventos causaram uma chuva normal. Quando acontecembonus estrela betcombinação, o volume é muito grande. E outro aspecto importante é como as cidades afetadas estão preparadas para lidar com aquilo", afirma Enio Pereirabonus estrela betSouza.