A estratégia do Brasil por resolução sobre Israel-Gaza no fimpix bet classicmandato do Conselhopix bet classicSegurança:pix bet classic

Crédito, EVARISTO SA/AFP via Getty Images

Legenda da foto, Mauro Vieira e Lula têm tentado articular a aprovaçãopix bet classicresolução

O conflito mais recente entre Israel e o Hamas eclodiu no dia 7pix bet classicoutubro, depois que integrantes do grupo palestino iniciaram uma sériepix bet classicataques a alvos civis e militares israelenses.

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Os ataques foram condenados por dezenaspix bet classicpaíses da comunidade internacional. Eles aconteceram na primeira semana da presidência brasileira junto ao Conselhopix bet classicSegurança.

Desde então, o governopix bet classicIsrael deu início a uma resposta militar com bombardeios praticamente diários a alvos na Faixapix bet classicGaza,pix bet classiconde partiu o ataque liderado pelo Hamas. A intensidade dos ataques também vem sendo alvopix bet classiccríticas internacionais.

O Conselhopix bet classicSegurança é formado por 15 países, sendo 10 membros rotativos e cinco permanentes com poderpix bet classicveto: Rússia, Estados Unidos, França, Inglaterra e China. Eles formam o chamado P5. Os demais, são chamadospix bet classicP10.

Para qualquer proposta ser aprovada no Conselhopix bet classicSegurança da ONU, ela precisapix bet classicpelo menos nove votos dos 15 países membros do órgão.

Também não pode ter nenhum veto. Apenas os membros permanentes do grupo têm direito a veto.

Crédito, JUSTIN LANE/EPA-EFE/REX/Shutterstock

Legenda da foto, Presidência brasileira do Conselhopix bet classicSegurança da ONU termina nesta terça-feira (31/10)
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A primeira propostapix bet classicresolução sobre o atual conflito foi feita pela Rússia, mas recebeu os votos contráriospix bet classictrês dos cinco membros permanentes: Estados Unidos, Reino Unido e França.

A segunda proposta, feita pelo Brasil, também não foi aprovada. Daquela vez, os Estados Unidos foram o único país do chamado P5 a vetar o texto.

Daquela vez, a justificativa americana foi apix bet classicque o texto proposto pelos brasileiros não mencionava o direito à autodefesa do Estadopix bet classicIsrael.

"Israel tem o direito inerente à autodefesa", disse a representante dos EUA na ONU, a embaixadora Linda Thomas-Greenfield.

Na semana passada, outras duas propostas foram rejeitadas: uma apresentada pela Rússia e outra pelos Estados Unidos.

A estimativa épix bet classicque pelo menos 1,4 mil israelenses morreram vítimas do ataque do Hamas. Segundo o governo do país, há pelo menos outras 200 pessoas mantidas como reféns pelo grupo.

Do outro lado, segundo o Ministério da Saúde da Faixapix bet classicGaza, pelo menos sete mil palestinos já morreram vítimas dos ataques conduzidos por Israel. O governo na Faixapix bet classicGaza é controlado pelo Hamas.

Em meio a esse impasse, a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, disse, na semana passada, que o atual conflito na região já foi responsável pelo deslocamentopix bet classicpelo menos 1,4 milhãopix bet classicpessoas na Faixapix bet classicGaza. Desse total, 600 mil estariampix bet classicabrigos ou instalações fornecidas pela agência.

Esse deslocamento aconteceu após Israel alertar a população palestina a se dirigir ao sul da região por conta das ações militares que seriam realizadas na parte norte. As entradas e saídas da Faixapix bet classicGaza estão fechadas.

A ONU e organizações internacionais vêm alertando para o riscopix bet classicdesabastecimentopix bet classicágua, alimentos, remédios e outros produtos.

A estratégia brasileira

Para tentar driblar o impasse existente entre Estados Unidos,pix bet classicum lado, Rússia e China,pix bet classicoutro, o Brasil se juntou a outros três membros não-permanentes do Conselhopix bet classicSegurança para desenhar uma resolução.

Os três membros mais próximos do Brasil nesse esforço, segundo a diplomacia brasileira, são Suíça, Emirados Árabes Unidos e Malta, que é porta-voz do chamado P-10, grupo dos membros não-permanentes do Conselhopix bet classicSegurança.

Nos últimos dias, diplomatas brasileiros mantiveram reuniões a portas fechadas com representantes destes países para trabalhar o texto.

Diplomatas brasileiros afirmaram à BBC News Brasil que os negociadores do Conselho se debruçam sobre pontos principais: menções ao direitopix bet classicautodefesapix bet classicIsrael; e um eventual cessar-fogo na região.

Os dois pontos são considerados polêmicos porque têm influência direta sobre os rumos do conflito.

Um diplomata brasileiro disse à BBC News Brasil que há a preocupaçãopix bet classicque uma menção na resolução ao direitopix bet classicautodefesa israelense poderia ser usada como justificativa para uma intensificação das açõespix bet classicIsrael na Faixapix bet classicGaza.

Por outro lado, também haveria preocupação entre os norte-americanos e outros aliadospix bet classicIsrael sobre os efeitos que um eventual cessar-fogo poderia ter. O temor épix bet classicque o Hamas poderia aproveitar a pausa para se reorganizar e voltar a lançar ataques a Israel.

Os termos exatos para "driblar" esse impasse, segundo diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil, ainda não foram encontrados.

A estratégia é que o texto desenhado por esses quatro países tenha a maioria ou todos os votos do P-10. Isso, avaliam os diplomatas brasileiros, poderia pressionar os membros permanentes a reconsiderar um possível novo veto ao texto.

A expectativa épix bet classicque um rascunho fique pronto nesta terça-feira (31/10), último dia da presidência brasileira. Depois disso, o texto poderia ser levado à votação do Conselho.

Diplomatas brasileiros afirmam que a estratégia brasileira se dividiupix bet classictrês frentes.

O principal objetivo, até o momento, é criar uma espéciepix bet classicpausa no conflito para que a população palestina que vive na Faixapix bet classicGaza possa receber ajuda humanitária, principalmente, pela fronteira da área com o Egito.

Uma dessas frentes é conduzida pelo presidente Lula, que vem mantendo conversas com líderespix bet classicdiversos países desde o início da crise.

Entre esses líderes estão o presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Outra frente é conduzida pelo assessor especial para Assuntos Internacionais, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. Nos últimos dias, ele teria tido encontros e conversas com assessores e lideranças diplomáticaspix bet classicdiversos países para avaliar o cenário.

A terceira frente, considerada mais ampla, é a liderada pelo Itamaraty, que vem, sob orientação do governo, tentando negociar um texto que possa ser aprovado pelo conselho. Essa frente é liderada pelo chanceler Mauro Vieira e pelo representante brasileiro na ONU, o embaixador Sérgio Danese.

Na segunda-feira (30/10), Mauro Vieira teve uma conversa telefônica com o secretáriopix bet classicEstado americano, Anthony Blinkenpix bet classicque conversaram sobre as negociaçõespix bet classiccurso no Conselhopix bet classicSegurança da ONU. Uma fonte ouvida pela BBC News Brasilpix bet classiccaráter reservado afirmou que a ligação partiu do ministro brasileiro.

Crédito, REUTERS/Amir Cohen

Legenda da foto, Tanques israelenses na Faixapix bet classicGazapix bet classicfotopix bet classicsegunda-feira (30/10)

Conflito Árabe-Israelense e o Brasil na presidência do Conselho

A dificuldadepix bet classicobter um texto que agrade a todos os membros permanentes do Conselhopix bet classicSegurança foi mencionada por Mauro Vieira nesta segunda-feira, durante reunião do colegiado, e também por especialistaspix bet classicRelações Internacionais ouvidos pela BBC News Brasil.

"Desde 2016, o Conselho não foi capazpix bet classicaprovar uma única resolução sobre a situação na Palestina. A situação no Oriente Médio é, portanto,pix bet classiclonge, uma das situações mais bloqueadas no Conselhopix bet classicSegurança [...] Isso mostra a ineficiência do sistemapix bet classicgovernança e da faltapix bet classicrepresentatividadepix bet classiccertas partes do mundo nesse grupo", disse Vieira.

Para o professorpix bet classicRelações Internacionais da Universidade Federalpix bet classicMinas Gerais (UFMG) Dawisson Belém Lopes, um dos elementos que torna a chegada a uma resolução sobre o conflito tão difícil é o que ele classificou como nova "bipolarização" da ordem internacional.

Essa polarização se daria entre um grupopix bet classicpaíses liderados pelos Estados Unidos e Europa Ocidental,pix bet classicum lado, e Rússia, China e nações sob suas influências,pix bet classicoutro.

"Alguns analistas afirmam que há, hoje, uma bipolarização 2.0 (menção à ordem bipolar que vigorou entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria). Nesse contexto, torna-se mais difícil tomar qualquer decisão, especialmente aquelas que tocam os interesses das superpotências porque prevalece o que chamamospix bet classicjogopix bet classicsoma zero: se um lado ganha, o outro perde", disse o professor à BBC News Brasil.

"Esse conflitopix bet classicespecial opõe interesses vitais e visõespix bet classicmundo antagônicas dos membros permanentes do Conselhopix bet classicSegurançapix bet classicforma que a linguagem da resolução, para que passe, precisa ser eficaz para a realidade do terreno sem ferir suscetibilidades dos membros permanentes", disse à BBC News Brasil a professora da Escola Superiorpix bet classicGuerra do Ministério da Defesa, Mariana Kalil.

Os dois especialistas avaliam que, considerando as características da presidência rotativa do Conselhopix bet classicSegurança e a forma como o órgão é estruturado, seria incorreto atribuir responsabilidades ao Brasil pela demora para que uma resolução sobre o conflito seja obtida.

"De forma alguma seria possível estabelecer uma relação entre o papel do Brasil como presidente do Conselhopix bet classicSegurança e a dificuldadepix bet classicaprovaçãopix bet classicuma resolução sobre o conflito", disse Mariana Kalil.

Segundo ela, neste período, o Brasil chegou a conseguir um consenso entre membros do chamado P3 (grupo formado por Estados Unidos, Reino Unido e França) e Rússia e China.

Isso aconteceu durante a votação da resolução proposta pelo Brasil que obteve votos favoráveis da França, Rússia e China e a abstenção do Reino Unido. A abstenção do Reino Unidopix bet classicum contextopix bet classicque ele poderia exercer o poderpix bet classicveto é vista como uma posiçãopix bet classicapoio à resolução.

"Unanimidade, diantepix bet classicum caso como o referido, é, na prática, altamente improvável", disse a professora.

Para Dawisson Lopes, simples fatopix bet classicpresidir o conselho não seria suficiente para que o Brasil conseguisse um consenso sobre o conflito entre os membros do Conselhopix bet classicSegurança.

"A presidência do Conselho é uma posição quase procedimental. O país que assume o comando praticamente só organiza os trabalhos do grupo. Ela tem um quêpix bet classiccerimonial, mas o Brasil não tem capacidade efetiva de, durante um mês, impor uma agenda ou fabricar consensos", disse o professor.