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Por que palestinos seguram chaves na Nakba, quando lamentam criaçãocnc pokerIsrael:cnc poker
É o que os árabes chamamcnc pokerNakba ou "catástrofe", que é lembradacnc poker15cnc pokermaiocnc pokermanifestações onde as chaves têm papel preponderante.
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Fim do Matérias recomendadas
Os palestinos que vivem nos territórios que se tornaram Israel acusam soldados israelenses e milícias sionistascnc pokerexpulsá-los. Eles nunca foram autorizados a voltar.
Oficialmente, porém, as autoridades israelenses defenderam então que foram os países árabes que pediram aos palestinos que deixassem suas terras e lares para não sofrerem as consequências da guerra quando invadissem o recém-nascido Estadocnc pokerIsrael.
Hoje a ONU reconhece maiscnc poker5,9 milhõescnc pokerrefugiados palestinos, muitos dos quais vivemcnc pokeracampamentos na Jordânia, Gaza, Cisjordânia, Síria, Líbano e Jerusalém Oriental.
“Havia muito medo entre as comunidades palestinas, muitos fugiram com o que podiam carregar e levaram, claro, as chaves. Fecharam suas casas pensando que, quando a violência diminuísse, poderiam voltar para elas e retomar suas vidas ", conta Shomali.
Mas isso nunca aconteceu.
Em muitos casos, também não havia para onde voltar, como foi o casocnc pokerAl-Birwa, cidade natalcnc pokerMahmud Darwish, o grande poeta palestino.
Quando os soldados israelenses chegaram,cnc poker11cnc pokerjunho, cercacnc poker1.500 pessoas viviamcnc pokerAl-Birwa, a cercacnc poker10 quilômetroscnc pokerAcre. Hoje apenas o que antes era a escola permanececnc pokerpé.
"No diacnc pokerque os soldados apareceram, meus pais pegaram algumascnc pokersuas coisas e foram para uma cidade próxima, onde passaram vários dias sob algumas oliveiras com meus avós e meus dois irmãos mais velhos", disse à BBC Mundocnc pokersua casacnc pokerYudeidi al Makr, na Galiléia, Mohamed Kayyal, cuja família também teve que fugircnc pokerAl-Birwa.
Seus pais, Abdul Razik e Amina, tinham grandes extensõescnc pokerterra, onde plantavam árvores frutíferas, oliveiras e outras plantas.
“Eles levavam uma vida boa, não lhes faltava nada”, diz Kayyal, jornalista e tradutor, que lembra que iam com frequência a Haifa para ir ao cinema ou a showscnc pokerestrelas árabes do momento, como Umm Kulzum ou Mohamed Abdel Wahab.
Essa vidacnc pokerconforto acabou da noite para o dia. Apenas 50 pessoas permaneceramcnc pokerAl-Birwa, abrigadas na igreja da aldeia com o pároco, diz Kayyal. Dias depois, eles também foram expulsos após confrontos violentos.
A família Kayyal inicioucnc pokerperegrinação pelas aldeias vizinhas, onde foi acolhida, ao longo dos anos, primeiro por uma família drusa, depois por uma família cristã e, finalmente, por uma família muçulmana.
Abdul Razek começou a trabalhar numa fábrica, como diarista e guarda noturno, com o que conseguiu poupar para comprar um pequeno terrenocnc pokerYudeidi, a cercacnc poker2 quilômetros dacnc pokercidade natal, e construir um quarto para vivercnc pokerforma independente.
Mohamed nasceu e viveu lá por seus 67 anos, embora, como tantos outros palestinos, se lhe perguntassemcnc pokeronde ele é, sempre responderia "de Al-Birwa".
"Meus pais nunca perderam a esperançacnc pokerpoder voltar para Al-Birwa, embora nunca mais tenham posto os pés emcnc pokeraldeia", diz Kayyal, com amargura.
Quando eles morreram, seus restos mortais não puderam descansar na terra onde nasceram. Os cemitérios da cidade foram profanados e ninguém mais foi enterrado lá depoiscnc poker1948, nem mesmo seu vizinho mais famoso, Mahmud Darwish, enterradocnc pokerRamallah.
As históriascnc pokerDarwish oucnc pokerKayyal são algumas das centenascnc pokermilharescnc pokerhistóriascnc pokerexílio que teceram a consciência nacional palestina.
"Os palestinos sabem que muitas dessas aldeias e casas não existem mais", explica o historiador palestino-americano Rashid Khalidi, "mas a chave continua sendo um símbolo do desejocnc pokerretornar à Palestina", explica elecnc pokerseu escritório na Universidadecnc pokerColumbia (EUA), onde ele leciona Estudos Árabes Modernos.
Como Al-Birwa, cercacnc poker400 municípios palestinos foram impactados.
Segundo o professor Khalidi, quando os combates começaram, no finalcnc poker1947 (depois que a ONU anunciou seu planocnc pokerpartilha da Palestina, que dividia o territóriocnc pokerdois Estados, um judeu e outro árabe) e até a proclamação do Estadocnc pokerIsraelcnc poker14cnc pokermaiocnc poker1948, "cercacnc poker300 mil palestinos foram expulsoscnc pokersuas casas por milícias sionistas".
Após o início da guerra, "o exército israelense iniciou uma expulsão mais sistemática dos palestinos" e outros 450 mil foram forçados a abandonar suas casas e terras, diz Khalidi, autorcnc poker"Palestina, Cem Anoscnc pokerColonialismo e Resistência".
Os números são aproximados, mas acredita-se que 80% dos palestinos tenham sofrido expulsão, segundo dadoscnc pokerorganismos internacionais como a ONU, explica Lubnah Shomali.
Aqueles que tentaram retornar foram recebidos com tiros, presos ou forçados a voltar ao exílio porque foram rotuladoscnc poker"infiltrados".
"Somente aqueles que ficaram para trás e foram registrados por Israelcnc pokerseu primeiro censo foram considerados cidadãos israelenses. Todos os outros foram declarados ausentes e tiveram suas propriedades confiscadas, mesmo que estivessem, por exemplo,cnc pokerJerusalém Oriental ecnc pokercasa tivesse apenas alguns poucos metros na outra parte da cidade", explica Khalidi.
Em alguns lugares onde a população resistiu, os historiadores documentaram massacres como ocnc pokerDeir Yassin, onde uma centenacnc pokerpalestinos foram mortos, ou ocnc pokerTantura, logo após o início da guerra, onde algumas testemunhas dizem que até 200 homens desarmados foram assassinados e que foi protagonistacnc pokerum recente documentário israelense.
Em 1948, apenas um terço da população do Mandato Britânico da Palestina era judia, cercacnc poker600 mil pessoas, segundo um consenso entre historiadores.
Mas essa comunidade, diz o professorcnc pokerColumbia, "possuía apenas cercacnc poker6%, 7% das terras, que também não estavamcnc pokermãos privadas, mas principalmente nascnc pokerorganizações sionistas como o Fundo Nacional Judaico ou a Agênciacnc pokerColonização Judaica , enquanto a grande maioria das terras pertencia ao estado ou a proprietários árabes".
"As expulsões não foram um evento aleatório da guerra, mas uma política sistemática. Você não pode transformar um paíscnc pokermaioria árabecnc pokerum estado judeu sem mudar a demografia. Os líderes sionistas entenderam desde a décadacnc poker1930 que não era possível criar uma maioria judaica simplesmente pela imigração, eles teriam que transferir os árabes", diz Khalidi, que também é co-editor da prestigiada revista acadêmica "Journal of Palestine Studies".
Os primeiros governantes israelenses, entretanto, contaram uma história muito diferente.
"A narrativa que se consolidoucnc pokerIsrael na décadacnc poker1950 e na qual muitos judeus no mundo ainda acreditam hoje é que Israel não teve responsabilidade pela fuga dos palestinos, que (a fuga) foi voluntária ou por ordem dos árabes e que, na verdade , os israelenses fizeram todo o possível para que os árabes não saíssem", explica Derek Penslar, professorcnc pokerHistória Judaica da Universidadecnc pokerHarvard (EUA), à BBC Mundo.
Hoje, a visão entre os historiadores mudou.
"Há um consenso entre os historiadores israelenses, sejacnc pokeresquerda oucnc pokerdireita,cnc pokerque os palestinos não saíram por vontade própria,cnc pokerque houve casos claroscnc pokerexpulsões, como as que ocorreram (nas cidades)cnc pokerRamla e Lod, ecnc pokertermoscnc pokernúmeros, 750 mil (foram deslocados)", diz Penslar, autorcnc pokerobras como "As origenscnc pokerIsrael 1882-1948: uma história documental".
Algo que os pesquisadores israelenses discordam, no entanto, são as alternativas para essas expulsões. "O debate hoje é o que os israelenses poderiam ter feito, se um estado judeu com aqueles 750 mil árabes era viável ou não", acrescenta Penslar.
O drama não terminoucnc poker1948.
Após a Guerra dos Seis Diascnc poker1967, outras 300 mil pessoas foram deslocadas, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA).
Milharescnc pokerpalestinos que estavam no exterior naqueles dias trabalhando, visitando parentes ou estudando, como aconteceu com o maridocnc pokerLubnah Shomali, descobriram que não podiam voltar para casa.
“Eles se tornaram refugiadoscnc pokerfato”, explica a ativista da Badil.
Desde então, Israel permitiu a construçãocnc poker140 assentamentos nos territórios palestinos, onde vivem cercacnc poker600 mil judeus e que são considerados ilegais pela comunidade internacional.
O direitocnc pokerretorno desses deslocados, ratificado pela resolução 194 das Nações Unidas, aprovadacnc poker11cnc pokerdezembrocnc poker1948, é uma das principais reivindicações dos palestinos ecnc pokerseus líderes.
Essa resolução diz que "os refugiados que desejam voltar para suas casas e vivercnc pokerpaz com seus vizinhos devem ser autorizados a fazê-lo o mais rápido possível". Também afirma que "aqueles que decidirem não retornar" devem ser indenizados por seus bens.
Sucessivos governos israelenses têm considerado que a Resolução 194 da ONU não reconhece um "direito" específico para os palestinos retornarem, mas recomenda que os refugiados "devem ter permissão" para retornar.
"Nem sob as convenções internacionais, nem sob as principais resoluções da ONU, nem sob os acordos relevantes entre as partes, os refugiados palestinos têm o direitocnc pokerretornar a Israel", pode ser lido no site oficial do Ministério das Relações Exteriorescnc pokerIsrael.
"A narrativa do governo na décadacnc poker1950 era que os árabes começaram a guerra e, portanto, tiveram que arcar com as consequências, e essa é uma narrativa que existe até hoje", diz Derek Penslar.
Isso, logicamente, tornou-se um dos principais obstáculos na buscacnc pokeruma saída para o conflito árabe-israelense.
Israel, com uma populaçãocnc pokerpouco maiscnc poker9 milhõescnc pokerpessoas, afirma que não pode permitir o retornocnc pokermaiscnc poker5 milhõescnc pokerrefugiados porque isso significaria o fimcnc pokersua existência como Estado judeu.
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