Nunes, Boulos ou Marçal na frente? Por que pesquisaspix pokerstarsSão Paulo dão cenários diferentes:pix pokerstars

Já as pesquisas da Quaest têm mostrado um cenário mais competitivo, com os três concorrentes empatados dentro da margempix pokerstarserropix pokerstarstrês pontos percentuais: o levantamento mais recente, divulgado na quarta-feira (18/9), trouxe Nunes com 24%, Boulos com 23% e Marçal com 20%.

A pesquisa Atlas, porpix pokerstarsvez, traz outro cenário. No último levantamento, da semana passada, Boulos lidera com 28%, mas tem Marçal logo atrás (24,4%), empatado dentro da margempix pokerstarserropix pokerstarsdois pontos percentuais. Enquanto Nunes, que aparece na frente nos outros institutos, ficapix pokerstarsterceiro, com 20,1%.

Para o estatístico Raphael Nishimura, diretorpix pokerstarsamostragem do Survey Research Center, da Universidadepix pokerstarsMichigan, não é possível saber qual pesquisa captou melhor a intençãopix pokerstarsvoto dos eleitores.

Os diferentes resultados, porém, têm uma explicação, afirma ele: cada instituto adota uma metodologia própriapix pokerstarsrealização da pesquisa, o que contribui para essa variedadepix pokerstarsresultados.

Datafolha e Quaest fazem pesquisas presenciais, sendo que o primeiro aborda pessoas nas ruas, enquanto o segundo faz visitas domiciliares.

Já a Atlas faz pesquisas online,pix pokerstarsque o internauta é convidado a responder ao questionário durantepix pokerstarsnavegação, a partirpix pokerstarsanúnciospix pokerstarsdiferentes sites e redes sociais.

Nishimura ressalta que os números dos três institutos não estão tão díspares como uma leitura mais leiga possa sugerir, pois alguns dos resultados convergem dentro das margenspix pokerstarserro.

Ainda assim, algumas discrepâncias chamam atenção, como o melhor desempenhopix pokerstarsNunespix pokerstarsduas pesquisas (Datafolha e Quaest) e seu terceiro lugarpix pokerstarsoutra (Atlas).

Para o estatístico, isso pode ser explicado pelas diferenças metodológicas.

"Cada tipopix pokerstarslevantamento tem vantagens e desvantagens. Eu não diria que tem uma forma que é melhor ou pior que a outra", ressalta.

No caso da pesquisa online, explica, existe a restriçãopix pokerstarsnão conseguir captar o voto do eleitor que não acessa internet – hoje uma minoria – ou daqueles que não são usuários frequentes.

Por outro lado, diz, a pesquisa domiciliar pode não conseguir acessar residênciaspix pokerstarsalto padrão, que,pix pokerstarsgeral, têm maior esquemapix pokerstarssegurança.

"Outro fator importante é que as pesquisas online, que recrutam o entrevistado por meiopix pokerstarsanúncios, tendem a atrair pessoas mais engajadas politicamente. Isso pode explicar por que Boulos e Marçal, candidatos mais ideológicos, aparecem na frente", analisa.

Por outro lado, nota Nishimura, a teoria do "voto envergonhado", pode ser outra explicação para o desempenho melhor desses dois concorrentes na pesquisa Atlas.

"Segundo essa teoria, que ganhou forçapix pokerstars2016, na primeira eleição do Donald Trump nos Estados Unidos, epix pokerstars2018, na eleição vencida por Jair Bolsonaro no Brasil, alguns eleitores tendem a não responderpix pokerstarsforma honesta as pesquisas presenciais, como Datafolha e Quaest, quando seus candidatos são vistos como mais polêmicos", afirma.

"Já na pesquisa online,pix pokerstarsque não há um entrevistador, não ocorreria esse fenômeno. Mas, embora essa teoria seja muita citada, não existem evidências empíricas consistentes que apontem esse tipopix pokerstarsefeito", nota ainda Nishimura.

O especialista ressalta, ainda, que pesquisas eleitorais são um retrato do momento, o que significa que as intençõespix pokerstarsvoto podem mudar até a eleição, no dia 6pix pokerstarsoutubro.

Ou seja, o fatopix pokerstarso resultado do pleito vir mais próximopix pokerstarsuma ou outra pesquisa realizada semanas antes, não significa que esse levantamento estaria correto e os outros errados.

Para Nishimura, o melhor elemento para avaliar a qualidadepix pokerstarsum instituto é o quão transparente ele é sobrepix pokerstarsmetodologia, pois isso permite aos especialistas analisar as vantagens e desvantagens do método.

"Já institutos que não são transparentes,pix pokerstarsgeral, estão tentando esconder alguma falha", avalia.

Seja qual for o métodopix pokerstarspesquisa, nota Nishimura, um bom levantamento precisa seguir princípios básicos, como formar uma amostra do universo pesquisado que reflita características relevantes da população.

Isso porque uma pesquisa eleitoral entrevista um pequeno grupo,pix pokerstarspoucas milharespix pokerstarspessoas, que deve servirpix pokerstarstermômetro da intençãopix pokerstarstodo o eleitorado.

Em uma amostra da cidadepix pokerstarsSão Paulo, por exemplo, os perfis dos entrevistados procuram seguir a distribuição da população da cidade, ouvindo pessoaspix pokerstarsdiferentes idades, rendas, religiões, sexo e escolaridades.

Para isso, o Datafolha, por exemplo, colhe entrevistaspix pokerstarsdiferentes pontospix pokerstarsfluxo da capital, tantopix pokerstarsáreaspix pokerstarsmaior renda per capita, comopix pokerstarsregiões periféricas.

Já a Atlas,pix pokerstarsseu método online, identifica a região do respondente por tecnologiapix pokerstarsgeolocalização.

Além disso, limita a respostapix pokerstarscada questionário ao IP (endereçopix pokerstarsconexão do dispositivo usado, seja computador ou celular) do usuário que abriu o anúncio da pesquisa, impedindo que esse link seja repassado para outras pessoas responderem.

Esse mecanismo impede que apoiadorespix pokerstarsdeterminado concorrente tentem favorecer seu candidato no levantamento.

Agora, mesmo que a amostra esteja bem-feita, não é possível garantir que o seu resultado é um retrato exato da intençãopix pokerstarsvotopix pokerstarsdeterminada cidade, apontam especialistas.

Na verdade, se forem retiradas diferentes amostraspix pokerstarsum mesmo universo, ainda que com as mesmas composições sócio-demográficas, seus resultados podem variar.

É por isso que toda pesquisa possui uma margempix pokerstarserro e um nívelpix pokerstarsconfiança que indicam qual o graupix pokerstarsprecisão do resultado da pesquisa.

O que dizem os institutos?

Felipe Nunes, sócio-fundador da Quaest, não considera que as pesquisaspix pokerstarsSão Paulo tragam resultados divergentes.

Considerando as margenspix pokerstarserro da pesquisa, ele diz que todos os levantamentos mostrampix pokerstarsforma clara que há um cenáriopix pokerstarsforte competição entre Ricardo Nunes, Boulos, e Marçal.

"Cada um tem um pedaço da cidade nesse momento, por isso o cenáriopix pokerstarsindefinição. O Ricardo Nunes [está] se transformando no candidato mais forte na direita e centro-direita, mas perdendo espaço dentro do bolsonarismo", afirma.

"O Marçal [está] ganhando espaço na direita bolsonarista e num pedaço da juventude. E o Guilherme Boulos [está] se mantendo competitivo pela força que a esquerda, não necessariamente o voto Lula como um todo, mas que a esquerda tem na cidade", continua.

Para Andrei Roman, CEO do instituto AtlasIntel, um fator que está contribuindo para os diferentes cenários captados nas pesquisaspix pokerstarsSão Paulo é a forte disputa pelo eleitorado bolsonarista entre Nunes – apoiado oficialmente por Bolsonaro – e Marçal, candidato que tem atraído parte relevante desse eleitorado com um discurso agressivo e radical.

"Os cenários captados nas pesquisas são um fluxo. O eleitorado bolsonarista tem funcionado como um pêndulo, ora se direcionando mais a Marçal, ora a Nunes, a depender dos desdobramentos da campanha, como as declaraçõespix pokerstarsBolsonaro, que começou atacando Marçal e depois recuou", analisa.

Já no campo da esquerda, Roman vê Boulos como o candidato mais consolidado, o que, napix pokerstarsvisão, explica o candidato aparecer na liderança da pesquisa Atlas.

"O setorpix pokerstarsesquerda é bastante amplopix pokerstarsSão Paulo e Boulos aparece como o principal candidato desse campo. Tabata [Amaral, do PSB] está,pix pokerstarsalguma forma, na centro-esquerda, mas surfa maispix pokerstarsparte do antigo eleitorado tucano [grupo que votava no PSDB]", nota Roman.

Apesarpix pokerstarspontuar o cenário confuso da disputa, principalmente no campo bolsonarista, ele considera que os resultados divergentes dos levantamentos indicam algo "estranho".

"Existe apenas uma verdadepix pokerstarsrelação à intençãopix pokerstarsvoto dos eleitorespix pokerstarsSão Paulo. As pesquisas tentam medir essa mesma realidade. Então, não dá para dizer que todas as pesquisas são boas e que esses resultados diferentes não têm nadapix pokerstarsestranho", afirma.

"Se as pesquisas estão diferentes, é porque uma delas ou todas estão enxergando um cenário diferente do que é o real. Talvez uma tenha razão, talvez nenhuma, a gente não sabe ainda", continua.

Roman ressalta que é "especulativo" tentar entender qual pesquisa está mais perto da intençãopix pokerstarsvoto hoje.

"Vamos saber, no máximo, qual pesquisa [realizada na véspera da eleição] vai se aproximarpix pokerstarsum resultado final", nota ele.

Comparar o resultadopix pokerstarspesquisas realizadas nas vésperas da eleição com o resultado do pleito tem sido um método usado para avaliar o desempenho dos institutos.

Para Nishimura, porém, mesmo pesquisas bem-feitas realizadas perto do pleito podem divergir do resultado da eleição.

"É comum que ocorram mudanças na intençãopix pokerstarsvoto na reta final da eleição. Alguns eleitores podem mudar seu voto no dia do pleito, por exemplo, se veem que seu candidato preferido é pouco competitivo. É o chamado voto útil", explica.

Segundo a diretora do Datafolha, Luciana Chong, pesquisas mostram que "o eleitor tem, cada vez mais, deixado para definir seu voto na última hora".

"Quando realizamos pesquisaspix pokerstarssegundo turno, nós perguntamos quando o eleitor definiu seu voto no primeiro turno, e uma parcela importante diz que decidiu na véspera ou no dia da eleição", disse à reportagem.

Ela nota, ainda, que o período da campanha eleitoral hoje é curto no Brasil – neste ano, vaipix pokerstars30pix pokerstarsagosto a 5pix pokerstarsoutubro, um dia antes do pleito. "E as pessoas vão se envolvendo mais, conforme vai chegando mais perto", ressalta.

Outro fator que pode levar a resultados diferentes do projetado é a abstenção, acrescenta, Nishimura. Embora o voto seja obrigatório no Brasil, deixarpix pokerstarscomparecer às urnas implica apenaspix pokerstarsuma multapix pokerstarsbaixo valor.

"As pesquisas brasileiras ainda não conseguem medir bem qual o eleitor quepix pokerstarsfato vai às urnas. O nívelpix pokerstarsabstenção pode impactar no resultado da votação [caso o eleitoradopix pokerstarsum determinado candidato compareça mais que opix pokerstarsoutro]", afirma.

Agregadorespix pokerstarspesquisa são solução?

Vêm ganhando espaço no Brasil o usopix pokerstarsagregadorespix pokerstarspesquisa, que calculam uma médiapix pokerstarsdiferentes levantamentos, na tentativapix pokerstarscaptar melhor a tendência da corrida eleitoral.

O instrumento é antigo nos Estados Unidos, um mercado com volume maiorpix pokerstarspesquisas eleitorais.

No Brasil, veículospix pokerstarsmídia têm produzidos seus agregadores,pix pokerstarsparcerias com institutos. O jornal O Globo desenvolveu umpix pokerstarsparceria com o Instituto Locomotiva, enquanto a CNN Brasil fez o seu junto com o Institutopix pokerstarsPesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).

"Como estatístico, considero o agregador uma ferramenta útil. Como cada Instituto utiliza uma metodologia diferente, que vai trazer certos aspectos positivos ou negativos, com impactos nos seus resultados, ao tirar uma média das pesquisas, você consegue amortecer um pouco [esses impactos] e tenta trazer um cenário um pouco mais próximo do que pode estar acontecendo [nas intençõespix pokerstarsvoo]", avalia Nishimura.

O estatístico ressalta, porém, que é importante que o agregador tenha uma boa metodologia, pois não se tratapix pokerstarsuma média simplespix pokerstarsdiferentes levantamentos.

Em geral, explica, esses agregadores dão pesos diferentes para as pesquisas, a depender do histórico e do graupix pokerstarstransparência metodológica dos institutos.

Para Luciana Chong, do Datafolha, há um limitador para os agregadores no Brasil: o baixo númeropix pokerstarspesquisas, já que há poucos institutos fazendo levantamentos com frequência.

"O usopix pokerstarsagregadores surgiu [aqui] porque nos Estados Unidos é muito comum, mas lá você tem uma quantidade muito maiorpix pokerstarsrodadas [de pesquisas]. Então, por exemplo, no Datafolha, agora que a gente fez duas semanas seguidas [de levantamento]. O nosso intervalo vinha sendopix pokerstars15 dias [entre as pesquisas do pleitopix pokerstarsSão Paulo]", nota Chong.

"Para um agregador ter poderpix pokerstarstrazer um resultado melhor, o ideal é que fosse uma quantidade maiorpix pokerstarspesquisas epix pokerstarsinstitutos também", reforça.

Para Felipe Nunes, da Quaest, agregadores podem ser uma boa ferramenta para sinalizar melhor a evolução dos candidatos. Ele nota, porém, que ainda há pouca transparência sobre as metodologias que estão sendo usadas no país, o que compromete a avaliação da qualidade desses agregadores.

Nos Estados Unidos, onde há apenas dois partidos fortes, Republicano e Democrata, algumas metodologiaspix pokerstarspesquisa eleitorais tendem a dar alguma vantagem para alguns dos lados, ressalta o fundador da Quaest. Bom agregadores, afirma ele, analisam o histórico das pesquisas e descontam esse efeito ao calcular o resultado agregado dos levantamentos.

"Não sabemos se isso está sendo feito no Brasil, por exemplo", ponderou.