O camposport x retroconcentração que o México abriu na 2ª Guerra sob pressão dos EUA:sport x retro

Hoje, aos 87 anos, ela ainda se lembrasport x retroquando a família recebeu a notíciasport x retroque deveria deixarsport x retrocasa no Estado mexicanosport x retroVeracruz.

"Todos ficamos muito tristes, mas meu pai sempre dizia que assim que a guerra acabasse voltaríamos para casa. Foi com essa ideiasport x retromente que viemos para cá", conta ela à BBC News Mundo, o serviçosport x retronotíciassport x retroespanhol da BBC, enquanto caminha pela antiga fazenda, seu lar por cercasport x retrotrês anos.

Temixco não era um camposport x retroextermínio nazista, tampouco era um dos campossport x retroque os Estados Unidos confinavam na época milharessport x retrocidadãossport x retroorigem japonesa e dos quais eles eram totalmente proibidossport x retrosair.

"A entradasport x retroTemixco, por outro lado, era vigiada por membros do Exército, mas digamos que era uma vigilância branda. Dali, os internos podiam sair para as proximidades depoissport x retroreportarem-se às autoridades. Havia apenas uma exceção: se quisessem ir à cidade, tinham que solicitar e obter uma licença primeiro", explica à BBC News Mundo Sergio Hernández, historiador mexicano especialistasport x retromigração japonesa no país.

A memóriasport x retromuitas dessas pessoassport x retroorigem japonesa que chegaram a Temixco já adultas, obrigadas a deixar para trás suas vidas e anossport x retrointegraçãosport x retrooutras áreas do México, ésport x retroabsoluta tristeza pela clara injustiça cometida contra elas.

Internação à força

Após o ataque do Japão à base dos EUAsport x retroPearl Harbor no finalsport x retro1941, Washington começou a vigiar rigorosamente os imigrantes japoneses e pediu a outros países da região que fizessem isso.

Segundo Hernández, "o governo mexicano aceitou a pressão do governo norte-americano para transferi-los, mas, diferentementesport x retrooutros países latino-americanos, decidiu não enviá-los para os campos dos Estados Unidos, mas concentrou-os no próprio México".

O principal interesse dos Estados Unidos era mantê-los afastados da área próxima asport x retrofronteira, considerando quesport x retropresença ali poderia representar um perigo àsport x retrosegurança e riscosport x retroespionagem.

Com medosport x retroacabarem sendo levados para campos americanos, os japoneses no México não tiveram escolha a não ser deixar suas casas e negócios e concordarsport x retrose mudar para a Cidade do México e Guadalajara por conta própria, conforme exigido pelas autoridades mexicanas.

Seus compatriotas que já moravam nessas cidades se organizaram no Kyoei-kai (Comitêsport x retroAjuda Mútua) para recebê-los e apoiar as centenassport x retrofamílias que chegavam. O endereço onde eles ficariam enquanto durasse a guerra foi registrado, um a um, pelo Ministério do Interior mexicano.

Mas após abandonarem as suas vidas noutras zonas do país, muitos deles não tinham recursos para sobreviver nos seus novos destinos, pelo que se tornou necessário encontrar um local onde pudessem sustentar-se.

No municípiosport x retroTala,sport x retroJalisco, foi montado um camposport x retrouma fazenda para quem chegava a Guadalajara.

Porsport x retrovez, com dinheiro aportado pela Embaixada do Japão no México, os Kyoei-kai adquiriram uma antiga fazenda muito maior (cercasport x retro250 hectares)sport x retroTemixco para os transferidos rumo à Cidade do México.

Era uma antiga fazendasport x retroaçúcar que, devido ao clima e à presençasport x retroum rio, oferecia ótimas condições para o cultivosport x retroprodutos como arroz e hortaliças.

"A presençasport x retroágua foi o mais importante para escolher este lugar, porque a maioria dos que chegaram já se dedicavam à agricultura no norte do México, para que pudessem ter cultivo suficiente", diz Tooru Ebisawa, mexicanosport x retroascendência japonesa, à BBC News Mundo - ele passou anos documentando e pesquisando essa parte da história.

Memóriassport x retrooito décadas

Caminhar com Rosa Urano pela ex-fazenda Temixco é como voltar no tempo graças às suas memórias muito vivas.

Sem hesitar, ela aponta para a área onde ficavam as cozinhas coletivas, o riacho onde a mãe lavava as panelas e os pequenos quartossport x retromadeira que os próprios habitantes do acampamento construíram.

Todasport x retrofamília dormiasport x retrouma esteira no estrado. E todos comiam no refeitório comunitário frequentado pela mãe e pelas demais mulheres da fazenda.

"Minha mãe dizia que tínhamos que chegar cedo na cozinha para comer um pedacinhosport x retrocarne ao meio-dia, porque era racionado. Se chegássemos mais tarde, seria caldo puro com legumes", diz ela.

Crianças como ela frequentavam a escola pública localizada na periferia do acampamento. Também tinham a opçãosport x retrofrequentar a que foi instaladasport x retroTemixco e a que era ministradasport x retrojaponês.

Os homens, porsport x retrovez, se encarregavamsport x retrotrabalhar nos campos desde as primeiras horas da manhãsport x retrolongas jornadassport x retrotrabalho, durante as quais plantavam e colhiam alimentos para consumo e venda, e pelas quais recebiam quatro pesos por semana (US$ 0,21sport x retrovalores atuais ou R$ 1,10).

Urano conta que esse dinheiro foi usado porsport x retrofamília para comprar sabonete para tomar banho. Para comprar algumas roupas,sport x retromãe vendia raspadinhassport x retrofrutas nos arredores do acampamento.

Protestos contra as condiçõessport x retrotrabalho

Tais condiçõessport x retrotrabalho e a liderança daquele que foi escolhido pelo Kyoei-kai como administrador do acampamento, Takugoro Shibayama (que vivia comsport x retrofamíliasport x retrouma casasport x retropedrasport x retrocondições diferentes dos pequenos dormitórios do restante dos internos), motivaram os protestossport x retroalguns dos presos.

Um deles foi Seiki Hiromoto, que trabalhava como médico na fazenda e onde se casou com uma jovem japonesa.

Segundo seu neto Kenji Hiromoto, que passou anos estudando a históriasport x retrosua família, a briga do avô com o administrador acabou levando-o a ser denunciado às autoridades mexicanas e enviado ao presídiosport x retroPerote,sport x retroVeracruz, por seis meses. Italianos e alemães também estavam concentrados lá sob condições e vigilância muito mais estritas.

"Ele pulou a cerca da fazendasport x retrohoras que não eram mais permitidas para atender os moradores da cidade, que o pagavam com galinhas ou ovos que lhe serviam para completar o que plantavam no campo, porque não dava para todos. Até que o surpreenderam e o acusaram falsamentesport x retroser um espião", diz Kenji à BBC News Mundo.

"Posso dizer que minha família passou maus bocados quando viveu aqui: havia exploração, injustiça e privilégios por partesport x retroquem dirigia a fazenda, toquesport x retrorecolher, racionamentosport x retrocomida... Minha avó me disse que eles sofreram muito", acrescenta ele, baseando suas alegaçãosport x retroconversas que teve com seus avós e irmãossport x retroseu avô que moravamsport x retroTemixco.

“Nas entrevistas que fizemos, havia várias versões sobre o administrador da fazenda. Sua função era manter a ordem e dizem que ele era muito rígido, então quem não gostava dele era enviado a Serote (prisão)”, diz Ebisawa.

Sem pedidosport x retrodesculpas

Nas memóriassport x retroinfânciasport x retroRosa Urano, como erasport x retrose esperar,sport x retroexperiênciasport x retroTemixco foi diferente.

"Não posso dizer que foram anos tristes, porque eu tinha com quem brincar e não dava importância a outras coisas", diz.

Claro, a opiniãosport x retroseus pais era muito diferente.

"Quando perguntávamos ao meu pai se ele era feliz aqui, ele sempre dizia que não, que tinha vindo do Japão para sofrer aqui. Mas também não queria voltar para lá."

Quando a guerra acabou, os japonesessport x retroTemixco estavam mais uma vez livres para ir aonde quisessem. Muitos, como a famíliasport x retroUrano, decidiram ficar na região depoissport x retroanos longesport x retrosuas casas.

O avô e paisport x retroFernando Álvarez, atual coproprietário das terras, comprou a fazendasport x retro1949 para se dedicar ao beneficiamento do arroz e, duas décadas depois, para se tornar o atual parque temático. Massport x retroligação com a comunidade japonesa está sempre presente.

"Muitos anos atrás, três japoneses, dois homens e uma mulher, vieram para cá. Eles me perguntaram se podiam entrar porque haviam morado aqui. E descobri que eram membros da família Shibayama, eram filhos deles", lembra Álvarezsport x retroentrevista à BBC News Mundo.

O historiador Hernández critica especialmente a perseguição sofrida no México não apenas pelos japoneses, mas também por aqueles que os cercavam.

"As mulheressport x retroalguns japoneses, que eram mexicanas, também sofreram uma violação terrívelsport x retroseus direitos, obrigando-as a se concentrar aqui. E isso afetou também os japoneses que já eram mexicanos naturalizados. Foi uma perseguição claramente racial", diz.

Por esse motivo, o especialista argumenta que o governo mexicano deve a essas pessoas "um pedidosport x retrodesculpas".

No entanto, muitos dos afetados "não se sentem prejudicados se comparados aos que viveram nos campossport x retroconcentração dos Estados Unidos. Pelo contrário, agradecem ao México que os recebeu", destaca.

Exemplo disso é a própria Rosa Urano, para quem a decisãosport x retrose juntar aos japonesessport x retroTemixco não foi algo negativo.

"Não sei por que fizeram isso. Porque todos nós tínhamos uma bela casa que ficava lá,sport x retrooutro lugar. Acho que nos devem uma explicação para essa decisão", reflete ela, enquanto se dirige à saída da fazenda, deixando para trás anossport x retromemórias.