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'Eles viraram múmias por causa do calor': os relatos comoventes dos voluntários que recolhem corpospasso a passo de como jogar na blazemigrantespasso a passo de como jogar na blazedeserto no Arizona:passo a passo de como jogar na blaze
Disse-lhe que se andasse um pouco mais teria sinalpasso a passo de como jogar na blazealguma colina do Cerro Picudo, uma montanha inóspita que se destaca como uma cabeça nas planícies do deserto, no percursopasso a passo de como jogar na blaze190 quilômetrospasso a passo de como jogar na blazeAltar Sonora, no México, para a cidadepasso a passo de como jogar na blazeTres Puntos, no Arizona.
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Fim do Matérias recomendadas
Usando uma camiseta vermelha e tênis preto, o mexicanopasso a passo de como jogar na blaze36 anos se apoiou na rocha que marcava o cruzamento entre duas estradas,passo a passo de como jogar na blazeformapasso a passo de como jogar na blazeY,passo a passo de como jogar na blazeum morro do Cerro Picudo. Ele carregava seus pertencespasso a passo de como jogar na blazeuma mochila.
O desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora ocupa 86.100 quilômetros quadrados, um território três vezes maior que o Estado brasileiropasso a passo de como jogar na blazeAlagoas. Do lado mexicano, estende-se pelas provínciaspasso a passo de como jogar na blazeBaja California e Sonora. Do lado dos EUA, através dos Estados do Arizona e da Califórnia.
Raúl disse ao coiote que respirava com dificuldade e que não conseguia se mover. E preferia retomar o percurso quando se sentisse melhor. Ele ainda tinha água e comida. Se encontrasse outros migrantes, se juntaria a eles no deserto.
O coiote e os migrantes viram Raúl pela última vez entre 16h00 e 16h30 da tardepasso a passo de como jogar na blazeterça-feira, 22passo a passo de como jogar na blazeagostopasso a passo de como jogar na blaze2023.
Durante uma semana,passo a passo de como jogar na blazeirmã Inmaculada ligou para os númeropasso a passo de como jogar na blazetelefone mexicano e americano, mas ninguém atendeu. Agoniada com o silêncio, ela relatou o desaparecimentopasso a passo de como jogar na blazeRaúl aos Águias do Deserto, um grupopasso a passo de como jogar na blazevoluntários que procura migrantes no desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora, entre o Arizona e a Califórnia.
Depoispasso a passo de como jogar na blazeavaliar o caso, os voluntários decidiram realizar uma operação para procurá-lo no sábado, 7passo a passo de como jogar na blazeoutubro, quase sete semanas após seu desaparecimento.
Uma cruz para a sepultura
Uma toneladapasso a passo de como jogar na blazecocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
Octavio Soria, conhecido entre os voluntários como Chaparrito, carrega na mochila uma cruz que fincará no chão caso encontre os restos mortaispasso a passo de como jogar na blazeRaúl no deserto.
A cruzpasso a passo de como jogar na blazemadeira pintadapasso a passo de como jogar na blazebranco foi doada pela congregação das Irmãs Felicianas da América do Norte, para homenagear a memória dos migrantes que morrem na tentativapasso a passo de como jogar na blazechegar aos Estados Unidos.
A fronteira entre os dois países é a passagem migratória terrestre mais perigosa do mundo, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Quase metade das 1.457 mortes e desaparecimentospasso a passo de como jogar na blazemigrantes documentadas no continente americanopasso a passo de como jogar na blaze2022 ocorreram nessa fronteira, embora a OIM alerte que o número é subestimado devido à faltapasso a passo de como jogar na blazedados oficiais dos governos do México e dos Estados Unidos.
Na noite anterior à busca, Chaparrito dirigiu sete horas até o acampamento dos Águias do Desertopasso a passo de como jogar na blazeAjo, uma cidade no sul do Arizona localizada a menospasso a passo de como jogar na blaze90 quilômetros da fronteira com o México.
Como o acampamento ainda não possui instalações formais, após borrifar repelente para espantar cobras, ratos, escorpiões e formigas, Chaparrito passou aquela noitepasso a passo de como jogar na blazeuma barraca.
Às 4h da manhã, os 15 voluntários que participam da busca usavam lanternas enquanto carregavam as vans com rádiotransmissores, frutas, garrafaspasso a passo de como jogar na blazeágua e suplementos eletrolíticos para repor os minerais que perderão com o suor.
A desidratação é a principal causapasso a passo de como jogar na blazemorte entre os migrantes que atravessam o desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora, o mais quente da América do Norte, com temperaturas que beiram os 50ºC.
Embora o calor e a faltapasso a passo de como jogar na blazeacesso aos rios e riachos ameacem a vida dos migrantes, muitos optam por atravessar o desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora porque há menos vigilância ali do quepasso a passo de como jogar na blazeoutros pontos fronteiriços como Califórnia, Novo México ou Texas, lugares onde onde a passagem é bloqueada por muros e arame farpado.
Depoispasso a passo de como jogar na blazerealizarem dezenaspasso a passo de como jogar na blazebuscas, os voluntários aprenderam que devem levar pelo menos 13 garrafaspasso a passo de como jogar na blazeágua cada um deles: dez para consumo próprio e outras três para dar a algum migrante vivo que encontrem na viagem.
O segredo é beber água aos poucos e durante a caminhada para evitar sintomas como cansaço, dorespasso a passo de como jogar na blazecabeça ou tonturas.
Tal como outros voluntários, Chaparrito veste uma camiseta amarela fluorescente para se distinguir do castanho e do verde que dominam a paisagem, botas para pisar nos espinhos dos arbustos e proteção até aos joelhos para evitar picadaspasso a passo de como jogar na blazecobra.
Ele também usa óculos e chapéu para se proteger do sol que ainda nem nasceu.
Na mochila, pende um amuleto: um sapatopasso a passo de como jogar na blazecriança encontrado durante uma operação no deserto da Califórnia, entre San Diego e Tijuana. Ele gostapasso a passo de como jogar na blazepensar que aquele “sapatinho” foi deixado para trás quando os pais do menino partirampasso a passo de como jogar na blazemadrugada, após terem descansado debaixo da árvore onde o encontrou.
“Este sapatinho me acompanhou durante os três anospasso a passo de como jogar na blazeque sou voluntário no Águias do Deserto”, diz ele enquanto verifica se tem água suficiente para o dia.
Há 34 anos, quando Chaparrito tinha 14, a mãe o enviou para os Estados Unidos com um tio, saindopasso a passo de como jogar na blazeQuerétaro e passando pelo deserto da Califórnia. Cada vez que ela participapasso a passo de como jogar na blazeuma missão, ela pensa no sacrifício que foi para ela se separar dele.
Quem é Raúl?
Quando Inmaculada relatou o desaparecimentopasso a passo de como jogar na blazeseu irmão aos Águias do Deserto, ela disse que ele tinha uma tatuagem da Virgempasso a passo de como jogar na blazeGuadalupe no braço direito e usava um implante para substituir dois dentes superiores.
Raúl é o mais novopasso a passo de como jogar na blazeseis irmãos. A família Sánchez é naturalpasso a passo de como jogar na blazeSan Antonio Acatepec, uma pequena cidade nas montanhas do municípiopasso a passo de como jogar na blazeZoquitlán, no estadopasso a passo de como jogar na blazePuebla, no centro do México.
A família Sánchez pertence ao povo nativo nhua epasso a passo de como jogar na blazelíngua é o anahuac.
Inmaculada não sabe ler nem escreverpasso a passo de como jogar na blazeespanhol. Quando os voluntários do Águias do Deserto recomendaram que ligasse para o consulado mexicano no Arizona para relatar o desaparecimentopasso a passo de como jogar na blazeRaúl, ela sentiu que não seria capazpasso a passo de como jogar na blazetomar as medidas necessárias para procurá-lo.
“Essa foi a pior coisa que poderia acontecer comigo, ser forçada a pedir ajudapasso a passo de como jogar na blazeum idioma que não falo bem”, disse elapasso a passo de como jogar na blazeentrevista, por telefone, passo a passo de como jogar na blazeSan Antonio Acatepec.
Ela conta que o consulado disse que ela deveria recolher provas que mostrassem onde Raúl havia desaparecido epasso a passo de como jogar na blazecomo estava vestido.
“Como vão encontrá-lo se ele já está desaparecido há um mês e meio?”, questionou Inmaculada. “Quem irá resgatá-lo naquele grande e perigoso deserto?”
Envoltapasso a passo de como jogar na blazeincertezas, ela contatou o amigopasso a passo de como jogar na blazeRaúl para ajudá-la a localizar o coiote.
Raúl perdeu o emprego num lava-jato durante o períodopasso a passo de como jogar na blazeconfinamento da pandemia do coronavírus. Como não conseguiu um emprego estável, decidiu ir para os Estados Unidos. Seus dois filhos adolescentes epasso a passo de como jogar na blazecompanheira permaneceram nas montanhas enquanto ele iniciava a rota.
“Ele nunca me disse que planejava atravessar o desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora. Se ele tivesse me contado, eu jamais teria permitido”, diz Inmaculada.
O planopasso a passo de como jogar na blazebuscas
Os Águias do Deserto recebem cercapasso a passo de como jogar na blaze450 solicitaçõespasso a passo de como jogar na blazebusca mensalmente por meiopasso a passo de como jogar na blazeseus númerospasso a passo de como jogar na blazetelefone e contaspasso a passo de como jogar na blazeredes sociais.
Com cem voluntários que se revezampasso a passo de como jogar na blazecada operação, eles realizam duas ou três buscas por mês. A maioria dos casos é descartada por faltapasso a passo de como jogar na blazeinformações que permitam identificar onde realizar as buscas no deserto.
O compadrepasso a passo de como jogar na blazeRaúl forneceu coordenadas precisas, no entanto, depoispasso a passo de como jogar na blazefalar com o coiote que o guiou para os Estados Unidos.
Segundo o coiote, Raúl e os demais migrantes passarampasso a passo de como jogar na blazefrente a uma fazenda e caminharam por maispasso a passo de como jogar na blazeuma hora ao longopasso a passo de como jogar na blazeum riacho seco localizado na face leste do Cerro Picudo. Subiram a montanha e deixaram Raúl junto à rocha. Então eles pegaram o caminho à direita no Y.
“Ele não se conectou pelo WhatsApp. O estranho é isso”, diz o compadre numa reunião por Zoom com os socorristas, não compreendendo o significado daquela ausência.
O compadre mora nos Estados Unidos, mas sem documentos, por isso pede para manter o anonimato.
Diantepasso a passo de como jogar na blazeum mapa do deserto marcado por coordenadas, Ely Ortiz, diretor do Águias do Deserto, questiona se os companheirospasso a passo de como jogar na blazeRaúl teriam deixado-o com água e comida, os recursos mais valiosos para quem atravessa o deserto.
“Que caminho estranho essas pessoas tomam!”, diz Ely. Parece mais lógico seguir as encostas do morropasso a passo de como jogar na blazevezpasso a passo de como jogar na blazesubi-lo.
Os voluntários questionam-se sobre qual caminho Raúl poderia ter seguido se estivesse com dificuldadepasso a passo de como jogar na blazecaminhar e concluem que há duas possibilidades: encontrá-lo perto da rocha onde foi visto pela última vez ou no percurso da ribeirapasso a passo de como jogar na blazedireção à base da montanha.
“Ele não aguentou subir isso”, supõe Ely enquanto traça as encostas do Cerro Picudo com o cursor sobre o mapa,passo a passo de como jogar na blazeuma tela compartilhada com os voluntários.
“Este lugar é feio.”
Ele acredita que, se dividirem os voluntáriospasso a passo de como jogar na blazedois grupos, será possível percorrer seis quilômetros: um subirá o Cerro Picudo até a rocha que marca o Y e o outro seguirá o curso do riacho na base da montanha.
“Agradecemospasso a passo de como jogar na blazetodo o coração”, diz o amigopasso a passo de como jogar na blazeRaúl antespasso a passo de como jogar na blazese despedir. "Deus abençoe todos vocês".
No sábado, 7passo a passo de como jogar na blazeoutubro, às 8h30 da manhã, o cinegrafista José María Rodero e eu chegamos com os voluntários à entrada do desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora, mais próxima do lado leste do Cerro Picudo.
Decidimos acompanhar Chaparrito e o grupo que caminhará ao longo do riacho.
Os voluntários do outro grupo reportarão nas rádios, sintonizadas na frequência 2, caso encontrem Raúl na montanha.
A memóriapasso a passo de como jogar na blazeum irmão
Ely Ortiz procurou pelo irmão e o primo no desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora durante quatro mesespasso a passo de como jogar na blaze2009. Ele pediu ajuda à Patrulha da Fronteira do Arizona e aos Desert Angels, na época a única organização que procurava migrantes desaparecidos.
Ele não conseguiu ajuda, porém, porque os migrantes tinham sido deixados pelo coiote dentropasso a passo de como jogar na blazeuma base militar abandonada. Quando ele finalmente conseguiu permissãopasso a passo de como jogar na blazeacesso, não podia imaginar o quanto o resgate dos restos mortais a afetaria.
“Eles viraram múmias por causa do calor e ainda exalavam um cheiro horrível. Meu irmão tirou os sapatos e os colocou ao lado dele, acho que os pés dele já estavam muito machucados por causa das bolhas.”
Ely garante que aquela experiência causou “um trauma muito grande”.
“Na primeira noite eu não consegui dormir. Fui tomado por um medo que não me deixava fazer nada, via issopasso a passo de como jogar na blazetodos os lugares”, conta o socorrista. “É por isso que decidi me dedicar à buscapasso a passo de como jogar na blazemigrantes no desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora.”
Junto com a esposa Marisela, Ely passou a organizar buscas nos finaispasso a passo de como jogar na blazesemana, enquanto a filha mais velha,passo a passo de como jogar na blaze12 anos, ficavapasso a passo de como jogar na blazecasa aos cuidados das irmãs mais novas.
“Foi uma decisão familiar muito importante. Minha filha ficou ressentida com a gente porque sentiu que a havíamos abandonado”, explica Marisela. “E eu sentia culpa por delegar a ela a responsabilidadepasso a passo de como jogar na blazecuidarpasso a passo de como jogar na blazesuas irmãs.”
Durante as primeiras operações, Ely saiu do deserto com bolhas sangrando. Em uma ocasião, sentiu que ia desmaiar devido à insolação e pediu a outros voluntários que ligassem para o 911 e solicitassem uma evacuaçãopasso a passo de como jogar na blazeemergência.
“Naquele momento entendi porque muitos morrempasso a passo de como jogar na blazesede epasso a passo de como jogar na blazecalor”, diz ele. “Os migrantes vão para debaixopasso a passo de como jogar na blazeum arbusto para dormir e não acordam novamente.”
Ao saber a última localizaçãopasso a passo de como jogar na blazeum migrante desaparecido, Ely denuncia o caso à patrulhapasso a passo de como jogar na blazefronteira e ao consulado competente. Pelo menos 500 migrantes foram encontrados vivos durante os 14 anospasso a passo de como jogar na blazefuncionamento da organização.
O desaparecimentopasso a passo de como jogar na blazeRaúl também foi denunciado à Patrulhapasso a passo de como jogar na blazeFronteira do Arizona.
Quando os voluntários encontram o corpo do migrante que procuram, Ely liga para os parentes para dar a notícia. “Os familiares costumam pedir fotos dos restos mortais. “Sempre pergunto a eles se estão prontos para ver isso.”
Depoispasso a passo de como jogar na blazetantos anos, as operações ainda o afetam. “Cada vez que encontramos um corpo, lembro-me do meu irmão novamente.”
Pelo menos 3.600 migrantes sem documentos morreram no desertopasso a passo de como jogar na blazeSonora desde 1990, segundo as autoridades dos EUA.
Naquele sábado, Ely e Marisela ficam nas vans para coordenar os voluntários pelo rádio e auxiliá-los nos veículos, caso seja necessário. Eles distribuem laranjas e águapasso a passo de como jogar na blazecoco antes que a equipepasso a passo de como jogar na blazeresgate vá ao desertopasso a passo de como jogar na blazebuscapasso a passo de como jogar na blazeRaúl.
“Trazemos água e comida!”
Comopasso a passo de como jogar na blazeoutras operações, os voluntários se reúnempasso a passo de como jogar na blazeum círculo e fazem uma oração para pedir que Deus os proteja das ameaças do deserto e os ajude a encontrar o migrante que procuram.
Damos início ao trajeto junto a Chaparrito e nos deparamos com “evidências”, como os voluntários chamam os rastros deixados pelos migrantes: mochilas camufladas para camuflá-los na passagem pelo deserto e “sapatospasso a passo de como jogar na blazetapete”,passo a passo de como jogar na blazesola felpuda para não deixar rastros no caminho e assim evitar que a patrulhapasso a passo de como jogar na blazefronteira os encontre.
Em alguns locais acumulam-se garrafas plásticas, isqueiros, cobertores, roupas e brinquedos. Antespasso a passo de como jogar na blazetocar nas mochilas com as mãos, os voluntários as viram com paus para verificar se não há escorpiões ou cobras dentro.
O voluntário Alberto Ortega descobre a pegadapasso a passo de como jogar na blazeum puma da montanha no chão. Ao olhar para cima, avista um urubu preto, uma avepasso a passo de como jogar na blazerapina que sobrevoa e come carnepasso a passo de como jogar na blazedecomposição que encontra no chão.
A presençapasso a passo de como jogar na blazeabutres ajuda os voluntários a localizar corpos à distância. “Se o corpo estiver fresco, o cheiro é insuportável. É simplesmentepasso a passo de como jogar na blazetirar o fôlego”, diz Alberto enquanto caminha por um arbusto denso.
De repente, encontramos ossos espalhados entre os arbustos.
Alberto abaixa-se, coloca uma fita métrica ao lado do osso maior e tira uma foto com o celular. Repete o procedimento com cada osso visível. Quando recuperar o sinal, enviará as imagens aos médicos legistas do condadopasso a passo de como jogar na blazePima para confirmar se são ossos humanos oupasso a passo de como jogar na blazeanimais.
Em seguida, ele pega as coordenadas e prende fitas amarelas fluorescentespasso a passo de como jogar na blazepedras que coloca ao lado dos ossos, para facilitar a localização das autoridades.
Descemos pelo caminhopasso a passo de como jogar na blazepedra que outrora foi o fundo do riacho. À medida que avançamos, Chaparrito grita: “Somos Águias do Deserto! Trazemos água e comida!”
Esse alerta não visa apenas ajudar os migrantes que podem estar perdidos e com sede na área. Ele também alerta os integrantes do crime organizado que circulam pela fronteira sobre a presença dos voluntários.
Recebemos um aviso nas rádios: um migrante vivo que ouviu Chaparrito se aproximou para pedir ajuda e se entregar à patrulhapasso a passo de como jogar na blazefronteira.
“Precisopasso a passo de como jogar na blazeágua, precisopasso a passo de como jogar na blazecomida!”, gritou para Marisela, que esperava no carro com Ely.
Quando voltamos aos veículos, encontramos o homem sentado, olhando para o nada. Aproximo-me dele para perguntar como ele se sente e ele demora alguns segundos para responder, como se não entendesse o que estou dizendo.
Ele concordapasso a passo de como jogar na blazedeixar Ely chamar a patrulha da fronteira para ajudá-lo e mandá-lopasso a passo de como jogar na blazevolta ao México.
Ele diz que tem 42 anos. A esposa e duas filhas o esperam no México. "É horrível. Se eu soubesse que corria riscopasso a passo de como jogar na blazemorrer, nunca teria entrado no deserto.”
Ele está perdido há três dias, sem comida e água. Quando ouviu o gritopasso a passo de como jogar na blazeChaparrito, escondeu-se e nos observou. “Tive muito medo, foi difícil para mim entender que poderiam me ajudar.”
“Agora tudo que quero é voltar para minha família.”
'Encontramos um corpo'
Enquanto seguimos o curso do riacho, o outro grupo sobe o Cerro Picudo por maispasso a passo de como jogar na blazequatro horas e chega ao local onde Raúl foi visto com vida pela última vez.
Mas os voluntários não encontram vestígios do migrante.
Há tantas pedras grandes e arbustos crescidos que é difícil para eles terem certezapasso a passo de como jogar na blazeque chegaram ao penhasco onde o caminho se dividepasso a passo de como jogar na blazeY. Dois dos voluntários vãopasso a passo de como jogar na blazefrente e avistam ossos.
“Esperem, companheiros, encontramos um corpo”, ouvimos no rádio.
São costelas e ossos do pé. No lugar onde deveria estar a cabeça, havia um anelpasso a passo de como jogar na blazemetal, como um piercing.
A vários metrospasso a passo de como jogar na blazedistância, encontram uma caveira e uma carteira com a identificaçãopasso a passo de como jogar na blazeuma mulher chamada Soledad Elizabeth Alvarado Castillo. O cartão mostra um endereço residencial no estadopasso a passo de como jogar na blazeSan Luis Potosí, no centro do México.
Todos ficam surpresos por terem tropeçadopasso a passo de como jogar na blazeum corpo que não procuravampasso a passo de como jogar na blazeuma área tão remota do deserto.
Dias depois, os voluntários encontraram a fichapasso a passo de como jogar na blazeSoledad no portal da Comissão Estatalpasso a passo de como jogar na blazeBuscapasso a passo de como jogar na blazePessoaspasso a passo de como jogar na blazeSan Luis Potosí.
Ela tinha 1,55passo a passo de como jogar na blazealtura, 28 anos, olhos castanhos claros e cabelos longos e lisos. Foi vista pela última vez havia um ano e sete meses,passo a passo de como jogar na blaze28passo a passo de como jogar na blazejaneiropasso a passo de como jogar na blaze2022. Tinha três tatuagens, um piercing na língua e outro no nariz.
Pés sobre uma pedra
Enquanto seus companheiros cercam o primeiro corpo, o voluntário Roberto Martínez ganha forças para escalar as pedras e procurar mais pertences do corpo.
“Vários metros à frente vejo alguns pés numa pedra e começo a ficar nervoso”, lembra Roberto.
Ele se aproxima e descobre outro corpo que está com uma camiseta vermelha, tênis preto e um implante dentário. Como Raúl.
“Avisei aos meus companheiros que havia localizado o rapaz que procurávamos.”
Durante seu voluntariado nas Águilas del Desierto, Roberto encontrou vários corpos. “Sempre me pergunto como é possível fazermos isso uns com os outros,passo a passo de como jogar na blazeum ser humano para outro, como as fronteiras e a política nos levam a perder vidas.”
Nenhum dos voluntários que escalaram o Cerro Picudo carregava uma cruzpasso a passo de como jogar na blazemadeira pintadapasso a passo de como jogar na blazebranco para colocar ao lado dos corpos.
Apenas Chaparrito e Alberto carregavam-nas no grupo do riacho.
'Agora vem a pior parte'
Quando ouvimos sobre as descobertas no rádio, peço que Ely nos ajude a chegar ao localpasso a passo de como jogar na blazeque se acredita que Raúl tenha sido encontrado. Ele avisa que é perigoso e não quer nos colocarpasso a passo de como jogar na blazerisco.
Chaparrito e outro voluntário oferecem nos acompanhar.
Não nos resta muita água depoispasso a passo de como jogar na blazecinco horaspasso a passo de como jogar na blazecaminhada.
Da base da montanha, Chaparrito aponta para a rocha onde Raúl estava para mostrar um pequeno ponto amarelo, a camisapasso a passo de como jogar na blazeoutro voluntário.
À medida que avançamos, as encostas tornam-se mais íngremes e os arbustos transformam-sepasso a passo de como jogar na blazetúneispasso a passo de como jogar na blazeespinhos que se prendem nas roupas e rasgam a pele.
Depoispasso a passo de como jogar na blazesubir por algumas horas, dois voluntários aparecem e descem exaustos. “Agora vem o pior”, alerta um deles.
Esse aviso me faz entender que, se continuar subindo, posso não ter forças para voltar sozinho. Com sede e tontura, decido voltar com os voluntários que estão descendo.
Pergunto ao meu companheiro José se ele pode continuar e ele responde que sim. Chaparrito despede-se dizendo que cuidará bem dele.
Eles levam mais duas horas para chegar ao local onde está o corpopasso a passo de como jogar na blazeRaúl. Quando estão pertopasso a passo de como jogar na blazechegar, Chaparrito sente uma cãibra nas pernas e José torce o joelho.
“Vamos continuar subindo, a gente consegue”, diz Chaparrito a José.
'Você sabe ao que vai se expor?'
Começa a trovejar. Um dos voluntários diz para eu não me preocupar. Faz três meses que não chove no deserto, então as encostas certamente estarão secas quando Chaparrito e José descerem a montanha.
Ao ver a fita vermelha que marca o perímetro do corpopasso a passo de como jogar na blazeRaúl, Chaparrito vira e pergunta a José: "Você está mentalmente preparado? Você sabe a que vai se expor?"
Chaparrito avança entre as grandes pedras cinzentas com a cruz branca pendurada na mochila.
Sentem um cheiropasso a passo de como jogar na blazecarne decomposta avançando sobre eles. Ao se aproximarem da fita vermelha, ouvem o zumbido das moscas.
José ousa olhar para o corpo. Ele está deitadopasso a passo de como jogar na blazecostas, com a cabeça virada para o lado, próximo a uma mochila e um galão pretopasso a passo de como jogar na blazeágua.
Os restos mortais estão sob o sol, como se Raúl tivesse ficado sem forças para procurar sombra e proteger-se das intempéries do deserto.
Chaparrito tira a cruz branca que carrega na mochila, alémpasso a passo de como jogar na blazeum crucifixo e uma garrafapasso a passo de como jogar na blazeágua benta. Coloca a bolsapasso a passo de como jogar na blazelado e tira o chapéu que o protegeu do sol o dia todo.
Ele prega a cruz no chão próximo ao corpo e coloca várias pedras ao redor da base, para garantir que ela permaneçapasso a passo de como jogar na blazepé apesar do golpepasso a passo de como jogar na blazevento.
Chaparrito coloca o crucifixo na cruz e ajoelha-se. Exausto, ele pede para ser lembrado do nome do rapaz que procuravam.
“Raúl!”, grita Roberto, o voluntário que encontrou o corpo.
Chaparrito faz o sinal da cruz e começa uma oração:
"A Virgem Maria…
Santo Padre, nas tuas mãos colocamos Raúl.
Infelizmente não foi como esperava.
Oramos a você, santo padre, para que o recebapasso a passo de como jogar na blazeseu santo reino.
Talvez, Senhor, ele fosse um pecador.
Talvez, Senhor, ele tenha vindo com a ideiapasso a passo de como jogar na blazelevarpasso a passo de como jogar na blazefamília adiante.
No entanto, ele não conseguiu."
“Com esta água benta eu resplandeço”, diz ele antespasso a passo de como jogar na blazepegar a garrafa e borrifar gotas na cruz e no corpo. “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém.”
De joelhos, Chaparrito faz o sinal da cruz e permanecepasso a passo de como jogar na blazesilêncio para abafar as lágrimas, mas não consegue contê-las. Inclinando a cabeça para frente, ele cobre o rosto por um momento, depois abre os olhos e enxuga as lágrimas.
Após uma inspiração profunda, direcione o olhar para um espaço vazio, como se evitasse olhar para o corpo.
Um resgatepasso a passo de como jogar na blazehelicóptero
Um agentepasso a passo de como jogar na blazebusca e resgate do condadopasso a passo de como jogar na blazePima pousa na montanha, a bordopasso a passo de como jogar na blazeum helicóptero, para retirar os corpos.
“Muito obrigado, vocês fizeram um ótimo trabalho”, diz aos voluntários.
Enquanto espero Chaparrito e José descerem da montanha, depoispasso a passo de como jogar na blazenove horaspasso a passo de como jogar na blazecaminhada, vejo os corpos chegarem no helicóptero e para serem transportadospasso a passo de como jogar na blazeuma van.
Um funcionário da equipepasso a passo de como jogar na blazebusca e resgate do condadopasso a passo de como jogar na blazePima me explica que aquela montanha é um lugar remoto por onde passam os migrantes que se perdem no caminho para os Estados Unidos.
Estamos diantepasso a passo de como jogar na blazeuma ocasião excepcional. Em média, um corpo é localizado por mês. Só naquele dia, dois foram resgatados, graças aos Águias do Deserto.
Ely diz que é incomum que eles se mobilizem tão rapidamente para recuperar os restos mortais. Ele esclarece que muitos migrantes apareceram no Cerro Picudo, mas do outro lado, no oeste da montanha.
Ao final da operação, antespasso a passo de como jogar na blazese despedir, satisfeito com as descobertas, Chaparrito revela que se mudará para o Texas para dar início a um novo capítulo dos Águias do Deserto.
Nas montanhaspasso a passo de como jogar na blazeSan Antonio Acatepec, a famíliapasso a passo de como jogar na blazeRaúl espera que o consulado mexicano no Arizona realize a repatriação dos restos mortais.
“Somos gratos aos voluntários por procurarem meu irmão e nos permitirem ter uma conclusão”, diz Inmaculada entre soluços.
“Agora, o mais importante é que minha mãe enterre o filho.”
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