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Cientistas congelam sêmencasa de apostas brasileirascorais para tentar salvar espécie da extinção no Brasil:casa de apostas brasileiras
"O aquecimento do oceano e o rápido desaparecimento dos recifes acenderam uma luz vermelhacasa de apostas brasileirasque precisávamos fazer algo para tentar conservar a espécie. Estamos usando uma tecnologia conhecida como criobiologia (área nova da ciência que estuda os efeitoscasa de apostas brasileirasbaixas temperaturascasa de apostas brasileirascélulas, tecidos e organismos vivos)", explica Leandro Godoy, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador técnico do projeto.
O programa é encabeçado pelo Instituto Coral Vivo e financiado pela Fundação Grupo Boticáriocasa de apostas brasileirasProteção à Natureza.
Como congelar o sêmencasa de apostas brasileirascoral?
A Mussismilia harttii, uma das espécies endêmicascasa de apostas brasileirascoral na costa brasileira, é um animal hermafrodita, ou seja, um mesmo indivíduo produz e expele tanto o espermatozoide quanto o óvulo necessários à reprodução.
Esse material é lançado dentrocasa de apostas brasileirasum invólucro (uma espéciecasa de apostas brasileirascápsula)casa de apostas brasileirascercacasa de apostas brasileiras1,5 centímetrocasa de apostas brasileirasdiâmetro, os gametas. Cada um desses "pacotinhos" jogados na água, como explica Godoy, contém bilhõescasa de apostas brasileirasespermatozoides e centenascasa de apostas brasileirasóvulos.
O sêmen dos corais pode sobreviver na água por até 22 horas — ocasa de apostas brasileirasmuitos peixes marinhos, por exemplo, vivemcasa de apostas brasileiras15 a 20 minutos, apenas. O espermatozoide precisa então encontrar um óvulo da mesma espécie para fecundá-lo, como na reprodução humana.
Quando isso ocorre, eles se transformamcasa de apostas brasileirasminúsculas larvas, que flutuam no oceano por alguns dias até encontrar uma superfície sólida para se fixar — local onde o coral vai se desenvolver e se espalhar ao longo da vida.
O pico reprodutivo da Mussismilia harttii acontece entre setembro e novembro, quando pesquisadores estão indo a campo para coletar algumas colôniascasa de apostas brasileirascoral no Parque Municipal Marinho do Recifecasa de apostas brasileirasFora,casa de apostas brasileirasPorto Seguro, litoral sul da Bahia.
A reprodução dos animais está associada à fase da lua nova. "Esse é um mistério da natureza: para a maioria das espéciescasa de apostas brasileirascorais do Oceano Pacífico e do Caribe, a desova acontece na fase da lua cheia. No hemisfério sul, ocorre na lua nova. Uma das possibilidades para explicar esse fenômeno é uma relação entre a desova e a amplitude e a oscilação da maré, o que facilitaria a dispersão das gametas.
Os corais coletados são levados para a basecasa de apostas brasileiraspesquisas do Instituto Coral Vivo, tambémcasa de apostas brasileirasPorto Seguro, e mantidoscasa de apostas brasileirastanques com água do mar. Além da Mussismilia harttii, o projeto trabalha com outras duas espécies da costa brasileira — depois eles são devolvidos à natureza.
A equipecasa de apostas brasileirasGodoy inicia o processocasa de apostas brasileirascongelamento dos gametascasa de apostas brasileirasnitrogênio líquido, a uma temperaturacasa de apostas brasileiras-196°C. Não é algo simples. "Não é só resfriar o material como quando a gente coloca alguma coisa no freezer. É preciso retirar toda a água dos espermatozoides e dos óvulos, porque,casa de apostas brasileirascaso contrário, os cristaiscasa de apostas brasileirasgelo que se formam podem destruir as células", explica Godoy.
Por ora, o sêmen congelado é enviado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde está sendo armazenado para posterior reprodução in vitro. Estudos preliminares apontaram que cercacasa de apostas brasileiras30% dos espermatozoides sobreviveram ao descongelamento, uma taxa considerada alta.
"Estamos paralisando essas células no tempo. Nós conseguimos mantê-las vivas por tempo indeterminado. No momento oportuno, podemos trazê-lascasa de apostas brasileirasvolta à vida para auxiliar na conservação dos corais", diz Godoy.
Por que os corais são importantes?
Os recifescasa de apostas brasileirascoral são conhecidos como "pequenas florestas tropicais do oceano",casa de apostas brasileirasvirtudecasa de apostas brasileirassua beleza multicolorida e e importância vital para o meio ambiente.
Os recifes são um dos ecossistemas mais produtivos e biologicamente ricos da Terra. Segundo estudo do World Resources Institute (WRI), instituição globalcasa de apostas brasileiraspesquisa científica, eles se estendem por cercacasa de apostas brasileiras250 mil quilômetros quadrados, uma porção minúscula do oceano. Porém, estima-se que 25%casa de apostas brasileirastodas as espécies marinhas conhecidas usam os recifes como abrigocasa de apostas brasileirasalgum momento da vida.
"Onde existem recifes há uma biodiversidade imensa. Quando eles estão doentes, muitas espécies desaparecem junto", explica a bióloga Janaína Bumbeer, especialistacasa de apostas brasileirasciência e conservação da Fundação Grupo Boticáriocasa de apostas brasileirasProteção à Natureza.
"Eles têm a funçãocasa de apostas brasileirasengenheiros, pois aumentam a complexidade do ambiente. Servemcasa de apostas brasileirasabrigo para muitas espécies, que se escondemcasa de apostas brasileiraspredadores, se alimentam e até se reproduzem dentro das estruturas dos recifes", diz Bumbeer.
A sobrevivência dos corais não é importante apenas para a biodiversidade do planeta, mas também para a economia e sobrevivência da populaçãocasa de apostas brasileirasmuitos países, inclusive o Brasil.
Segundo o WRI, 850 milhõescasa de apostas brasileiraspessoas no mundo vivem a menoscasa de apostas brasileiras100 kmcasa de apostas brasileirasum recifecasa de apostas brasileirascoral e são suscetíveiscasa de apostas brasileiras"obter benefícios dos serviços ecossistêmicos" produzidos por eles. Entre esses benefícios está a alimentação.
"As espéciescasa de apostas brasileiraspeixes associadas a recifes são importantes fontecasa de apostas brasileirasproteína (para a população), contribuindo com cercacasa de apostas brasileirasum quarto do pesca total nos paísescasa de apostas brasileirasdesenvolvimento,casa de apostas brasileirasmédia", diz o estudo.
Além disso, os recifes são vitais para movimentar o turismocasa de apostas brasileirasmuitos países tropicais, como o Brasil, atraindo mergulhadores, praticantescasa de apostas brasileirassnorkel e pescadores recreativos. "Maiscasa de apostas brasileiras100 países e territórios se beneficiam do turismo associado aos recifescasa de apostas brasileirascoral", aponta o WRI.
Por que os corais estão morrendo?
Uma sériecasa de apostas brasileirasproblemas afeta a sobrevivência dos corais. Para a maioria, o principal algoz é o aquecimento global.
Os corais são coloridos porque abrigam as zooxantelas, microalgas que grudam o tecido do animalcasa de apostas brasileirasuma relaçãocasa de apostas brasileirassimbiose (ambos se beneficiam desse encontro).
"Essas microalgas fazem fotossíntese, e o material químico produzido por esse processo servecasa de apostas brasileirasalimento para os corais", explica Leandro Godoy.
Com o aquecimento acentuado do oceano nos últimos anos, o processocasa de apostas brasileirasfotossíntese fica desregulado.
"Com a água mais quente, as algas passam a produzir um elemento tóxico para os corais. Então os corais 'expulsam' as algascasa de apostas brasileirasseu tecido. É por isso que eles ficam brancos: a gente passa a enxergar o esqueleto branco do coral, pois o tecido dele, sem as algas, é transparente. Sem essa relaçãocasa de apostas brasileirassimbiose com as algas, eles acabam morrendo", diz Godoy.
Há inúmeras outras ameaças aos recifes, e elas podem variar dependendo da região. A pesca predatória, por exemplo, ameaça 55% dos corais do mundo, segundo estudo do WRI.
"O corais sofrem muito quando a pesca écasa de apostas brasileirasarrasto, aquela com uma grande rede que chega ao fundo do mar arrastando tudo. Muitos são destruídoscasa de apostas brasileirassegundos", explica a bióloga Janaína Bumbeer.
Há outros problemas apontados pelos cientistas, como vazamentoscasa de apostas brasileiraspetróleo, pisoteamento dos recifes por turistas, sujeira despejada por navios e a poluição da água do mar por faltacasa de apostas brasileirassaneamento básico nas cidades.
Política pública
Os pesquisadores envolvidos no congelamento do sêmen dos corais acreditam que o projeto pode ajudar a desacelerar a extinção dos recifes, alémcasa de apostas brasileirasser uma espéciecasa de apostas brasileiras"reservacasa de apostas brasileirasemergência" caso a situação piore no futuro, como indicam as projeções.
"Provavelmente, algumas espéciescasa de apostas brasileirascoral serão extintas pois existem danos que não podem mais ser revertidos... Temos que aceitar que isso vai acontecer", diz Godoy. "Mas acredito que criar esse bancocasa de apostas brasileirasgametas pode ser muito importante para ajudar a repovoar algumas regiões. É um empurrãozinho que a ciência dá para conservar a espécie."
Para Janaína Bumbeer, o congelamentocasa de apostas brasileirasmaterial genético pode se transformarcasa de apostas brasileirasuma política pública no futuro.
"Acho que projetos como esse podem se traduzircasa de apostas brasileiraspolítica pública pra tomadacasa de apostas brasileirasdecisões. Não há mais tempocasa de apostas brasileirasespera: os impactos ambientais são muito rápidos e visíveis. Temos potencial científico no Brasil, mas precisamos fazer nossa liçãocasa de apostas brasileirascasa e investircasa de apostas brasileirasconservação", diz.
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