Covid: o que é a 'superimunidade' e como ela nos protege contra infecções:bet77 net

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Para testar este "Frankenspike" cultivadobet77 netlaboratório, eles o inseriram no que os virologistas chamambet77 netpseudotipobet77 netvírus, que foi projetado para que não tenha material genético suficiente para se replicar, permitindo que os cientistas o modifiquem e entendam como ele se comporta sem qualquer riscobet77 netele escapar.

Inicialmente, as coisas evoluíram como esperado. Quando os virologistas expuseram seu vírus recém-projetado a amostrasbet77 netsangue retiradasbet77 netpessoas que se recuperaram da covid-19 ou foram vacinadas contra a doença, ele escapou habilmentebet77 nettodos os anticorpos.

Mas então uma coisa incrível aconteceu. Quando eles testaram a proteína no sanguebet77 netpessoas que se recuperarambet77 netcovid-19bet77 net2020 e também foram vacinadas muitos meses depois, seus anticorpos conseguiram se ligar ao vírus e neutralizá-lo completamente.

"Foi realmente incrível", diz Michel Nussenzweig, professorbet77 netImunologia Molecular da Rockefeller e um dos envolvidos no projeto.

"Uma das coisas mais importantes que aprendemos com a pandemia é como a resposta do nosso sistema imunológico difere dependendobet77 nettermos sido naturalmente infectados, vacinados ou ambos".

(Isso não significa que seja uma boa ideia se infectar intencionalmente, pois toda infecção traz riscos.)

Ao longo dos últimos quatro meses, as descobertas da equipe da Rockefeller foram observadas na vida real.

As pessoas que se recuperarambet77 netuma infecção por covid-19 no passado e foram vacinadas parecem ser mais resistentes a novas variantes, da delta à ômicron.

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Legenda da foto, As células B foram descobertas pela primeira vezbet77 netgalinhas na décadabet77 net1960

Os imunologistas coletaram amostrasbet77 netsangue desses indivíduos e descobriram que eles tinham uma espéciebet77 net"superimunidade", batizada pela comunidade científicabet77 netimunidade híbrida.

Essas pessoas não apenas produzem níveis enormesbet77 netanticorpos, muito mais do que aqueles que acabarambet77 netreceber uma dose dupla e a dosebet77 netreforço, como também uma gama muito mais diversificadabet77 netanticorpos, que têm maior chancebet77 netencontrar pontos fracos virais.

Um estudo recentebet77 netcientistasbet77 netBoston e da África do Sul descobriu que pessoas que haviam sido infectadas anteriormente, antesbet77 netreceberem duas doses da vacina e um reforço, tinham maior imunidade contra a variante ômicron, a coisa mais próxima ao vírus artificial da Rockefeller que se observou na vida real.

"Uma vez que as pessoas que tiveram covid-19 são vacinadas com uma vacinabet77 netmRNA, elas produzem uma respostabet77 netanticorpos três vezes maior do que aquelas que receberam a vacina sem infecção prévia", explica Nussenzweig.

Mas a razão pela qual essas pessoas mostram respostas tão fortes é devido a uma faceta há muito negligenciada do nosso sistema imunológico, um tipobet77 netglóbulo branco conhecido como células Bbet77 netmemória.

Essas células são geradasbet77 netresposta a um vírus e conseguem lembrar disso caso o patógeno retorne. Por muito tempo, sabíamos relativamente pouco sobre essas células e como elas se comportavam.

Mas por meiobet77 netpesquisas sobre HIV, ebola, doenças autoimunes e, agora, covid-19, estamos começando a entender como elas são vitais para determinar nossas respostas a infecções e vacinas.

Das galinhas ao HIV

Na décadabet77 net1890, o fisiologista alemão Emil von Behring, um homem que ficou conhecido como "o salvador das crianças" devido ao seu trabalho vencedor do Prêmio Nobel sobre tratamentos para tétano e difteria, propôs a existênciabet77 netcélulas que pudessem se lembrarbet77 netencontros passados ​​com um infecção específica e gerar anticorpos ao topar com ela novamente.

Levaria mais 70 anos para que se observasse sinais das ideiasbet77 netvon Behring. Na décadabet77 net1960, os imunologistas descobriram que as galinhas cuja bursa, um importante órgão imunológico das aves, havia sido destruída pela radiação, não possuíam certas células necessárias para produzir anticorpos.

Elas ficaram conhecidas como células derivadasbet77 netbursa ou células B.

Em meados da décadabet77 net1970, descobriu-se que essas células são formadasbet77 nethumanos na medula óssea, antesbet77 netmigrar para os gânglios linfáticos ou para o baço.

Agora sabemos que, ao longobet77 netnossas vidas, estamos constantemente produzindo novas células B.

O corpo contém até cercabet77 net10 bilhões delas, e cada célula B contém receptores que podem reconhecer diferentes tiposbet77 netformasbet77 netantígenos na superfíciebet77 netum vírus.

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Legenda da foto, Evidências sugerem que as vacinasbet77 netmRNA provocam uma resposta mais forte das células Bbet77 netmemória contra a covid-19 do que outros tiposbet77 netvacinas

Isso é importante porque, embora as células B não se liguem aos vírus, elas podem se transformarbet77 netcélulas plasmáticas quando detectam uma ameaça.

Essas células plasmáticas produzem anticorpos direcionados contra o mesmo antígeno viral quebet77 netcélula B nativa.

Um grupo menos diversificadobet77 netcélulas B significa menos anticorpos que podem ser capazesbet77 netneutralizar o vírus.

Uma das coisas que a covid-19 ensinou aos imunologistas é que as pessoas que têm uma maior diversidadebet77 netcélulas B estão melhor equipadas para combater um novo patógeno e,bet77 netparticular, as variantesbet77 netconstante evolução da covid-19.

Isso é afetado pela idade, por condiçõesbet77 netsaúde subjacentes e também simplesmente pela genética.

"Todo mundo terá um repertório diferentebet77 netcélulas B para responder a qualquer infecção", diz Ali Ellebedy, professor associadobet77 netpatologia e imunologia da Escolabet77 netMedicina da Universidadebet77 netWashington.

À medida que envelhecemos, duas coisas acontecem com a resposta das células B. Primeiro, o corpo começa a produzir uma variedade menorbet77 netcélulas B, o que significa que é menos provável que elas tenham receptores que reconheçam antígenosbet77 netuma célula.

E, mais importante, elas demoram mais para se mobilizar contra uma ameaça,bet77 netmodo que patógenos particularmente letais podem sobrecarregar o sistema imunológico antes que ele entrebet77 netação.

São esses mesmos fatores que tornaram as pessoas mais jovens com condiçõesbet77 netsaúde subjacentes mais vulneráveis ​​à covid-19.

Mas quando seu corpo luta contra uma infecção ou recebe uma vacina, ele desencadeia um truque imunológico inteligente.

Algumas das células B se tornam as chamadas "células Bbet77 netmemória", que podem circular na corrente sanguínea por décadas, prontas para serem reativadas e lançarem uma respostabet77 netanticorpos caso o vírus retorne.

Esses anticorpos também desempenham um papel na supressãobet77 netinfecções crônicas que permanecem latentes no corpo durante grande partebet77 netnossas vidas, como o vírus Epstein-Barr.

Parece que esses vírus são capazesbet77 netse reativar quando o corpo está enfraquecido, como parece ser o casobet77 netuma proporçãobet77 netpacientesbet77 netcovid-19 longa.

Mas há muitas nuances na resposta das células Bbet77 netmemória. Uma das coisas que os imunologistas aprenderam com estudosbet77 netsobreviventes do ebola é que infecções graves parecem provocar um número muito maiorbet77 netcélulas Bbet77 netmemória do que apenas vacinas.

"Quando você tem uma infecção grave, as células do seu corpo produzem uma grande quantidadebet77 netvírus", diz Nussenzweig.

"Estábet77 nettodo o sistema respiratório, nariz, pulmões, vias aéreas superiores, mucosa. Todo o sistema imunológico está envolvido na resposta e está respondendo a todos os elementos desse vírus, por isso as infecções naturais podem levar a uma melhor memória do sistema imunológico."

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Legenda da foto, As pessoas que foram vacinadas contra a covid-19 e expostas ao vírus podem ter uma "imunidade híbrida" benéfica

Nos últimos seis meses, Nussenzweig vem estudando as sutis diferenças entre a infecção natural por covid-19 e a vacinação.

Ao isolar centenasbet77 netcélulas Bbet77 netmemóriabet77 netpessoas que foram infectadas ou vacinadasbet77 netvários momentos, ele descobriu que a infecção natural parece resultarbet77 netcélulas Bbet77 netmemória que evoluem continuamente.

Isso significa que elas produzem anticorpos com maior probabilidadebet77 netproteger contra novas variantes do vírus.

A principal revelação para os imunologistas é que esse efeito ocorre mais fortemente quando as pessoas foram infectadas e vacinadas depois.

Os cientistas estão agora procurando entender se podemos ajustar os regimesbet77 netvacinaçãobet77 nettal forma que os imunizantes sozinhos possam provocar essa respostabet77 netimunidade híbrida.

Caso seja possível, isso poderia fornecer uma arma crucial contra novas variantes da covid-19 e futuras pandemias.

A próxima pandemia

Em 2007, um grupobet77 netpesquisadores da Universidadebet77 netSaúde e Ciência do Oregon, nos Estados Unidos, embarcoubet77 netuma missão para tentar entender por que algumas respostas imunes a certas infecções ou vacinas parecem durar mais do que outras.

Eles compararam os anticorpos produzidos por várias tecnologiasbet77 netvacinas comuns, desde a contra o sarampo, que é administrada a pessoas com uma forma enfraquecida do vírus completo, até as contra tétano e difteria, que contêm antígenos virais, junto com anticorpos gerados por patógenos comuns, como Epstein-Barr ou citomegalovírus.

O artigo resultante mostrou que a vida média dos anticorpos varia drasticamente dependendo do tipo específicobet77 netvírus ou vacina.

Embora os anticorpos gerados para suprimir o citomegalovírus pudessem permanecer no corpo quase indefinidamente, a resposta ao tétano diminuiu após alguns anos.

"Isso nos mostrou que a programação celular que dá origem às células Bbet77 netmemória é muito diferente, dependendo da natureza da infecção ou do imunógeno", diz John Wherry, diretor do Institutobet77 netImunologia da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Agora, a covid-19 proporcionou uma oportunidade únicabet77 netcomparar diferentes tecnologiasbet77 netvacinas para o mesmo vírus para tentarmos entender o que leva à resposta imune mais duradoura e eficaz, observando como as células Bbet77 netmemória respondem ao longo do tempo.

Até agora, parece que as vacinasbet77 netRNA mensageiro, como as feitas por Pfizer, Moderna e Novartis, parecem funcionar melhor, embora os pesquisadores ainda estejam tentando descobrir exatamente o porquê.

"Estas vacinas produzem uma respostabet77 netcélulas Bbet77 netmemória muito mais robusta", explica Ellebedy. "Se você compará-las com a vacina da gripe, por exemplo, a resposta é pelo menos dez vezes maior."

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Legenda da foto, Os cientistas estão trabalhandobet77 netuma nova geraçãobet77 netvacinas que geram células Bbet77 netmemória

A intrigante descoberta da imunidade híbrida nos últimos meses levou os cientistas a analisar diferentes regimesbet77 netvacinas contra covid-19 para descobrir se misturar e combinar várias injeções pode provocar uma resposta imune igualmente poderosa.

Nussenzweig observa que os primeiros dados concretos sobre isso começarão a surgir no finalbet77 net2022 e podem nos ajudar a entender a melhor formabet77 netusar vacinas e dosesbet77 netreforço contra outros vírus, da gripe ao HIV.

"Teremos muitos dados clínicos e imunológicos que nos informarão sobre as melhores práticas", diz ele.

"Por exemplo, se dermos uma injeçãobet77 netreforço a pessoas que não foram infectadas, isso fortalece suas células Bbet77 netmemóriabet77 netcima dos anticorpos que já estão circulando? Essas pessoas serão mais capazesbet77 netlidar com uma infecção subsequente por covid-19?"

Wherry prevê que a crescente compreensão das células Bbet77 netgeral por meio da covid-19 também pode levar a benefícios no campo da imunoterapia contra o câncer.

Ele explica que agora sabemos que as células B produzem anticorpos contra certas partesbet77 nettumores, assim como fazem contra um vírus.

As células B também trabalhambet77 netconjunto com outros atores do sistema imunológico, como células T e células dendríticas, para criar um ambiente benéfico para atacar o tumor, e um dos objetivos das futuras imunoterapias é estimular a interação entre essas células.

"Essa pequena interaçãobet77 nettrês células está associada a um melhor resultado para todas as terapias contra o câncer", observa ele. "Toda vez que isso acontece, a resposta é melhor."

Saber a melhor formabet77 netativar nosso sistema imunológico também desempenhará um grande papelbet77 netpermitir que os sistemasbet77 netsaúde respondam rapidamente e reduzam a mortalidade quando a próxima pandemia ocorrer, algo que a maioria dos cientistas acredita ser inevitável.

"Haverá uma próxima vez", diz Nussenzweig. "Três vírus da SARS surgiram nos últimos 20 anos e causaram grandes problemas. Não sabemos o que acontecerá a seguir, então, temos que estar preparados."

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