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Quem vai pagar pelos danos causados pelas mudanças climáticas?:betfair com foguete
"Foi o mais traumáticobetfair com foguetetudo, ficar ali sentadobetfair com fogueteAntígua preocupado com as fazendas, animais e negócios,betfair com foguetevezbetfair com foguetecomeçar a recuperação", relembra ele. "Sou criadorbetfair com fogueteabelhas, e todas as minhas colônias foram destruídas. Perdi meu negócio, junto com muitos fazendeiros e pescadores."
"Quando os países perdem suas ilhas devido ao aumento do nível do mar e eventos extremos, eles perdembetfair com foguetecultura e suas tradições. Não existe adaptação para isso", segundo Le-Anne Roper, coordenadorabetfair com fogueteperdas e danos da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, na siglabetfair com fogueteinglês).
Para os nativosbetfair com fogueteBarbuda, a destruição da biodiversidade e do ambiente local é uma violação direta do seu modobetfair com foguetevida.
"Toda a nossa cultura, identidade e modobetfair com foguetevida são relacionados ao meio ambiente e aos recursos naturais", segundo Mussington. Ele acrescenta que muitos moradoresbetfair com fogueteBarbuda passam seu tempo livre forabetfair com foguetecasa, pescando, caçando e acampando junto à natureza. "É parte da nossa identidadebetfair com fogueteBarbuda."
As construções danificadas e a perdabetfair com foguetetrabalho não são as únicas consequênciasbetfair com fogueteeventos extremos causados pelas mudanças climáticas. Desde Barbuda até Fiji, culturas inteiras estãobetfair com fogueterisco. Mas, com maior consciência, novas tecnologias e fortes apelos por apoio internacional, essas pequenas nações insulares estão preparando seu contra-ataque.
A Aosis, que defende os interessesbetfair com foguete39 pequenas nações insulares nas negociações globais sobre o clima, levantou pela primeira vez a questãobetfair com fogueteperdas e danosbetfair com foguete1991, pouco depois dabetfair com foguetefundação, quando pediu apoio aos ilhéus que enfrentam aumento do nível dos mares.
Os países ricos apresentaram forte resistência a esses apelos, insistindo que o auxílio humanitário é suficiente para lidar com a questão.
Nos 30 anos que se seguiram, pequenos Estados insularesbetfair com fogueteterras baixas e outros países vulneráveis às ações climáticas continuaram a pedir aos países ricos que os ajudassem a lidar com eventos extremos, como ondasbetfair com foguetecalor, furacões e enchentes, bem como ameaças climáticasbetfair com fogueteavanço lento, como o aumento do nível dos mares.
Eles argumentam que os países ricos devem pagar por perdas e danos causados pelo clima, já que eles são responsáveis por quase 80% do históricobetfair com fogueteemissões.
Nas discussões sobre o clima global das Nações Unidasbetfair com fogueteGlasgow, no Reino Unido,betfair com foguetenovembro passado, os paísesbetfair com foguetedesenvolvimento travaram uma luta árdua para a criaçãobetfair com fogueteuma agência formal dedicada ao financiamentobetfair com fogueteperdas e danos, a ser subordinada à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na siglabetfair com fogueteinglês), para fornecer novo apoio financeiro às nações afetadas.
Mas o pacto finalbetfair com fogueteGlasgow sobre o clima não fez referência ao financiamento climático para cobrir os valores crescentesbetfair com fogueteperdas e danosbetfair com foguetepaísesbetfair com foguetedesenvolvimento. Os países ricos disseram que estabeleceriam "um diálogo" para discutir "mecanismos para o financiamentobetfair com fogueteatividades para evitar, minimizar e combater perdas e danos".
Nas discussões sobre o clima, a primeira-ministrabetfair com fogueteBarbados, Mia Mottley, disse aos líderes mundiais que pedir aos países que estão na linhabetfair com foguetefrente da crise climática, como os pequenos Estados insulares, que paguem pelas mudanças climáticas é "como pedir aos passageirosbetfair com fogueteum acidentebetfair com foguetecarro que paguem pelos danos no lugar do motorista".
"A ausência desse financiamento crucial é medidabetfair com foguetevidas e no sustento das nossas comunidades", afirmou Mottley, acrescentando que ela considera a situação "imoral" e "injusta".
Os países vulneráveis afirmam que precisam urgentementebetfair com fogueteapoio técnico e financeiro, agora que começam a enfrentar os impactos mortais das mudanças climáticas, que se intensificarão à medida que o planeta ficar mais quente.
Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na siglabetfair com fogueteinglês), "cada 0,5°C adicionalbetfair com fogueteaquecimento global causa aumentos claramente observáveis da intensidade e da frequência"betfair com fogueteeventos extremos, como ondasbetfair com foguetecalor, fortes chuvas e secas.
"Não podemos mais ignorar [esses impactos]", afirma Adelle Thomas, pesquisadora caribenha sênior da organização alemã Climate Analytics. "Está acontecendo agora [também] nos países desenvolvidos", segundo ela, referindo-se às enchentes na Alemanha no mêsbetfair com foguetejulho, que mataram maisbetfair com foguete200 pessoas e causaram perdas econômicasbetfair com fogueteaté 5 bilhõesbetfair com fogueteeuros (R$ 32,4 bilhões).
Um estudo da organização britânica Christian Aid destaca o impacto econômico devastador a ser imposto pelas mudanças climáticas aos 65 países mais vulneráveis do mundo.
Se as temperaturas globais aumentarembetfair com foguete2,9°C, o PIB dessas nações cairábetfair com foguete20% até 2050 ebetfair com foguete64% até 2100.
Abordagem preventiva
Todos os anos, Fiji enfrenta eventos extremos, que variambetfair com foguetepoderosos ciclones a secas prolongadas, segundo o embaixador do país nas Nações Unidas, Satyendra Prasad. Ele afirma que "10% da nossa economia foram varridos por três eventos só no último ano, enquanto também combatíamos a covid-19. Esta é a diferença entre os países grandes e os pequenos."
Em 2021, Fiji lançou um esquemabetfair com fogueteseguro paramétrico,betfair com fogueteparceria com agências das Nações Unidas, que oferece pagamentos imediatos para as mulheres pobres e outras comunidades vulneráveis após a ocorrênciabetfair com foguetedesastres. Esse financiamento dirigido ajuda as pessoas a reconstruir suas vidas depoisbetfair com fogueteuma catástrofe, segundo Prasad.
O governobetfair com fogueteFiji também está realocando para o interior 20 mil pessoas que vivembetfair com foguete45 comunidades costeiras, a fimbetfair com fogueteprotegê-las do aumento do nível do mar, com financiamento levantado pelo impostobetfair com fogueteadaptação ao clima e ao meio ambiente do país.
"Não se trata apenasbetfair com foguetemudar as casasbetfair com foguetelugar", segundo Prasad. "Temos que construir novas rodovias, escolas e fornecer eletricidade - tudo o que torna a vida possível."
A pressão constante pela reconstrução após eventos extremos torna quase impossível para Fiji investir na educação, assistência médica e infraestrutura.
"Estamos gastando mais dinheiro reparando e reconstruindo escolas que expandindo a educação", afirma Prasad, que acrescenta que o dinheiro da assistência médica é transferido para serviços sociais, a fimbetfair com fogueteajudar na recuperação das comunidades vulneráveis.
Já no Paquistão, um projeto piloto lançado pela Start Network — uma coalizãobetfair com foguete50 agênciasbetfair com fogueteauxílio e organizações sem fins lucrativos — pretende levar a intervenção precoce um passo adiante. A rede está tentando prever condições climáticas extremas que podem gerar fome e pobreza, detectando sinaisbetfair com fogueterisco com antecedência e agindo com rapidez.
Utilizando imagensbetfair com foguetesatélite e modelos estatísticos, a ferramenta prevê quando eventos extremos, como secas e enchentes, estão para acontecer e ativa um alerta para intervenção antecipada — fornecendo dinheiro e experiência técnica essencial. Isso permite que as comunidades vulneráveis desenvolvam planosbetfair com foguetereação com antecedência e minimizem os impactos tanto quanto possível.
Esse modelo, que prevê reduções do rendimento das safras, permitiu que comunidades do Paquistão começassem a cultivar plantas resistentes à seca, preservar água e imunizar seus rebanhos até um mês antesbetfair com fogueteuma seca. "É uma reação muito rápida, dirigida e eficaz, antes que o risco chegue ao campo", afirma Amjad Ahmad, coordenadorbetfair com foguetefinanciamentobetfair com fogueteriscosbetfair com foguetedesastres da rede no Paquistão.
Os resultados iniciais são positivos, segundo Ahmad. Menos crianças saíram da escola, e as famílias não foram forçadas a mudar-se para favelas urbanasbetfair com foguetebuscabetfair com foguetetrabalho. As comunidades também tiveram acesso a financiamento antesbetfair com fogueteserem atingidas pelas secas e outros choques climáticos.
"Não precisamos esperar o sofrimento chegar para que o financiamento seja liberado", segundo Sarah Klassen, consultorabetfair com foguetepolítica e defesabetfair com foguetedireitos da Start Network. "Estamos realmente considerando a ação proativa como uma das formas práticasbetfair com fogueteque as organizações humanitárias podem abordar e minimizar perdas e danos causados pelas mudanças climáticas;"
O problema da responsabilidade
Esse tipobetfair com fogueteintervenção exige conhecimento tecnológico e, principalmente, dinheiro para seu financiamento. Mas a grande questão é: quem deve pagar a conta?
Os países ricos, que tradicionalmente detêm o maior históricobetfair com fogueteemissões, estão preocupados porque poderão ser responsabilizados pelas décadasbetfair com foguetepoluição que eles causaram. Quando perdas e danos foram incluídos no Acordobetfair com fogueteParisbetfair com foguete2015, os Estados Unidos forçaram a inserçãobetfair com fogueteuma cláusula que indicasse que o acordo "não envolve nem fornece base para responsabilidade ou compensação".
O debate sobre responsabilidade e compensação tornou perdas e danos "um tabu político" e paralisou as negociações, segundo Adelle Thomas.
Apesarbetfair com foguetese inscreverembetfair com fogueteuma "coalizão muito ambiciosa" com pequenos Estados insulares e nações vulneráveis nas discussões sobre o climabetfair com foguetenovembrobetfair com foguete2021betfair com fogueteGlasgow, os Estados Unidos e a União Europeia bloquearam a propostabetfair com foguetecriaçãobetfair com fogueteuma agênciabetfair com foguetefinanciamentobetfair com fogueteperdas e danos, apresentada pelos países vulneráveis.
Quando questionado sobre a razão da oposição dos Estados Unidos à criação dessa agência, o enviado especial climáticobetfair com fogueteWashington John Kerry disse aos repórteres: "Permanecemos sempre preocupados com a questão da responsabilidade e a quem ela cabe".
Satyendra Prasad, o embaixadorbetfair com fogueteFiji, afirma que as negociações políticas precisam avançar para além desse dilema. Para ele, "elas deveriam tratar da soluçãobetfair com fogueteproblemas a longo prazo e nãobetfair com foguetecompensação e quem é responsável por quanto".
Fornecer apoio por perdas e danos não é apenas altruísmo, afirma Olivia Serdeczny, analistabetfair com foguetepesquisa da Climate Analytics, especializadabetfair com fogueteperdas e danos. "Em algum momento, os países desenvolvidos poderão agirbetfair com fogueteseu próprio interesse. Eles não querem que os sistemas políticos dos paísesbetfair com foguetedesenvolvimento se desestabilizem e tenham que enfrentar migrantes climáticos", afirma ela.
Quanto é necessário?
Os ativistas afirmam que os países vulneráveis precisambetfair com foguetepelo menos US$ 300 bilhões (R$ 1,7 trilhão) por ano para cobrir perdas e danos até 2030. Os paísesbetfair com foguetedesenvolvimento indicam que esse financiamento para recuperação deverá somar-se ao dinheiro reservado para atenuação e adaptação climática, que se enquadrabetfair com fogueteum compromissobetfair com foguetefinanciamento climático global.
"O volume e a escala dos recursos [necessários] está além do que países como o nosso podem pagar", afirma Prasad. "Nós precisamosbetfair com fogueterecursos dedicados para fins exclusivosbetfair com foguetecobrir perdas e danos."
Nas negociações sobre o clima das Nações Unidasbetfair com foguetenovembrobetfair com foguete2021, a Escócia tornou-se o primeiro país do mundo a reservar financiamento específico para perdas e danos, cercabetfair com foguete2 milhõesbetfair com foguetelibras (R$ 15,3 milhões), para ajudar as comunidades na linhabetfair com foguetefrente da crise climática. O valor é pequeno, mas o compromisso foi considerado altamente simbólico. Ainda assim, outros países negaram-se a abrir um novo canalbetfair com foguetefinanciamento climático.
Uma área na qual se fez progressos nas negociações foi a concordância dos países ricosbetfair com foguetefinanciar a Redebetfair com fogueteSantiago, um mecanismo formadobetfair com foguete2019 para fornecer assistência técnica a países que vêm sofrendo perdas e danos. A ideia é tornar essa rede operante antes da próxima reunião climática da ONU, que será realizada no Egito,betfair com foguetenovembrobetfair com foguete2022.
"Espera-se fornecer assistência técnica voltada à demanda e a soluções para os países", segundo Harjeet Singh, consultor da redebetfair com fogueteorganizações ambientais Climate Action Network International.
"Esse apoio ajudará a gerar conhecimento e informação para os países que precisambetfair com fogueteassistência técnica para lidar com a intensidade e frequência crescentesbetfair com fogueteeventos climáticos extremos e novos desafios, como o aumento do nível dos mares, derretimento das geleiras e acidificação dos oceanos", afirma ele.
Mas os países vulneráveis afirmam que a rede sozinha faz pouco para reduzir os desafios enfrentados. "[Os desastres climáticos] são a realidade que estamos vivendo", afirma Prasad. "Todos os anos estamos postergando as ações e aumentando a escala dos problemasbetfair com fogueteperdas e danos."
"Estamos realmentebetfair com fogueteum momento crítico", segundo Thomas. "Estamos atingindo nosso limitebetfair com fogueteespera e luta."
Depois do furacão Irma, o financiamentobetfair com fogueteperdas e danos teria ajudado Barbuda a reconstruir-se maisbetfair com fogueteforma rápida e adaptável, para que a ilha pudesse suportar furacões futuros, segundo o biólogo marinho John Mussington.
Ele afirma que o dinheiro poderia ser usado para mudar a principal fonte energéticabetfair com fogueteBarbuda para energia renovável, como a eólica, que não só é mais sustentável, mas pode também ser adaptada para melhor suportar as tempestades e manter as luzes acesas após tempestades severas.
O apoio internacional permitiria ainda maior investimento nos mangues, recifesbetfair com foguetecorais e praiasbetfair com fogueteBarbuda — que são parte fundamental da vida cultural da ilha e agem como barreiras importantes contra as marésbetfair com foguetetempestades, acrescenta Mussington. "Se não os preservarmos, não manteremos nossa cultura e nossa identidade."
Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
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