Coronavírus: como pacientes 'resistentes' podem ajudar na busca por tratamento para covid-19:twitter sportingbet

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Quando Paxton tentou infectar os glóbulos brancostwitter sportingbetCrohn com HIV, o vírus causador da Aids,twitter sportingbetum tubotwitter sportingbetensaio, isso se revelou impossível. A explicação é que Crohn tinha uma mutação genética — que ocorretwitter sportingbetapenas 1% da população — que impede o vírustwitter sportingbetse prender à superfície dos glóbulos brancos.
Nos dez anos seguintes, os cientistas conseguiram desenvolver um medicamento retroviral, que imita os efeitos dessa mutação no organismo e que transformou os tratamentos da Aids. A droga também se mostrou crucial para ajudar a controlar o vírustwitter sportingbetpessoas infectadas.
Crohn morreutwitter sportingbet2013, aos 66 anos, mastwitter sportingbethistória deixou um legado que vai muito além do HIV.
Resistência à covid-19

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Nas últimas duas décadas, inspirou todo um campo da Medicina,twitter sportingbetque os cientistas buscam identificar esses chamados "casos isolados" que, como otwitter sportingbetCrohn, são excepcionalmente resistentes ou pouco suscetíveis a uma doença e servemtwitter sportingbetbase para estudostwitter sportingbetnovos tratamentos.
Como geneticista na Escolatwitter sportingbetMedicina Icahn,twitter sportingbetNova York, Jason Bobe passou os últimos anos estudando pessoas com traçostwitter sportingbetresistência incomum a doenças,twitter sportingbetproblemas cardíacos à doençatwitter sportingbetLyme. Assim, quando a primeira ondatwitter sportingbetcovid-19 atingiu o país, seu primeiro instinto foi procurar pessoas resistentes à nova infecção por coronavírus.
"Penseitwitter sportingbetStephen Crohn. Alguém precisava começar a procurar esses casos isoladostwitter sportingbet(resistência à) covid-19", diz ele.
A ideiatwitter sportingbetBobe era tentar encontrar famílias inteiras, nas quais várias gerações haviam sofrido casos gravestwitter sportingbetcovid-19, mas entre as quais havia pelo menos um indivíduo assintomático. "Ter uma família inteira junta torna muito mais fácil entender os fatores genéticostwitter sportingbetjogo, e o que está por trás dessa resistência", explica.
No passado, a identificaçãotwitter sportingbetgrupos familiares que atendessem a essas características levaria anos, mas o mundo digital oferece várias maneirastwitter sportingbetchegar a essas pessoas. Desde junhotwitter sportingbet2020, Bobe tem trabalhado com administradorestwitter sportingbetgrupostwitter sportingbetpacientes com covid-19 e familiares no Facebook, como o Survivor Corp, para tentar identificar candidatos.
Também criou uma plataforma na internettwitter sportingbetque qualquer paciente com covid-19 assintomático pode preencher um questionário para participartwitter sportingbetum estudotwitter sportingbetresistência ao vírus, se atender aos requisitos.
Nos próximos meses, Bobe espera replicar a sequênciatwitter sportingbetgenomastwitter sportingbetpacientes com sinaistwitter sportingbetresistência à covid-19, para ver se compartilhamtwitter sportingbetalguma mutação que os estaria ajudando a escapar do vírus. Se tiver sucesso, suas descobertas podem servirtwitter sportingbetbase para a criaçãotwitter sportingbetmedicamentos antivirais capazestwitter sportingbetnos proteger da covid-19 e tambémtwitter sportingbetfuturas epidemiastwitter sportingbetcoronavírus.
E já existem algumas pistas. Os pesquisadores identificaram uma associação entre os grupos sanguíneos do tipo O e Rh negativo a um menor riscotwitter sportingbetdoenças graves. Mas, enquanto os cientistas levantam a hipótesetwitter sportingbetque certos tipostwitter sportingbetsangue podem naturalmente ter anticorpos capazestwitter sportingbetreconhecer alguns aspectos do vírus, a natureza precisa dessa relação permanece obscura.
Cientista brasileira investiga a questão

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Mas Bobe não é o único cientista tentando descobrir o que torna esses casos isoladostwitter sportingbetresistência à covid-19 únicos. Mayana Zatz, diretora do Centrotwitter sportingbetPesquisas do Genoma Humano da Universidadetwitter sportingbetSão Paulo, identificou cem casaistwitter sportingbetque uma pessoa foi infectada com covid-19, mas seu parceiro, não.
Sua equipe está agora estudando esses indivíduos na tentativatwitter sportingbetidentificar os marcadores genéticos dessa resistência. "A ideia é tentar descobrir por que algumas pessoas altamente expostas ao vírus não desenvolvem a covid-19 e também não apresentam anticorpos. Descobrimos que, ao que parece, isso é relativamente comum. Recebemos cercatwitter sportingbet1 mil emailstwitter sportingbetpessoas dizendo que estavam nessa situação", explica.
A cientista também analisou o genomatwitter sportingbet12 pessoas com maistwitter sportingbet100 anos que foram apenas levemente afetadas pelo coronavírus, incluindo uma mulhertwitter sportingbet114 anos na cidadetwitter sportingbetRecife, que segundo os registrostwitter sportingbetZatz, é a pessoa mais velha a sobreviver à covid-19.
Embora a doença tenha se mostrado especialmente mortal entre os adultos mais velhos, aqueles que conseguiram resistir à infecção e têm maistwitter sportingbet70 anos podem oferecer pistastwitter sportingbetnovas maneirastwitter sportingbetproteger os mais vulneráveis em futuras pandemias.
Embora os casostwitter sportingbetresistência excepcional ao vírus tenham chamado a atençãotwitter sportingbetalguns geneticistas, outros estão mais interessados nos casos atípicos no outro extremo do espectro: aqueles que foram mais afetados do que a média.
Nos últimos meses, estudos com esses pacientes esclareceram por que o Sars-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, pode ser tão mortal.

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Interrupção do sistematwitter sportingbetalarme do corpo
Em meados do ano passado, Qian Zhang chegou para uma consulta odontológica. No meio da revisão, o dentista que a atendia perguntou: "Como é possível que eu tenha ido parar na UTI por causa da covid-19, enquanto minha irmã foi infectada, mas nem notou que estava infectada?".
Como geneticista que trabalha na Universidade Rockefeller,twitter sportingbetNova York, essa era uma pergunta que Zhang deveria ser capaztwitter sportingbetresponder com facilidade.
Nos últimos anos, vários cientistastwitter sportingbetsua universidade se especializaramtwitter sportingbetestudar o genoma humanotwitter sportingbetbuscatwitter sportingbetpistas que respondam por que há pessoas que ficam gravemente doentes com vírus comuns, como da herpes ou da gripe.
"Em todas as doenças infecciosas que analisamos, sempre é possível encontrar casos isoladostwitter sportingbetpessoas que adoecem gravemente porque apresentam mutações genéticas que as tornam suscetíveis", diz Zhang.
Quando a pandemiatwitter sportingbetcovid-19 começou, ficou logo claro que os adultos mais velhos, sobretudo aqueles com problemastwitter sportingbetsaúde subjacentes, eram desproporcionalmente mais afetados,twitter sportingbetcomparação com a média.

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Mas os cientistas da Universidade Rockefeller estavam mais interessados nos casos atípicostwitter sportingbetpessoas aparentemente saudáveis na casa dos 30 anos que acabaram na UTI.
Em abril, eles lançaram um projetotwitter sportingbetcolaboração internacional chamado Covid Human Genetic Efforttwitter sportingbetparceria com outras universidades e centros médicos na Bélgica, Taiwan e outros países, com a ideiatwitter sportingbetestudar a genética desses casos. Assim que o projeto começou, Zhang já tinha um suspeitotwitter sportingbetvista.
Na décadatwitter sportingbet1960, os cientistas descobriram que nossas células têm um sistematwitter sportingbetalarme interno que alerta o resto do corpo quando ele está sendo atacado por um novo vírus. "Quando um vírus entra na célula, a célula infectada produz proteínas chamadas interferons tipo um, que são liberadas para fora da célula", explica Zhang.
"Todas as células ao redor recebem esse sinal e se dedicam a se preparar para combater aquele vírus. Se a infecção for grave, as células vão produzir interferon suficiente para que chegue à corrente sanguínea e assim todo o corpo saiba que ele está sendo atacado." Mas, às vezes, há falhas genéticas que fazem com que esse sistema não funcione.
Em 2015, os cientistas da Universidade Rockefeller identificaram mutaçõestwitter sportingbetjovens saudáveis que desenvolveram casos gravestwitter sportingbetpneumonia a partirtwitter sportingbetuma simples gripe. A mutação fazia com que a resposta do interferon não fosse registrada. "Se o alarme for silenciado, o vírus pode se propagar e infectar muito mais rápido", diz Zhang.

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Vulnerabilidade à covid-19
Aparentemente, isso desempenhou um papel importantetwitter sportingbetalgumas pessoas surpreendentemente vulneráveis à covid-19. Uma sérietwitter sportingbetartigos científicos, publicadostwitter sportingbetsetembrotwitter sportingbet2020, comparou 987 dos chamados casos isoladostwitter sportingbetcovid-19 que desenvolveram pneumonia grave, mas tinham menostwitter sportingbet50 anos ou maistwitter sportingbet50 anos sem comorbidades, com pacientes assintomáticos.
Cercatwitter sportingbet3,5% apresentavam uma mutação genética significativa que os impediatwitter sportingbetgerar a resposta do interferon tipo um. Outros 10% tinham anticorpos que atuam contra o próprio organismo no sangue, conhecidos como autoanticorpos, que se ligam aos interferons e os "removem" da corrente sanguínea antes que possam alertar o resto do corpo.
De acordo com Ignacio Sanz, especialistatwitter sportingbetimunologia da Universidade Emory, nos Estados Unidos, isso confirma outras descobertas que sugerem que os autoanticorpos desempenham um papel fundamental nos casos mais gravestwitter sportingbetcovid-19, bloqueando a capacidade do corpotwitter sportingbetse defender contra os vírus.

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"Há evidências acumuladastwitter sportingbetque um percentual significativotwitter sportingbetpacientes com doenças graves produz quantidades e tipos incomunstwitter sportingbetautoanticorpos", explica o especialista.
Os cientistas da Universidade Rockefeller agora querem usar essa informação para detectar pessoas que podem ter uma vulnerabilidade invisível à covid-19, alémtwitter sportingbetoutros vírus respiratórios, como a gripe.
Zhang explica que qualquer pessoa com uma mutação genética que impeça o bom funcionamento dos interferons pode ser tratada preventivamente, ou até mesmo nos estágios iniciais da infecção. "Desde que fizemos o estudo, tivemos três pacientestwitter sportingbetParis que já sabiam que tinham essas mutações genéticas", explica.
"Após testarem positivo para covid-19, eles receberam uma injeçãotwitter sportingbetinterferon, e os três resultados foram muito bons. Nenhuma doença grave."
Eles também estão colaborando com bancostwitter sportingbetsanguetwitter sportingbettodo o mundo para tentar identificar a verdadeira prevalência na populaçãotwitter sportingbetgeraltwitter sportingbetautoanticorpos que atuam contra o interferon tipo um. Se uma porcentagem significativa for encontrada, pode ser desenvolvido um teste para determinar se uma pessoa apresenta, sem saber, um risco muito maior diantetwitter sportingbetinfecções virais.
"Precisamos descobrir quantas pessoas estão por aí com esses autoanticorpos", diz Zhang. "Porque muitos dos que participaramtwitter sportingbetnosso estudo pareciam totalmente saudáveis e não haviam tido outros problemas até contrair a covid-19", acrescenta.

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Suscetibilidade dos genes
Mas os autoanticorpos e mutações que bloqueiam diretamente os interferons do tipo um representam apenas 14%twitter sportingbettodos esses casos isolados que foram analisados. Para os 86% restantes, os geneticistas acreditam que a vulnerabilidade decorretwitter sportingbetuma sérietwitter sportingbetcadeiastwitter sportingbetinterações genéticas, que os afetamtwitter sportingbetmaneiras diferentes quando o vírus ataca.
"Apenas um pequeno número é seriamente infectado porque tem uma mutaçãotwitter sportingbetum único gene principal", diz Alessandra Renieri, professoratwitter sportingbetgenética médica da Universidadetwitter sportingbetSiena, na Itália. "A maioria dos pacientes segue um modelo mais complexotwitter sportingbetque muitos genes cooperam entre si para aumentar a suscetibilidade à covid-19", acrescenta.
Para entender isso, os cientistas da Universidadetwitter sportingbetEdimburgo, na Escócia, estudaram os genomastwitter sportingbet2,7 mil pacientes encontradostwitter sportingbetunidadestwitter sportingbetterapia intensivatwitter sportingbettodo o Reino Unido e os compararam com voluntários saudáveis.
E descobriram que as pessoas mais vulneráveis à covid-19 têm cinco genes — relacionados à resposta ao interferon e suscetibilidade à inflamação pulmonar — que são notoriamente mais ou menos ativos do que os da populaçãotwitter sportingbetgeral.
"Essa combinação significa que o vírus pode se espalhar mais facilmente pelo corpo, e a pessoa tem mais chancestwitter sportingbetsofrer danos pulmonares como resultado", explica Erola Pairo-Castineira, uma das geneticistas que liderou o estudo.
Pairo-Castineira sugere que esse conhecimento mudará os tipostwitter sportingbettratamentostwitter sportingbetprimeira linha oferecidos aos pacientestwitter sportingbetfuturas pandemias. Em particular, o baricitinib, um anti-inflamatório usado para tratar a artrite reumatoide, que foi identificado por algoritmostwitter sportingbetinteligência artificial como um tratamento eficaz para covid-19,twitter sportingbetfevereirotwitter sportingbet2020.
Ele é conhecido por ser eficaz na supressão da atividadetwitter sportingbetpelo menos um dos genes que levam à inflamação dos pulmões. Em dezembro, um ensaio clínico mostrou que uma combinaçãotwitter sportingbetbaricitinib e do antiviral remdesivir reduz o tempotwitter sportingbetrecuperaçãotwitter sportingbetpacientes com covid-19.
Pesquisas buscam novas pistas

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Os cientistas das universidadestwitter sportingbetRockefeller e Edimburgo estão agora buscando conduzir estudos mais amplos com pacientes que se mostraram excepcionalmente suscetíveis à covid-19, para encontrar mais pistas genéticastwitter sportingbetpor que o vírus pode atacar pessoas aparentemente saudáveis.
Isso também pode explicar por que as pessoas com grupos sanguíneos do tipo A parecem ter um fatortwitter sportingbetrisco mais alto.
O estudo desses casos isoladostwitter sportingbetcovid-19 também fornece perspectivas sobre outros mistérios importantes da pandemia, como por que os homens são consideravelmente mais suscetíveis do que as mulheres. "Esses estudos nos deram várias ideias a esse respeito", diz Renieri. "Eles nos mostraram o quão importante é a resposta do interferon."
"Isso é interessante porque, depois da puberdade, os homens apresentam um aumento na testosterona, e a testosterona pode desregular os genes do interferon tipo um. Portanto, para os homens que já têm um defeito nesses genes, significa que eles podem ser muito mais vulneráveis ao vírus", sugere.
Embora muitas dessas respostas possam chegar tarde demais para fazer uma grande diferença na pandemia atual, entender o que torna as pessoas particularmente resistentes ou vulneráveis salvará muitas vidastwitter sportingbetsurtos futuros.
Como nos mostraram as epidemiastwitter sportingbetSars, H1N1 e ebola dos últimos 20 anos, é inevitável que novos vírus continuem a se espalhar, tornando ainda mais vital o desenvolvimentotwitter sportingbetnovos métodos para identificar aqueles que correm mais risco. E novas maneirastwitter sportingbettratá-los.

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Com issotwitter sportingbetmente, o estudotwitter sportingbetZatztwitter sportingbetidosos resistentes à covid-19 não se concentra apenas no SARS-CoV-2, mas tambémtwitter sportingbetoutras infecções respiratórias.
Sua equipe está usando células-tronco para converter amostrastwitter sportingbetsangue desses pacientes centenáriostwitter sportingbettecido pulmonar, que eles infectamtwitter sportingbetlaboratório com vários outros vírus para ver se as mutações genéticas também oferecem proteção contra essas infecções.
Se isso acontecer, pode abrir caminho para a produçãotwitter sportingbetdrogas antivirais inteiramente novas, da mesma forma que o estudotwitter sportingbetStephen Crohn sobre os glóbulos brancos décadas atrás.
"Nosso objetivo é identificar variantes genéticas que oferecem resistência, não apenas à covid-19, mas também a outros vírus ou condições adversas", diz Zatz. "Se identificarmos variantestwitter sportingbetproteção e descobrirmostwitter sportingbetfunção, podemos abrir novas viastwitter sportingbettratamento."
twitter sportingbet Leia a versão original twitter sportingbet desta reportagem (em inglês) no site BBC Future twitter sportingbet .

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