‘Morrerblaze official sitetanto trabalhar’ gera debate e ondablaze official siteindenizações no Japão:blaze official site
O problema é tão generalizado que se uma morte for considerada karoshi, a família da vítima recebe uma compensação do governo da ordemblaze official siteUS$ 20 mil por ano, alémblaze official siteuma indenização da empresa, que pode chegar a US$ 1,6 milhões.
Para isso, a vítima precisa ter trabalhado maisblaze official site100 horas extras no mês anterior àblaze official sitemorte - ou 80 horas extras por dois meses consecutivos ou mais nos seis meses anteriores.
Quando a lei foi implantada, as autoridades notavam cercablaze official site200 casos por ano. Masblaze official site2015, os pedidosblaze official siteindenização chegaram ao número recordeblaze official site2.310, segundo relatório do Ministério do Trabalho do Japão.
E isso pode ser apenas a ponta do iceberg:blaze official siteacordo com o Conselho Nacionalblaze official siteDefesa para Vítimasblaze official siteKaroshi, os números reais podem chegar a 10 mil por ano - aproximadamente a mesma quantidadeblaze official sitepessoas mortas no trânsito anualmente no país.
Propósito e motivação
Eis um caso típicoblaze official sitekaroshi: Kenji Hamada era funcionárioblaze official siteuma empresablaze official sitesegurançablaze official siteTóquio. Tinha uma jovem esposa dedicada e um histórico profissional excelente. Para ele, era normal trabalhar 15 horas por dia e encarar 4 horas diárias no transporte público.
Até que alguém o viu debruçado sobreblaze official sitemesa no escritório. Foi vítimablaze official siteum ataque cardíaco aos 42 anosblaze official siteidade.
Hamada morreublaze official site2009, mas o karoshi fezblaze official siteprimeira vítima 40 anos antes, quando um homem saudável,blaze official site29 anos, sofreu um derrame depoisblaze official sitefazer turnos consecutivos no departamentoblaze official sitedistribuição do maior jornal do Japão.
"Depois da derrota da Segunda Guerra Mundial, os japoneses passaram a ser os profissionais com a jornadablaze official sitetrabalho mais longa do mundo", explica Cary Cooper, especialistablaze official siteestresse da Universidadeblaze official siteLancaster, na Grã-Bretanha.
No Japão pós-guerra, o trabalho devolveu aos homens um propósito. Havia estímulos financeiros e motivação psicológica. As empresas aderiram a essa nova ordem e começaram a custear clubesblaze official sitefuncionários e outros benefícios como transporte, moradia, atençãoblaze official sitesaúde e creches. E, logo, o mundo do trabalho passou a ser o centro da vida do adulto japonês.
Décadas depois,blaze official sitemeados dos anos 80, a coisa começou a desandar. Problemas na economia alimentaram uma escalada rápida e insustentável nos preçosblaze official siteações e imóveis. O crescimento galopante, conhecido como "economia da bolha", levou os assalariados japoneses a seu limite.
No auge dessa fase, quase 7 milhõesblaze official sitepessoas (cercablaze official site5% da população do país na época) trabalhavam 60 horas por semana. Enquanto isso, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Alemanha ainda navegavam na tranquila jornadablaze official site9h às 17h.
Segundo uma pesquisa conduzidablaze official site1989, 45,8% dos chefesblaze official siteseção e 66,1% dos chefesblaze official sitedepartamentoblaze official sitegrandes empresas japonesas acreditavam que iriam morrerblaze official sitetanto trabalhar.
Quando a economia da bolha entroublaze official sitecolapso, no início dos anos 90, a cultura do excessoblaze official sitetrabalho só piorou. No período conhecido como "década perdida", o karoshi atingiu proporções epidêmicas. O númeroblaze official sitemortesblaze official sitegerentes e outros executivos atingiu o auge e nunca mais baixou.
De quem é a culpa?
A morteblaze official sitehomensblaze official sitemeia-idade com alguma doença crônica é uma coisa. A morteblaze official sitehomens jovens, saudáveis e no melhor pontoblaze official sitesuas carreiras é muito mais alarmante.
Entre os milharesblaze official sitecasos registrados no Japão, surgem dois possíveis culpados: o estresse e a faltablaze official sitesono. Mas será que isso pode mesmo matar uma pessoa?
É verdade que a ideiablaze official sitesair para trabalhar após uma noiteblaze official siteinsônia é horrível. No entanto, quase não há indícios científicosblaze official siteque a faltablaze official sitesono possa matar. O que há são provasblaze official siteque dormir pouco pode aumentar o riscoblaze official sitedoença cardíaca, distúrbios do sistema imunológico, diabetes e algumas formasblaze official sitecâncer.
E, contrariamente às expectativas, não há evidênciasblaze official siteque o estresse, por si só, provoque um ataque cardíaco. Mas ele pode levar a hábitos nada bons para a saúde, como fumar, beber, ter uma alimentação ruim ou não fazer exercícios.
Portanto, o karoshi pode não ser causado pelo estresse ou pela faltablaze official sitesono. Mas, curiosamente, pode estar ligado à quantidadeblaze official sitetempo passado no trabalho.
Ao analisar os hábitos e a saúdeblaze official sitemaisblaze official site600 mil pessoas, cientistas da University College London descobriram que aquelas que trabalhavam 55 horas por dia tinham 30% mais chancesblaze official sitesofrer um derrame do que aquelas que faziam jornadas semanaisblaze official site40 horas.
Não se sabe exatamente por quê, mas os especialistas acreditam que isso seja o resultadoblaze official sitese passar muitas horas sentado à mesa do escritório.
Fenômeno mundial
Os japoneses já não trabalham tanto quanto antes. Em 2015, um típico assalariado japonês passava menos horas no escritório do que seus colegas nos Estados Unidos. O campeão mundialblaze official siteexcessoblaze official sitetrabalho atualmente é o México, segundo um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Como erablaze official sitese esperar, relatosblaze official sitekaroshi fora do Japão estão aumentando. A China perde cercablaze official site600 mil pessoas para o guolaosi (versão local do karoshi) a cada ano - ou 1,6 mil por dia.
"Índia, Coreia do Sul, Taiwan e China - a próxima geraçãoblaze official siteeconomias emergentes está seguindo os movimentos do Japão pós-guerra", afirma Richard Wokutch, professorblaze official siteadministração na escola Virginia Tech, nos Estados Unidos.
No coração financeiroblaze official siteLondres, alguns casos também chamaram a atenção. Em 2013, o estagiário Moritz Erhardt, do Bank of America Merrill Lynch, morreu no banho após passar 72 horas trabalhando sem parar.
O jovemblaze official site21 anos teve um ataqueblaze official siteepilepsia que pode ter sido deflagrado pelo excessoblaze official sitetrabalho. Após a tragédia, o banco limitou a jornada dos estagiários a 17 horas por dia.
Será culpa entãoblaze official siteuma culturablaze official site"estar presente"? Cooper acredita que sim. Em muitos países, parte do problema não é só a culturablaze official sitetrabalhar duro, masblaze official siteser visto fazendo isso. "Dá-se muita importância ao tempo que a pessoa passa no escritório, mas trata-seblaze official siteuma atitude contraproducente", afirma.
- Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site da BBC Capital.