O que diz a ciência sobre o riscoslotranktransmissão sexual do vírus da zika?:slotrank
slotrank A possível transmissão sexual do vírus da zika ainda não foi comprovada cientificamente, mas também não pode ser descartada, com baseslotrankdois casos citados pela literatura científica.
Apesarslotrankdestacar a transmissão pelo mosquito como a via principalslotrankcontágio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admite que a compreensão a respeitoslotrankoutras vias é limitada.
"O zika foi isolado no sêmen humano, e um casoslotrankpossível transmissão sexual foi descrito. No entanto, mais provas são necessárias para confirmar se o contato sexual é um meioslotrankcontágio", disse a organizaçãoslotrankum documento divulgado nesta segunda-feira.
Médicos ouvidos pela BBC Brasil dizem que, diante desta dúvida a respeito da transmissão sexual, o melhor caminho é a proteção.
"Essa não seria uma forma principalslotrankinfecção, mas é importante se prevenir", diz o microbiólogo Davis Ferreira. O usoslotrankpreservativo durante a relação sexual é recomendado para grávidas para impedir o contágioslotrankdoenças que também podem afetar o feto, como a sífilis e a herpes genital.
Os dois casos a que a OMS se refere não são conclusivos, mas geram cautela.
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Em 2013, durante um surtoslotrankzika na Polinésia Francesa, o vírus foi detectado no sêmenslotrankum homemslotrank44 anos. Ele havia apresentado sintomas típicos da infecção por zika: febre, doresslotrankcabeça e nas articulações. Após alguns dias, o paciente notou vestígiosslotranksangue no sêmen e procurou atendimento médico. Exames detectaram o vírus no material coletado.
Neste caso, não houve a comprovaçãoslotrankinfecçãoslotrankuma segunda pessoa pela via sexual, mas, sim, da contaminação do sêmen pelo chamado vírus replicante, ou seja, capazslotrankgerar a propagação da doença. "Nossas descobertas apoiam a hipóteseslotrankque o Zika pode ser transmitido por via sexual", conclui artigoslotrankfevereiroslotrank2015, disponível no site do CentrosslotrankControle e PrevençãoslotrankDoenças (CDC, na siglaslotrankinglês).
No segundo caso abordado pela literatura científica, o sêmen do paciente com zika não foi examinado. No entanto, a esposa deste paciente teve a zika diagnosticada e a única explicação plausível seria o contágio sexual.
Foi o caso do cientista americano Brian Foy,slotrank2008. Ele havia visitado uma região do Senegal afetada por zika e, ao retornar para casa, no Colorado, Estados Unidos, teria infectadoslotrankesposa durante uma relação sexual um dia após seu retorno.
"Vivemos no Colorado, um Estado americano onde não há mosquitos na época do anoslotrankque minha mulher contraiu o vírus. E onde não há ocorrência do Aedes aegypti (o mosquito transmissor do vírus). O mais provável é que minha mulher tenha sido infectada quanto tivemos relações, antesslotrankeu me sentir doente, mas a ciência ainda não está nem pertoslotrankprovar a possibilidade desse tiposlotrankcontágio", conta Foy,slotrankentrevista por telefone à BBC Brasil.
O professor-assistente da Universidade Estadual do Colorado é um dos autoresslotrankum estudo que sugere a possibilidadeslotranktransmissão do zika por contato sexual. Inicialmente, Foy foi diagnosticado com dengue e médicos não conseguiram descobrir o que tinha se passado comslotrankesposa. Passou-se um ano até que eles descobrissem que se tratavaslotrankzika.
O americano acredita que a repercussão causada pela epidemia no Brasil incentive o financiamentoslotrankpesquisas buscando investigar o assunto. Foy afirma não haver dúvidasslotrankque a picada do Aedes aegypti é a forma principal pela qual se pode contrair o vírus, mas defende a importânciaslotrankque ao menos se descubra mais sobre a via sexual.
"Para atingir uma áreaslotrankcontágio tão extensaslotrankforma tão rápida, o mosquito é a grande explicação. Pode ser até que o contágio sexual represente uma ocorrência rara e, diante dos problemas enfrentados pelas autoridadesslotranksaúde dos países afetados, como o Brasil, não esteja no alto da listaslotrankprioridades. Como cientista, porém, sempre acredito na importânciaslotrankse investigar outras possibilidades", completa.
Em uma entrevista a uma redeslotrankTV americana, Foy relatou ter sido constantemente picado por mosquitos enquanto fazia seu trabalhoslotrankcampo no vilarejo senegalêsslotrankBandafassi. Voltou para os EUA no finalslotrankagostoslotrank2008 e, dias depois, começou a se sentir mal, com sintomas que variavamslotrankfadiga a dores no momentoslotrankurinar, alémslotrankinflamações na pele – a esposa teria notado o que parecia ser sangue no sêmen do marido.
Foy pediu ajuda a colegas do CDC, a principal agência voltada para a proteção da saúde pública dos EUA, para identificar a patologia com que tinha sido infectado. O diagnósticoslotrankdengue não o deixou convencido, e muito menos a indefinição sobre o que teria acontecido com a mulher.
Um ano depois, um dos auxiliares do cientista na viagem à África, Kevin Kobylinski, que também ficou doente, estava conversandoslotrankum jantar com o entomologista Andrew Haddon, da Universidade do Texas, quando tocou no assunto.
Haddow, por uma grande ironia do destino, é netoslotrankAlexander Haddow, um dos três cientistas que isolaram o zika pela primeira vez,slotrank1947, quando o extraíramslotrankum macaco na FlorestaslotrankZika,slotrankUganda. Quando soube que amostrasslotranksangueslotrankKobylinski e dos Foy ainda estavam preservadasslotrankum laboratório, o entomologista sugeriu que elas fossem enviadas para o virologista Robert Tesh. As três amostras testaram positivo para zika.
Em seu estudo, Foy apresenta outros argumentos para defender a hipóteseslotrankcontato sexual. Joy,slotrankmulher, jamais visitou a África ou a Ásia e, na época da publicação do documento, já fazia quatro anos que não deixava os EUA. Antes da epidemia no Brasil e que começa a chegar a outros países da América do Sul, o zika jamais tinha sido reportado no hemisfério Ocidental.
Outros estudos envolvendo doenças transmissíveis por mosquitos há haviam sugerido a possibilidadeslotrankcontágio sexual. Haddow, por exemplo, aponta para o fatoslotrankque a epidemiaslotrankzika na Micronésia (Oceania),slotrank2007, deu margem para especulações sobre este tiposlotrankcontágio.
Isso porque a proporçãoslotrankmulheres infectadas foi 50% maior que aslotrankhomens – na maioria das doenças sexualmente transmissíveis, o sexo vaginal oferece riscosslotrankcontágio muito maior para as mulheres.
"É a explicação mais lógica. Outra possibilidade é que tivesse sido passado pela saliva ou outros fluidos corporais, mas temos quatro filhos, e eles não ficaram doentes."