A cada 100 índios mortos no Brasil, 40 são crianças:casino room online

Família xavante no MT

Crédito, BBC Brasil

Legenda da foto, Saúde oferecida aos índios estácasino room onlinepatamar muito inferior à do resto da população

O DSEI Mato Grosso do Sul responde pelo maior númerocasino room onlineassassinatoscasino room onlineíndios: 137 nos últimos sete anos. Na reservacasino room onlineDourados, área indígena visitada pela BBC Brasil, moradores evitam circular à noite por medocasino room onlineataques.

Delmira Cláudio, índia guarani kaiowá, teve três filhos assassinados dentro da reserva, todos com menoscasino room online30 anos. Líderes da comunidade atribuem a violência à inoperância policial, ao aumentocasino room onlinemoradores não índios e à vendacasino room onlineálcool dentro da reserva.

Os suicídios, porcasino room onlinevez, foram a causacasino room online351 mortescasino room onlineindígenas desde 2007. A região do Alto Solimões, no oeste do Amazonas, registrou mais casos, 104.

Família kaiowá

Crédito, BBC Brasil

Legenda da foto, Líderes da comunidade atribuem a violência à inoperância policial, entre outros fatores

Um artigo recente da pesquisadora Regina Erthal apontou como principal causa para o fenômeno, comum entre o povo ticuna, o acirramentocasino room onlineconflitos que têm como base "o abandono a que tal população tem sido submetida pelos órgãos responsáveis pela definição e implementação das políticas públicas".

Caso fosse um país e levandocasino room onlineconta os dadoscasino room online2012, o DSEI Alto Solimões teria a segunda maior taxacasino room onlinesuicídios por habitante do mundo, 32,1 por 100 mil, atrás apenas da Groelândia. O índice entre os índios brasileiros écasino room online9 suicídios por 100 mil e, no país, 4,9.

Comparações entre os padrõescasino room onlinemorte dos índios e dos demais brasileiroscasino room online2011, último anocasino room onlineque há dados gerais disponíveis, revelam outras grandes discrepâncias.

Enquanto entre os índios as mortes se concentram na infância e só 27,4% dos mortos têm maiscasino room online60 anos, na população geral os com maiscasino room online60 respondem por 62,8% dos óbitos.

Nas últimas décadas, avanços no sistemacasino room onlinesaúde reduziram as mortes por doenças infecciosas e parasitárias entre os brasileiros para 4,5% do total. Entre os índios, o índice écasino room online8,2%.

Hoje quase a metade das mortes no Brasil se deve a doenças mais complexas e difíceiscasino room onlinetratar: problemas no aparelho circulatório (30,7%) e câncer (16,9%).

Já entre os índios doenças respiratórias, como gripes que evoluem para pneumonia, ainda são a principal causacasino room onlinemorte (15,3%). Cânceres respondem por apenas 2,9% dos óbitos entre indígenas.

Índia xavante

Crédito, BBC Brasil

Legenda da foto, Muitos padecemcasino room onlinedoenças respiratórias

Desde o fimcasino room onlinejaneiro, a BBC Brasil espera a resposta a um pedidocasino room onlineentrevista com o secretário Especialcasino room onlineSaúde Indígena, Antônio Alves, para tratar das informações que embasam esta reportagem.

Questionamentos à secretaria sobre as mortescasino room onlinecrianças e as ações para combatê-las foram ignorados, apesarcasino room onlinenumerosos e-mails e telefonemas.

A BBC Brasil ainda tentou tratar dos temas com o novo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e com o ex-ministro Alexandre Padilha, responsável pela pasta entre 2011 e o início deste ano. Os pedidoscasino room onlineentrevista foram igualmente recusados.

Para o médico Douglas Rodrigues, especialistacasino room onlinesaúde indígena da Universidade Federalcasino room onlineSão Paulo (Unifesp), a alta mortalidade entre crianças mostra que atendimento a índias gestantes e recém-nascidos ainda deixa muito a desejar.

Ele diz que as mortescasino room onlineíndios por doenças infecciosas têm duas razões principais: a maior vulnerabilidadecasino room onlinealguns grupos mais isolados a essas doenças e falhas na assistência médica.

"O mais grave é que essas doenças são evitáveis. Não dá para aceitar quecasino room onlinepleno século 21 tantos índios morram por doenças infecciosas."

O professor diz que, nas últimas décadas, houve grandes avanços nos serviçoscasino room onlinesaúde para os índios. Em 1999, a União assumiu a responsabilidade pela saúde indígena, que passou a ser gerenciada pela Funasa (Fundação Nacionalcasino room onlineSaúde).

Em 2010, com a criação da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), subordinada ao Ministério da Saúde, as ações passaram a ser geridas por um órgão exclusivamente voltado aos índios.

No entanto, segundo o professor, a acelerada melhora nos índices verificada até o início da última década praticamente se interrompeu.

Ele cita os dadoscasino room onlinemortalidade infantil entre os índios. Segundo uma apresentação da Sesai, a taxa despencoucasino room online74,6 para mil nascidos vivos,casino room online2000, para 47,4,casino room online2004. No entanto,casino room online2004 a 2011, o índice diminuiucasino room onlinevelocidade bem menor, para 41,9.

No Brasil, a mortalidade infantilcasino room online2011 foicasino room online15,3. E diferentemente do histórico entre os índios, o índice nacional segue baixandocasino room onlineritmo uniforme.

"Saiu-secasino room onlineuma situaçãocasino room onlinequase desassistência aos índios e foi se aumentando o númerocasino room onlinepessoas e lugarescasino room onlineque há profissionais, o que teve um impacto muito grande. Mas depoiscasino room online2005 houve uma estabilização, o que é preocupante", diz Rodrigues.

"Agora é o momentocasino room onlinefazer um ajuste fino,casino room onlinemelhorar a qualidade".