IPCC: Dez pontos para você entender as discussões sobre clima:fifa bet

Chaminésfifa betestação termoelétrica na Bulgária
Legenda da foto, Efeito estufa é agravado pela emissãofifa betgases poluentes na atmosfera

fifa bet O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulga na sexta-feirafifa betEstocolmo, na Suécia, um novo relatório no qual pretende estabelecer, com o maior graufifa betcerteza já obtido, o papel das atividades humanas nas mudanças climáticas.

Para ajudar a entender melhor o tema, a BBC preparou uma lista com dez perguntas e respostas sobre a questão:

O que é mudança climática?

O clima do planeta está mudando constantemente ao longo do tempo geológico. A temperatura média global hoje éfifa betcercafifa bet15ºC, mas as evidências geológicas sugerem que ela já foi muito maior ou muito menorfifa betoutras épocas no passado.

Entretanto, o atual períodofifa betaquecimento está ocorrendofifa betmaneira mais rápida do quefifa betmuitas ocasiões no passado. Os cientistas estão preocupadosfifa betque a flutuação natural, ou variabilidade, está dando lugar a um aquecimento rápido induzido pela ação humana, com sérias consequências para a estabilidade do clima no planeta.

O que é 'efeito estufa'?

O efeito estufa se refere à maneira como a atmosfera da Terra "prende" parte da energia do Sol. A energia solar irradiadafifa betvolta da superfície da Terra para o espaço é absorvida por gases atmosféricos e reemitidafifa bettodas as direções.

A energia que irradiafifa betvolta para o planeta aquece tanto a baixa atmosfera quanto a superfície da Terra. Sem esse efeito, a Terra seria 30ºC mais fria, deixando as condições no planeta hostis para a vida.

Os cientistas acreditam que estamos contribuindo para o efeito naturalfifa betestufa com gases emitidos pela indústria e pela agricultura, absorvendo mais energia e aumentando a temperatura.

O mais importante desses gases no efeito estufa natural é o vaporfifa betágua, mas suas concentrações mostram pouca mudança. Outros gases do efeito estufa incluem dióxidofifa betcarbono, metano e óxido nitroso, que são liberados pela queimafifa betcombustíveis fósseis. O desmatamento contribui para seu aumento ao eliminar florestas que absorvem carbono.

Desde o início da revolução industrial,fifa bet1750, os níveisfifa betdióxidofifa betcarbono (CO2) aumentaram maisfifa bet30%, e os níveisfifa betmetano cresceram maisfifa bet140%. A concentraçãofifa betCO2 na atmosfera é agora maior do quefifa betqualquer momento nos últimos 800 mil anos.

Qual é a evidência sobre o aquecimento?

Os registrosfifa bettemperatura, a partir do fim do século 19, mostram que a temperatura média da superfície da Terra aumentou cercafifa bet0,8ºC nos últimos cem anos. Cercafifa bet0,6ºC desse aquecimento ocorreu nas últimas três décadas.

Dadosfifa betsatélites mostram um aumento médio nos níveis do marfifa betcercafifa bet3 milímetros por ano nas últimas décadas. Uma grande proporção da mudança nos níveis do mar se deve à expansão dos oceanos pelo aquecimento. Mas o derretimento das geleirasfifa betmontanhas e das camadasfifa betgelo polar também contribuem para isso.

A maioria das geleiras nas regiões temperadas do mundo e na Península Antártica estão encolhendo. Desde 1979, registrosfifa betsatélites mostram um declínio dramático na extensão do gelo no Ártico, a uma taxa anualfifa bet4% por década. Em 2012, a extensãofifa betgelo alcançou o menor nível já registrado, cercafifa bet50% menor do que a média do período entre 1979 e 2000.

O mantofifa betgelo da Groenlândia verificou um derretimento recorde nos últimos anos. Se a camada inteira,fifa bet2,8 milhõesfifa betquilômetros cúbicos, derretesse, haveria um aumentofifa bet6 metros nos níveis dos mares.

Dadosfifa betsatélites mostram que a capafifa betgelo do oeste da Antártica também está perdendo massa, e um estudo recente indicou que o leste da Antártica, que não havia mostrado tendências clarasfifa betaquecimento ou resfriamento, também pode ter começado a perder massa nos últimos anos. Mas os cientistas não esperam mudanças dramáticas. Em alguns lugares, a massafifa betgelo pode aumentar, na verdade, com as temperaturasfifa betalta provocando mais tempestadesfifa betneve.

Os efeitosfifa betuma mudança climática também podem ser vistos na vegetação e nos animais terrestres. Isso inclui também o florescimento e frutificação precocesfifa betplantas e mudanças nas áreas ocupadas pelos animais terrestres.

Há uma pausa no aquecimento?

Alguns especialistas argumentam que desde 1998 não houve um aquecimento global significativo, apesar do aumento contínuo nos níveisfifa betemissãofifa betCO2. Os cientistas tentam explicar issofifa betvárias formas.

Isso inclui: variações na emissãofifa betenergia pelo Sol, um declínio no vaporfifa betágua atmosférico e uma maior absorçãofifa betcalor pelos oceanos. Mas até agora, não há um consenso geral sobre o mecanismo preciso por trás dessa pausa.

Céticos destacam essa pausa como um exemplo da falibilidade das previsões baseadasfifa betmodelos climáticos computadorizados. Por outro lado, os cientistas do clima observam que o hiato no aquecimento ocorrefifa betapenas um dos componentes do sistema climático - a média global da temperatura da superfície -, e que outros indicadores, como o derretimento do gelo e as mudanças na fauna e na flora demonstram que a Terra continua a se aquecer.

Quanto as temperaturas vão aumentar no futuro?

Em seu relatóriofifa bet2007, o IPCC previu um aumento da temperatura global entre 1,8ºC e 4ºC até 2100.

Mesmo que as emissõesfifa betgases do efeito estufa caiam dramaticamente, os cientistas dizem que os efeitos continuarão, porque partes do sistema climático, particularmente os grandes corposfifa betágua e gelo, podem levar centenasfifa betanos para responder a mudanças na temperatura. Também leva décadas para que os gases do efeito estufa sejam removidos da atmosfera.

Quais serão os impactos disso?

A escala do impacto potencial é incerto. As mudanças podem levar à escassezfifa betágua potável, trazer mudanças grandes nas condições para a produçãofifa betalimentos e aumentar o númerofifa betmortes por inundações, tempestades, ondasfifa betcalor e secas.

Os cientistas preveem mais chuvasfifa betgeral, mas dizem que o riscofifa betsecafifa betáreas não costeiras deverá aumentar durante os verões mais quentes. Mais inundações são esperadas por causafifa bettempestades e do aumento do nível do mar. Deverá haver, porém, muitas variações regionais nesse padrão.

Os países mais pobres, que estão menos capacitados para lidar com a mudança rápida, deverão sofrer mais.

A extinçãofifa betplantas e animais está prevista, por contafifa betmudanças nos habitats mais rápidas do que a capacidadefifa betadaptação das espécies à estas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que a saúdefifa betmilhõesfifa betpessoas pode ser ameaçada por aumentos nos casosfifa betmalária, doenças transmitidas pela água e malnutrição.

O aumento na absorçãofifa betCO2 pelos oceanos pode levá-los a se tornar mais ácidos. Esse processofifa betacidificaçãofifa betandamento poderia provocar grandes problemas para os recifesfifa betcorais, já que as mudanças químicas impedem os coraisfifa betformar um esqueleto calcificado, que é essencial parafifa betsobrevivência.

O que não sabemos?

Os modelos computadorizados são usados para estudar a dinâmica do clima na Terra e fazer projeções sobre futuras mudançasfifa bettemperatura. Mas esses modelos climáticos diferem sobre a "sensibilidade climática" - a quantidadefifa betaquecimento ou esfriamento que ocorre por contafifa betum fator específico, como a elevação ou a queda na concentraçãofifa betCO2.

Os modelos também diferem na forma como expressam "feedback climático".

O aquecimento global deverá provocar algumas mudanças com probabilidadefifa betcriar mais aquecimento, como a emissãofifa betgrandes quantidadesfifa betgases do efeito estufa com o derretimento do permafrost (gelo eterno da superfície da Terra). Isso é conhecido como feedback climático positivo (no sentidofifa betadicionar calor).

Mas também existem os feedbacks negativos, que compensam o aquecimento. Por exemplo, os oceanos e a terra absorvem CO2 como parte do ciclo do carbono.

A questão é saber qual o resultado final da soma dessas variáveis.

As inundações vão me atingir?

Detalhes vazados do relatório a ser apresentado nesta semana indicam que no pior cenário traçado pelo IPCC, com o maior nívelfifa betemissõesfifa betdióxidofifa betcarbono, os níveis dos mares no ano 2100 poderiam subir até 97 centímetros.

Alguns cientistas criticam os modelos usados pelo IPCC para calcular esse aumento. Usando o que é chamadofifa betmodelo semiempírico, as projeções para o aumento do nível do mar podem chegar a 2 metros. Nessas condições, 187 milhõesfifa betpessoas a mais no mundo sofreriam com inundações.

Mas o IPCC deve dizer que não há consenso sobre o enfoque semiempírico e manterá o dado pouco inferior a 1 metro.

O que vai acontecer com os ursos polares?

O estado dos polos Norte e Sul tem sido uma preocupação crescente para a ciência, conforme os efeitos do aquecimento global se tornam mais intensos nessas regiões.

Em 2007, o IPCC disse que as temperaturas no Ártico aumentaram quase duas vezes mais que a média global nos últimos cem anos. O relatório destacou que a região pode ter uma grande variação, com um período quente observado entre 1925 e 1945.

Nos rascunhos do relatório desta semana, os cientistas dizem que há uma evidência maiorfifa betque as camadasfifa betgelo e as geleiras estão perdendo massa e que a camadafifa betgelo está diminuindo no Ártico.

Em relação à Groenlândia, que por si só tem a capacidadefifa betaumentar os níveis globais dos maresfifa bet6 metros, o painel diz estar 90% certofifa betque a velocidade da perdafifa betgelo entre 1992 e 2001 aumentou seis vezes no período entre 2002 e 2011.

Enquanto a extensão média do gelo no Ártico caiu cercafifa bet4% por década desde 1979, o gelo na Antártica aumentou até 1,8% por década no mesmo período.

Para o futuro, as previsões são bastante dramáticas. No pior cenário traçado pelo IPCC, um Ártico sem gelo no verão é provável até o meio deste século.

E a perspectiva para os ursos polares e para outras espécies que vivem nesse ambiente não é bom, segundo disse à BBC o professor Shang-Ping Xie, do Institutofifa betOceanografia da Universidade da Califórniafifa betSan Diego.

"Haverá bolsõesfifa betgelo marítimofifa betalguns mares marginais. Esperamos que os ursos polares sejam capazesfifa betsobreviver no verão nesses bolsõesfifa betgelo remanescentes", disse.

Qual a credibilidade do IPCC?

Himalaia
Legenda da foto, IPCC reconheceu errofifa betinclusãofifa betprevisão sobre fim das geleiras do Himalaia até 2035

A escala global do envolvimento científico com o IPCC dá uma ideia do peso dado ao painel.

Divididofifa bettrês gruposfifa bettrabalho que analisam a ciência física, os impactos e as opções para limitar as mudanças climáticas, o painel envolve milharesfifa betcientistasfifa bettodo o mundo.

O relatório a ser apresentadofifa betEstocolmo tem 209 autores coordenadores e 50 revisõesfifa beteditoresfifa bet39 países diferentes.

O documento é baseadofifa betcercafifa bet9.000 estudos científicos e 50 mil comentáriosfifa betespecialistas.

Masfifa betmeio a esse conjunto enormefifa betdados, as coisas podem não sair como o esperado.

No último relatório, publicadofifa bet2007, houve um punhadofifa beterros que ganharam grande projeção, entre eles a afirmaçãofifa betque as geleiras do Himalaia desapareceriam até 2035. Também houve erro na projeção da porcentagem do território da Holanda que ficaria sob o nível do mar.

O IPCC admitiu os erros e explicou quefifa betum relatóriofifa bet3 mil páginas é sempre possível que haja alguns pequenos erros. A afirmação sobre o Himalaia veio da inclusãofifa betuma entrevista que havia sido publicada pela revista New Scientist.

Em 2009, uma revisão da forma como o IPCC analisa as informações sugeriu que o painel seja mais claro no futuro sobre as fontesfifa betinformação usadas.

O painel também teve a reputação manchada pela associação com o escândalo provocado pelo vazamentofifa bete-mails trocados entre cientistas que trabalhavam para o IPCC,fifa bet2009.

As mensagens pareciam mostrar algum graufifa betconluio entre os pesquisadores para fazer com que os dados climáticos se encaixassem mais claramente na teoria das mudanças climáticas induzidas pelo homem.

Porém ao menos três pesquisas não encontraram evidências para apoiar essa conclusão.

Mas o efeito final desses eventos sobre o painel foi ofifa bettorná-lo mais cauteloso.

Apesarfifa beto novo relatório possivelmente enfatizar uma certeza maior entre os cientistasfifa betque as atividades humanas estão provocando o aquecimento climático,fifa bettermosfifa betescala, níveis e impactos a palavra "incerteza" deverá aparecer com bastante frequência.