Como a escassezbwin registeralimentos está dividindo os venezuelanos:bwin register

Fila diantebwin registermercado estatal  | Foto: BBC
Legenda da foto, Índicebwin registerfaltabwin registerprodutos na Venezuela chega a 21%
  • Author, Irene Caselli
  • Role, Da BBC News,bwin registerCaracas

bwin register Uma cenabwin registerum supermercado estatalbwin registerCaracas dá o tom da atual crisebwin registerabastecimento vivida pela Venezuela: uma mulher saibwin registerdentro da loja e, olhando para a filabwin registermaisbwin register30 pessoas, exclama "tem leite!", arrancando sorrisosbwin registeralívio e satisfaçãobwin registerseus compatriotas.

O leite é um dos produtos que não são facilmente encontrados no país. Outros itens da lista são papel higiênico, açúcar, óleobwin registercozinha e a farinhabwin registermilho usada para fazer arepas, o prato nacional venezuelano.

De acordo com o Banco Central da Venezuela, o índicebwin registerescassez, que mede a faltabwin registerprodutos no mercado, chegou a 21% no mês passado, o maior desde quando o indicador começou a ser utilizado,bwin register2009.

Isto significa que dentre cem produtos, 21 não estão disponíveis nas prateleiras dos supermercados do país.

Subsídios

Quando itens básicos como o leite entram na lista dos produtosbwin registerfalta, as filas dentro e fora dos supermercadosse tornam mais longas, mas os consumidoresbwin registermercados como o Mercal, controlados pelo governo, não parecem se importar.

"Sempre há filas, mas precisamos ter paciência", diz Raul Espana, aposentadobwin register63 anos.

Economizar com comida é crucial para ele, que divide com a mulher uma aposentadoriabwin register2.500 bolívares por mês (cercabwin registerR$ 758). "Antes, não conseguíamos manter uma dieta completa. Agora, podemos comprarbwin registertudo."

O supermercado Mercal é partebwin registerum sistema controlado pelo governo que dá acesso a alimentos e itens básicos subsidiados por meiobwin registeruma redebwin registerlojas ao redorbwin registertodo o país.

Um quilobwin registermacarrão, por exemplo, custa 2 bolívares (R$ 0,61), dez vezes menos do quebwin registersupermercados privados.

O ex-presidente venezuelano Hugo Chávez criou o sistemabwin registersubsídiosbwin register2003, depois que a oposição organizou uma greve no setor petrolífero que quase paralisou o país.

Listabwin registerpreços no mercal | Foto: BBC
Legenda da foto, Preços no Mercal chegam a ser dez vezes menores do quebwin registerlojas privadas

A maioria das lojas da rede Mercal está localizadabwin registerbairros pobres da capital venezuelana, e muitos apontam o sistema como uma das políticasbwin registerChávez responsáveis por melhorar a vida da população.

Abastecimento

Antesbwin registersua chegada ao poder,bwin register1999, maisbwin register15% dos venezuelanos estavam subnutridos. Agora, essa taxa passou para menosbwin register5%,bwin registeracordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

A entidade inclui a Venezuela entre os países mais bem-sucedidos no combate à erradicação da fome. No entanto, críticos dizem que a situação atual é um indicadorbwin registermá gestão econômica.

Em Altamira, bairrobwin registerclasse média altabwin registerCaracas, moradores reclamam da maratona para comprar alimentos.

"Agora tenho que passar por cinco ou seis supermercados para comprar o que preciso", diz o contador Gerardo Araujo.

Araujo também culpa o governo pelo aumento da inflação, que atingiu 29,4%bwin registerabril, enquanto os preços dos alimentos subiu 6,4%,bwin registeracordo com os últimos dados divulgados pelo governo.

"Cada dia meu salário vale menos e perco capacidadebwin registercompra", afirma.

Economistas ligados à oposição dizem que o controle cambial, a faltabwin registerprodutividade no setor alimentício e a dependências das importações explicam a alta dos preços.

O governo, no entanto, nega a explicação. Após vencer as eleições presidenciaisbwin registerabril por uma margem estreitabwin registervotos, o presidente Nicolás Maduro disse que a escassez é o resultadobwin registeruma "guerra econômica" iniciada por "conspiradores da oposição" e pelas "classes acomodadas".

No início deste mês, durantebwin registerprimeira viagem oficial como novo presidente, Maduro afirmou que um dos principais objetivos do tour por Argentina, Brasil e Uruguai é garantir o suprimentobwin registeralimentos no país pelos próximos três meses.

Consumidorbwin registersupermercado venezuelano | Foto: AP
Legenda da foto, Chávez prometeu que Venezuela seria autosuficiente na produçãobwin registeralimentos

Na Argentina, Maduro assinou 12 acordos bilaterais, trocando petróleo por produtos como carne e trigo.

Arma eleitoral

A escassez na Venezuela não é algo novo. Durante os 14 anos do governobwin registerChávez, a disponibilidadebwin registeralimentos e outros bens teve flutuações constantes.

A maioria dos analistas considera que a comida se transformoubwin registeruma arma eleitoralbwin registerabril e que, por conta disso, muitos dos que antes votarambwin registerChávez, desta vez deram seu voto à oposição.

O líder da oposição, Henrique Capriles, derrotado na eleição, diz que a Venezuela precisabwin registerum novo modelo antes que ocorra um colapso econômico.

"Nós temos terras suficientes para transformar a Venezuelabwin registerum país produtorbwin registeralimentos. O petróleo precisa ser uma alavanca para o desenvolvimento. Nós temos 30 milhõesbwin registerhectaresbwin registerterras férteis. Nós estamos importando peixe... e olha o tamanho da nossa costa!”, disse Capriles à BBC Mundo durante a apuração dos votos das últimas eleições.

No iníciobwin registerseu governo, Chávez prometeu transformar a Venezuelabwin registerum país autosuficiente, que poderia chegar a exportar comida. Quatorze anos depois, no entanto, o país ainda importa 70% dos alimentos que consome.

No bairro 23bwin registerEnero, um bastião do chavismobwin registerCaracas, também se percebe uma diminuição da confiança no governo.

"É preciso ficar procurando para encontrar o que se precisa", diz Vicenta Martínez,bwin register81 anos, na fila do Mercal.

"Não há nada daqui, é tudo importado. Eu venho do campo e antes produzíamos comida, agora nada."

Segundo Martínez, o governo é responsável pela crise. "Antes eu votavabwin registerChávez, mas ele nos enganou. Dessa vez voteibwin registerCapriles", diz,bwin registervoz baixa, para não ser ouvida.