Quando e por que o cristianismo abandonou a circuncisão e o judaísmo, não?:casas de aposta aviator
"Foi o primeiro conflito institucional da Igreja", explica Miguel Pastorino, professorcasas de aposta aviatorfilosofia da religião e antropologia filosófica da Universidade Católica do Uruguai, bacharelcasas de aposta aviatorteologia, doutorcasas de aposta aviatorfilosofia e ex-padre, à BBC News Mundo, serviçocasas de aposta aviatornotíciascasas de aposta aviatorespanhol da BBC.
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São Paulo — que naquela época não era santo, mas apenas Paulocasas de aposta aviatorTarso — passoucasas de aposta aviatorfariseu, ou seja, fervoroso defensor da Leicasas de aposta aviatorMoisés que perseguia discípuloscasas de aposta aviatorJesus, a ser um dos propagadores mais entusiastas da palavra do messiascasas de aposta aviatortodo o mundo, diz a Bíblia.
Paulocasas de aposta aviatorTarso era, como Jesuscasas de aposta aviatorNazaré, Pedro da Galileia, e os outros apóstolos, judeu. Como tal, eram circuncidados.
A religião judaica era a única monoteísta até então. Os gregos, romanos e egípcios acreditavamcasas de aposta aviatorvárias divindades.
Para o povo judeu, Elokim (Deus) havia dito a Abraão: "Este é o meu pacto que você deve manter, entre você, eu ecasas de aposta aviatorposteridade: todo homem entre vocês deve ser circuncidado".
Além dos judeus, os muçulmanos — que acreditam no profeta Abraão — continuaram essa prática até hoje.
Embora não seja mencionada no Alcorão, a circuncisão aparece nos hadiths (registros escritoscasas de aposta aviatorcomunicações orais do Profeta Maomé).
Circuncisão na história
A remoção do prepúcio, que envolve a retirada da pele do pênis que cobre a glande, é uma prática que não começou com a religião, mas muito antes.
É o procedimento cirúrgico mais antigo do mundo; acredita-se que ele tenha se originado no Egito há cercacasas de aposta aviator15 mil anos, segundo o livro An Illustrated Guide to Pediatric Urology ("Um guia ilustrado para urologia pediátrica",casas de aposta aviatortradução livre), do cirurgião pediátrico e acadêmico Ahmed al Salem.
Al Salem explica que muitas culturas incorporaram a circuncisão por razões que vão desde a higiene até os rituaiscasas de aposta aviatormaioridade, oferecendo cerimônias aos deuses ou como marcascasas de aposta aviatoridentidade cultural.
"A religião mandavacasas de aposta aviatortudo, desde nas práticas higiênicas até na alimentação, no sexo, na política. Os sistemas religiosos nascem conjuntamente como tudo nasce na cultura, e antigamente eram difíceiscasas de aposta aviatorseparar. Quando tiveramcasas de aposta aviatorlegislar sobre algumas práticascasas de aposta aviatorhigiene na época, a religião teve um papel fundamental nisso. Porque a lei era a leicasas de aposta aviatorDeus, não havia outra", explica Pastorino.
Essa visão contém nuances no judaísmo.
"Há quem diga que, além do conceito religioso,casas de aposta aviatorutilidade sanitária e higiênica gerou maior adesão a essa prática. Mas não dá para determinar se a origem foi higiênica e sanitária e depois houve um acordo sobre a divinização ou religiosidade do evento, ou se foi o contrário. Mas há uma conjunção inegável entre a prática da circuncisão e saúde e higiene", diz o rabino Daniel Dolinsky.
Nos tempos antigos, os sumérios e semitas também circuncidavam os homens.
Maias e astecas também adotavam a prática, segundo relatório publicadocasas de aposta aviator2007 pelo programa Unaids das Nações Unidas.
Embora difundida, a circuncisão não era universalmente aceita.
Para os antigos gregos, que exercitavam seus corpos e admiravam a nudez masculina, o prepúcio era um símbolocasas de aposta aviatorbeleza, e a circuncisão não era bem-vista.
"A preferência estética pelo prepúcio mais longo e cônico é reflexocasas de aposta aviatorum ethos mais profundo envolvendo identidade cultural, moralidade, propriedade, virtude, beleza e saúde", escreveu o historiador Frederick M. Hodges, especializadocasas de aposta aviatorhistória da medicina,casas de aposta aviatorum artigocasas de aposta aviator2001.
Um prepúcio não circuncidado, mas curto, que não cobria toda a glande do pênis, era considerado defeituoso.
"Entre a população judaica, a dificuldadecasas de aposta aviatormanter a prática da circuncisão se tornou um problemacasas de aposta aviatorparticular durante o Período Helenístico (entre a mortecasas de aposta aviatorAlexandre o Grande e a anexação da península grega por Roma), devido à influência da cultura helenística sobre os judeus que desejavam assimilar a cultura dominante", diz Cynthia Long Westfall, professoracasas de aposta aviatorNovo Testamento no McMaster Divinity College, no Canadá,casas de aposta aviatorseu livro Paul and Gender ("Paulo e Gênero",casas de aposta aviatortradução livre).
"Além disso, houve um períodocasas de aposta aviatorque a circuncisão era ilegal: Antíoco Epifânio havia ordenado aos habitantes da Judeia que não circuncidassem mais seus meninos. Consequentemente, alguns judeus tentaram escondercasas de aposta aviatorcircuncisão", acrescenta.
O confrontocasas de aposta aviatorSão Paulo com São Pedro
Diferentementecasas de aposta aviatorcomo funcionava o judaísmo, que não buscava converter ninguém àcasas de aposta aviatorreligião, Jesus pediu a seus discípulos que espalhassem seus ensinamentos por onde pudessem.
Paulocasas de aposta aviatorTarso, que provavelmente chegou a Jerusalém na adolescência ou no início da idade adulta e passou a infância rodeadocasas de aposta aviatorgregos, foi o principal promotor da evangelização após a crucificaçãocasas de aposta aviatorJesus.
Ele viajou pelo que hoje é Israel, Líbano, Síria, Turquia, Grécia e Egito, territórios que faziam parte do impériocasas de aposta aviatorAlexandre, o Grande, espalhando a mensagemcasas de aposta aviatorJesus sobretudo entre aqueles que chamavamcasas de aposta aviator"gentios", termo que designava não-judeus.
Os não-judeus viam a circuncisão como uma mutilação genital comparável à castração, diz Long Westfall.
"Por isso, a circuncisão tinha um estigma no mundo greco-romano, e era um processo muito doloroso para um homem adulto."
Emcasas de aposta aviatorpregação, Paulo dizia que a única coisa necessária para a salvaçãocasas de aposta aviatorDeus era a fé - e não cobrava a circuncisão.
"Esta é a norma que estabeleçocasas de aposta aviatortodas as igrejas. Alguém foi chamado sendo já circuncidado? Não esconda acasas de aposta aviatorcondição. Alguém foi chamado sem ser circuncidado? Não seja circuncidado. Não valecasas de aposta aviatornada ser circuncidado ou não; importa é cumprir os mandamentoscasas de aposta aviatorDeus", escreveu ele emcasas de aposta aviatorprimeira carta aos coríntios.
"Paulo era um judeucasas de aposta aviatorTarso, era cidadão romano, tinha cultura grega, era um cara muito culto e dominava as três culturas — a hebraica, a grega e a romana — e sabia traduzi-las", diz Pastorino.
"Cristo nos resgatou da maldição da Lei", disse Paulo emcasas de aposta aviatorcarta aos gálatas, se referindo à Leicasas de aposta aviatorMoisés, que incluía a circuncisão.
Mascasas de aposta aviatorposição não foi aceita pelos outros apóstolos.
Na carta a Tito incluída na Bíblia cristã, Paulo narra esse confronto. "Existem muitos rebeldes, charlatães e enganadores, especialmente aqueles que apoiam a circuncisão. É preciso calar suas bocas", ele escreveu.
casas de aposta aviator Circuncisãocasas de aposta aviatornúmeros
- 33% da população masculina do mundo com maiscasas de aposta aviator15 anos é circuncidada;
- 6,3casas de aposta aviatorcada 10 homens circuncidados são muçulmanos;
- 0,7casas de aposta aviator10 homens circuncidados são judeus;
- 1,2casas de aposta aviatorcada 10 homens circuncidados são americanos que não são judeus nem muçulmanos.
Fonte: UNAIDS
Na Epístola aos Gálatas, Paulo contou sobre o desentendimento que teve com Pedro um diacasas de aposta aviatorAntioquia, cidade da atual Turquia onde se formou uma grande comunidadecasas de aposta aviatorseguidorescasas de aposta aviatorJesus.
Segundocasas de aposta aviatorversão, Pedro costumava fazer refeições com os gentios, mas quando um grupocasas de aposta aviatorenviadoscasas de aposta aviatorSão Tiago chegou à cidade, ele começou a se separar deles "por medo dos partidários da circuncisão".
"Falei na cara dele que esse comportamento era repreensível", disse ele aos gálatas.
"Eu disse a Pedro na frentecasas de aposta aviatortodos: 'Se você, que é judeu, vive como se não fosse, por que força os gentios a praticar o judaísmo?'"
O momento da reconciliação
Segundo o relato do Novo Testamento, alguns dos judeus cristãos mais apegados à tradição e à Leicasas de aposta aviatorMoisés viajaram para Antioquia e disseram aos gentios que estavam se aproximando daquele cristianismo primitivo que, se eles não fossem circuncidados, não obteriam a salvação.
É por isso que Paulo voltou a Jerusalém - e que foi convocada uma reuniãocasas de aposta aviatorapóstolos para resolver a questão. Foi o chamado Concíliocasas de aposta aviatorJerusalém.
Lá, Paulo falou sobre o grande númerocasas de aposta aviatorfiéis que conquistou fora da Judeia ecasas de aposta aviatorvisão prevaleceu.
Tiago, que originalmente era contra a adesãocasas de aposta aviatornão-circuncidados, mudoucasas de aposta aviatorideia e disse: "Devemos pararcasas de aposta aviatorimpedir que os gentios se voltem para Deus".
E Pedro também cedeu. E disse: "Por que agora estão tentando provocar Deus colocando um jugo no pescoço dos discípulos, que nem nós nem nossos ancestrais poderíamos suportar? Não pode ser!"
O conflito termina também com um pacto entre os apóstolos: Paulo ficou com a pregação entre os pagãos, e Pedro e Tiago com os judeus, explica Pastorino.
Os apóstolos, segundo o relato bíblico, enviaram então uma carta aos não-judeuscasas de aposta aviatorAntioquia, Síria e Cilícia na qual diziam a eles que haviam tomado a decisãocasas de aposta aviatornão impor "nenhum fardo sobre eles, exceto os seguintes requisitos: abster-se do que é sacrificado aos ídolos, sangue, carnecasas de aposta aviatoranimais estrangulados e imoralidade sexual".
Quando a carta chegou a Antioquia, os crentes a leram e celebraram; eles não precisariam ser circuncidados.
"Paulo foi um verdadeiro defensor do homem gentio e removeu um sério obstáculo à propagação do evangelho", observa Long Westfall.
Com o passar dos anos, a linha dura que se limitava aos que já eram judeus deixoucasas de aposta aviatorexistir.
Cristãos circuncidados
Apesar da abolição dessa prática pelo cristianismo, existem divisões na África que têm a circuncisão como rito: o cristianismo copta no Egito, o cristianismo ortodoxo na Etiópia e a Igreja Nomiya no Quênia são alguns exemplos.
E embora não seja por motivos religiosos, cinco países do mundo com cultura cristã tiveram ou têm a maioriacasas de aposta aviatorsua população masculina circuncidada.
Um deles é os Estados Unidos. Em 1870, o médico Lewis Sayre, um dos fundadores da Associação Médica Americana, começou a praticá-la para prevenir e curar certas doenças.
Suas publicações científicas, alémcasas de aposta aviatorsua promoção da circuncisão, tornaram a prática universal para quase todos os recém-nascidos, diz Al Salem.
E dos Estados Unidos saltou para o Canadá e o Reino Unido, onde aconteceu o mesmo, e depois para a Austrália e a Nova Zelândia.
Divergências científicas sobre os riscos e benefícios da retirada do prepúcio fizeram com que a circuncisão deixassecasas de aposta aviatorser praticada como formacasas de aposta aviatorprevençãocasas de aposta aviatorrecém-nascidos, exceto nos Estados Unidos, onde a maioria dos homens tem até hoje a glande descoberta.