Rússia: por que economia do país é chamadamail zebet'capitalismomail zebetcamaradas':mail zebet
Em 2021, a revista Forbes classificou a Rússiamail zebetquinto lugar entre os países com mais bilionários.
A Rússia é um país capitalista, mas vários especialistas concordam que após a queda da URSS, os líderes russos, primeiro Boris Yeltsin e depois Vladimir Putin, alimentaram um modelo econômico que favoreceu algumas poucas figuras mais próximas ao governo.
"Capitalismomail zebetcamaradas" é como chamam alguns analistas, como Anders Åslund, autor do livro Russia's Crony Capitalism: The Path from Market Economy to Kleptocracy ("O Capitalismomail zebetCamaradas da Rússia: o Caminhomail zebetuma Economiamail zebetMercado para uma Cleptocracia",mail zebettradução livre).
Como funciona a economia da Rússia e por que seus críticos a associam ao aparecimentomail zebetoligarcas e corrupção?
Mudançamail zebetsistema
Segundo Siegrel, para entender a economia russa hoje, é preciso voltar ao colapso da União Soviética.
As empresas que antes pertenciam ao Estado seriam privatizadas.
"A questão era como privatizá-las", diz o especialista.
O que aconteceu, diz ele, foi que muitas das grandes empresas privatizadas foram deixadas nas mãosmail zebetex-funcionários do governo soviético oumail zebetpessoas bem relacionadas.
Essas pessoas, que por estarem próximas do governo conseguiram privilégios para assumir as empresas, hoje são conhecidas como os oligarcas.
"Fazem parte da elite empresarial ultrarrica com poder político desproporcional", afirma Stanislav Markus, professormail zebetnegócios internacionais da Universidade da Carolina do Sulmail zebetum artigomail zebetinglês no site The Conversation.
Segundo Markus, os oligarcas surgirammail zebetduas ondas.
A primeira foi a partirmail zebet1990, durante o governomail zebetBoris Yeltsin, quando grandes empresas estatais foram vendidas a um preço considerado baixo a um seleto grupomail zebetmagnatasmail zebettrocamail zebetbenefícios.
A segunda onda foi promovida por Putin por meiomail zebetcontratos com o Estado, explica Markus.
O modelo era baseadomail zebetempresas privadasmail zebetinfraestrutura, defesa e saúde que vendiam seus serviços ao governo a um preço muito superior ao preçomail zebetmercado,mail zebettrocamail zebetpropinas aos funcionários que viabilizavam a transação.
"Assim, Putin enriqueceu uma nova legiãomail zebetoligarcas que lhe deviam suas enormes fortunas", diz Markus.
Esse conluio é o que chamammail zebet"capitalismomail zebetcamaradas" ou "de compadres".
"A Rússia é um país com um capitalismomail zebetcamaradas, é muito parecido com o que você teriamail zebeteconomias fascistas, onde o Estado e algumas indústrias colaboravam entre si", diz Siegliel.
"Neste caso, eles colaboram por meiomail zebetmecanismosmail zebetcorrupção."
Eszter Wirth, professoramail zebetEconomia Internacional da Pontifícia Universidade Comillas, na Espanha, descreve a Rússia como um "sistema aparentemente capitalista".
"Onde a maior parte da riqueza é geradamail zebetsetores caracterizados pela buscamail zebetrenda, nepotismo e compramail zebetfavores", disse Wirth à BBC Mundo.
Wirth explica que Putin implementou um sistema baseado no modelo soviético, caracterizado por grandes empresas estatais, e combinou com o sistemamail zebetoligarquiamail zebetYeltsin.
"Essas empresas estatais controlam 55% da economia russa, que lembram a era socialista", diz a especialista.
"Sistema cleptocrático"
Esse mecanismo, dizem os especialistas, funciona da seguinte forma: os oligarcas não se envolvemmail zebetassuntos políticos, e o Kremlin não se envolve nos negócios desses magnatas.
"Os oligarcas ajudaram Putin a permanecer no poder por meiomail zebetsua imobilidade política e apoio financeiro a iniciativas internas do Kremlin", diz Markus.
A ONG Transparência Internacional descreve a Rússia como possuidoramail zebetum "sistema cleptocrata".
"A grande riqueza que os cleptocratas russos acumularam, e continuam a desfrutar, ajudou o presidente Putin a reforçar seu controle e poder...", disse a organizaçãomail zebetum artigomail zebet4mail zebetmarço.
A revista The Economist coloca a Rússiamail zebetprimeiro lugarmail zebetseu Índicemail zebetCapitalismomail zebetCamaradas.
O índice mede o númeromail zebetbilionários cujas fortunas podem estar ligadas à proximidade com o governo, especialmente por meiomail zebetnegócios como bancos, cassinos, defesa, indústrias extrativas e construção.
A publicação sustenta que na Rússia existem 120 bilionários, dos quais 70% atendem às característicasmail zebetum "capitalista camarada".
"28% do PIB [Produto Interno Bruto] russo corresponde à riqueza dos bilionários russos [oligarcas] que atuammail zebetsetores rentistas [ligados ao Estado]", diz Wirth.
Sem concorrência
Sieglel afirma que esse mecanismo corrupto também afeta o progresso da indústria russa.
"Normalmente essas empresas teriam que competir entre si, essa competição as levaria a serem mais eficientes, a contratar o pessoal certo", diz o professor.
"Mas o que aconteceu foi que o governo, e isso também acontecemail zebetoutros países, protegeu muitos desses indivíduosmail zebetuma concorrência direta."
"Como resultado, o que você tem na Rússia é uma sériemail zebetempresas que não são tão eficientesmail zebettermosmail zebetprodução porque não têm concorrência."
Montanha russa
Globalmente, a Rússia é o segundo maior exportadormail zebetpetróleo, depois da Arábia Saudita. E é o terceiro maior produtormail zebetpetróleo, atrás dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, segundo a Agência Internacionalmail zebetEnergia.
Possui a segunda maior reservamail zebetcarvão, depois dos EUA.
40% do gás natural que a Europa consome vem da Rússia, produzido pelo monopólio estatal Gazprom.
Além disso, o país é ricomail zebetterras raras (importantes para a indústria eletrônica) e produtos agrícolas como trigo, milho e óleomail zebetgirassol.
Essas riquezas naturais, especialmente gás e petróleo, ajudaram a superar várias crises e altos e baixos econômicos nas últimas décadas.
Quando Putin chegou ao poder, o país estava encerrando uma décadamail zebethiperinflação,mail zebetque o PIB caiu e a desigualdade aumentou.
Economicamente, a décadamail zebet1990 na Rússia foi "uma década perdida", como Wirth descrevemail zebetum artigo.
Mas a chegadamail zebetPutin ao poder deu um novo rumo ao país .
Durante os primeiros 8 anos do governomail zebetPutin, a Rússia teve uma recuperação que, segundo Wirth, é atribuída ao aumento global dos preços dos hidrocarbonetos, principal produtomail zebetexportação russo.
A crisemail zebet2008 e 2009 interrompeu esse crescimento, masmail zebet2013 um novo aumento nos preços do petróleo ajudou na recuperação.
Masmail zebet2014 e 2015, os preços caíram novamente, o rublo perdeu valor e a inflação cresceu.
"A dependência excessiva das exportaçõesmail zebetpetróleo e gás natural durante a era Putin teve seu preço na economia russa", escreve Wirth.
"A Rússia continua sendo um país com grandes superávits comerciais quando os preços das commodities estão altos e poderia investi-los na modernizaçãomail zebetmaquinário e infraestrutura obsoletos", diz a analista.
"Mas, como as exportações estão concentradas nas mãosmail zebetalguns oligarcas, eles preferem investirmail zebetfundos no exterior, razão pela qual a Rússia vem passando por um processomail zebetfugamail zebetcapitais há anos para paraísos fiscais, como Suíça ou Londres."
Sieglel concorda que a economia russa não é muito diversificada, acrescentando que "eles não têm incentivo para inovar".
"Apesar dos recursos, eles não têm as instituições adequadas para inovaçãomail zebettermosmail zebetnovos produtos ou tecnologia", diz ele.
O professor também indica que, diferentementemail zebetoutros países capitalistas, na Rússia não há leis antitruste e não há ambiente legal que estimule a concorrência.
Sanções
Nos últimos três anos, a Rússia teve um crescimento econômico moderado.
Segundo o Banco Mundial, o impacto da pandemia foi menor do quemail zebetoutros países entre os russos.
Isso pode ser resultado da políticamail zebetajudas fiscais do Estado e pelo fatomail zebetque o setormail zebetserviços é relativamente pequeno, alémmail zebetum setor público grande, que diminui os efeitos sobre o desemprego.
Ainda assim, a professora Wirth chama as taxasmail zebetcrescimento econômico da Rússiamail zebet"decepcionantes" para um dos países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul).
Além disso, desde que Putin invadiu a Crimeiamail zebet2014, a Rússia enfrentou sanções que a isolarammail zebetmercados ocidentais.
E o país agora enfrenta um pacotemail zebetsanções internacionais ainda mais fortemail zebetresposta à invasão da Ucrânia.
Essas medidas incluem a expulsão dos maiores bancos russos da Swift, a rede internacionalmail zebetpagamentos, dificultando o processamentomail zebettransações que vêm do exterior.
Putin já ofereceu ajuda estatal aos bancos sancionados.
Centenasmail zebetbilhõesmail zebeteurosmail zebetreservas do banco central russo também foram congelados.
Cercamail zebet300 marcas suspenderam suas operações na Rússia.
E sanções individuais também foram aplicadas a dezenasmail zebetbilionários que EUA, Reino Unido e Europa consideram como oligarcas próximos a Putin.
No último mês, o rublo perdeu maismail zebet40%mail zebetseu valormail zebetrelação ao dólar.
Com base nessas sanções, o bancomail zebetinvestimentos Goldman Sacks estima que o PIB da Rússia pode cair 7% neste ano.
A empresamail zebetanálisemail zebetmercado Oxford Economics calcula que a pressão sobre os mercados financeiros russos pode ter um impactomail zebet6% no PIB,mail zebetcomparação com as previsões feitas antes da crise.
A aposta do Ocidente é que essas sanções isolem e sufoquem a economia russa, como medidamail zebetpressão para que Putin suspenda os ataques.
Wirth, no entanto, é cética quanto à eficácia dessas sanções.
"Em regimes autoritários, as sanções econômicas foram ineficazes: nem no Irã nem na Coreia do Norte geraram mudanças políticas", diz ela. "Putin também parece não querer ouvir ninguém alémmail zebetsi mesmo."
Enquanto isso, a Ucrânia permanece sob fogo russo implacável.
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