Coronavírus: as estratégias e desafios dos países que estão reabrindo suas escolas:bwin ita

Escola reabertabwin itaLondres

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Carteiras viradas para frente,bwin itavezbwin itatodos sentados juntos no chão: o novo formato na educação infantil britânicabwin itameio à pandemia

bwin ita Em Cingapura, alunos limpam as próprias carteiras escolares e fazem um caminho pré-determinado até suas salasbwin itaaula. Na França e na Coreia do Sul, algumas escolas reabertas tiverambwin itafechar, por contabwin itanovos focosbwin itacovid-19. No Reino Unido, um dos países que reabriu as escolas recentemente, menos da metade dos alunos esperados apareceram na volta às aulasbwin itaalgumas delas.

A expectativabwin itaretorno à escola traz sensações mistasbwin itaalívio e preocupação a muitos pais — prenunciando uma possível volta à rotina, mas também o medobwin itaexpor as crianças (e suas famílias) ao contágio pelo coronavírus.

Em São Paulo, o governo Doria anunciou nesta quarta-feira (24) a volta das aulas presenciais no Estado a partirbwin itasetembro, para as áreas e municípios que estejam na fase amarela (intermediária), inicialmente com 30% dos alunos. Em uma segunda fase, sobe-se para 70% dos alunos e depois 100%. Até lá, as aulas continuarão no sistema híbrido, combinando parte do ensino presencialmente e outra parte online.

As medidas são válidas da educação infantil a universidades, para redes municipais e estadual, e valem como recomendação para a rede privadabwin itaensino, abarcando, segundo o secretário-executivobwin itaEducação, Haroldo Rocha, um contingentebwin itamaisbwin ita13 milhõesbwin itaestudantes. Redes muncipais poderão adotar regras mais rígidas (caso estejambwin itasituaçãobwin itaalto contágio), mas não mais flexíveis.

O secretáriobwin itaEducação, Rossieli Soares, afirmou que está sendo elaborado um protocolo sanitário e que ``estamos muito segurosbwin itater esse retorno, cumprindo os pré-requisitos``.

Ao mesmo tempo, o Conselhobwin itaSecretários Estaduais da Educação (Consed) afirmou que "está trabalhando com suas equipes nas estratégias sanitárias, financeiras e pedagógicas que serão colocadasbwin itaprática a partir do momentobwin itaque as datas forem definidas".

O Consed elaborou diretrizes para ajudar redes e escolas no retorno. Entre as orientações, estão abwin itase suspender atividades presenciaisbwin itagrupos, limitar a quantidadebwin itaalunos à metragem da sala, revezar horáriosbwin itaentrada, saída e recreação, sinalizaçãobwin itarotas dentro da escola para minimizar as chancesbwin itacontato entre alunos e criar rotinabwin itatriagem e higienização na entrada das escolas.

Na parte pedagógica, o documento orienta as escolas a ampliarbwin itajornada diária e a repor aulas aos sábados e à noite, para compensar as perdas da quarentena; a dar apoio psicossocial a alunos e professores e a fazer uma busca ativabwin itaalunos que possam ter decidido abandonar os estudos durante o períodobwin itaisolamento.

escolabwin itaCingapura

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Legenda da foto, Em Cingapura, medição diáriabwin itatemperatura e normas rígidas sobre quais crianças podem circularbwin itaquais lugares

Na prática, muitas dúvidas práticas permanecem nas cabeçasbwin itapais e educadores. Como melhor escalonar a volta das crianças e jovens à escola — e quais devem ter prioridade? Como garantir medidasbwin itadistanciamento social com as crianças pequenas? Quais devem ser as prioridades da escola na pós-pandemia? E, principalmente, como ter certezabwin itaque o ambiente escolar não vai virar um focobwin itaproliferação da covid-19?

O Consed e o governo paulista afirmaram que se basearam nas opiniõesbwin itaseus técnicos e nas experiências internacionaisbwin itavolta às aulas.

A BBC News Brasil coletou algumas dessas experiências a seguir:

As crianças pequenas

Alguns dos países que reabriram suas escolas priorizaram as crianças menores, porbwin itamenor taxabwin itaadoecimento e para liberar seus pais para voltar ao trabalho. É, também, uma das etapas mais difíceisbwin itase fazer um ensino remotobwin itaqualidade.

No entanto, é também uma faixa etária que tem mais dificuldadesbwin itafazer atividades sentadasbwin itacarteiras, com coleguinhas distantes entre si.

No Reino Unido, que reabriu partebwin itasuas escolasbwin ita1°bwin itajunho, crianças da pré-escola e anos iniciais não puderam mais fazer as aulas sentadas lado a lado no carpete, comobwin itacostume, mas sim enfileiradasbwin itacarteiras — um modelobwin itasalabwin itaaula mais antiquado e menos interativo.

Cada turma foi divididabwin itadois grupos: um deles frequenta as aulasbwin itasegunda e terça; o outro,bwin itaquinta e sexta-feira. Na quarta-feira, a salabwin itaaula é limpa minuciosamente. Todas as classes foram equipadas com álcool gel e lenços umedecidos.

Mesmo assim, na escola que foi acompanhada pela BBCbwin itaseu primeiro diabwin itaretomada, apenas 32 crianças apareceram,bwin itaum totalbwin ita85 que eram esperadas, mostrando que muitos pais ainda têm receiobwin itacolocar os filhosbwin itavolta no ambiente escolar.

Uma mãe que levava seu filho, porém, afirmou que o menino estava "implorando para voltar à escola". "O principal para mim é a normalidade e a saúde mental dele. Ele precisa da interação com seus amigos."

Escola reabertabwin itaLondres

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Legenda da foto, Em algumas escolas britânicas, menos da metade dos alunos esperados apareceram no primeiro diabwin itavolta às aulas

Na Dinamarca, onde as escolas estão reabertas desde 15bwin itaabril, as crianças têmbwin italavar as mãosbwin itacinco a seis vezes por dia. Classesbwin ita20 foram divididasbwin itadois, e as crianças são o dia inteiro lembradas por educadores a ficarem distantes entre si. No recreio, podem brincarbwin itagruposbwin itano máximo quatro, e cada grupo ficabwin itaum canto do pátio.

Uma meninabwin ita7 anos entrevistada pela BBC admitiu que o mais difícilbwin itatudo era não poder mais abraçar os amigos.

Em maio,bwin itaentrevista ao jornal Guardian, um representante do sindicatobwin itaprofessores dinamarqueses afirmou que a retomada às aulas ocorreu suavemente, mas, mesmo assim, confirmou que alguns educadores contraíram o novo coronavírus depoisbwin itavoltar ao trabalho presencial.

Em Cingapura, uma estratégia das escolas para incentivar o usobwin itamáscaras pelas crianças pequenas foi comprar um estoque extra e pedir que cada criança decore a sua, "para virar um novo acessório personalizado para este novo normal", nas palavrasbwin itaum representante do governo ao jornal Strait Times.

As escolas do pequeno país passaram a medir a temperatura dos alunos diariamente, e agora cada um traz suas refeiçõesbwin itacasa. As crianças só interagembwin itapequenos grupos no recreio e só podem andar nos corredores das escolasbwin itafila única. Cada grupo tem uma rota pré-determinada à salabwin itaaula e só pode usar um banheiro específico, para diminuir as chancesbwin itacontágio.

Em Portugal, que tem escalonadobwin itavolta às aulas desde 18bwin itamaio, as crianças da pré-escola fizeram parte da última levabwin itaestudantes que retornaram à escola. Em um vídeo produzido pela Direção Geralbwin itaEstabelecimentos Escolares, pede-se que as crianças "não toquem na boca, no nariz e nos olhos, mesmo que estejam com as mãos limpas", e conversem com os professores "se estiverem tristes ou se sentindo mal".

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Saúde mental e perigobwin itaevasão escolar

Muitos educadores também se questionam como estarão, do pontobwin itavista emocional, as crianças que estão voltando às aulas presenciais. "Para algumas crianças, a quarentena foi um período seguro e agradável. Para outras, foi traumática e desafiadora", diz a Fundação Britânicabwin itaSaúde Mentalbwin itadocumentobwin itaorientação à volta à escola, lembrando que muitas famílias podem ter perdido entes queridos oubwin itafontebwin itarenda, ou enfrentado problemas mentais (como depressão) durante o períodobwin itaconfinamento.

Isso pode se refletirbwin itacrianças mais retraídas, ansiosas ou irritadasbwin itasalabwin itaaula, aponta a fundação. Outras podem ter dificuldades iniciaisbwin itase concentrar e se readaptar à rotina escolar.

Entre as recomendações do órgão estão dar espaço às crianças para que falembwin itaseus sentimentos — entre si,bwin itasalabwin itaaula ebwin itaconversas individuais com educadores. E tambémbwin itadar tempo para que os vínculos entre as crianças e as escolas sejam refeitos.

Ao mesmo tempo, o bem-estar físico e mental das crianças tem sido usado também como argumento por gestores para defender a volta às aulas.

Escola na França

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Legenda da foto, Ministro francês considerou a volta às aulas uma 'emergência social'

Na França, o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, disse que se tratavabwin itauma "emergência social" colocar os jovensbwin itavolta nas escolas, pelo medobwin itaque uma parcela dos alunos não conseguisse concluir os estudos ou evadisse, criando "uma geração perdidabwin itacrianças que foram impedidas por mesesbwin itafrequentar a escola".

No relatório Estratégias para a Reaberturabwin itaEscolas, feito por Unicef, Unesco, Banco Mundial e o Programa da ONU para Alimentação, os organismos afirmam que "quanto mais tempo as crianças marginalizadas ficarem fora da escola, menor é a probabilidadebwin itaque retornem. Criançasbwin italares mais pobres já têm cinco vezes mais probabilidadebwin itanão estar na escola primária,bwin itacomparação com lares mais ricos. Ficar fora da escola também aumenta o riscobwin itagravidez na adolescência, exploração sexual, casamento infantil, violência e outras ameaças."

O debatebwin itaquando reabrir

Mas qual é a hora certabwin itareabrir? "O momentobwin itareaberturabwin itaescolas deve ser guiado pelo melhor interesse das crianças e por preocupações geraisbwin itasaúde pública, com base na avaliação dos riscos e benefícios e das evidências (locais)", diz o documento da ONU.

Não é uma avaliação simples. Na França, por exemplo, onde a reabertura começoubwin ita11bwin itamaio, algumas escolas tiverambwin itafechar temporariamente na semana seguinte, depois que surgiram 70 novos casosbwin itacovid-19 no ambiente escolar (embora a percepção fossebwin itaque, diante do tempobwin itaincubação do coronavírus, o contágio dessas pessoas provavelmente ocorreu antes da volta às aulas).

No Reino Unido, a reabertura das escolas encontrou resistência entre cientistas e gestores escolares, muitos dos quais consideraram 1°bwin itajunho cedo demaisbwin itaum país com um dos mais altos númerosbwin itamortes por covid-19 no mundo. Algumas escolas se mantiveram fechadas a despeito da autorização do governo e, na Escócia, a volta às aulas é prevista apenas para agosto, e mesmo assimbwin itamodelo híbrido — parte dos estudosbwin itacasa, e outra parte no ambiente escolar.

Recreiobwin itaescolabwin itaCingapura

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Legenda da foto, Recreiobwin itaCingapura agora tem lanches trazidosbwin itacasa e menos interação entre crianças

Em meadosbwin itajunho, alunos mais velhos já começaram a voltar à escola, mas quase todos eles só estão tendo aulas presenciais por no máximo dois dias por semana.

Mesmo 15 dias depois do início da retomada, ainda há dúvidas quando algumas escolas devem ser reabertas, abrindo uma disputa entre parlamentares e sindicatosbwin itaprofessores.

O parlamentar trabalhista Jonathan Gullis acusou o Sindicato Nacionalbwin itaEducação britânicobwin ita"promover uma campanha política (...) para garantir que as escolas não reabram". Uma representante do sindicato afirmou que, com a atual proporção altabwin itaalunos por professores, é muito difícil reabrir as escolas e garantir medidasbwin itasegurança e distanciamento social.

Na Coreia do Sul, à semelhança da França, algumas escolas fecharam poucos dias após reabrirem, diantebwin itanovos picosbwin itacasosbwin itacovid-19 no país. Maisbwin itacem escolas sul-coreanas também adiarambwin itareabertura.

Mas, mesmo com adiamentos, a reabertura tem ocorrido ali: a última levabwin itaestudantes estava prevista para voltar às escolas no dia 8. O que tem sido feito para mitigar os riscos é escalonar não apenas as séries com aulas, mas também horáriosbwin itaaula,bwin itaalmoço e recreio. O tempobwin itaaula presencial é menor do que o pré-pandemia, e parte do conteúdo segue sendo ensinado no ambiente virtual.

No início, classes do ensino fundamental poderão funcionar com um terço dos alunos; as do ensino médio, com dois terços.

O governo sul-coreano também tem inspecionado escolas e, apenas entre as preparatórias para o vestibular, foram encontradas 10 mil com problemasbwin itaadequação às novas normas sanitárias.

E a reabertura tem despertado dúvidas, segundo o jornal Korea Times. Como apenas os alunos do último ano do ensino médio estão autorizados a frequentar as escolas todos os dias, alguns pais dos alunos das demais séries têm se questionado se é produtivo mandar seus filhos à escola apenas um ou dois dias por semana, e se isso vale a pena o riscobwin itaas crianças contraírem a covid-19.

Em Cingapura, o escalonamento e a supervisão também são rígidos. Os primeiros a regressar à escola foram os dos anos finais do ensino médio, que se preparam para examesbwin itaingresso nas universidades. E lá também ainda estão sendo mescladas atividades presenciais com as virtuais.

Alunos mais velhos são responsáveis por higienizar as próprias carteiras escolares. Aulasbwin itaeducação física são feitasbwin itaginásios grandes, com alunos fazendo atividades físicas individuais orientadas por um professorbwin itaum microfone.

Normasbwin itahigiene

Alunosbwin itaescola francesa

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Legenda da foto, Alunos lavando as mãos na França; algumas escolas voltaram a ser fechadas temporariamente após surgirem novos casosbwin itacovid-19

Em todos os países, a preocupação maior, é claro, é com as normasbwin itahigiene para reduzir a chancebwin itacontágio.

Os CDCs, centrosbwin itacontrolebwin itadoenças dos EUA, produziram um guia com orientações específicasbwin itahigiene: desde a diluição ideal para desinfetantes até orientações para deixar as salas mais ventiladas e com o máximo possívelbwin itaexposição ao sol, o que ajuda a matar o coronavírus. Outra orientação importante ébwin itaque escolas e demais locais não estoquem materiaisbwin italimpezabwin itaexcesso, para evitar a escassezbwin itavarejistas.

O documento da ONUbwin itareaberturabwin itaescolas pede que países e regiões emitam protocolosbwin itahigiene que sejam claros ebwin itafácil entendimento, que educadoresbwin itagruposbwin itarisco sejam preservados do ambiente presencial, que exames escolares não essenciais sejam adiados, que pagamentosbwin itasalários sejam preservados e que a higiene pessoal ganhe novo protagonismo neste períodobwin itapandemia.

Em artigo na revista científica Lancet, membros da Unesco falam da promoção da "alfabetização higiênica": "professores devem agir como promotores da saúde para seus alunos desde cedo, estimulando ativamente hábitosbwin itaatividades físicas, boa higiene pessoal e dieta balanceada, e advertindo para as consequênciasbwin itacomportamentosbwin itarisco", diz o texto.

"Pode-se usar para isso uma grande variedadebwin itaatividades participativas, como debates, trabalhosbwin itagrupo, atividades baseadasbwin itasituações da vida real, contaçãobwin itahistórias, simulações, jogos educativos, artes, música, teatro e dança."

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