A psicologia por trás da corrida por papel higiênicobônus estrela betmeio a “medo contagioso” do coronavírus:bônus estrela bet

Prateleirabônus estrela betsupermercado onde ficavam rolosbônus estrela betpapel higiênico vaziabônus estrela betum supermercado na região lestebônus estrela betLondres na segunda-feira

Crédito, Juliana Gragnani/BBC

Legenda da foto, Moradores da capital britânica esvaziaram prateleirabônus estrela betrolosbônus estrela betpapel higiênicobônus estrela betsupermercado da região leste na segunda-feira

É o chamado "panic buying", ou as compras motivadas pelo pânico.

Nesta quarta-feira (11/03), o Reino Unido tinha 460 casosbônus estrela betcoronavírus confirmados, com 8 mortes registradas. O governo já anunciou que o númerobônus estrela betcasos vai subir rapidamente nas próximas duas semanas e que deve começar a orientar pessoas com sintomasbônus estrela betgripe a se autoisolar por 10 a 14 dias.

No Brasil, o númerobônus estrela betcasos confirmados pelo Ministério da Saúde erabônus estrela bet52 até a quarta-feira.

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No entanto, uma quarentena como a que foi imposta a todos os cidadãos na Itália ainda não foi anunciada por autoridades do Reino Unido, e o governo disse que "não há necessidade"bônus estrela betestocar produtos.

"É muito importante que as pessoas tenham um comportamento responsável e pensem nas outras", disse o primeiro-ministro Boris Johnson.

Mesmo assim, imagensbônus estrela betpessoas comprando papel higiênico e outros produtos têm viralizadobônus estrela betredes sociais. E não só no Reino Unido.

Em Cingapura, houve aumento na demanda por arroz e macarrão;bônus estrela betAuckland, na Nova Zelândia, gastos no supermercado subiram 40% no dia seguinte à confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no país; na Austrália, duas mulheres brigaram por rolosbônus estrela betpapel higiênico, e um vídeo da briga viralizou. A lista continua com casos similaresbônus estrela betoutros países.

No Reino Unido, alguns supermercados restringiram as vendasbônus estrela betalimentos essenciais para regularizar o fluxobônus estrela betsuprimentos. Uma rede limitoubônus estrela betaté cinco as comprasbônus estrela betitens como macarrão, leite e legumes enlatados.

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Tony Richards, diretorbônus estrela betoperações da empresa Essity, que produz papel higiênico e domina quase um terço desse mercado no Reino Unido, disse à BBC News que 63 milhõesbônus estrela betrolos foram vendidos nas últimas duas semanas. Em comparação, 24 milhões foram vendidos no mesmo período do ano passado.

"Não entrembônus estrela betpânico, pensembônus estrela bettoda a comunidade. Nós conseguimos levar papel higiênico para as prateleiras, só precisamosbônus estrela bettempo", afirmou Richards.

Simbologia do papel higiênico

Autor do livro The Psychology of Pandemics (A Psicologiabônus estrela betPandemias,bônus estrela bettradução livre), lançado três semanas antes do início do surto do coronavírus na China, Steven Taylor diz que compras motivadas pelo pânico acontecerambônus estrela betoutras pandemias também, mas foram pouco documentadas.

Segundo ele, durante a Gripe Espanhola,bônus estrela bet1918, as pessoas esvaziaram prateleirasbônus estrela betVick Vaporub, nome comercial da pomada criada para desobstruir as vias aéreas durante gripes e resfriados. A empresa produtora da pomada até fez uma sériebônus estrela betpropagandas especiais relacionadas à pandemia.

Dessa vez, além do álcoolbônus estrela betgel, as fotos que viralizam sãobônus estrela betpessoas estocando papel higiênico. Taylor tem uma teoria: "O papel higiênico virou um símbolobônus estrela betsegurança, embora não vá impedir que as pessoas sejam infectadas pelo vírus. Mas quando as pessoas ficam sensíveis a infecções, aumenta a sensibilidade delas para o que é nojento. É um mecanismo para nos protegerbônus estrela betpatógenos".

Para ele, o papel higiênico é visto, então, como um instrumento para evitar coisas nojentas e vira um símbolobônus estrela betsegurança.

Ele observa que as pessoas fazendo compras motivadas pelo pânico são geralmente ansiosas. E que essa pandemia é uma pandemia das redes sociais.

"A diferença fundamental dessa pandemia para outras são as redes sociais e nossa interconexão. As pessoas são expostas a vários materiais, inclusive fotos e textos dramáticos. É uma 'infodemia'", afirma. E o que viraliza são as imagensbônus estrela betcorredores e prateleiras vazios, nãobônus estrela betpessoas fazendo compras normalmente, como é a maioria dos casos.

E por causa da conexão entre as pessoas pelo mundo inteiro, se houver qualquer orientação oficial para que a população estoque produtosbônus estrela betum país, essa informação pode viajar para outros locais e estimular as compras mesmo onde não houver necessidade semelhante, inflando artificialmente a sensaçãobônus estrela betameaça.

Do melhor ao pior cenário possível

Para Andreas Kappes, professor da City University,bônus estrela betLondres, e especialistabônus estrela betpsicologia e neurociência, o pânico não começabônus estrela betimediato.

"No começo, as pessoas acham que estãobônus estrela betalguma forma seguras. Somos bonsbônus estrela betnegligenciar o pior e permanecer otimistas porque isso nos protege do estresse e nos mantém produtivos", explica.

Kappes estuda como a incerteza afeta nosso comportamento e conduziu uma pesquisabônus estrela betque inventou uma "gripe africana" para avaliar como as pessoas agiriam para tomar decisões que poderiam colocar a vidabônus estrela betoutras pessoasbônus estrela betrisco.

O pesquisador diz que, embora haja diferenças individuais, as pessoas geralmente preferem informações "desejáveis" a informações "indesejáveis", e subestimam a probabilidadebônus estrela betque coisas ruins possam acontecer com elasbônus estrela betcomparação com outras pessoas. "Podemos pensar: 'Não é provável que eu pegue o novo coronavírus, mas as outras pessoas, sim'."

Mas um momentobônus estrela betestresse rompe essa bolha otimista — no caso do novo coronavírus, pode ser o aumento do númerobônus estrela betcasos, oubônus estrela betmaior proximidade, ou então o espaçobônus estrela betcobertura na imprensa.

Também pode ser um sentimentobônus estrela betempatia por alguém afetado pelo vírus. "Quando lemos uma notíciabônus estrela betalguém que tinha 60 anos que tinha uma família, ficou doente e morreu, podemos nos colocar no lugar da pessoa, ou imaginar que poderia ser alguém que conhecemos, da nossa família, por exemplo", afirma. Paramosbônus estrela betver os números e pensamos nas histórias por trás deles.

A corrida por papel higiênico na Austrália

Crédito, KATHERINE QUIRKE/TWITTER

Legenda da foto, A corrida por papel higiênico também ocorreu na Austrália

Além disso, as pessoas são normalmente otimistas sobre si mesmas, mas não sobre o conjunto da população ou as instituiçõesbônus estrela betgeral. Então, podem pensar que o governo, por exemplo, não está lidando bem com a crise — outro estresse.

Esse sentimentobônus estrela betestresse, então, nos força a pensar no pior cenário possível. As pessoas tornam-se mais pessimistas e partem do pressupostobônus estrela betque o pior deve acontecer.

Passam a imaginar: "Como seria se eu pegar coronavírus, como seria se eu tivesse que me autoisolar, como isso impactaria minha vida, o que vai acontecer se houver um pânico geral e eu não tiver comida?".

E, assim, começam a agirbônus estrela betacordo com essa ideia.

"Parte das comprasbônus estrela betsupermercados para armazenarbônus estrela betcasa também é muito racional. Se todo mundo comprar para armazenar e você não, você não terá nada para comer", afirma ele.

Efeito manada

Kappes diz que há outro sentimento que guia a corrida pelos produtos no supermercado. "Agimosbônus estrela betdeterminadas maneiras guiados por evidências sociais. Olhamos para os outros para obter informações sobre o que deveríamos ou não deveríamos fazer", diz.

Ele cita um exemplo: a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que lavemos as mãos com mais frequência ebônus estrela betmaneira mais precisa, mas muitas vezes só seguimos essa orientação se vemos que outras pessoas estão fazendo isso.

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Steven Taylor, autor do livro sobre a psicologiabônus estrela betpandemias, diz que somos guiados pelo chamado "efeito manada". O termo define reações irracionais iguaisbônus estrela betum grupo que são guiadas por um ou mais indivíduos.

Para o autor, isso acontecebônus estrela betsituaçõesbônus estrela betque há incerteza. "As pessoas observam as outras para saber como devem responder, é mais instintivo do que racional. É como fogo dentro do cinema — as pessoas não fogem por causa da fumaça, mas porque veem outras pessoas correndo. O medo é contagioso."

Além disso, o papel higiênico, item que tem sido buscado pelas pessoas, vembônus estrela betum pacote "altamente visível", diz Taylor. "É grande e facilmente identificável quando se estábônus estrela betum supermercado", o que incita uma pessoa a comprar o item quando vê outra com o produto.

Outro motivo para as comprasbônus estrela betexcesso, segundo Taylor, é que não acreditamos quando nos dão uma solução pequena para um problema grande. "O governo nos diz que não devemos usar máscaras, e que a solução é lavar as mãos bem e com frequência. Mas nós pensamos que grandes problemas requerem soluções especiais", diz ele. Então, fazer grandes compras parece compensar essa "pequena solução"bônus estrela betlavar as mãos que, na realidade, é uma das coisas mais importantes que podemos fazer para evitar a dispersão do vírus.

Fazer listabônus estrela betcompras e doar o que foi compradobônus estrela betexcesso

Baruch Fischhoff, professorbônus estrela betciência das decisões da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, atribui a atitude das pessoasbônus estrela betcomprarembônus estrela betexcesso à faltabônus estrela betinformações confiáveisbônus estrela betdeterminados governos. Ele refere-se especificamente aos Estados Unidos, onde a quantidadebônus estrela bettestes aplicada às pessoas para avaliar se estão com coronavírus foi considerada pequena e por isso tem sido criticada.

"As pessoas são boasbônus estrela betanalisar os riscos com os dados que têmbônus estrela betmãos. Mas agora estão incertas sobre os riscos porque nosso governo não tem feito muitos testes", diz ele. "Quando não sabem avaliar, decidem agir com cuidado. Comprar papel higiênicobônus estrela betexcesso é o sintoma, não o problema."

Mas, para Taylor, o medo da escassez pode causar real escassez. "As pessoas que vivem com o dinheiro para o dia a dia, que não podem comprarbônus estrela betantecedência ou que recebem doações podem ficar sem os produtos necessários."

Ele diz que é possível preparar-se sem entrarbônus estrela betpânico.

Caso o autoisolamento seja necessário, quem for sair às compras deve sentar antes e fazer uma lista do que precisa, realisticamente e sem exageros. "Assim você inocula o efeito manada", diz ele. Além disso, quando entrar no supermercado, é preciso lembrar que possivelmente haverá pessoasbônus estrela betpânico ali, e então usar a cabeça e não agir da mesma forma que outras pessoas estão agindo.

Em outras pandemias,bônus estrela betacordo com Taylor, as pessoas se uniram mais para ajudar umas às outras: pessoas se voluntariavambônus estrela bethospitais, faziam compras para os que estavam muito doentes para fazê-lo. Ele diz ainda esperar ver mais desse tipobônus estrela betsolidariedade nessa pandemia.

Uma sugestão: Taylor defende que as pessoas que armazenaram produtosbônus estrela betexcesso façam doações do que foi comprado para entidadesbônus estrela betcaridade. "Seria a coisa certa a fazer. Diminuiria a ansiedade do público."

"As pessoas têm responsabilidadesbônus estrela betrelação às outras. Estamos todos conectados na maneira como lidamos com o vírus. Dependemos uns dos outros para enfrentá-lo. É um esforço coletivo. Temos que nos lembrar que não é sobre nós, é sobre todo mundo."

Línea

Crédito, Getty Images

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