'Está vendo aquela fumaça? Éblaze pokerfamília': o relato do brasileiro que sobreviveu a Auschwitz:blaze poker
O local, cuja libertação ocorreu há 75 anos, pelo Exército soviético,blaze poker27blaze pokerjaneiroblaze poker1945, é considerado o epicentro do Holocausto: estima-se que 1,1 milhãoblaze pokerpessoas (judeus emblaze pokergrande maioria) tenham morridoblaze pokerfome, doenças oublaze pokercâmarasblaze pokergás no complexoblaze poker40 camposblaze pokerconcentraçãoblaze pokerAuschwitz, que antesblaze pokerser ocupado pelos nazistas era um enorme quartel militar. Outras vítimas incluiam prisioneiros russos, poloneses, ciganos e gays.
Stern sobreviveu não apenas para ser homenageado,blaze pokernovembro, pelo Memorial da Imigração e do Holocausto, com um bar mitzvah especial e tardio — mas também para reerguerblaze pokervida no Brasil, criar uma família com cinco filhos (e muitos netos e bisnetos), perder tudoblaze pokeruma das crises econômicas brasileiras na era Collor e manter-se ativo profissionalmente até agora. E fazer tudo isso com grande apreço pelos pequenos prazeres do cotidiano.
"A vida foi generosa comigo: me mostrou o sucesso, o fracasso, o terrível e o maravilhoso", diz ele à BBC News Brasil emblaze pokercasa, um sobrado bem iluminado na zona sulblaze pokerSão Paulo. "Às vezes, fico divagando e somando e não sei como tanta coisa coubeblaze poker91 aninhos."
'Minha família saía pela chaminé'
Filhoblaze pokerimigrantes judeus, Stern nasceu no bairro do Bixiga,blaze pokerSão Paulo,blaze poker17blaze pokerjunhoblaze poker1928. Mas viveu desde cedo uma vida itinerante. Aos três anos, mudou-se com a família para a Índia, por contablaze pokeruma ofertablaze pokeremprego ao pai, médico. Depois disso — e Stern não sabe exatamente o motivo —,blaze pokervezblaze pokervoltar ao Brasil, a família decidiu passar um tempo na Europa, com parentes húngaros.
Essa decisão selou seu destinoblaze pokeruma forma drástica.
Na Hungria, como brasileiro nato, Andor passou uma infância feliz e comum, embora fosse tratado como estrangeiro. As coisas mudaram quando a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) eclodiu. No momentoblaze pokerque o governoblaze pokerGetúlio Vargas alinhou-se com os chamados países aliados (inimigos do Eixo, então liderado pela Alemanha e do qual a Hungria fazia parte), por ser brasileiro, Stern foi detidoblaze pokeruma instituição como inimigo estrangeiro pelas autoridades húngaras.
Foi uma estada breve:blaze pokerpoucas semanas, escapou com a ajudablaze pokerum detento americanoblaze pokerquem ficara amigo e, graças a isso, voltou à casablaze pokersua família, onde passou a viver escondido. Ele tinha apenas 13 anos. Agora, o problema não era mais ele ser brasileiro: era ser judeu.
Com a posterior ocupação nazista da Hungria,blaze pokerfamília toda (menos o pai, que se separara da mãe e fora embora do paísblaze poker1938) foi transportada a Auschwitzblaze pokerum mesmo trem,blaze poker1944. Foram separados na chegada ao campoblaze pokerconcentração.
"Daí começou o calvário deles: meus avós, meus tios, minha tia grávida foram levados direto para a câmarablaze pokergás", conta Stern.
Sua mãe, Julia, tampouco foi poupada. Uma das primeiras coisas que Stern escutou ao chegar foi "'Está vendo aquela fumaça lá? Tua família está saindoblaze pokerlá — seus avós, teus tios, tua mãe'. Minha família estava saindo pela chaminé", recorda.
'O homem deixablaze pokerser homem'
A perda da mãe marcou Stern profundamente, e a tristeza superava as dores físicas do campoblaze pokerconcentração.
"Ela faz falta. Me lembro cada vestido dela. Incrível como tenho a cara dela na minha cabeça. Ela era minha maior amiga. Usei ela tão pouquinho", diz à equipe da BBC.
Aos 14 anos,blaze pokerporte atlético por contablaze pokeresportes como o remo e a natação, o adolescente foi poupado do extermínio na câmarablaze pokergás para ser usado no trabalho forçado no campo. O processoblaze pokerdesumanização também foi rápido.
"Uma mesma baciablaze pokernoite é penico eblaze pokerdia é o pratoblaze pokerque você come. E você come como cachorro. Não tem garfo, faca, colher", lembra.
"Você tem eczema, sarna. A comida te causa uma eterna diarreia, o que, aliás, é uma (das causas) que mais matavam as pessoas. No inverno, abaixoblaze poker22, 24, 26 graus, quando você está 'vazando', você até gosta porque é quentinho. E você não tem como tomar banho depois disso. Você aceita a sujeira, a imundície. E você perde a condiçãoblaze pokerser humano. Devora qualquer casquinhablaze pokerbatata. Só o que pensa é na fome. Você vira um zumbi."
Quando o cerco internacional se fechavablaze pokerAuschwitz, com notícias da aproximaçãoblaze pokertropas russas, os alemães nazistas começaram a retirar a maior parte dos prisioneiros do local. Muitos foram enviados para as chamadas "Marchas da Morte"blaze pokerque pessoasblaze pokertodas as idades eram obrigadas a andar por quilômetrosblaze pokermeio ao rigoroso inverso. Milhares morreram a poucas semanas da derrota alemã na Segunda Guerra Mundial.
Stern foi um dos transportados, primeiro a Varsóvia (capital da Polônia, na época sob ocupação nazista), para recolher tijolos das ruínas dos bombardeiosblaze pokerguerra, e, depois, ao campoblaze pokerconcentraçãoblaze pokerDachau, no sul da Alemanha, onde chegou a fazer trabalhos forçados para a indústria bélica alemãblaze pokeraviões Messerschmitt e bombas V1.
Até que, no finalblaze pokerabrilblaze poker1945, o campo foi libertado pelo Exército dos EUA. Em 1ºblaze pokermaio, depoisblaze pokerquase um ano e meio sob poder dos nazistas, Stern estava livre.
"A guerra terminou e eu sobrevivi. Estava vivo. Pesava 28 quilos, mas estava vivo. (...) Perguntei a mim mesmo: 'o que quero da vida? Onde estarei daqui a 5, 10, 20 anos?'".
"Decidi o seguinte: 'quero um parblaze pokersapatosblaze pokerque não entre água e me aqueça no inverno; uma roupa isentablaze pokerqualquer bicho e que me cubra no inverno, um paletó com bolso e um relógio que eu possa olhar e dizer: 'vou comer esse pão amanhã às 14h e vou resistir, porque não estarei passando fome'. Podendo me movimentar da esquerda para a direita, vou ser o homem mais feliz do mundo'", conta.
"Isso passa, e você fica cheioblaze pokerfrescura", brinca. "'O sapato tem que serblaze pokercromo alemão', 'O terno temblaze pokerserblaze pokercasimira inglesa' (Mas) eu não esqueci. Tudo isso para mim era um presente extra. Cada dia que eu vivo é uma sobremesa. Talvez isso explique essa intensidadeblaze pokerquerer viver e que os outros vivam. Tenho o máximo respeito pela vida."
De volta à Hungriablaze pokerseus parentes, Stern concluiu seus estudos e entroublaze pokeruma faculdadeblaze pokerengenharia, mas diz que começou a "sentir saudades do desconhecido".
Era horablaze pokervoltar parablaze pokerterra natal: o Brasil.
Vida novablaze pokerSão Paulo
Sem recordar-seblaze pokernenhuma palavra sequerblaze pokerportuguês, aos 20 anosblaze pokeridade, Stern voltou à cidade onde nasceu e começou a erguer uma vida: reaprendeu a língua, teve um reencontro tardio com seu pai (que Stern achava que estava morto, mas formara nova família na Espanha), estudou engenharia e trabalhou na empresablaze pokertecnologia IBM, experiência que o ajudou a abrir uma empresa própria.
A empresa teve anos muito lucrativos, conta Stern, até que veio a crise econômica dos anos Collor — e,blaze poker1993, o negócio quebrou.
O baque inicial da falência foi substituído, com o passar dos anos, por uma sensaçãoblaze poker"leveza", diz ele, por não ter que carregar nas costas a forte pressão do trabalhoblaze pokerempresário e a responsabilidade sobre os empregados. Hoje, Stern ainda bate ponto diariamente como consultorblaze pokeruma empresa química, alémblaze pokerfazer palestras — "sem aceitar um centavo" — sobreblaze pokerexperiênciablaze pokervida.
Casado desde 1954 com Terezinha, Stern se diz afortunado por ter "filhos maravilhosos e uma mulher que é um ser humano invejável". Não é um homem religioso. Acompanha política brasileira pelo noticiário e acha o presidente Jair Bolsonaro "um crápula" e "um bestalhão", embora tampouco simpatize com o PT. Tem entre seus hobbies ler e escutar discos na vitrola.
Nesta semana, ele viajará a Auschwitz para os eventosblaze pokermemória dos 75 anosblaze pokerlibertação do campo onde ficou detido.
"A vida me deu péssimos momentos, mas também momentos maravilhosos, talvez mais do que uma pessoa merece. Saber sentir gratidão já é um grande presente, e sinto gratidão quase diariamente", conta.
"Sobreviver àquilo (Holocausto) te dá uma liçãoblaze pokervida que você fica tão humilde. Quer que eu te conte uma coisa que aconteceu hoje? Talvez isso nunca tenha te ocorrido, e essa vantagem eu levoblaze pokercimablaze pokervocê. Imagina a minha cama cheirosa,blaze pokerlençóis limpos. Chuveiro fumegante no banheiro. Sabonete. Pastablaze pokerdente, escovablaze pokerdente. Uma toalha maravilhosa. Descendo (a escada), uma cozinha cheiablaze pokerremédio, porque velhinho precisa tomar para viver melhor; comida à vontade, geladeira cheia. Peguei meu carrinho fui trabalhar pelo caminho que eu quis, ninguém me enfiou uma baioneta. Estacionei, fui recebido com calor humano pelos meus colegas. Gente, eu sou um homem livre."
Homenagem às vítimas
Por ocasião do Dia Internacionalblaze pokerMemória das Vítimas do Holocausto e para marcar os 75 anos da libertação do Campoblaze pokerConcentraçãoblaze pokerAuschwitz, a Confederação Israelita do Brasil (Conib), a Federação Israelita do Estadoblaze pokerSão Paulo (Fisesp) e a Congregação Israelita Paulista (CIP), realizam no domingo, 26blaze pokerjaneiro, às 18h30, na Sinagoga Etz Chaim da CIP, um Ato soleneblaze pokerMemória das vítimas do Holocausto.
A solenidade, que conta com a presença do governadorblaze pokerSão Paulo, João Doria, marca os 75 anos da libertação do campoblaze pokerextermínioblaze pokerAuschwitz e lembra os seis milhõesblaze pokerjudeus assassinados durante o Holocausto e as outras vítimas do nazismo, com o acendimentoblaze pokerseis velas por sobreviventes, autoridades políticas, líderes religiosos, institucionais e jovens.
O Dia Internacionalblaze pokerMemória das Vítimas do Holocausto foi aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidasblaze poker2005.
blaze poker Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube blaze poker ? Inscreva-se no nosso canal!
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosblaze pokerautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticablaze pokerusoblaze pokercookies e os termosblaze pokerprivacidade do Google YouTube antesblaze pokerconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueblaze poker"aceitar e continuar".
Finalblaze pokerYouTube post, 1
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosblaze pokerautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticablaze pokerusoblaze pokercookies e os termosblaze pokerprivacidade do Google YouTube antesblaze pokerconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueblaze poker"aceitar e continuar".
Finalblaze pokerYouTube post, 2
Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosblaze pokerautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticablaze pokerusoblaze pokercookies e os termosblaze pokerprivacidade do Google YouTube antesblaze pokerconcordar. Para acessar o conteúdo cliqueblaze poker"aceitar e continuar".
Finalblaze pokerYouTube post, 3