Mortes no rio, acessocash camel slotloucura, ataquecash camel slotonça: conheça a expedição que deu origem ao Herbário do Museu Nacional:cash camel slot

A expedição Langsdorff foi financiada pelo império russo. Segundo o historiador Boris Komissarov, da Universidadecash camel slotSão Petersburgo, o czar Alexandre I desembolsou 330 mil rublos, quantia considerada alta para a época. Com o dinheiro, o então cônsul-geral da Rússia no Brasil, Georg Heinrich von Langsdorff, um alemão naturalizado russo, organizou a expedição.

Alémcash camel slotescravos, remadores e guias, Langsdorff contratou alguns dos mais respeitados cientistas da época, como Riedel, o zoólogo francês Edouard Ménétriès e o astrônomo russo Nester Rubtsov. O próprio Langsdorff participou da expedição.

Também contratou dois desenhistas para registrar tudo o que vissem pelo caminho, das fazendas das Minas Gerais às aldeias indígenas da Amazônia - as câmeras fotográficas ainda não tinham sido inventadas. Eram eles: o alemão Johann Moritz Rugendas e o francês Hercules Florence. Cercacash camel slot120 desenhos e aquarelas, alémcash camel slot36 mapas, foram produzidos durante a viagem.

'Temos diante dos olhos um véu escuro'

A Expedição Langsdorff pode ser divididacash camel slotduas etapas: uma terrestre (1821-1825) e outra fluvial (1826-1829).

"Começamos hoje um caminho novo, ainda não trilhado por ninguém", escreveu no dia 22cash camel slotjunhocash camel slot1826, dia da partidacash camel slotPorto Feliz, a 125 kmcash camel slotSão Paulo, para Santarém, no Pará, pelo rio Tietê. "Temos diante dos olhos um véu escuro. Deixamos o mundo civilizado para viver entre índios, onças e macacos".

Depoiscash camel slotexcursionar pelo Riocash camel slotJaneiro e Minas Gerais, entre vilas, povoados e fazendas, a expedição seguiu para São Paulo e,cash camel slotlá, para a Amazônia. Ao todo, foram percorridos, no lombocash camel slotmulas oucash camel slotcanoas cavadascash camel slottroncos grossos, 17 mil quilômetros.

"O ambiente não era dos mais harmoniosos. Houve muitos conflitos. O primeiro deles com Rugendas. O pintor e Langsdorff se desentenderam várias vezes", explica a historiadora Mariacash camel slotFátima Costa, docente da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e autora do livro Bastidores da Expedição Langsdorff (2014).

Numa dessas ocasiões, os dois trocaram insultos e quase saíram no tapa. Os brigões foram apartados por Riedel, o biólogo alemão. Mas Rugendas acabou expulso da expedição e,cash camel slotseu lugar, foi contratado o francês Aimé-Adrien Taunay. Ao voltar para a Europa, Rugendas violou o contrato assinado com Langsdorff e levou na bagagem 500 desenhos produzidos no curso da viagem.

Percalços e perigos da expedição Langsdorff

"Apesar do orçamento generoso e da equipe maravilhosa, Langsdorff não contava com uma sériecash camel slotpercalços. Já imaginou atravessar rios encachoeirados a bordocash camel slotcanoas? A travessia do Juruena, no Mato Grosso, foi das mais perigosas. Uma verdadeira odisseia. Muitas vidas se perderam", afirma a historiadora.

Uma delas foi acash camel slotTaunay,cash camel slotjaneirocash camel slot1828. Ao tentar atravessar a nado o rio Guaporé, na antiga Vila Bela (atual Rondônia), o jovem desenhista,cash camel slotapenas 25 anos, foi levado pela corredeira.

Langsdorff também não escapou ileso. À beira do Juruena, contraiu malária e,cash camel slotmaiocash camel slot1828, começou a apresentar sinaiscash camel slotloucura.

"Precisamos apressar nossa marcha. Temos aindacash camel slotatravessar lugares perigosos. Se Deus quiser, hoje continuaremos nossa viagem. As provisões minguam a olhos vistos, mas ainda temos pólvora e chumbo", escreveu ele, pela última vezcash camel slotseu diário, no dia 20cash camel slotmaiocash camel slot1828. Langsdorff não foi o único. Outros membros da expedição morreramcash camel slotmalária e febre amarela.

A expedição chegou ao fimcash camel slot1829, um ano e meio antes do previsto. Os sobreviventes retornaram ao Riocash camel slotmarço, a bordo do navio Dom Pedro I.

Langsdorff regressou à Europacash camel slot1830. Caixas e mais caixas com bichos empalhados e amostrascash camel slotplantas, entre maiscash camel slot800 documentos, permaneceram esquecidos nos porões da Academiacash camel slotCiênciascash camel slotLeningrado (atual São Petersburgo) até serem descobertos, por acaso, um século depois,cash camel slot1930. Os manuscritos dos diárioscash camel slotLangsdorff foram traduzidos e publicados, pela primeira vez,cash camel slot1998.

Oscash camel slotRiedel permanecem inéditos, guardados na Biblioteca Nacional, no Riocash camel slotJaneiro. Terminada a expedição, o biólogo alemão voltou para a Europa, levando parte do material coletado - estima-se que Riedel tenha coletado maiscash camel slot100 mil espécimescash camel slotplantas. Anos depois, retornou ao Brasil, onde passou a dirigir o Jardim Botânico do Riocash camel slotJaneiro, antescash camel slotir para o Museu Nacional.

"Ao regressar ao Brasil, Riedel não trouxe nada do material coletado. Aqui, no Herbário do Museu Nacional, temos, no máximo, umas dez amostras atribuídas a ele. E não temos certezacash camel slotterem sido dele. Já nos herbários europeus, as coletas do Riedel são muito comuns. Em Viena, por exemplo, há milharescash camel slotexemplares", explica o botânico Ruy José Válka Alves, o atual curador do Herbário do Museu Nacional.

Expedição é revisitadacash camel slotlivros, documentário e até samba-enredo

Quase 190 anos depois, a aventura protagonizada por Langsdorff e seus intrépidos companheiroscash camel slotviagem continua a inspirar uma infinidadecash camel slotlivros - maiscash camel slot400,cash camel slot10 idiomas -, filmes e até samba-enredo - Langsdorff, Delírio na Sapucaí (1990), da Escolacash camel slotSamba Estáciocash camel slotSá, do Rio.

Um desses projetos foi o documentário No Caminho da Expedição Langsdorff (2000), dirigido por Maurício Dias, sócio-diretor da Grifa Filmes. Em três botes infláveis, Dias ecash camel slotequipe refizeram,cash camel slot1999, seis mil dos 17 mil quilômetros desbravados pela expedição original, ao longocash camel slotum mês.

Do Tietê ao Amazonas, a equipe do documentário visitou tribos indígenas, como os guapós, os apiacás e os mundurucus. Registraram um sem-númerocash camel slotanimais, como onças, jacarés e capivaras. "Os mundurucus foram muito acolhedores. Fizeram uma festa bonita, às margens do Tapajós, para nossa equipe", recorda.

Como não poderia deixarcash camel slotser, também tiveram seus perrengues. A certa altura, Dias, o produtor Luiz Oliveira e dois guias bateram com o barcocash camel slotuma pedra do Juruena, no Mato Grosso, e se perderam do restante do grupo. Durante oito dias, caminharam 200 kmcash camel slotbuscacash camel slotsocorro.

"Foi um dos momentos mais tensos da viagem. Ficamos sem comida e comunicação e, o pior, com muitos mosquitos e uma onça nos rondando. Tive muito medocash camel slotnão sair vivo dali", relata o diretor, que transformou essa "assustadora experiência"cash camel slotoutro documentário, Perdidos.

A equipecash camel slotDias contou com uma convidada especial: a artista plástica Adriana Florence. Ela é tataraneta do francês Hercule Florence, um dos membros da expedição Langsdorff. A exemplocash camel slotseu tataravô, Adriana registrou suas impressões num diário. Voltou da viagem com 130 aquarelas.

Dos seis mil quilômetros trilhados, Adriana destaca dois momentos como os mais emocionantes: a chegada à cachoeira Véu da Noiva, na Chapada dos Guimarães, onde Taunay pintou umcash camel slotseus últimos trabalhos, Cachoeira do Inferno.

E a travessia da cachoeira Salto Augusto, no Mato Grosso, descrito pelo seu tataravô,cash camel slotseu diário, como "um lugar impossívelcash camel slotse chegar". "Cento e setenta e quatro anos depois, foi tão difícil quanto. É um lugar perigoso até hoje. Mas, apesarcash camel slottodas as dificuldades, nós conseguimos", orgulha-se Adriana.

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