Por que a Igreja Católica decidiu condenar a pena1xbet e confiavelmorte – e por que não havia feito isso antes:1xbet e confiavel
Significa que,1xbet e confiavelhoje1xbet e confiaveldiante, a Igreja prega oficialmente contra a pena1xbet e confiavelmorte. "A partir1xbet e confiavelagora, quem for a favor da pena1xbet e confiavelmorte está claramente ao contrário do que a Igreja ensina", resume o vaticanista Filipe Domingues. O novo texto do catecismo diz que "a dignidade da pessoa não é perdida nem depois1xbet e confiavelter cometido crimes gravíssimos."
O cardeal Ladaria se incumbiu1xbet e confiavelremeter uma carta informando aos bispos1xbet e confiaveltodo o mundo a respeito da alteração. No texto, ele diz que a mudança é uma evolução natural do ensinamento da Igreja.
"Durante muito tempo, o recurso à pena1xbet e confiavelmorte, por parte da legítima autoridade, era considerada, depois1xbet e confiavelum processo regular, como uma resposta adequada à gravidade1xbet e confiavelalguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum", diz comunicado da Santa Sé.
"No entanto, hoje, torna-se cada vez mais viva a consciência1xbet e confiavelque a dignidade da pessoa não fica privada, apesar1xbet e confiavelcometer crimes gravíssimos. Além do mais, difunde-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado. Enfim, foram desenvolvidos sistemas1xbet e confiaveldetenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, sem tirar, ao mesmo tempo e definitivamente, a possibilidade do réu1xbet e confiavelse redimir."
Mudança gradual na doutrina católica
"O que houve foi uma mudança real naquilo que a Igreja já vinha defendendo sobre a pena1xbet e confiavelmorte. Não foi uma mudança brusca, foi uma mudança gradual, porque já os papas João Paulo 2o e Bento 16 eram contrários à pena1xbet e confiavelmorte e falavam isso", contextualiza o vaticanista Domingues. "Mas o catecismo ainda dizia que,1xbet e confiavelalguns casos, quando para a defesa do bem comum, para proteger a sociedade e quando não houvesse nenhum outro recurso, a pena1xbet e confiavelmorte seria admissível, após a certeza1xbet e confiavelque a pessoa era culpada."
Domingues ressalta que a Igreja não defendia a pena1xbet e confiavelmorte, mas admitia1xbet e confiavelaplicação1xbet e confiaveldeterminados casos. "Agora, está claramente explícito que, para a Igreja, a pena1xbet e confiavelmorte é inadmissível. Essa palavra é muito forte. Inadmissível porque se trata1xbet e confiavelum ataque à dignidade da vida humana. E o novo texto ainda diz que a Igreja trabalha com determinação para a abolição da pena1xbet e confiavelmorte1xbet e confiaveltodo o mundo", analisa o vaticanista. "Ou seja: a Igreja passa1xbet e confiaveluma posição um pouco passiva para uma posição muito diferente: 'isto é inadmissível e vamos fazer o possível para que a pena1xbet e confiavelmorte acabe'."
Coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica1xbet e confiavelSão Paulo, o sociólogo e biólogo Francisco Borba Ribeiro Neto contextualiza que, até então, havia uma preocupação da Igreja1xbet e confiavelnão interferir1xbet e confiaveldecisões internas dos países.
"A posição da Igreja, contrária à pena1xbet e confiavelmorte, já é antiga na tradição. O problema é que havia a ideia1xbet e confiavelque a pena1xbet e confiavelmorte estava dentro das legislações nacionais, e a Igreja não poderia se intrometer nas opções políticas1xbet e confiavelcada país", explica.
"O grande passo1xbet e confiavelFrancisco,1xbet e confiavelseu papado, é essa preocupação1xbet e confiaveldeixar mais claro certos princípios que estão presentes na doutrina mas que foram,1xbet e confiavelcerta forma, pouco explicitados - por medo, para evitar que a Igreja parecesse estar intervindo1xbet e confiavelquestões do mundo laico, por exemplo", afirma Ribeiro Neto.
Por que levou tanto tempo?
Ao longo da História, a pena1xbet e confiavelmorte chegou a ser endossada por antigos teólogos. Santo Agostinho (354-430) certa vez teorizou que não haveria contradição entre a pena1xbet e confiavelmorte e o mandamento "não matarás".
De acordo com ele, como o carrasco seria apenas "uma espada na mão1xbet e confiavelDeus", ele não estaria violando o mandamento, já que estaria agindo conforme a autoridade do Estado. Santo Ambrosio (340-397) não condenou mas recomendou que os membros do clero não encorajassem nem executassem a pena capital.
São Tomás1xbet e confiavelAquino (1225-1274) argumentava que havia menções à pena1xbet e confiavelmorte nas escrituras, o que justificaria a medida extrema. Papa Inocêncio (1160-1216) declarou que "o poder secular pode, sem pecado mortal, exercer juízo1xbet e confiavelsangue, desde que o castigo seja empregado com justiça e não por ódio, com prudência e não por precipitação".
Na versão1xbet e confiavel1566, o catecismo romano dizia que Deus havia confiado às autoridades civis o poder "sobre a vida e a morte".
No Vaticano
Uma curiosidade histórica é que o Vaticano, cujo chefe1xbet e confiavelEstado é o papa, autorizava a pena1xbet e confiavelmorte1xbet e confiavelseus domínios entre 1929 e 1969. Tal pena era reservada a alguém que tentasse assassinar o líder máximo da Igreja Católica – no período, tal lei nunca foi aplicada.
Essa medida foi instituída pelo Tratado1xbet e confiavelLatrão,1xbet e confiavel1929,1xbet e confiaveluma cópia da legislação italiana da época no que dizia respeito a tentativa1xbet e confiavelassassinato do chefe1xbet e confiavelEstado da Itália. "Considerando que a pessoa do Sumo Pontífice é sagrada e inviolável, a Itália declara qualquer tentativa contra a Sua pessoa ou qualquer incitamento para cometer tal tentativa1xbet e confiavelser punível pelas mesmas penas que todas as tentativas semelhantes e incitamentos para cometer o mesmo contra a pessoa do Rei."
Enquanto vigorou a lei, não houve registro1xbet e confiaveltentativa1xbet e confiavelassassinato do papa. Quando o turco Mehmet Ali Agca tentou assassinar João Paulo 2º,1xbet e confiavel1981, ele acabou julgado por um tribunal italiano – e não pelo Vaticano.
Foi o papa Paulo 6º,1xbet e confiavel1969, que removeu o estatuto da pena capital da legislação do Vaticano. As revisões foram consequência do Concílio Vaticano 2º, encerrado quatro anos antes.
Quando a Igreja executou
No passado, entretanto, a Igreja Católica também condenou pessoas à morte. E não só na época medieval, com as famosas perseguições do Tribunal da Santa Inquisição, criado no século 13 - que condenava aqueles que não professassem a fé católica ou representassem ameaça às doutrinas. Sobre a Inquisição,1xbet e confiavelacordo com estudo feito pela própria Igreja1xbet e confiavel2004, o país onde o tribunal eclesiástico fez mais vítimas foi a Alemanha - 25 mil execuções.
Mais recentemente, o mais famoso carrasco da Santa Sé foi Giovanni Battista Bugatti, que viveu entre 1779 e 1869 e trabalhou na função entre 1796 e 1865. Ele era conhecido como Mastro Titta - corruptela1xbet e confiavel"maestro di giustizia", ou mestre1xbet e confiaveljustiça. Oficialmente, ele realizou 516 execuções - decapitava os condenados com um machado ou realizava enforcamentos.
No livro Pictures From Italy,1xbet e confiavel1846, o escritor britânico Charles Dickens (1812-1860) relata uma1xbet e confiavelsuas execuções.