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Hanford Site, a antiga usinaplutônio que virou o lugar com a maior contaminação nuclear dos EUA:
"Isso não vemnós, moradores, mas sim das pessoasfora. É por isso que estamos tendo esta conversa, não? Por causa do estigma", diz.
Segundo ele, é exagerada a atenção dada a qualquer incidente ocorridoHanford.
"Os esforços cotidianoslimpeza não despertam interesse, mas qualquer vazamento ou acidente, sim", afirma.
Alta contaminação
A assessoriaimprensaHanford Site enviou à BBC informações sobre o processolimpeza nuclear, tido como um dos maiores do mundo - e que ainda levará décadas para ser concluído.
Em 1989, o DepartamentoEnergia dos EUA e o DepartamentoEcologiaWashington firmaram um acordo para tratar as instalações.
Durante as quatro décadasatividadeHanford, foram geradas milhõestoneladasresíduos sólidos e centenasbilhõeslitrosdejetos.
A planta, que se estende por uma ampla planície próxima ao rio Colúmbia, é um complexo nuclear operado pelo governo dos EUA. O início das operações foi1943, com um objetivo claro: produzir plutônio para a fabricaçãoarmas nucleares.
"Apesar do progresso feito, ainda resta muita contaminação", diz o comunicadoHanford. "O processo para produzir plutônio é extremamente ineficaz: gera uma grande quantidaderesíduos sólidos e líquidos, mas só se obtém uma pequena quantidadeplutônio."
Ali se desenvolveu parte do Projeto Manhattan, que culminou com a elaboração das bombas atômicas que terminariam sendo famosas pela destruiçãoHiroshima e Nagasaki,1945, episódio que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial.
Para o prefeitoRichland, o lançamento das bombas foram um evento "trágico, mas necessário" para pôr fim à guerra - a outra opção, uma vitóriaHitler ou do Japão, teria sido muito pior, diz.
Um lugar cheiovida
Ainda que tenha se transformadoum lugar onde ocorre uma espécie"destruição profissional" - por causa do processolimpeza da usina -, Hanford era um local cheiovida no período logo após o fim da Segunda Guerra.
Em seu livro Plutopia: Nuclear Families, Atomic Cities, and the Great Soviet and American Plutonium Disasters ("Plutopia: famílias nucleares, cidades atômicas e os grandes desastres soviético e americanoplutônio",tradução livre), lançado2013, a historiadora americana Kate Brown descreve Richland como uma das primeiras "comunidades nucleares".
"TrabalharHanford, mesmo quando muitos não sabiam a dimensão real do que estava sendo produzido ali, era considerado um ato patriótico", diz Brown à reportagem.
Emobra, a historiadora compara a plantaHanford àOzersk, na antiga União Soviética.
Ela relata que os diretoresambas as instalações perceberam que o melhor seria construir o que a autora chama"plutopia": a ideiaque entrar naquela comunidaderesidentes era como "ganhar na loteria".
"Richland se constituiu como uma cidade subsidiada pelo governo federal, onde os salários eram 30% mais altos que a média, com excelentes escolas e importantes auxílios à moradia", conta Brown.
"Até os anos 60, todas as minorias foram excluídasRichland. Os negros e os latinos que trabalhavam na usina eram forçados a viver do outro lado do rio."
Sem riscoexplosão
O prefeito não tem muitas queixas nem más recordações associadas a Hanford.
Thompson conta que saiusua cidade natal por alguns anos, mas que voltou para abrir um escritórioadvocacia para atender as chamadas Tri-Cities - Richland, Kennewick e Pasco.
"As pessoas me olhavam como se eu estivesse louco. 'Como você vai voltar a viver lá!', me diziam."
"Quem erafora pensava que havia riscoexplosão - e não é assim. É complicado produzir a carga, o plutônio - é só ver a dificuldade que estão tendo países como Irã e Coreia do Norte", defende.
O prefeito diz que não chegou a ser impactado pela proximidade da usina, ainda ativa duranteinfância e juventude.
"Era a época da Guerra da Coreia e da crise dos mísseis com Cuba", diz. "Nós encarávamosforma séria as ameaças, tínhamos que nos proteger diante da Rússia e da China."
O prefeito lembra que a cidade estava mais preocupada com a possibilidadeser atingida por uma bomba ou um míssil do que pelos eventuais perigos que a usina representava.
"Não significa que ela não seja perigosa e que a limpeza não seja necessária", ressalta. "Nos anos 40 e 50, já estávamos acostumados. Quando alguma coisa está sempre aí, ela se torna habitual."
Contaminação da água
Mas para os ativistas da Hanford Challenge, uma organização da sociedade civil, a vidaRichland e nas cidades vizinhas implica sérios perigos, especialmente por causa da água.
Os vazamentosresíduos nucleares líquidos se infiltram no lençol freático que, por ser relativamente superficial, é facilmente contaminado.
Assim, diante do temorque a contaminação atinja o rio Columbia, o Hanford Challenge monitoraforma contínua os trabalhoslimpeza realizados no local.
"Por sermos independentes e não termos restrições, podemos atuar como uma organização vigilante", diz Tom Carpenter, diretor da entidade.
"Queremos deixar um legado ambiental que seja sustentável para as três cidades e para mais além", acrescenta ele, que não se mostra muito otimistarelação ao processolimpeza.
"Já estouraram o orçamento e estão bastante atrasados com o cronograma."
Vazamento nos tanques
A maior parte dos resíduos nuclearesHanford estão acondicionadosgrandes tanques, à espera do momentoque possam ser transportados para outro lugar.
O destino final ainda não está claro. Fala-se na possibilidadedistribuir os resíduos entre os EstadosNovo México e Texas, mas por ora não há nenhum lugar para onde possam ser levados.
O problema é que alguns dos tanques têm apresentado pequenos vazamentos.
Datados nos anos 40 e 50, os recipientes originais já liberaram para o solo pelo menos 3,5 milhõeslitrosdejetos líquidos.
Hanford chegou a construir tanques com dupla proteção nos anos 70 e 80 e começou a transferir para eles os resíduos radioativos.
Em outubro2012, contudo, o DepartamentoEnergia informou que um dos novos tanques tinha um vazamento entre as duas camadasproteção.
Ainda que a dispersão do líquido pareça controlada, existe ainda a preocupaçãoque outros recipientes eventualmente apresentem a mesma problema.
O prefeitoRichland, porém, se diz tranquilo.
"Os responsáveis pela segurançaHanford têm muita competência. Confio plenamente neles. São pessoas que quero que estejam aqui caso aconteça algum problema."
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