Infernotop poker onlineTula Toli: 'Cortaram meu pescoço e mataram meu bebê':top poker online
top poker online Na fronteira entre Mianmar e Bangladesh, centenastop poker onlinemilharestop poker onlinepessoas feridas, famintas e traumatizadas se aglomeramtop poker onlinecampos precários. São os sobreviventestop poker onlineuma sérietop poker onlinemassacres, estupros e expulsões perpetrados desde agosto pelo Exército birmanês contra a minoria islâmica rohingya.
A jovem Rashida Begum mostra a enorme cicatriztop poker onlineseu pescoço à equipe da BBC.
"Eles (os soldados) tentaram cortar minha garganta. (...) Fomos cercadas pelos soldados e forçadas a nos ajoelhar à beira do rio. Começaram, então, a nos estuprar e a matar. Eu estava com o meu bebê. Arrancaram eletop poker onlinemim, o atiraram no chão e o mataram."
Diversos relatos semelhantes foram compilados pela reportagem da BBC, que acompanhou as vítimastop poker onlineum massacre específico: o ocorridotop poker online30top poker onlineagosto na aldeiatop poker onlineTula Toli, no Estadotop poker onlineRakhine, oestetop poker onlineMianmar.
A partirtop poker onlinedepoimentos, vídeos, mapas e dadostop poker onlineviolência sistemática coletados por diferentes organizações, a BBC identificou evidênciastop poker onlinelimpeza étnica na região.
"No dia 30top poker onlineagosto, vimos os soldados chegando pelo norte, disparando tiros e queimando casas", conta o rohingya Mohammed Suleiman. "As pessoas correramtop poker onlinemedo e se aglomeraram à beira do rio."
Suleiman perdeu a mulher e trêstop poker onlinesuas filhas no ataque. Ele diz que a menina mais nova hoje chora pedindo pela mãe. "O que vamos fazer sem ela?", questiona ele, aos prantos.
Outros sobreviventes relatam que os militares saquearam bens dos rohingya, incendiaram residências, separaram homens e mulheres, mataram os primeiros e estupraram as segundas. Bebês eram comumente atirados ao chão e mortos com golpestop poker onlinecanostop poker onlinefuzis outop poker onlinebambus.
Como começou
A crise eclodiutop poker online25top poker onlineagosto, quando membrostop poker onlineuma milícia armada rohingya atacaram postos policiais birmaneses e mataram 12 pessoas.
A resposta das autoridades foi uma "operaçãotop poker onlinelimpeza", que deixou inúmeros mortos etop poker onlinetrês meses forçou a fugatop poker online600 mil rohingyas a Bangladesh. Muitos deles ainda aguardam permissão oficial para permanecer no país vizinho.
A BBC coletou diversos indíciostop poker onlineque as autoridades birmanesas já planejavam uma açãotop poker onlineRakhine e usou o ataque da milícia rohingya como justificativa para o que se tornou uma matança indiscriminada contra civis islâmicos no paístop poker onlinemaioria budista.
"Fui estuprada com um bambu que eles colocaram na minha vagina", relata uma sobrevivente. "Quando os soldados finalizavam os estupros, matavam as mulheres. Eles acharam que eu tinha morrido e me deixaram lá."
Na quinta-feira, um comitê da Assembleia Geral da ONU fez um apelo para que Mianmar pusesse um fim às operações militares, dizendo que elas resultaramtop poker online"violações sistemáticas e abusostop poker onlinedireitos humanos" no Estadotop poker onlineRakhine.
O Exército birmanês nega ter cometido abusos contra os rohingya e,top poker onlineum relatório interno, eximiu-setop poker onlineculpa pela matança da minoria.
Uma das crises mais longas e negligenciadas do mundo
Desde 1948, quando Mianmar se tornou independente do Reino Unido, os rohingya têm sido vítimastop poker onlinetortura, negligência e repressão.
A crise do povo rohingya é uma das mais longas do mundo e também uma das mais negligenciadas. Esse diagnóstico, feito pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), levou a ONU a aprovar uma resoluçãotop poker onlinedezembrotop poker online2014 que exortava Mianmar a permitir o acesso à cidadania para a minoria, classificadatop poker onlineforma geral como apátrida.
No país, eles são proibidostop poker onlinese casar outop poker onlineviajar sem a permissão das autoridades e não têm o direitotop poker onlinepossuir terra ou propriedade.
O povo representa cercatop poker online5% entre 60 milhõestop poker onlinehabitantestop poker onlineMianmar, etop poker onlineorigem ainda é amplamente debatida.
Portop poker onlineparte, eles afirmam serem indígenas do Estadotop poker onlineRakhine, anteriormente conhecido como Arakan, no oeste do país, mas outros apontam que são, na verdade, muçulmanostop poker onlineorigem bengali que migraram para Mianmar durante a ocupação britânica.
Desde 1948, quando o país se tornou independente, eles têm sido vítimastop poker onlinetortura, negligência e repressão.
Com as dramáticas mudanças políticas e sociais locais nos últimos anos, os ânimos das várias comunidades que habitam o país entraramtop poker onlineebulição e uma ondatop poker onlineviolência e discriminação voltou a emergir contra os rohingyas.
Após ter sido governado por uma junta militar por maistop poker onlinemeio século, Mianmar vinha passando por uma transição para a democracia e por melhorias no campo social.
Mas a situação não melhorou para os rohingyas.
Em 2012, duas ondastop poker onlineviolência, umatop poker onlinejunho e a outratop poker onlineoutubro, orquestradas por grupos extremistastop poker onlinemaioria budistatop poker onlineRakhine, deixaram cercatop poker online140 mortos, centenastop poker onlinecasas e edificações muçulmanas destruídas e 100 mil desabrigados.
Autoridades e a polícia foram acusadastop poker onlinenão agir para defendê-los.
Como explicou o correspondente da BBC no sudeste da Ásia, Jonathan Head,top poker onlineum relato feitotop poker online2015, "Rakhine é o segundo Estado mais pobretop poker onlineMianmar, e este é um dos países menos desenvolvidos do mundo".
"A pobreza, negligência e repressão têm desempenhado um grande papel na violência étnica", diz o repórter.
"Adicione a isso as memórias históricas amargas e os medos sentidos por comunidades rivais do que poderiam perder ou ganhar no ambiente político novo e incertotop poker onlineMianmar", acrescenta.
Em 2012, 100 mil muçulmanos rohingyas ficaram desabrigados.
Direitos civis
Tanto as Nações Unidas quanto as organizaçõestop poker onlinedefesa dos direitos humanos pedem que as autoridadestop poker onlineMianmar revejam a Leitop poker onlineCidadaniatop poker online1982,top poker onlineforma a garantir que os rohingyas não continuem sem pátria.
Essa é a única maneira, dizem, para combater as raízes da longa discriminação contra essa etnia.
Contudo, muitos budistastop poker onlineMianmar nem sequer reconhecem o termo rohingya. Chamam-nostop poker online"bengalis muçulmanos" - uma alusão à visão oficialtop poker onlineque os rohingyas são imigrantestop poker onlineBangladesh.
Como diz Jonathan Head, cercatop poker online800 mil rohingyastop poker onlineMianmar não possuem cidadania. E issotop poker onlinecerta forma incentivou budistas a acreditar quetop poker onlinecampanhatop poker onlinesegregação e expulsão forçada é justificada.
Mas a segregação, explica o correspondente da BBC, não só é social.
"As longas décadastop poker onlineisolamento etop poker onlineinjustiça crônica impostas pela junta militartop poker onlineMianmar criou um preconceito e ressentimento no Estadotop poker onlineRakhine. E isso tem fermentado um clima venenoso da desconfiança e faltatop poker onlineinformação."
"É claro que, alémtop poker onlinea separação física dos muçulmanos e budistas, também há uma extrema segregação mental."