Por que as grandes petroleiras continuam investindo na Venezuela apesar da crise:stake brasil apostas

Operário extraindo petróleo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O petróleo é a principal fontestake brasil apostasrenda da Venezuela, cujas reservas atraem empresas estrangeiras

Um exemplo:stake brasil apostas2008, um ano antesstake brasil apostasterstake brasil apostasempresa no país expropriada e no meiostake brasil apostasuma disputa na Justiça, uma grande empresa americana investiu cercastake brasil apostasUS$ 2 milhões na busca por informações sobre a faixa petrolífera do Orinoco, localizada no noroeste da Venezuela - onde se encontra a maior reserva certificadastake brasil apostaspetróleo do mundo.

"Mesmo sofrendo confiscos e nacionalizações mais agressivas que as promovidasstake brasil apostasoutros países, as empresas vão ficando aqui", comenta o economista Alejandro Grisanti.

Apesar da queda do preço do barrilstake brasil apostaspetróleo e da acirrada disputa política no país, as reservas no subsolo venezuelano continuam atraindo empresas do mundo todo, como a russa Rosneft, a espanhola Repsol, a norte-americana Chevron, a italiana ENI, a indiana ONGC e a chinesa CNPC.

O ex-presidente Hugo Chávez mostrastake brasil apostas2004 um mapa com o projetostake brasil apostasexploração da Faixa do Orinoco

Crédito, AFP

Legenda da foto, A faixa petrolífera do Orinoco, no noroeste da Venezuela, guarda a maior reserva certificadastake brasil apostaspetróleo do mundo

Estratégia comercial e política

Além das perspectivasstake brasil apostaslucro, investir na Venezuela também faz parte da estratégica políticastake brasil apostasmuitos países, interessadosstake brasil apostasassegurar a presença, ainda que apenas comercial, na América Latina.

"A Faixa do Orinoco tem empresas que representam diferentes países que compõem o Conselhostake brasil apostasSegurança das Nações Unidas. Isso dá uma ideia da visão estratégica e comercialstake brasil apostasinvestimentos na faixa petrolífera", explica Fernando Travieso, economista especialistastake brasil apostasindústriastake brasil apostashidrocarbonetos.

Quase todas as grandes companhias do setor estão operando na Venezuela.

Entre as ausênciasstake brasil apostasmaior destaque estão a ConocoPhillips e ExxonMobil. Em 2007, as duas empresas não aceitaram o decretostake brasil apostasnacionalização assinado na gestão do então presidente Hugo Chávez, que ordenou a formaçãostake brasil apostasempresas mistas,stake brasil apostasforma que o governo venezuelano pudesse participar do controle das petroleiras.

O decretostake brasil apostasChávez levou a expropriações, litígios e compensações financeiras.

'Estamos perdendo dinheiro'

A decisãostake brasil apostasficar não significa que as multinacionais que operam na Venezuela não sintam o impacto da crise política e econômica no país.

Os problemas se intensificaram nos últimos anos, com o recrudescimento da disputa entre os apoiadores do atual presidente, Nicolás Maduro, e seus oposicionistas.

"Estamos perdendo dinheiro", dizem trabalhadoresstake brasil apostaspetroleiras estrangeiras que concordaramstake brasil apostasfalar com a BBC Mundo, serviçostake brasil apostasespanhol da BBC, sob a condição não terem seus nomes revelados.

Nenhuma das grandes empresas quis fazer qualquer comentário oficial sobre seus negócios no país.

Cartaz no qual se lê "PDVSA derrotou a ExxonMobil"

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Legenda da foto, Em 2007, a empresa norte-americana ExxonMobil não aceitou as condições impostas pelo governo da Venezuela para continuar operando no país

De forma geral, o gás e petróleo explorados pelas companhias mistas precisam passar pelas mãos da PDVSA, a estatal petrolífera venezuelana, para que ela se encarregue da exportação e do repasse dos dividendos à empresa privada.

E desde que a crise se intensificou no país, há relatosstake brasil apostasque o pagamento desses dividendos está demorando mais a ser feito.

Mas por que as companhias lamentam esses problemas quase semprestake brasil apostassilêncio?

A resposta pode ser a atual situação financeira da estatal PDVSA. "Não podem pagar, ficaram sem dinheiro", disseram à BBC Mundo fontes que pediram o anonimato.

Elas observam que os atrasos coincidiram com a queda do preço dos barrisstake brasil apostas2014. A estatal, contudo, nega estar com problemas.

A PDVSA é muito mais que uma petroleira. Como o petróleo representa 97%stake brasil apostascada US$ 100 que entram na Venezuela e o país importa quase tudo, incluindo alimentos, ela é considerada a base da economia local.

O 'banco' PDVSA

Analistas concordam que é a estatal atua, na prática, como um "megabanco" para o país. O dinheiro que vem do petróleo ajuda a bancar projetos sociais do governo e agora,stake brasil apostastemposstake brasil apostascrise econômica, também está sendo usado para comprar comida.

A própria estatal reconhece esse papel, que vai alémstake brasil apostasexplorar e exportar petróleo,stake brasil apostasacordo com texto apresentado a investidores recentemente.

Na ocasião, estavastake brasil apostascurso uma operação que serviu para adiar o pagamento da dívida venezuelana e aliviar o fluxostake brasil apostascaixa do país.

"Somos obrigados pela lei venezuelana a fazer contribuições significativas para programas sociais", disse o documento da PDVSA, segundo o site venezuelano Prodavinci.

"Entre 2011 e 2015, as contribuições sociais consumiram,stake brasil apostasmédia,stake brasil apostas14%stake brasil apostasnossa renda (...). Não podemos assegurar que não vão aumentar no futuro, com impacto material sobre nossos negócios, nossos resultados operacionais ou nossa posição liquidez, nem na nossa capacidadestake brasil apostashonrar compromissos financeiros ou outros pagamentos."

Exploraçãostake brasil apostaspetróleo no Lago Maracaibo

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Legenda da foto, A queda do preço do petróleo, estimadastake brasil apostas50% desde 2014, agravou a crise venezuelana

As contribuições sociais estão cada vez menos sustentáveis,stake brasil apostasespecial por causa da queda do preço do petróleo. Estima-se uma reduçãostake brasil apostas50% desde 2014.

De acordo com os números que a PDVSA reportou à Organização dos Países Exportadoresstake brasil apostasPetróleo (OPEP), a produção começou a caira partir do picostake brasil apostas3,20 milhõesstake brasil apostasbarris por dia (mb/d), registradostake brasil apostassetembrostake brasil apostas2008.

No final do ano passado, a estatal contabilizou produçãostake brasil apostas2,57 mb/d e,stake brasil apostasagosto deste ano,stake brasil apostas2,33 mb/d - uma quedastake brasil apostasquase 30%.

Os analistas atribuem o declínio à faltastake brasil apostasinvestimento e à gestãostake brasil apostasuma empresa que não se dedica exclusivamente ao petróleo.

A estatal lida, no momento, com uma equação complicada: produção menor, petróleo mais barato e repassesstake brasil apostasrecursos a outras áreas para reagir à crise.

E o resultado afeta diretamente as grandes petroleiras que operam na Venezuela.

Impacto

A espanhola Repsol descreveustake brasil apostasseu mais recente relatório um cenáriostake brasil apostas"economia hiperinflacionária" para a Venezuela. E, no final do anostake brasil apostas2015, registrou uma deterioração do seu balançostake brasil apostas408 milhõesstake brasil apostaseuros no país.

A justificativa para o impacto na situação financeira das empresas não se limita à queda do preço do petróleo. São atribuídas também às incertezas associadas à atual situação política e econômica venezuelana.

Ainda assim, a Repsol assinoustake brasil apostasoutubro acordo com a PDVSA para investir mais US$ 1,2 bilhões na Venezuela.

O presidentestake brasil apostasRepsol, Josu Jon Imaz, e o da PDVSA, Eulogio del Pino

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Legenda da foto, As empresas Repsol e PDVSA, representadas nesta foto pelos presidentes das empresas, assinaram acordo para espanhola continuar investindo na Venezuela

De acordo com o ministrostake brasil apostasPetróleo e presidente da PDVSA, Eulogio del Pino, o acordo prevê duplicar a produção da Repsolstake brasil apostasterritório venezuelano.

"A PDVSA deixa as multinacionais fazerem todo o esforçostake brasil apostasinvestimento e,stake brasil apostasseguida, decide quanto vai alocarstake brasil apostasdividendos para elas. É uma sociedade desigual", critica o economista Asdrúbal Oliveros.

Reservas comprovadas

No entanto, os riscos políticos e a natureza dos acordos firmados com a PDVSA valem a pena não apenas para a Repsol como para outras petroleiras que atuam num dos países mais ricosstake brasil apostaspetróleo do mundo.

"Na Venezuela, as reservas são comprovadas, os custosstake brasil apostasprodução são extremamente baixos e o potencialstake brasil apostasenergia é maior ou igual ao da Arábia Saudita, que é o principal produtor do mundo", diz o especialista Alejandro Grisanti.

A faixa petrolífera do Orinoco tem as maiores reservas do mundostake brasil apostasuma profundidade mediana, tornando fácil a exploração.

Manifestante com um cartaz contra a ExxonMobil

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Legenda da foto, Mesmo depois das nacionalizações promovidas pelo governo venezuelano, quase todas as petroleiras internacionais decidiram ficar no país

Também é encarado como um facilitador a infraestrutura necessária para a exploração. Ainda que um pouco deteriorada, dizem os críticos, ela já está pronta.

Além disso, o clima é sempre bom e, apesar dos confrontos políticos entre governo e oposição, a Venezuela é considerada um país relativamente seguro, especialmente se comparada aos produtoresstake brasil apostaspetróleo semprestake brasil apostasguerra no Oriente Médio e na África.

Além disso, especialistas avaliam que é difícil para uma empresa estrangeira entrar no país e, por isso, uma vez dentro do mercado e com todas as licenças do governo, a melhor estratégia é permanecer e evitar desapropriações - mesmo que, para isso, seja necessário reduzir a produção e minimizar custos.

"É uma apostastake brasil apostaslongo prazo", avalia o economista Asdrubal Oliveros.

O objetivo dos que permanecem operando na Venezuela é evitar mais perdas financeiras e manter as operações, explica o economista.

Para ele, o que garante que a presença das grandes companhiasstake brasil apostaspetróleo é uma espéciestake brasil apostas"controlestake brasil apostasdanos" enquanto aguardam melhores condiçõesstake brasil apostasoperação ou a chegadastake brasil apostasoutro governo.

"Eu acho que produzir petróleo na Venezuela é muito barato e simples. O potencial do país faz com que se mantenha a esperançastake brasil apostasreabrir o setorstake brasil apostaspetróleo", avalia o também economista Alejandro Grisanti.

Jogo político

Além do graustake brasil apostasrentabilidade econômica, estástake brasil apostasjogo também uma disputa internacional.

Países como China, Rússia e Índia têm comprado, por meiostake brasil apostassuas petroleiras, títulos da dívida do governo da Venezuela que, porstake brasil apostasvez, dá a essas nações novas licenças para explorar petróleo ou minerais.

A Rússia é um dos países que tem sinalizado uma aproximação política, indo além dos acordos para explorar e vender petróleo.

Nicolás Maduro, com uma espada na mão e ao lado do russo Igor Sechin que aplaude a cena

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Legenda da foto, O presidente Nicolás Maduro recebestake brasil apostaspresente uma espadastake brasil apostasIgor Sechin, diretor executivo da petroleira russa Rosneft, interessadastake brasil apostasampliar os investimentos na Venezuela

Em 7stake brasil apostasoutubro, ficou evidente não apenas o nível dessa relação como o valor político que o petróleo tem na Venezuela.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro e o russo Igor Sechin, da Rosneft, participaram da inauguraçãostake brasil apostasum ginásio estake brasil apostasuma estátuastake brasil apostasseis metros do falecido presidente Hugo Chávez.

Ambas as obras foram um presente da estatal russastake brasil apostaspetróleo, cuja presença na Venezuela cresce à medida que os laços entre Caracas e Moscou são reforçados.