Pais participativos podem aumentar taxasesportesdasorte net 2natalidade, apontam economistas:esportesdasorte net 2

Os pesquisadores argumentam queesportesdasorte net 2alguns paísesesportesdasorte net 2alta renda onde homens são mais participativos, taxasesportesdasorte net 2fecundidade têm subido entre alguns subgrupos, ou seja, mais mulheres têm decidido ter mais filhos.

Já nos países onde a taxaesportesdasorte net 2fecundidade está abaixoesportesdasorte net 21,5 filho por mulher, "os homens fazem menosesportesdasorte net 2um terço do trabalho doméstico", diz o estudo.

Além do papel masculino, outros fatores que influenciam isso positivamente, segundo os economistas, são políticas públicas bem desenhadasesportesdasorte net 2creches e licenças-maternidade e paternidade, normas sociais favoráveis às mulheres e ambientesesportesdasorte net 2trabalho mais flexíveis.

Embora o estudo enfoqueesportesdasorte net 2paísesesportesdasorte net 2alta renda, as conclusões podem trazer ensinamentos para o futuro do Brasil, onde a médiaesportesdasorte net 2filhos por mulher - que foiesportesdasorte net 21,7esportesdasorte net 22020 - já está abaixo do nível mínimoesportesdasorte net 2reposição. E onde o chamado "bônus demográfico" - quando a população economicamente ativa supera bastante a aposentada - está a poucas décadasesportesdasorte net 2terminar (confira mais detalhes abaixo).

'Nova era da economia da fecundidade'

O grupoesportesdasorte net 2economistas, das universidades alemãsesportesdasorte net 2Mannheim e Regensburg e da americana Northwestern, argumenta que parecem haver novas tendências moldando a "economia da fecundidade".

Se antes estava consolidada a crençaesportesdasorte net 2que, ao entrar no mercadoesportesdasorte net 2trabalho, a mulher passava a ter menos filhos, agora, não é mais necessariamente assim.

Nos cruzamentosesportesdasorte net 2dadosesportesdasorte net 2paísesesportesdasorte net 2alta renda estudados pelo grupo, "se reverteu a relação (negativa) entre o trabalho feminino e a fecundidade. Hoje,esportesdasorte net 2países onde mais mulheres trabalham, mais bebês nascem", diz o estudo.

Aí entra o papel masculino: nesses estratosesportesdasorte net 2alta renda, há indicativosesportesdasorte net 2que "a distribuição dos custos e benefícios dos filhos entre mães e paisesportesdasorte net 2parte determina a fertilidade". Especificamente, se um dos pais temesportesdasorte net 2arcar com a maior parte dos custosesportesdasorte net 2ter um bebê e,esportesdasorte net 2consequência, tiver menos probabilidadeesportesdasorte net 2concordaresportesdasorte net 2ter um segundo filho, a fertilidade vai ser baixa, não importa o quanto o outro pai queira ter mais um filho".

Um dos destaques da pesquisa são os países nórdicos (Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia), que combinam altíssima renda per capita com um acúmuloesportesdasorte net 2décadasesportesdasorte net 2divisão menos desigual nos cuidados com os filhos, normas sociais mais igualitárias e políticas generosasesportesdasorte net 2apoio às famílias.

Embora a taxaesportesdasorte net 2fecundidadeesportesdasorte net 2todos esses países continue sendo baixa -esportesdasorte net 2no máximo 1,7 filho por mulher, na Islândia e na Suécia -, dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) usados pelos pesquisadores apontam que, quanto mais crescia o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e a participação feminina na economia, mais crescia o númeroesportesdasorte net 2filhos por mulher.

Padrõesesportesdasorte net 2fertilidade x renda

O caso nórdico não significa que esses países caminhem rumo a taxasesportesdasorte net 2fecundidade substancialmente mais altas, nem que as teoriasesportesdasorte net 2fecundidade estivessem erradas. Apenas significa que novos padrõesesportesdasorte net 2comportamento estão emergindo, explica à BBC News Brasil Anne Hannusch, professora-assistenteesportesdasorte net 2Economia da Universidadeesportesdasorte net 2Mannheim e coautora do estudo.

"Padrões (de baixa fecundidade) que se mantiveram por maisesportesdasorte net 2cem anos estão mudando para países ricos. Isso só quer dizer que,esportesdasorte net 2paísesesportesdasorte net 2alta renda, parece que estamos indoesportesdasorte net 2uma nova direção,esportesdasorte net 2que não parece ser mais uma verdade universal que a fertilidade declina à medida que a renda cresce", afirma.

Nessa transição, prossegue a economista, muitas mulheres ambicionam mais do que apenas voltar ao mercadoesportesdasorte net 2trabalho. Daí a importância do que Hannusch e seus colegas chamamesportesdasorte net 2"pais cooperativos" eesportesdasorte net 2outras políticas, alémesportesdasorte net 2mudançasesportesdasorte net 2relação à carga moral imposta a mães.

Isso inclui tanto um compartilhamento maior dos cuidados com crianças e das tarefas domésticas, quanto mudanças nas normas sociaisesportesdasorte net 2geral. Hannusch acha que até mesmo seu país, a Alemanha, tem normas sociais que ela enxerga como rígidas.

"Na Alemanha, há uma percepçãoesportesdasorte net 2que, se você não ficaesportesdasorte net 2casa para cuidar do seu bebê, você é uma mãe ruim. Essas normas afetam escolhas como: 'cuido das crianças ou volto ao mercadoesportesdasorte net 2trabalho?'", explica a economista.

Para além da licença-maternidade

Ou seja, mesmo havendoesportesdasorte net 2muitos paísesesportesdasorte net 2alta renda - como a Alemanha - licenças-maternidade longas, mulheres ainda enfrentam barreiras como normas sociais desfavoráveis, pouca flexibilidade no mercadoesportesdasorte net 2trabalho (por exemplo, jornadas que não coincidem com horáriosesportesdasorte net 2creches) e menor progressão salarial que os homens.

Esse conjunto cria o que os economistas chamam no estudoesportesdasorte net 2"penalidade da maternidade". "São coisas que parecem ter muita importância para as mulheres que querem ter filhos e continuar no mercadoesportesdasorte net 2trabalho", diz Hannusch.

Como estamos falandoesportesdasorte net 2grupos sociais mais economicamente favorecidos, essas mulheres já não se contentam apenasesportesdasorte net 2voltar da licença-maternidade, mas sim "voltar ao trabalhoesportesdasorte net 2um emprego com a possibilidadeesportesdasorte net 2promoção", acrescenta a economista.

Por isso, políticas públicas nessa área, para serem bem-sucedidas, precisam ir além da licença-maternidade, ela explica.

"Na Europa, a licença-maternidade geralmente é o primeiro anoesportesdasorte net 2vida da criança, e, depois, as mulheres voltariam ao mercadoesportesdasorte net 2trabalho, que é quando o debate se converte em: 'vou conseguir pagar por um serviçoesportesdasorte net 2cuidado da criança? Tenho um parceiro para compartilhar as responsabilidades comigo? Meu empregador é flexível?'. Porque as crianças não precisam do cuidado apenas no primeiro ano - são 18 anos ou mais (risos), talvez a vida inteira."

É aí que as políticas e normas sociais mais enraizadas nos países nórdicos começaram a fazer diferença nas taxasesportesdasorte net 2fecundidade, argumentam Hannusch e seus colegas no estudo.

"Em países como a Suécia, onde as tarefas domésticas são compartilhadas mais igualmente, há uma aparente correlação entre aumento na fertilidade quando os homens participam mais do trabalho doméstico. Também há políticas familiares (de creches) e compartilhamento da licença-parental. Mas não é algo que aconteceu da noite para o dia, é um longo processo", afirma a economista.

"Por isso, nosso estudo não diz que há uma solução simples e imediata (para a fertilidade baixaesportesdasorte net 2muitos paísesesportesdasorte net 2alta renda), porque qualquer política familiar vai interagir com normas sociais, decisões do casal, disposição dos homensesportesdasorte net 2contribuir - não é um fator só que, se mudado, vai ajustar tudo. São coisas que interagem entre si, e normas sociais mudam lentamente. Leva tempo."

Segundo os dados do estudo,esportesdasorte net 2países desenvolvidos onde é mais fácil conciliar trabalho e família, "as mulheres têm ambos". "Nos países onde os dois (trabalho e família) estãoesportesdasorte net 2conflito, as mulheres são forçadas a fazer escolhas, resultando tantoesportesdasorte net 2menos nascimentosesportesdasorte net 2crianças quanto menos mulheres trabalhando", diz a pesquisa.

Uma reportagem do jornal britânico Financial Times reuniu outros exemplosesportesdasorte net 2estudos acadêmicos sugerindo que padrões tradicionaisesportesdasorte net 2fecundidade estão mudandoesportesdasorte net 2países desenvolvidos. Em alguns deles, diz a reportagem, a probabilidadeesportesdasorte net 2ter um segundo filho passou a ser maior entre profissionaisesportesdasorte net 2nível educacional mais alto, e menor entre faixasesportesdasorte net 2escolaridade mais baixa, algo que contradiz percepções enraizadas sobre fecundidade.

E o Brasil?

No Brasil, as taxasesportesdasorte net 2fecundidade ainda parecem seguir a lógicaesportesdasorte net 2que, quanto maior a renda e a educação femininas, menor a quantidadeesportesdasorte net 2filhos por mulher - que caiuesportesdasorte net 26,2,esportesdasorte net 2média,esportesdasorte net 21940, para 1,7esportesdasorte net 22020.

"Em um extremo, mulheres com mais anosesportesdasorte net 2estudo e uma progressão maior na carreira profissional têm cada vez menos filhos, muitas vezes menos do que o desejado,esportesdasorte net 2especial por não conseguirem conciliar trabalho e família", aponta o relatório Fecundidade e Dinâmica da População Brasileira, feitoesportesdasorte net 22018 para o Fundoesportesdasorte net 2População da Organização das Nações Unidas (ONU).

"O mesmo acontece quando se analisam os índicesesportesdasorte net 2acordo com a renda: nos 20% dos domicílios com maiores rendimentos no país, as mulheres têm taxasesportesdasorte net 2fecundidade que não chegam às taxasesportesdasorte net 2reposição. Na outra ponta, e com número significativoesportesdasorte net 2pessoas, percebe-se que as mulheres com menos anosesportesdasorte net 2estudo ainda têm mais filhos do que desejam. Isso porque,esportesdasorte net 2geral, mulheres com menos escolaridade, rendimento e oportunidades também acabam tendo filhos quando são jovens - e, na maioria, filhos nascidosesportesdasorte net 2gestações não planejadas."

Ao mesmo tempo, como a população brasileira tem envelhecidoesportesdasorte net 2ritmo rápido, o país está nas últimas décadas do chamado "bônus demográfico", ou seja,esportesdasorte net 2um contingente grandeesportesdasorte net 2população jovem e economicamente ativaesportesdasorte net 2relação ao grupo etário com mais inativos (como crianças e idosos).

Por volta da décadaesportesdasorte net 22040, as estimativas da ONU sãoesportesdasorte net 2que o grupoesportesdasorte net 2brasileirosesportesdasorte net 215 a 64 anos alcançará seu pico e começará a cair. A partir daí, vai crescer proporcionalmente a faixaesportesdasorte net 2brasileiros com maisesportesdasorte net 260 anos. Tudo isso vai acontecer antesesportesdasorte net 2o país ter conseguido elevaresportesdasorte net 2renda para o patamar dos países ricos.

É nesse contexto que a discussãoesportesdasorte net 2torno das taxasesportesdasorte net 2fecundidade pode ganhar relevância.

O estudoesportesdasorte net 2Hannusch e seus colegas não incluiu o Brasil. Mas ela aponta que, se as normas sociais do país se mantiverem "muito tradicionais", ou seja, a carga dos cuidados com os filhos se mantiver excessivamente sobre os ombros femininos, é improvável que eventuais políticas favoráveis à fecundidade funcionem, mesmo entre as mulheres com mais renda.

"Trata-seesportesdasorte net 2identificar onde o Brasil está neste momentoesportesdasorte net 2seu desenvolvimento e talvez pensar para onde as coisas vão daqui 20 ou 30 anos. Pode ir para caminhos diferentes a depender das normas sociais eesportesdasorte net 2como esses fatores são implementados no futuro", diz a economista.

Na visãoesportesdasorte net 2Hannusch e seus colegas, "a fecundidade ultrabaixa não é um destino inescapável, mas sim um reflexoesportesdasorte net 2políticas, instituições e normas prevalentes na sociedade".

- Este texto foi publicado em http://vesser.net/geral-64119658