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Qual o riscoser atingido por lixo espacial que cai do céu:
A China já lançou três foguetes Longa Marcha 5B e todos eles foram deixados deliberadamenteórbita descontrolada. Isso significa que não havia formasaber onde eles atingiriam a Terra.
Quanto aos fragmentos encontrados nas Snowy Mountains, uma cordilheiraNova Gales do Sul, a SpaceX retiraórbita suas partesfoguetesforma controlada e projeta outros componentes para que queimem durante a reentrada na atmosfera terrestre. Mas os noticiários mostraram que nem sempre sai tudo conforme o planejado.
Então qual é o perigo real do lixo espacial? Bem, até onde sabemos, apenas uma pessoa já foi atingida por eles.
Lottie Williams, moradora da cidadeTulsa,Oklahoma (Estados Unidos), foi atingida por um pedaçolixo espacial1997. A peça tinha aproximadamente o tamanho da mão dela e acredita-se que tenha vindoum foguete americano Delta II. Ela guardou o fragmento e relatou às autoridades no dia seguinte.
Mas, com cada vez mais objetos sendo lançados ao espaço e retornando, a possibilidadealgo ou alguém ser atingido está aumentando, especialmente com relação a grandes objetos descontrolados, como os foguetes Longa Marcha 5B.
Nas três vezesque este modelofoguete foi lançado, o que aconteceu foi:
- o primeiro reentrou na atmosfera11maio2020 e houve componentes que atingiram a Terrauma aldeia na Costa do Marfim;
- o segundo reentrou9maio2021, perto das ilhas Maldivas; e
- o terceiro reentrou30julho2022 sobre a Indonésia e a Malásia e fragmentos atingiram aquela região.
Devo ficar preocupado?
Existem muitas estimativas diferentes sobre as possibilidadesque fragmentoslixo espacial atinjam alguém, mas a maioria está na faixauma10 mil.
Esta é a chanceque alguma pessoa seja atingida,alguma parte do mundo. Mas a possibilidadeque uma pessoa específica seja atingida (como eu ou você) é da ordemumaum trilhão.
Existem diversos fatores por trás dessas estimativas, mas vamos nos concentrar por enquantoum fator fundamental.
Ao analisar o trajeto orbital do recente foguete Longa Marcha 5B-Y3 nas suas últimas 24 horas (lembrando que diferentes objetos têm trajetos orbitais diferentes), é possível notar que ele passa cerca20% do seu trajeto sobre terra firme (em vezoceanos). Uma vaga estimativa diz que existem 20%terras habitadas - logo, existe uma possibilidade4%que a reentrada do Longa Marcha 5B ocorra sobre uma região onde há moradores.
Pode parecer uma possibilidade bastante alta. Mas, considerando o quanto"terra habitada" realmente abriga muitas pessoas, a probabilidadedanos ou morte fica significativamente menor.
Já a chancedanos a propriedades é maior. Ela pode chegar a 1% para qualquer reentrada do Longa Marcha 5B na atmosfera.
Além disso, o risco geral representado pelo lixo espacial irá aumentar com o imenso númeroobjetos sendo lançados e reentrando na atmosfera. Os planos atuaisempresas eagências espaciaistodo o mundo envolvem muito mais lançamentos.
A Estação Espacial Chinesa Tiangong deve ficar pronta no final2022. E a Coreia do Sul tornou-se recentemente o sétimo país a lançar satélites com carga útilmaisuma tonelada - com planosexpandir seu setor espacial (alémJapão, Rússia, Índia e Emirados Árabes Unidos).
Com isso, é muito provável que a possibilidadesermos atingidos só aumente (ainda que se espere que permaneça sendo muito pequena).
Como podemos nos preparar?
Duas perguntas vêm à mente:
1. Podemos prever a reentradalixo espacial?
2. O que podemos fazer para reduzir o risco?
Vamos começar com as previsões. Pode ser um enorme desafio prever onde um objetoórbita descontrolada irá reentrar na atmosfera terrestre.
A regra geral afirma que a incerteza do tempo estimadoreentrada é10% a 20% do tempo orbital restante. Isso significa que um objeto com tempo estimadoreentradadez horas terá uma margemincertezacercauma hora. Ou seja, se um objeto estiver orbitando a Terra a cada 60-90 minutos, ele poderá entrar praticamentequalquer lugar.
Melhorar essa margemincerteza é um grande desafio que exigirá pesquisas significativas. E, mesmo assim, é improvável que possamos prever o localreentradaum objeto com margemerromenos1 mil quilômetrosdistância.
Formasreduzir os riscos
Reduzir os riscos é um desafio, mas existem duas opções.
Primeiro, todos os objetos lançadosórbita da Terra devem ter um planosaídaórbita segura para uma região desabitada. Normalmente, essa região é a Área Desabitada do Sul do Oceano Pacífico (SPOUA, na siglainglês), também conhecida como o "cemitério das espaçonaves".
E existe também a opçãoprojetar cuidadosamente os componentes para que eles se desintegrem completamente durante a reentrada. Se tudo queimar ao atingir a atmosfera superior, os riscos deixarãoser significativos.
Já existem orientações que exigem a minimização dos riscos do lixo espacial, como o protocolo das Nações Unidas para a Sustentabilidade das Atividades no Espaço Cósmico a Longo Prazo, mas seus mecanismos não foram especificados.
E como aplicar essas orientações internacionalmente? Quem pode fiscalizarexecução? São questões que permanecem sem resposta.
Em resumo, você deve se preocuparser atingido pelo lixo espacial? Por enquanto, não.
É importante ter mais pesquisas sobre o lixo espacial para o futuro? Com certeza, sim.
* Fabian Zander é pesquisadorengenharia aeroespacial da Universidade do SulQueensland, na Austrália.
Este artigo foi publicado originalmente no sitenotícias acadêmicas The Conversation e republicado pelo site BBC Future sob licença Creative Commons. Leia aqui a versão originalinglês.
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