Paola Antonini: 'Não quero minha pernajogo blaze como ganharvoltajogo blaze como ganharjeito nenhum':jogo blaze como ganhar

Com quase 3 milhõesjogo blaze como ganharseguidores no Instagram, Paola Antonini destaca a importânciajogo blaze como ganharter pessoas com deficiência realmente incluídas na sociedade - o que, ela defende, deve ocorrer desde a escola.

E se orgulhajogo blaze como ganharse ver como referência para algumas crianças - como uma garotinha não amputada que tirou uma pernajogo blaze como ganharuma boneca e disse para a mãe que aquela se chamaria Paola.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Paola teve a perna esquerda amputada após acidentejogo blaze como ganhar2014

Quase sete anos depois do acidente, ela - que é conhecida por usarjogo blaze como ganharprótese "encapada" com tecido colorido e brilhante - diz que não gostaria que o corpo fossejogo blaze como ganharoutro jeito. Afirmou que seria "muito diferente ter uma perna igual à outra" e que às vezes nem se reconhecejogo blaze como ganharfotos antigas: "Parece que tá faltando uma coisinha."

"Não quero a minha pernajogo blaze como ganharvoltajogo blaze como ganharjeito nenhum. Amo meu corpo, amo essa perninha dourada brilhante e é isso. É um corpo diferente, que me fez aprender coisas diferentes, mas que me trouxe uma vida muito feliz e que me fez chegar nos meus sonhos também."

A seguir, confira os principais pontos da entrevista concedida à BBC News Brasil.

Paralimpíada

Paola critica o que considera uma diferença no tratamentojogo blaze como ganharatletas olímpicos e paralímpicos e afirma que isso se reflete inclusivejogo blaze como ganharnúmerosjogo blaze como ganharseguidores nas redes sociais.

"A gente sabe que o incentivo ao esportejogo blaze como ganhargeral já é muito complicado, mas o paralímpico principalmente", diz. "Faltam incentivos. Atéjogo blaze como ganharnúmeros a gente vê,jogo blaze como ganharredes sociais - os medalhistas das olimpíadas e das paralimpíadas, como é discrepante. Com certeza tem uma diferença muito grande."

Ela diz que a Paralimpíada é um evento "extremamente importante", ao colocar pessoas com deficiência no foco, mas diz que ainda há um longo caminhojogo blaze como ganhartermosjogo blaze como ganharinclusãojogo blaze como ganharoutros aspectos do dia a dia.

"A gente deveria estarjogo blaze como ganhartodos os lugares - na televisão, nas campanhas,jogo blaze como ganhartodas as áreas, todas as profissões, mas a gente sabe que não é assim. Tá evoluindo, o mundo tá realmente abrindo portas e criando oportunidades para pessoas com deficiência, mas é uma caminhada ainda muito lenta. As oportunidades são para pouquíssimas pessoas."

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Maior atleta paralímpico do Brasil, Daniel Dias vai encerrarjogo blaze como ganharcarreira após Tóquio

Uso do termo 'superação'

Entre as expressões que muita gente usa - especialmente durante a Paralimpíada - e que podem ser consideradas como discriminação ou preconceito contra pessoas com deficiência (capacitismo), ela aponta o chamado discursojogo blaze como ganhar"superação".

"A superação acontece, por exemplo, no meu caso: perdi uma perna e dei a volta por cima. Aí é uma superação, sim, acho muito bacana. Mas quando você vê uma pessoa com deficiência e fala: nossa, que superação… Não, não é um exemplojogo blaze como ganharsuperação, é uma pessoa que tá ali, é um atleta muito bom,jogo blaze como ganharalto rendimento, que tá com índices incríveis.

Então, é não falar 'nossa, que superação', mas sim 'que baita atleta', 'que competição sensacional'."

"Outros comentários são: 'nossa, eu com dois braços e duas pernas não faço isso'. Não se fala isso porque é um superatleta ali. Você não faz isso porque você não é um atleta", diz. "São essas coisinhas que a gente pode tomar um cuidadojogo blaze como ganharentender que ali é uma competiçãojogo blaze como ganharalto nível com atletas e não só focarjogo blaze como ganharo elogio ser sempre sobre a deficiência".

Inclusão desde a escola

Para Paola, "a escola é o lugar mais importante pra gente incluir pessoas com deficiência".

"A gente tem que aprender a estar junto com pessoas diferentes e que têm ritmos diferentes, que precisamjogo blaze como ganharcoisas diferentes. Isso é muito mais valioso do que às vezes aprender as coisas num ritmo ultra acelerado."

Ela chamoujogo blaze como ganhar"absolutamente triste" a fala do ministro da Educação, Milton Ribeiro,jogo blaze como ganharque alunos com deficiência "atrapalham" o aprendizadojogo blaze como ganharoutros estudantes - ele disse isso ao defender a criaçãojogo blaze como ganharturmas e escolas especiais.

"Inclusão é isto: é colocar uma pessoa com deficiência dentro da salajogo blaze como ganharaula para conviver com todos os colegas e os colegas conviverem com a pessoa com deficiência e verem que tá tudo bem, nós temos as nossas diferenças e isso é o legal", diz Paola. "As crianças que crescemjogo blaze como ganharcontato com outras pessoas com deficiência crescem com valores muito importantes -jogo blaze como ganharentender que tudo bem, cada uma tem seu tempo."

Ela defende que,jogo blaze como ganharvezjogo blaze como ganhardefender a separação dessas crianças, o governo deveria se preocuparjogo blaze como ganhar"colocar dentro das escolas pessoas especializadasjogo blaze como ganhartrabalhar com essa inclusão e trabalhar com esse atendimento diferenciado".

Boas próteses: ainda para poucos

Paola reconhece que o acesso que ela teve a excelentes tratamentos e prótesesjogo blaze como ganharexcelente qualidade é um privilégio - distante da realidadejogo blaze como ganharmuitos brasileiros.

"Tive uma oportunidade muito grande - acesso a tratamentos muito bons, a prótese excepcional - e eu sei que não é todo mundo que tem acesso a isso. Pelo contrário. É muito pouca gente. E muita gente não tem ainda ideia do quão inacessível ela é uma prótese - que para uma pessoa adulta vaijogo blaze como ganharR$ 20 mil a R$ 300 mil", diz.

"E a prótese dura cinco anos, quatro anos, a depender do tanto que você usa. Então, quando a gente pensa na população, no geral, quantas pessoas realmente vão ter acesso a próteses bacanas e que possibilitam ter uma vida ativa? Muito poucas pessoas."

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Paola reconhece que o acesso que ela tem a prótesesjogo blaze como ganharexcelente qualidade está distante da realidadejogo blaze como ganharmuitos brasileiros

A influencer, que já fez vaquinhas online para arrecadar fundos para doaçãojogo blaze como ganharpróteses a pessoas amputadas, criou um instituto com o próprio nome para proporcionar reabilitaçãojogo blaze como ganharpessoas com deficiência física a partirjogo blaze como ganhardoaçõesjogo blaze como ganharpróteses, órteses, cadeirasjogo blaze como ganharrodas e acessórios para reabilitação.

"A gente pode estar criando grandes atletas no futuro e profissionaisjogo blaze como ganhartodas as áreas. Eu quero, daqui a alguns anos, ver vários paratletas saindo do meu instituto e acho que vai se tornar real."

Quase sete anos depois do acidente

Para quem não sabe como foi a situação que levou à amputaçãojogo blaze como ganharsua perna esquerda, Paola resume assim:

"Eu estava indo fazer uma viagemjogo blaze como ganharcarro e no momento que eu estava descendo, na porta da minha casa, e ia colocar as malas dentro do carro, fui atingida por um carro. Aí fui para o hospital e depoisjogo blaze como ganhar14 horasjogo blaze como ganharcirurgia eles viram que realmente teriam que amputar minha perna esquerda."

"Foi uma mudança muito drástica na minha vida. Eu tinha 20 anos na época e nunca imaginaria passar por isso - essa mudança tanto física quanto mental mesmo. A gente muda muito como pessoa. E naquele momento eu decidi não pensarjogo blaze como ganharcomo seria o diajogo blaze como ganharamanhã. Falei: ah, eu posso ficar muito triste amanhã, não sei como vai ser minha vida, se eu vou ter uma prótese, se eu vou voltar a andar, mas vou viver um diajogo blaze como ganharcada vez e vou descobrir esse mundo novo."

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Este é o perigo: as pessoas acreditarem que depois que elas mudarem tudo no corpo elas vão ser felizes e ter uma autoestima alta', diz Paola

Uma das perguntas que ela costuma receber é sobre a relação com a pessoa que dirigia o carro que a atingiu.

"Para mim, desde o momento do acidente, foi muito claro que eu não precisava perdoar ninguém. Sei que não foi intencional. Ninguém me atingiria intencionalmente. Foi uma pessoa que errou e imagina o susto que a pessoa tomou, né?"

"Cheguei a encontrá-la anos depois e falei que nunca tinha guardado nadajogo blaze como ganharruim, que eu só podia fazer o que eu faço hoje por ter perdido a minha perna e que eu sabia o quanto que tinha sido difícil para ela também."

Paola diz que "não ter guardado nadajogo blaze como ganharruim" foi o que a fez "viver a vidajogo blaze como ganharforma tão leve". E diz que pessoas que cometem erros como este merecem ter a chancejogo blaze como ganharseguirjogo blaze como ganharfrente.

"(Desejo) que as pessoas deem oportunidade tanto para quem foi vítima quanto para quem errou e foi culpado. Acho que as pessoas têm que ter oportunidadejogo blaze como ganharseguir e serem felizes", diz.

Mas Paola diz que o processojogo blaze como ganharaceitar o que aconteceu com ela foi "com muita calma".

"Não perdi minha perna, olhei e falei: 'amo minha perna'. Quando soube que tinha amputado a minha perna, falei: não me sinto pronta para olhar ainda, daqui a pouco eu olho. Em dois dias, olhei ela enfaixadinha. Depois eu olhei ela sem a faixa, depois eu fui para o processo do espelho e aí eu falei: nossa, diferente, agora eu tô vendo que realmente tá faltando uma partezinha. Então, por ter sido com tanta calma e sem me pressionar a amar o meu corpo, foi um processo muito legal. Eu comeceijogo blaze como ganharpouquinhojogo blaze como ganharpouquinho a olhar pra minha perna e agradecer: é por isso que eu tô viva."

Ela, que conta ter negado ofertas para fazer lipoaspiração e propaganda sobre isso, frequentemente fala aos seguidores sobre amar e aceitar o próprio corpo.

"Não sou contra procedimentos estéticos, eu acho que as pessoas decidem se elas fazem ou não, mas eu entendi que a minha felicidade não vem disso, a minha autoestima não vem disso. Este é o perigo: as pessoas acreditarem que depois que elas mudarem tudo no corpo elas vão ser felizes e ter uma autoestima alta. E não é ali que a gente tem que trabalhar, a gente tem que trabalhar é nossa cabeça."

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