Coronavírus: o que se sabe sobre efeitossite apostas cassinotipos sanguíneossite apostas cassinocasos gravessite apostas cassinocovid-19:site apostas cassino
Segundos os autores, das faculdadessite apostas cassinomedicinasite apostas cassinoHarvard e Emory (EUA), o experimento demonstrou "conexão direta entre o tipo sanguíneo A e o SARS-CoV-2" e é uma "evidência adicionalsite apostas cassinoque alguns tipos sanguíneos podem estar associados com um risco maiorsite apostas cassinocontrair a doença".
Entretanto, cientistas entrevistados pela BBC News Brasil alertam que resultados como esse são preliminares e que não há consenso sobre a associação entre tipos sanguíneos e covid-19. Portanto, ter um ou outro tipo sanguíneo não é motivo para desespero e menos ainda para descuido com medidas preventivas contra a doença.
A desconfiançasite apostas cassinoque a covid-19 poderia se manifestarsite apostas cassinoforma diferente, a depender do tipo sanguíneo, veiosite apostas cassinoparte pelo fatosite apostas cassinoque algumas doenças demonstraram ser influenciadas por isso. Estudos já apontaram maior vulnerabilidade ou proteçãosite apostas cassinocertos tipos sanguíneos a enfermidades como malária, hepatite B, AIDS, infecções pelos vírus Norwalk e pela bactéria H. pylori, entre outras.
E, mais importante, no surto causado pelo SARS-Cov — "parente" do SARS-CoV-2 — no início dos anos 2000, alguns cientistas encontraram evidênciassite apostas cassinoque o sangue tipo O poderia ter um efeito protetivo contra o vírus. Isso foi reforçado pelo próprio estudo na Blood Advances do mês passado, que verificousite apostas cassinolaboratório que o SARS-Cov tem a mesma preferência por células respiratórias presentessite apostas cassinopessoas do tipo sanguíneo A.
Sobre o SARS-CoV-2, a primeira grande evidência neste sentido veiosite apostas cassinomarçosite apostas cassino2020, quando pesquisadoressite apostas cassinoinstituições chinesas publicaram um artigo do tipo pré-print (sem a avaliação dos pares, um procedimento padrãosite apostas cassinorevistassite apostas cassinoexcelência, pelo qual cientistas independentes julgam um estudo) com dadossite apostas cassinopessoas infectadas e tratadas nas cidadessite apostas cassinoWuhan e Shenzhen.
A distribuiçãosite apostas cassinopessoas por tipo sanguíneo neste conjuntosite apostas cassinopacientes foi então comparada com um outro grupo, contendo um númerosite apostas cassinopessoas semelhante e vivendo nas mesmas cidades — só que elas não estavam infectadas.
O percentualsite apostas cassinopessoas com tipo A foi maior no gruposite apostas cassinoinfectados do que na população "normal", enquanto osite apostas cassinopessoas com tipo O foi menor entre os pacientes com covid-19. Além do riscosite apostas cassinoinfecção, pesquisadores disseram também que o riscosite apostas cassinomorte era maior no tipo A e menor no tipo O.
Pesquisas com resultados distintos
Desde então, dezenassite apostas cassinooutros estudos sobre o assunto foram publicadas pelo mundo — alguns com resultados significativamente diferentes do apontado pelo pré-print chinês.
Isso nos lembra que, na ciência, o que pode parecer com idas e vindas, contradições e até erros é, na verdade, parte do próprio processo científico — como explicou a bióloga Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questãosite apostas cassinoCiência, à BBC News Brasil no ano passado.
"A ciência não é dogmática, ela tem um processo contínuosite apostas cassinoacúmulosite apostas cassinoevidências. Neste momento, trabalhamos com as melhores evidências existentes. Esse processo às vezes passa a impressãosite apostas cassinoque o cientista não sabe o que está fazendo, que ele mudasite apostas cassinoideia. A ciência mudasite apostas cassinoideia, sim — tem que mudar, quando está diante das melhores evidências."
Embora alguns estudos tenham abordado também o fator Rh — positivo ou negativo, ou o + ou - que aparece ao lado das letras —, a maioria priorizou apenas o chamado sistema ABO.
Publicadosite apostas cassinojulhosite apostas cassino2020 na revista científica Annals of Hematology, um trabalhosite apostas cassinomédicos atuandosite apostas cassinoBoston (EUA) confirmou que pessoas com tipos sanguíneos B e AB tinham maior probabilidadesite apostas cassinoreceber um teste positivo para coronavírus, enquanto os com tipo O tinham menor probabilidade.
O tipo sanguíneo A, destaque preocupantesite apostas cassinooutros estudos, apareceu neste como estatisticamente indiferente na maior ou menor probabilidadesite apostas cassinoinfecção. O estudo considerou dadossite apostas cassinoaproximadamente 1,2 mil pessoas com testes positivos para covid-19.
Diferente do observado nas infecções, o artigo na Annals of Hematology afirmou que,site apostas cassinorelação ao riscosite apostas cassinointubação ou morte, o grupo sanguíneo ABO pareceu não interferir.
Em outubrosite apostas cassino2020, um novo estudo, com dados nacionais da Dinamarca, mostrou que o tipo O teve um efeitosite apostas cassinoproteção contra a infecção por covid-19, mas o tipo sanguíneo não apresentou influência no riscosite apostas cassinohospitalização ou morte.
A pesquisa comparou a distribuição percentual por tipo sanguíneosite apostas cassinoum gruposite apostas cassino7.422 pessoas com covid-19 confirmada com dados populacionaissite apostas cassinoreferência,site apostas cassinopessoas não testadas, reunindo cercasite apostas cassino2,2 milhõessite apostas cassinopessoas. Enquanto, entre os infectados, 38% eram do grupo O, na populaçãosite apostas cassinogeral o percentual erasite apostas cassino42%, indicando que esse tipo sanguíneo seria menos vulnerável à infecção pelo SARS-CoV-2.
O 'estudo ideal' para o tema
Em uma trocasite apostas cassinoe-mails com a BBC News Brasil, Sean R. Stowell, médico e pesquisador no hospital Brigham and Women's,site apostas cassinoBoston, opinou sobre diferentes resultados entre os estudos, inclusivesite apostas cassinocomparação com o seu — ele é um dos autores da publicação,site apostas cassinomarçosite apostas cassino2021, na Blood Advances.
Segundo Stowell, metodologias distintas e outros fatores influenciando a infecção e agravamento da covid-19, para além do tipo sanguíneo, explicam diferentes resultados. É possível imaginar o tiposite apostas cassinoestudo ideal para responder à questão, mas ele seria impossívelsite apostas cassinoser realizado.
"Um estudo prospectivo com uma populaçãosite apostas cassinopacientes com tipos sanguíneos conhecidos e uma igual exposição ao vírus seria necessário. Mas um trabalho deste tipo provavelmente nunca vai acontecer, então, sob uma rigorosa perspectiva clínica e correlacional, acho que vai ser impossível saber com certeza (se o tipo sanguíneo influencia ou não)", escreveu o médico e PhD.
"Qual seria o tiposite apostas cassinopesquisa 'ideal' para responder a essa questão? Seria justamente uma análise da exposição ao vírus entre pessoas com diferentes tipos sanguíneos. Entretanto, um estudo assim seria completamente antiético e, portanto, nunca será feito. Como consequência, nos restam estudossite apostas cassinocorrelação e experimentossite apostas cassinolaboratório com o vírus."
Ele continua: "Por isso nos voltamos ao vírus e aos antígenos (proteínas) dos grupos sanguíneossite apostas cassinosi, e descobrimos que uma estrutura-chave na superfície do vírus que ele usa para entrar nas nossas células e infectá-las também se liga diretamente ao tipo sanguíneo A. Esses resultados são os primeiros a demonstrar uma associação direta entre o tipo A e o SARS-CoV-2, mas novos estudos certamente são necessários", concluiu, apontando ainda para a importânciasite apostas cassinopesquisas considerando novas variantes do coronavírus.
No Brasil
Pesquisadores e médicos brasileiros também estão buscando, por aqui, correlações entre tipo sanguíneo e covid-19.
O médico Gilsite apostas cassinoSantis, hemoterapeuta do Hospital das Clínicas da Faculdadesite apostas cassinoMedicinasite apostas cassinoRibeirão Preto, da USP, brinca que "caiu no colo" dele o dadosite apostas cassinomaior prevalênciasite apostas cassinopessoas com tipo sanguíneo A entre os pacientes mais graves.
Ele esite apostas cassinoequipe estavam realizando um ensaio clínico randomizado controlado (experimento envolvendo humanos que é considerado "padrão ouro"site apostas cassinotestes com remédios e vacinas) com o tratamentosite apostas cassinoplasma convalescente (a parte líquida do sangue, contendo anticorpos que podem ser infundidossite apostas cassinooutras pessoas adoecidas com covid-19), quando perceberam outra coisa.
"Alguns meses depois do início do ensaio clínico, percebi que tinha uma coisa muito esquisita ali. A gente tinha que tipar (registrar o tipo sanguíneo) os pacientes para transfundir o plasma, e percebi que tinha muito mais A do que O — uma inversão do que se observa na população, tanto a brasileira quanto a nossa", conta.
A reportagem não encontrou dados atualizados e consolidados da divisão sanguínea no Brasil, já que é mais comum que hemocentrossite apostas cassinodiferentes cidades e estados façam esse levantamento a nível local. Entretanto, segundo os entrevistados, a maior parcela da população brasileira é do tipo O, seguido do A (ambos entre 40-50% da população), B e AB (ambos com menossite apostas cassino10%).
A tipagem sanguínea está associada a grupos étnicos, entre outros fatores, portanto diferentes partes do mundo podem ter quadrossite apostas cassinodistribuição bastante diferentes.
A equipesite apostas cassinoRibeirão Preto então comparou o percentual por tipo sanguíneosite apostas cassinoum gruposite apostas cassino72 pacientes com covid-19 grave contra 160 pessoassite apostas cassinoum grupo controle, da população local. O tipo A se mostrou mais presente no gruposite apostas cassinopacientes do que o normal (51% versus 30% na população), enquanto o O se mostrou menos presente entre os doentes graves (31,9% versus 48% no grupo controle).
Ser do tipo A significou um risco 2,5 vezes maiorsite apostas cassinogravidade, na comparação com O. Os resultados completos devem ser publicadossite apostas cassinobrevesite apostas cassinouma revista científica estrangeira.
"Mas é importante lembrar que outras situações, as comorbidades, são muito mais importantes do que o tipo sanguíneo. Se este aumentasite apostas cassino2,5 vezes, a doença coronariana pode aumentarsite apostas cassino20 vezes o risco, a diabetes entre 5 e 7 vezes… Então as comorbidades são muito mais importantes do que o tipo ABO, mas este também contribui um pouco", aponta Santis.
Jásite apostas cassinoPasso Fundo (RS), a equipe do serviçosite apostas cassinohemoterapia do Hospital São Vicentesite apostas cassinoPaulo passou a observar uma maior demanda por transfusõessite apostas cassinosangue do tipo Asite apostas cassinopacientes graves com covid-19 — e então resolveram investigar mais, publicandosite apostas cassinonovembro resultados preliminares na revista científica Hematology, Transfusion and Cell Therapy.
"Tivemos um aumento na demanda transfusional para esses pacientes,site apostas cassinoespecial do grupo A, então houve momentos, na gestão do nosso estoque,site apostas cassinoque tivemos que chamar mais doadores do grupo A", conta a hematologista Cristiane Rodriguessite apostas cassinoAraújo, responsável pelo setorsite apostas cassinohemoterapia do hospital e professora da Faculdadesite apostas cassinoMedicina da Universidadesite apostas cassinoPasso Fundo (UPF).
"Analisamos uma pequena amostra,site apostas cassino53 pacientessite apostas cassinoum universosite apostas cassino1200 contaminados, que precisaramsite apostas cassinotransfusão sanguínea. Comparada com nossa demanda normal, que é 35% do grupo A, esses pacientes (graves com covid-19) eram 47%site apostas cassinosangue tipo A. Então lógico que precisamossite apostas cassinonovos estudos, com amostras maiores, mas realmente encontramos uma prevalência um pouco maior (do sangue A) do que o habitual no nosso universosite apostas cassinopacientes."
Uma equipe do Hemocentrosite apostas cassinoGoiás (HEMOGO) também publicou no ano passado resultados preliminares a partirsite apostas cassinodadossite apostas cassino98 pessoas que tinham tido covid-19 e se voluntariaram para a doaçãosite apostas cassinoplasma convalescente. Este tratamento estásite apostas cassinoestudo no hemocentro e também já está sendo fornecido para alguns hospitais da região, mediante solicitação.
"Vimos que dos 98 pacientes, a maioria era do tipo sanguíneo O, esite apostas cassinosegundo lugar, do tipo sanguíneo A — que é a distribuição na nossa população", explica a hematologista Maria Amorelli, do HEMOGO, apontando que nestes dados sobre adoecimento, o tipo sanguíneo não pareceu influenciar.
Na avaliaçãosite apostas cassinoquadros graves, a equipe descobriu que a maior prevalência erasite apostas cassinopacientes com sangue tipo AB, enquanto nenhum paciente do tipo sanguíneo A precisousite apostas cassinointernação — indosite apostas cassinoencontro aos resultadossite apostas cassinooutros estudos.
"Essa ideiasite apostas cassinoque todos os pacientes que não têm o anticorpo anti-A (entenda logo abaixo) estariamsite apostas cassinomaior risco, a gente não conseguiu confirmar."
"Acredito que isso pode ter acontecido por uma sériesite apostas cassinofatores, uma delas a quantidade ainda pequenasite apostas cassinopacientes que avaliamos. A outra é que a populaçãosite apostas cassinodoadores é mais selecionada —site apostas cassinogeral, pacientes do grupo O têm mais tendência a doar, porque têm aquela ideiasite apostas cassinoque este é o melhor sangue para a doação. Então precisamossite apostas cassinomais estudos, mas a literatura ainda não conseguiu confirmar essa associação (entre tipo sanguíneo e risco para covid)."
"Até então, as descobertas não foram relevantes a pontosite apostas cassinomodificar nosso comportamento clínicosite apostas cassinorelação às doenças. Não é, por exemplo, algo que a gente pesquisesite apostas cassinocara para saber se um paciente vai ter mais ou menos risco."
"Então quem é do tipo sanguíneo A não precisa se desesperar, porque vários pacientes desse tipo tiveram a doença leve; e vários pacientes do tipo sanguíneo O também tiveram quadros graves", aconselha a hematologista.
Anticorpos, antígenos e coagulação
A médica explica que antígenos são proteínas presentes nas células sanguíneas e que variamsite apostas cassinotipo a tipo — um paciente do tipo sanguíneo A, por exemplo, tem o antígeno A. Foi, inclusive, pelo antígeno A que o coronavírus mostrou ter preferência no estudo publicadosite apostas cassinomarço na revista Blood Advances.
Mas ter um tipo sanguíneo significa também ter anticorpos naturais contra os outros tipos — um paciente com sangue tipo A tem anticorpo anti-B; sangue tipo B, anticorpo A; e O tem anti-A e anti-B (não existe antígeno O ou anticorpo anti-O).
"São anticorpos naturais, até hoje a gente não sabe exatamente por que existem. A gente já sabe que são causadoressite apostas cassinoreações graves nos erros transfusionais: por exemplo, se um paciente O recebe sangue do tipo A, aquele anti-A vai hemolisar o sangue e gerar uma reação grave", exemplifica a hematologista.
Além da função esperadasite apostas cassinoproteger contra um sangue que não é compatível, alguns cientistas passaram então a levantar a hipótesesite apostas cassinoque esses anticorpos naturais pudessem ter ainda outras funções.
"Sugere-se que talvez esse anti-A tenha um efeito protetor para algumas doenças virais, com o anticorpo dificultando a entrada do vírus na célula", diz Amorelli.
Gilsite apostas cassinoSantis explica que as pesquisas sobre covid-19 têm focado na possível vulnerabilidade do antígeno A e no que seria um efeito protetivo do anticorpo anti-A, deixando muitas vezessite apostas cassinofora o antígeno B e o anti-B, porque o tipo A é muito mais numeroso do que o tipo Bsite apostas cassinopopulações como a brasileira.
Mas além dos antígenos e anticorpos, o médico explica que há ainda um terceiro fator que pode explicar a influência dos tipos sanguíneos na covid-19.
"A coagulação é mais intensa no sangue A do que no O, e a coagulação favorece a trombose", diz, apontando que pessoas com tipo sanguíneo A tendem a ter mais componentes "pró-coagulantes", o fatorsite apostas cassinoVon Willebrand e o fator VIII, e pessoas com tipo O, menos.
"E uma das complicações da covid-19 é a exatamente a trombose, nos casos mais graves. O tromboembolismo pulmonar é uma complicação muito frequentesite apostas cassinopacientes na UTI,site apostas cassinoum terço, um quarto dos pacientes com covid grave. É uma barbaridade, uma complicação que a gente não viasite apostas cassinooutros tipossite apostas cassinoinfecções virais."
E para quem desconfiou, após tantos dados favoráveis ao tipo sanguíneo O, Gilsite apostas cassinoSantis afirma que há indíciossite apostas cassinoque se tratasite apostas cassinoum beneficiado na seleção natural.
"O tipo O parece ser um mutante que deu certo, digamos assim."
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