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‘Ser exceção sempre dificulta’: conquistas e barreiras vividas pela crescente parcelapixbet no vascotransexuais nas universidades:pixbet no vasco
Isso é visto tantopixbet no vascoinscrições no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) epixbet no vascooutros vestibulares, quanto no aumento da quantidadepixbet no vascodefesaspixbet no vascodissertações e teses escritas por eles.
"Os temas abordados são diversos, havendo a presençapixbet no vascotransexuaispixbet no vascotodas as áreaspixbet no vascoconhecimento, da medicina à música.", diz Iazzetti. "Mesmo assim, esse número ainda é extremamente baixo quando comparado à população brasileira como um todo."
Pesquisa
Uma pesquisa realizadapixbet no vasco2019 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federaispixbet no vascoEnsino Superior (Andifes), conta Brume, mostrou que apenas 0,1%pixbet no vascoestudantespixbet no vascouniversidades federais se declarou homem ou mulher trans.
"No caso do ENEM, houve 394 candidatos utilizando o nome socialpixbet no vasco2019", explica. "Esse número é expressivo quando comparado aos anos anteriores, mas se mostra baixíssimo perto das 5 milhõespixbet no vascoinscrições do Exame naquele ano, e é o resultadopixbet no vascoviolências anteriores, ainda na educação básica."
O avançopixbet no vasconúmeros não mostra a luta e sofrimento que estão por trás da históriapixbet no vascocada uma dessas pessoas antespixbet no vascochegar à academia, sejapixbet no vascosuas famílias consanguíneas, na educação básica ou no acesso à saúde. E muitas dessas dores também vão porta adentro das universidades quando elas finalmente chegam lá.
Dezembro Iazzetti aponta para uma pesquisa da Associação Nacionalpixbet no vascoTravestis e Transexuais (Antra) que mostrou que grande parte das travestis é expulsapixbet no vascocasa aos 13 anospixbet no vascoidade, por exemplo.
"Todos esses fatores afetam diretamente o acesso e permanênciapixbet no vascopessoas trans na universidade e eventualmente no ingresso ao mercadopixbet no vascotrabalho", diz.
'Piorava mais ainda quando eu dizia que eu também não era gay'
As experiênciaspixbet no vascoFernanda Bravo Rodrigues, mestrandapixbet no vascoPsicologia na Universidade Federal do Ceará (UFC), mostram que, embora as universidades possam ter formalmente mecanismos inclusivos, na prática há brechas e distorções que continuam perpetuando preconceitos.
Por exemplo, ao ingressar empixbet no vascouniversidade, havia uma resolução legal permitindo o uso do nome social — aquele que a pessoa trans adota, quando faz a transiçãopixbet no vascogênero.
"Mesmo assim, logo depois da matrícula, passei por um episódio bem estranho para mim", conta. "Para que meu nome viesse nos diários como feminino, eu precisaria solicitar ao responsável pelas graduações no departamentopixbet no vascoCiências Sociais. O chefe estava viajando e no lugar dele havia provisoriamente um professor estrangeiro, que ficou incumbidopixbet no vascofazer essa trocapixbet no vasconome no sistema."
Durante a conversa, lembra Fernanda, tudo ia maravilhosamente bem — se não fosse o fatopixbet no vascoele repetir inúmeras vezes, "meio que com um sorriso amarelo, que achava muito importante pessoas diferentes chegarem à Universidade, que ele dava todo apoio embora não fosse homossexual".
"Ele repetiu isso umas quatro vezes e piorava mais ainda quando eu dizia que eu também não era gay", lembra.
"Ou seja, aquela atitude me mostrava que o básico dessa discussão ainda não havia chegado para muitos sujeitos acadêmicos, como o fato simplespixbet no vascoque identidadepixbet no vascogênero não é orientação sexual. Isto é, gênero não estava preso, unicamente, aos genitais — o que é o básico que se precisa saber", acrescenta ela.
Para a mestranda, episódios vividos nas universidades vão ao encontropixbet no vascooutros dolorosos, dos tempospixbet no vascoescola.
"Era muito constrangedor ter que ser chamada por um nome que não condizia com a minha imagem", recordapixbet no vascosuas experiências, quando era mais nova.
"O banheiro também era um lugar hostil, muitas vezes tive que prender minhas necessidades para que pudesse fazer uso do banheiro feminino — condizente com minha imagem — na hora das aulas, o que fazia com que eu perdesse boa parte da explicação dos professores."
Machismo refletido
Para a cientista da Computação e doutorapixbet no vascoBiofísica Molecular, Ana Lígia Scott, do Centropixbet no vascoMatemática, Computação e Cognição (CMCC), da Universidade Federal do ABC (UFABC), o meio acadêmico e científico é uma bolhapixbet no vascoconhecimento e tolerância, mas que ainda reflete um pouco do machismo e transfobia presentes na sociedade.
"No meu caso, a dificuldade foi provar, todo dia, para a comunidade científica e acadêmica que eu continuava uma profissional séria, competente, dedicada e produtiva com a transição, o que aconteceu realmente", explica.
"Acredito que, hoje, eu esteja mais produtiva e feliz no meu trabalho. Mulheres transpixbet no vascoáreas duras da ciência (física, biofísica) com posiçãopixbet no vascoprofessora associada e líderpixbet no vascogrupopixbet no vascopesquisa é algo ainda muito raro no mundo, imagine aqui no Brasil. Ser uma exceção sempre dificulta o dia a dia."
Experiência positiva: 'Minha universidade tem sido acolhedora'
O biólogo Fernando Luzpixbet no vascoCastro, professor do Institutopixbet no vascoMicrobiologia Paulopixbet no vascoGoes, da Universidade Federal do Riopixbet no vascoJaneiro (UFRJ) teve mais sorte, pode-se dizer.
"A minha universidade tem sido muito acolhedora", elogia. "Quanto a mim particularmente, os problemas disseram respeito principalmente a um engessamento do sistema, incluindo opixbet no vascoinformática, que precisapixbet no vascoreformas para acolher as pessoas trans. Problemas estes que incluíram a exposição do meu antigo nomepixbet no vascoregistro."
Ele diz que as pró-reitorias e a reitoria da UFRJ têm se mostrado muito interessadaspixbet no vascoprestar auxílio nas demandaspixbet no vascoseus professores, pesquisadores e servidores transexuais.
"Faço parte do coletivo Gisberta Salcepixbet no vascopessoas transexuais da universidade", revela.
"Neste coletivo discutimos estes obstáculos, que se estendem também para usopixbet no vascobanheiros e inadequação no tratamento por parte do corpo técnico e docente, por exemplo. A UFRJ tem nos procurado constantemente a fimpixbet no vascopromover açõespixbet no vascoinclusão na comunidade acadêmica, como campanhas pelo uso do nome social, sessõespixbet no vascocine-debate e cartilhas informativas."
Marina Reidel, diretorapixbet no vascoPromoção dos Direitospixbet no vascoLésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), diz no entanto que,pixbet no vascogeral, a academia ainda "é um lugar com preconceitos", relacionando-se com o que ainda ocorre na sociedade.
"De certa forma, todas as dificuldades são frutos deste processo. As universidade são ainda um lugarpixbet no vascoexclusão epixbet no vascoausênciapixbet no vascodeterminados corpos que não entram dentro do padrão heteronormativo", diz ela, que é trans e passou na pele por experiências assim na academia.
Para ela, é desejável ter mais e mais pesquisadores e pesquisadoras trans nas universidades por inúmeros motivos, entre eles a ampliação do "lugarpixbet no vascofala" para representar suas demandas — e orientar como pessoas cis (não trans) podem somar na causa.
"Buscamos apenas viver como queremos viver nossas vidas, amar do jeito que for e poder ser livre das opressões e violências cotidianas que muitas vezes nos ataca e nos mata. Precisamos urgentementepixbet no vascouma vida mais que humana para entender o que acontece nos diaspixbet no vascohoje. Já avançamos muito — mas precisamos mais e quero ser otimistapixbet no vascoacreditar num mundo melhor a todos e todas."
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