Plano para prevenir novas pandemias custaria 2% dos gastos globais com a covid-19:pixbet facebook
"Os riscos (de infecções) são maiores do que nunca, à medida que associações cada vez mais íntimas entre humanos e reservatóriospixbet facebookdoenças na vida selvagem aceleram o potencialpixbet facebookvírus se espalharem globalmente", diz o artigo.
Propostas
Os cientistas delinearam uma sériepixbet facebookestratégias para limitar essas cadeiaspixbet facebooktransmissão, com investimentospixbet facebookUS$ 22 bilhões a US$ 31 bilhões por ano por uma década, "para monitorar e policiar o comérciopixbet facebookanimais selvagens e impedir o desmatamento tropical" e assim "ajudar a prevenir futuras pandemias", segundo a Universidadepixbet facebookHarvard.
O custo seria uma fração dos gastos trilionáriospixbet facebookperdaspixbet facebookvida e econômicas da atual pandemia - que podem chegar a US$ 20 trilhões, segundo algumas estimativas. É também um valor insignificante para as nações mais ricas do mundo, argumenta à BBC News Brasil Mariana Vale, professora-adjunta no Departamentopixbet facebookEcologia da UFRJ e coautora do estudo publicado na Science.
"Nossa proposta, que não está dita explicitamente no artigo (da Science) mas é consenso entre os autores — e estamos produzindo um estudo mais detalhado a respeito —, épixbet facebookque quem tem que pagar a maior parte dessa conta são os países desenvolvidos, que têm muito a perder", diz a brasileira.
"As perdas dos EUA e da Europa são enormes, e o custo dessa prevenção é muito pequeno, até US$ 30 bilhões. Sópixbet facebook2019, os EUA gastaram cercapixbet facebookUS$ 700 bilhões no setor militar."
O dinheiro alimentaria um fundo internacionalpixbet facebookfinanciamentopixbet facebookaçõespixbet facebookcontrolepixbet facebookdesmatamento, tráficopixbet facebookanimais, biossegurança e vigilância sanitária.
O grande porém é a vontade políticapixbet facebookacessar esse dinheiro, aponta Vale, lembrando que o atual governo brasileiro abdicou dos recursos internacionais do Fundo Amazônia - um dinheiro vindopixbet facebookpaíses ricos e cujo desenho inspirou a estratégia dos cientistas agora — porque não quis se ater às metaspixbet facebookpreservação da floresta.
Bordaspixbet facebookfloresta
Na prática, desmatamento, tráficopixbet facebookanimais e até mesmo guerras criam o ambiente propício a pandemias porque todas essas ações aumentam o contato dos humanos com animais silvestres, os quais podem hospedar vírus com potencial pandêmico, diz Mariana Vale.
"Geralmente o desmatamento ocorrepixbet facebookfases, começando pelo corte da madeira e pela caça, que já aumentam o contato (das pessoas que entram na floresta) com animais", explica a cientista.
Quanto mais áreas desmatadas, maiores serão as chamadas bordas da floresta: áreaspixbet facebookque comunidadespixbet facebookpessoas passam a viver e a se alimentar pertopixbet facebookanimais silvestres, que podem transmitir vírus diretamente para humanos ou para animaispixbet facebookcriação desses humanos, como porcos e aves.
Essa dinâmica é especialmente fortepixbet facebookflorestas tropicais, pela quantidadepixbet facebookanimais selvagens que elas abrigam, explica Vale.
"É batata: você tem desmatamento, tem epidemia (nas populações próximas) logo depois. Há centenaspixbet facebookartigos científicos mostrando isso", diz ela. "A maláriapixbet facebookfronteira, por exemplo, é característicapixbet facebookáreaspixbet facebookfronteira agrícola quando ocorrem desmatamentos. (A doença) vem do contato com a floresta."
Outro grande risco pandêmico vem do tráficopixbet facebookanimais silvestres e selvagens, porque toda apixbet facebookcadeia — desde a coleta, o transporte, o comércio e o uso desses animais, para consumo ou para estimação — cria possíveis momentospixbet facebookcontágio.
Os Estados Unidos são, hoje, o maior destinopixbet facebookanimais silvestres traficados no mundo, principalmente para o mercadopixbet facebook"pets exóticos", diz a pesquisadora. "Uma quantidade gigantescapixbet facebookanimais chega por essa via (ao país), e tem potencialpixbet facebookcontágio. Então a redução desse comércio é muito importante."
Guerras e migração forçada também podem criar momentospixbet facebookcontágio, ao forçarem que pessoas fujam para florestas para se proteger e precisem recorrer a animais silvestres para se alimentar, acrescenta Vale.
Morcegos transmissorespixbet facebookvírus - e o papel do Brasil
Um dos artigos acadêmicos citados pelo estudo da Science foi feitopixbet facebookmarço deste ano e aponta o potencial dos morcegospixbet facebookcausar pandemias.
Seu possível papelpixbet facebookter sido o hospedeiro original do vírus da Sars-CoV-2 ainda é investigado pela ciência, mas não para por aí. O vírus do ebola e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) provavelmente também chegaram a humanos por intermédiopixbet facebookmorcegos.
"Os morcegos são tidos como uma reserva natural para esses vírus, especialmente coronavírus, que constituem cercapixbet facebook31%pixbet facebookseu viroma (vírus presentespixbet facebookseus corpos)", diz o artigo, feito por pesquisadorespixbet facebookuniversidades chinesas.
E morcegos têm maior probabilidadepixbet facebookse alimentarpixbet facebookregiões onde vivem humanos quando seus habitats naturais forem destruídos ou degradados, o que nos leva a um perigo que ronda a Floresta Amazônica.
"A Amazônia tem um número enormepixbet facebookreservatórios (de vírus), por ter uma enorme diversidade: é, por exemplo, a floresta com a maior diversidadepixbet facebookmorcegospixbet facebooktodo o mundo", explica Mariana Vale. "E as áreaspixbet facebookcontato com humanos têm aumentado enormemente com o avanço do desmatamento."
Florestas tropicais são um focopixbet facebookcontágio justamente porque têm a maior biodiversidade, ou seja, têm muitos mamíferos que podem abrigar vírus perigosos.
"Mas não tem problema se a floresta tiverpixbet facebookbom estado, porque daí a taxapixbet facebookcontato (com humanos) é muito baixa e a possibilidadepixbet facebooktransmissão se torna muito pequena", diz Vale.
Justamente por abrigar a maior floresta tropical do mundo, o Brasil "tem um papel muito importante na prevençãopixbet facebooknovas pandemias", prossegue a pesquisadora.
"A Amazônia é um localpixbet facebookalto risco — talvez não altíssimo, pelo fatopixbet facebooka população humana ser relativamente pequena ali. Mas, ao mesmo tempopixbet facebookque o Brasil tem essa responsabilidade, tem também a capacidadepixbet facebookfazer um programa exemplarpixbet facebookprevençãopixbet facebookpandemia a partir da ação ambiental. A gente sabe fazer e tem a capacidade institucional para isso, desde satélites para fiscalização até capacidadepixbet facebookvigilância sanitária."
O artigo coassinado por Vale lembra que o Brasil promoveu "o maior exemplopixbet facebookredução do desmatamento, entre 2005 e 2012, (quando) o desmatamento da Amazônia caiu 70%, ao mesmo tempopixbet facebookque a produção da soja, dominante ali, aumentou."
Além disso, essa dinâmicapixbet facebooktransmissão favorecida pelo desmatamento se aplica também aos arbovírus, cujo hospedeiro é o mosquito, e que são tão comuns no Brasil — da febre amarela ao zika.
Medidaspixbet facebookcontenção
No artigo da Science, os pesquisadores defendem a remoçãopixbet facebooksubsídios que favoreçam o desmatamento e mais apoio aos direitos indígenas, para conter o desmatamento.
E também a proibição internacional do comérciopixbet facebookespéciespixbet facebookalto riscopixbet facebooktransmissãopixbet facebookvírus, como primatas, morcegos e roedores. Nesse aspecto, o artigo defende que se invistam US$ 19 bilhões por anopixbet facebookprogramas para erradicar o consumopixbet facebookcarne silvestre na China.
Outros quase US$ 300 milhões seriam aplicados na criaçãopixbet facebookuma biblioteca da genéticapixbet facebookvírus, que ajude no mapeamentopixbet facebooklocaispixbet facebookonde possam surgir novos patógenospixbet facebookalto risco.
A estratégia prevê também investimentospixbet facebookvigilância sanitária e biosegurança na criaçãopixbet facebookanimaispixbet facebookconsumo, que são potenciais intermediáriospixbet facebookvírus que atingem humanos, principalmentepixbet facebookáreas próximas a florestas.
"Se tem algo positivo que possa sair desta catástrofe que tem sido a pandemia, espero que seja o entendimentopixbet facebookque a saúde do ser humano depende da saúde do planeta", conclui Mariana Vale. "São camadas e camadaspixbet facebookevidência disso. E mesmo assim a gente não consegue resolver esse problema. A perdapixbet facebookbiodiversidade tem consequências enormes."
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